segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

O vôo de Uma Alma - Yvonne do Amaral Pereira

Sobre a obra

Foi lançado em 09/03/99, justamente data comemorativa da desencarnação de Yvonne (09/03/84), no Rio de Janeiro, pela Editora CELD, o livro: "Yvonne do Amaral Pereira - O vôo de uma alma" autor e amigo particular Augusto Marques de Freitas, fundador e presidente do CEYP.

O livro relata boa parte de suas atividades no bem, mostrando o aspecto humano que a caracterizava. A assistida de Bezerra de Menezes, desde a sua infância, além de constantemente amparada por Charles que foi seu pai em algumas reencarnações transatas, a médium de Camilo Castelo Branco é aqui retratada não só pelo seu Acervo Literário, como também, em Lembrando Suas Vidas Passadas, sua Mediunidade, o Receituário Homeopático que exerceu durante 54 anos ininterruptos, seus Desdobramentos do Corpo Físico, sua participação no Esperanto, sua desencarnação, os Espíritos Amigos, as aparições junto a sofredores após a desencarnação, o encontro com Humberto de Campos (Irmão X) na espiritualidade, após assistirem uma palestra do Instrutor Gúbio, mensagens dadas após sua passagem ã vida do Além, etc. Ressalte-se a vasta correspondência de Yvonne com o Padre Sebastião Bernardes, que residia em Uberaba, e que nada mais era que o Bispo Incinerador das obras espíritas no alto-de-fé de Barcelona, ocorrido em 09 de outubro de 1861.

Apresentação

O grande afeto que mantivemos com Yvonne do Amaral Pereira, hoje no mundo espiritual, encorajou-nos, após uma boa dose de esforço devido às nossas naturais limitações (e inibições) no uso da palavra escrita ou falada, a juntar, neste opúsculo despretencioso, alguns dados e ou acontecimentos que julgamos de grande valia para quem, porventura, lê-los, referentes a algumas passagens da vida da “Pupila de Charles”, serva fiel do Cristo, que durante mais de 70 anos (viveu entre nós 83 anos, 2 meses e 14 dias) exerceu sua mediunidade com extremada abnegação.

A amizade com a “assistida de Bezerra de Menezes” teve início a partir da visita que a ela fizemos, juntamente com nossa esposa e mais dois casais de amigos no bairro da Piedade, na cidade do Rio de Janeiro, onde ela residia com sua irmã Amália Pereira Lourenço, fato ocorrido em 12 de outubro de 1981.

A partir daí, minha esposa passou a manter com ela correspondência periódica . Vários livros por ela psicografados (e ou narrados, mostrados, registrados após desdobramentos que era levada a fazer sempre com o auxílio de espíritos amigos) foram lidos por nós, e os demais, relidos, até que, em 09 de março de 1984, tomávamos conhecimento de sua desencarnação , ocorrida no Hospital da Lagoa , no Rio de Janeiro, local para onde fora levada horas antes, a fim de colocar um marca-passo. Avisara, anteriormente, aos seus familiares, pela manhã daquele mesmo dia, que regressaria à Pátria Espiritual nesse dia, não valendo a pena, portanto, “tanto trabalho para a colocação de um marca-passo.”

Ao chegar ao referido Hospital, repetiu isso aos médicos, segundo nos declarou sua irmã com quem ela morava, em carta posterior à sua desencarnação, a nós enviada por essa sua irmã.

Apresentamos este pequeno trabalho, acreditando que ele poderá fornecer subsídios a quem de direito, melhor do que nós para encetar outro mais completo e mais substancioso, em perfeita concomitância com a grandeza de uma alma redimida, sublimada, que foi e continua sendo a de Yvonne Pereira. E isso o fazemos com certa ousadia, ante nossa falta de condição como escritor, com o agravante de estarmos diante de um dos maiores valores literários e doutrinários do Brasil-espírita, em cujo exercício da mediunidade-cristã, fez com que o exterior também passasse a conhecê-la.

Necessário é, portanto, que outros companheiros, com mais bagagem em assunto de tão relevante importância, “animem-se”, no sentido de ser conhecida ainda mais, a grande obra deixada pela médium, e seus grandes feitos, tão peculiares às almas raras, de escol, que a Espiritualidade Maior nos tem enviado, para nos endireitar os caminhos.

Buscamos primar pelo cuidado no selecionarmos alguns dados biográficos de TUTI (tratamento carinhoso-afetivo-familiar com que atendia), bem como, aquilo que achamos ser de grande valia ao conhecimento e despertamento dos que porventura nos lerem, ante a “via crucis”que os verdadeiros Apóstolos do Espiritismo, o Consolador prometido por Jesus ( João: Cap.XIV, vv. 15 a 17 e 26) , realizam quando encarnados.

Esperamos que as anotações contidas nas páginas deste pequeno livro favoreçam ao leitor, dando-nos o indispensável discernimento à conquista da Coragem da Fé, de que nos falam os Evangelhos.

Aí então estaremos ingressando definitivamente nas fileiras desse Exército glorioso, cujo Comandante perpétuo é o nosso Mestre e Senhor JESUS .

Augusto Marques de Freitas

Valença-RJ

Prefácio do livro

Augusto Marques de Freitas, em boa hora, tomou como encargo fazer um livro que retratasse a vida de dedicação ao bem de Yvonne, buscando, justamente, mostrar o aspecto humano que tanto caracterizou a passagem desta grande trabalhadora.

Há, nesta obra, fatos desconhecidos que, agora, estão sendo apresentados para o público leitor e outros que, embora já conhecidos, trazem informações que enfocam de maneira mais clara e abrangente o roteiro de vida desta prodigiosa médium.

De forma interessante, o autor apresenta os espíritos com quem Yvonne se comunicou e, ainda, curiosa entrevista dela com Humberto de Campos, na Espiritualidade.

Enfim, muito aprenderemos sobre a médium com esta leitura.

Yvonne – pessoa humana.
Yvonne – médium
Yvonne – espírito em trabalho, após sua desencarnação.
Yvonne – o espírito que se apresentando, ele mesmo, como réu, diante da Lei de Deus, soube superar a própria dor e alçar vôo – o Vôo de uma Alma.

Temos plena certeza de que esta preciosa obra preencherá uma lacuna no campo das biografias de trabalhadores espíritas que enriqueceram a atividade de divulgação doutrinária.

Altivo Carissimi Pamphiro

Como foi psicografado o livro Memórias de um Suicida


Material extraído do livro Pelos Caminhos da Mediunidade Serena.

Em agosto de 1975, o extinto periódico carioca Obreiro do Bem, publicou mais uma entrevista de Yvone Pereira. Uma entrevista histórica, em que a pupila de Charles fala sobre os primeiros contatos com o espírito Camilo Castelo Branco.

Obreiros do Bem – Todos os espíritas reconhecem memórias de um suicida como uma autêntica obra prima, desses livros que aparecem a cada cem anos. Como se travou seu conhecimento com Camilo Castelo Branco e quais as circunstâncias que cercaram a captação do livro?

Yvone Pereira
- Creio que meu conhecimento com Camilo seja até de vidas passadas, porque, segundo as referencias que tenho a respeito de meu pretérito, eu residi, ou pelo menos desencarnei, em Lisboa, Portugal, e a primeira vez que o vi, nesta presente existência, contava doze anos, somente, não sabia que fosse ele Camilo Castelo Branco. Vi aquele espírito muito triste, torturado, mas, repito, não sabia que era Camilo. No ano de 1956, depois de ter sido dado a público, Memórias de um Suicida, em novembro de 1955, fui pela primeira vez, a Pedro Leopoldo. Nunca havia conversado com o Chico, do mesmo modo, portanto, que nunca havíamos trocado ideias sobre esse assunto. Estávamos, então, na residência de Chico, onde, na sala, conversávamos com D. Esmeralda Bittencourt, de quem ele era muito amigo, e a qual havia perdido dois filhos, em circunstâncias trágicas. Chico Consolava-a muito. Foi quanto recebeu para d. Esmeralda uma comunicação do filho que havia falecido depois do que escreveu alguma coisa que passou às minhas mãos, dizendo tratar-se de um soneto de Antero de Quental, a mim endereçado. “Diz ele”, continuou o Chico, que, quando se deu o seu suicídio em Lisboa, ele era mocinho e recorda-se muito dos comentários da sociedade, a esse respeito. Aceitei plenamente a comunicação, porque Chico não sabia de nada do que se havia passado comigo,nem mesmo na existência presente. Procurei, então, saber a época em que viveu Antero de Quental: e vim a constatar que foi justamente o tempo de Camilo Castelo Branco.

Quanto às circunstancias de captação do livro, não creio haja acontecido de algo especial, propriamente. Apenas um belo dia, em 1926, depois do receituário que desenvolvia no centro espírita de Lavras, senti o braço escrever, vi Camilo, e começaram desde então a surgir os episódios de memórias de um suicida. Acontece que o escritor dava apenas as narrativas, sem nenhum comentário doutrinário. Como fosse muito nova e conhecesse pouco à doutrina,eu passei a achar que talvez se tratasse de mistificação; mas, como gostasse, no fundo, do que por assim dizer surgia no papel, continuei a escrever, diariamente, na instituição já citada, após o receituário abundantíssimo. Só vinte e cinco anos, após, quando eu morava no Rio de Janeiro, tendo os espíritos me orientado no sentido de rever o livro bem como termina-lo, porque ele não estava completo, foi que se apresentou Léon Denis e auxiliou Camilo a elaborar o conteúdo doutrinário existente da obra.

Notas:
1- Divaldo P. Franco, em entrevista a mim concedida para a composição do livro Yvone Pereira: uma heroína silenciosa, afirmou que Francisco Candido Xavier, lhe havia contado impressões do espírito André Luiz sobre Memórias de um suicida. Andre Luiz, dizia a Chico, considerava-o o livro dos últimos cinquenta anos e dos próximos cinquenta, ou seja, uma obra que viera marcar um século.

2-Antero T. Quental era originário de Açores, tendo nascido em Ponta Delgada a 18 de abril de 1842, vindo a cometer suicídio 11 de setembro de 1891, também em Açores. Poeta e escritor, invulgar e foi licenciado em direito, tendo deixado textos políticos, poemas líricos-filosoficos, prosas sócio-históricas e outros. A considerar o que o texto afirma o suicídio de Yvone, em Lisboa, teria acontecido entre os anos de 1854 a 1867, considerando uma margem de erro razoável, em relação à mocidade aludida por Antero.

Fonte: Pelos caminhos da Mediunidade Serena/ Yvone do Amaral Pereira – 1ª Ed., 1ª reimp. – São Paulo, SP: Lachâtre, 2007.