Decepções,
Ingratidão, Quebra de Afeições – Extraídos de O Livro dos Espíritos
937. As decepções
provocadas pela ingratidão e pela fragilidade dos laços de amizade não são,
também, para o homem de coração, uma fonte de amarguras?

938. As decepções causadas pela
ingratidão não podem endurecer o coração e torná-lo insensível?
— Seria um erro pensar assim,
porque o homem de coração, como dizes, será sempre feliz pelo que praticar. Ele
sabe que, se não o reconhecerem nesta vida, na outra o farão, e o ingrato
sentirá então remorso e vergonha.
I – A Ingratidão dos Filhos e os
Laços de Família
– Extraído do O Evangelho Segundo o Espiritismo - SANTO AGOSTINHO, Paris,
1862
9 – A ingratidão é um dos frutos
mais imediatos do egoísmo, e revolta sempre os corações virtuosos. Mas a dos
filhos para com os pais tem um sentido ainda mais odioso. É desse ponto de vista
que a vamos encarar mais especialmente, para analisar-lhe as causas e os
efeitos. Nisto, como em tudo, o Espiritismo vem lançar luz sobre um dos
problemas do coração humano.
De volta ao Livro dos Espíritos vamos encontrar novos questionamentos:
938 – a) Este pensamento não
impede que o seu coração se sinta ferido. Ora, disso não pode nascer-lhe a
ideia de que seria mais feliz se fosse menos sensível?
— Sim, se ele preferir a
felicidade do egoísta, uma bem triste felicidade! Se ele sabe, no entanto, que
os amigos ingratos que o abandonam não são dignos de sua amizade e que se
enganou a respeito dos mesmos, não deve mais lamentar a sua perda. Mais tarde
encontrará os que melhor o compreenderão. Lamentai os que vos tratam de maneira
que não mereceis, pois terão uma triste recompensa. Mas não vos aflijais por
isso: é o meio de vos elevardes sobre eles.
Comentário de Kardec: A Natureza deu ao homem a
necessidade de amar e ser amado. Um dos maiores gozos que lhe são concedidos na
Terra é o de encontrar corações que simpatizem com o seu. Ela lhe concede,
assim, as primícias da felicidade que lhe está reservada no mundo dos Espíritos
perfeitos, onde tudo é amor e benevolência: essa é uma ventura recusada ao
egoísta.
I – A Ingratidão dos Filhos e os
Laços de Família – Extraído do O Evangelho Segundo o Espiritismo - SANTO
AGOSTINHO, Paris, 1862
Enfim, depois de alguns anos de meditação e de preces, o
Espírito se aproveita de um corpo que se prepara, na família daquele que ele
detestou, e pede, aos Espíritos encarregados de transmitir as ordens supremas,
permissão para ir cumprir sobre a Terra os destinos desse corpo que vem de se
formar. Qual será, então, a sua conduta nessa família? Ela dependerá da maior
ou menor persistência das suas boas resoluções. O contato incessante dos seres
que ele odiou é uma prova terrível, da qual às vezes sucumbe, se a sua vontade
não for bastante forte. Assim, segundo a boa ou má resolução que prevalecer,
ele será amigo ou inimigo daqueles em cujo meio foi chamado a viver. É assim
que se explicam esses ódios, essas repulsas instintivas, que se notam em certas
crianças, e que nenhum fato exterior parece justificar. Nada, com efeito, nessa
existência, poderia provocar essa antipatia. Para encontrar-lhe a causa, é
necessário voltar os olhos ao passado.
Mas, ah! Muitas dentre vós, em vez de expulsar por meio da
educação os maus princípios inatos, provenientes das existências anteriores,
entretém e desenvolvem esses princípios, por descuido ou por uma culposa
fraqueza. E, mais tarde, o vosso coração ulcerado pela ingratidão dos filhos,
será para vós, desde esta vida, o começo da vossa expiação.
A
tarefa não é tão difícil como podereis pensar. Não exige o saber do mundo: o
ignorante e o sábio podem cumpri-la, e o Espiritismo vem facilitá-la, ao
revelar a causa das imperfeições do coração humano.
Deus
não faz as provas superiores às forças daquele que as pede; só permite as que
podem ser cumpridas; se isto não se verifica, não é por falta de
possibilidades, mas de vontade. Pois quantos existem, que em lugar de resistir
aos maus arrastamentos, neles se comprazem: é para eles que estão reservados o
choro e o ranger de dentes, em suas existências posteriores. Admirai, entretanto, a bondade de
Deus, que nunca fecha a porta ao arrependimento. Chega um dia em que o culpado
está cansado de sofrer, o seu orgulho foi por fim dominado, e é então que Deus
abre os braços paternais para o filho pródigo, que se lança aos seus pés. As
grandes provas, — escutai bem, — são quase sempre o indício de um fim de
sofrimento e de um aperfeiçoamento do Espírito, desde que sejam aceitas por
amor a Deus. É um momento supremo, e é nele sobretudo que importa não falir
pela murmuração, se não se quiser perder o fruto da prova e ter de recomeçar.
Em vez de vos queixardes, agradecei a Deus, que vos oferece a ocasião de vencer
para vos dar o prêmio da vitória. Então quando, saído do turbilhão do mundo
terreno, entrardes no mundo dos Espíritos, sereis ali aclamado, como o soldado
que saiu vitorioso do centro da refrega.
De todas as provas, as mais penosas são as
que afetam o coração. Aquele que suporta com coragem a miséria das privações materiais,
sucumbe ao peso das amarguras domésticas, esmagadas pela ingratidão dos seus.
Oh!, é essa uma pungente angústia! Mas o que pode, nessas circunstâncias,
reerguer a coragem moral, senão o conhecimento das causas do mal, com a certeza
de que, se há longas dilacerações, não há desesperos eternos, porque Deus não
pode querer que a sua criatura sofra para sempre? O que há de mais consolador,
de mais encorajador, do que esse pensamento de que depende de si mesmo, de seus
próprios esforços, abreviar o sofrimento, destruindo em si as causas do mal?
Mas, para isso, é necessário não reter o olhar na Terra e não ver apenas uma
existência; é necessário elevar-se, pairar no infinito do passado e do futuro.
Então, a grande justiça de Deus se revela aos vossos olhos, e esperais com
paciência, porque explicou a vós mesmos o que vos parecia monstruosidade da
Terra. Os ferimentos que recebestes vos parecem simples arranhaduras. Nesse
golpe de vista lançado sobre o conjunto, os laços de família aparecem no seu
verdadeiro sentido: não mais os laços frágeis da matéria que ligam os seus
membros, mas os laços duráveis do Espírito, que se perpetuam, e se consolidam,
ao se depurarem, em vez de se quebrarem com a reencarnação.
Conclusão:
Consequências da Ingratidão
Conceito de Ingratidão - Denomina-se ingratidão a ausência
de um sentimento positivo e harmonizador ao não reconhecer o bem que outrem nos
proporcionou por emoções de baixo teor vibratório típicas do ser ingrato.
Emoções Associadas à Ingratidão - A ingratidão frequentemente se
apresenta seguida por atitudes não elevadas por parte do indivíduo ingrato.
Exemplificado: não é raro a ocorrência de uma sensação de raiva em relação
àquele que prestou auxílio. O beneficiado se considera humilhado devido à sua
natureza orgulhosa. Observa-se também a presença de inveja, sentimento que
direciona contra o benfeitor. O indivíduo auxiliado sente um misto de tristeza
e rancor por não possuir o bem ou a qualidade ética daquele que o orientou. Em
muitas ocasiões houve precipitação do benfeitor que não aguardou o momento
oportuno no amadurecimento do seu assistindo.
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