segunda-feira, 13 de maio de 2013

Os médiuns e os feiticeiros


Fonte: O que é o Espiritismo - Capítulo I - Pequena Conferência Espírita

Os médiuns e os feiticeiros


Visitante. Desde o instante em que a mediunidade consiste em se colocar em comunicação com as forças ocultas, parece-me que médiuns e feiticeiros são mais ou menos sinônimos.

A.K. . Houve em todas as épocas médiuns naturais e inconscientes que, só porque produziam fenômenos insólitos e incompreendidos, foram qualificados de feiticeiros e acusados de pactuarem com o diabo.
Ocorreu o mesmo com a maioria dos sábios que possuíam conhecimentos acima do vulgar. A ignorância exagerou seu poder e, eles mesmos, frequentemente, abusaram da credulidade pública, explorando-a; daí a justa reprovação de que foram objeto. Basta comparar o poder atribuído aos feiticeiros e a faculdade dos verdadeiros médiuns, para estabelecer-lhes a diferença, mas a maioria dos críticos não se dão a esse trabalho. O Espiritismo, longe de ressuscitar a feitiçaria, a destruiu para sempre, despojando-a do seu pretenso poder sobrenatural, de suas fórmulas, de seus livros de magia, amuletos e talismãs, reduzindo os fenômenos possíveis ao seu justo valor, sem sair das leis naturais.

A semelhança que certas pessoas pretendem estabelecer, provém do erro em que se encontram, de que os Espíritos estão às ordens dos médiuns; repugna à sua razão crer que possa depender de alguém, fazer vir à sua vontade e chamado, o Espírito de tal ou tal personagem mais ou menos ilustre; nisso estão perfeitamente com a verdade, e se, antes de atirar pedra ao Espiritismo, tivessem se dado ao trabalho de dele se inteirar, saberiam que ele diz positivamente que os Espíritos não estão ao capricho de ninguém, e que ninguém pode, à vontade, fazê-los vir a contragosto; do que se segue que os médiuns não são feiticeiros.

Visitante . Desse modo, todos os efeitos que certos médiuns acreditados obtêm, à vontade e em público, não seriam, segundo vós, senão hipocrisia?

A.K. . Eu não o digo de um modo absoluto. Tais fenômenos não são impossíveis porque há Espíritos inferiores que podem se prestar a essas espécies de coisas, e que nelas se divertem, talvez tendo já feito, em suas vidas, o trabalho dos prestidigitadores, e também médiuns especialmente propensos a esse gênero de manifestações. Mas, o mais vulgar bom senso repele a idéia de que os Espíritos, embora pouco elevados, venham fazer exibições para divertir os curiosos.
A obtenção desses fenômenos à vontade e, sobretudo, em público, é sempre suspeita; nesse caso, a mediunidade e a prestidigitação se tocam tão de perto que, frequentemente, é bem difícil distingui-las.
Antes de ver nisso a ação dos Espíritos, é preciso minuciosas observações, e levar em conta seja o caráter e os antecedentes do médium, seja de uma multidão de circunstâncias, que só um estudo aprofundado da teoria dos fenômenos espíritas pode levar a apreciar.

Anote-se que esse gênero de mediunidade, quando mediunidade há, é limitado à produção do mesmo fenômeno, com algumas variantes, o que não é de natureza a dissipar as dúvidas. Um desinteresse absoluto seria aí a melhor garantia de sinceridade.

Qualquer que seja a realidade desses fenômenos, como efeitos medianímicos, eles têm como bom resultado dar notoriedade à ideia espírita. A controvérsia que se estabelece a esse propósito provoca, em muitas, pessoas, um estudo mais aprofundado. Não é certo que é necessário ir buscar aí instruções sérias de Espiritismo, nem a filosofia da doutrina, mas é um meio de forçar a atenção dos indiferentes e obrigar os mais recalcitrantes a falarem deles.