sábado, 13 de julho de 2019

“Onde acaba o amor têm início o poder, a violência e o terror.” Carl Gustav Jung




Lobo, Mal, Pesadelo, Rotkäppchen




                         
 Provérbio Indígena 

O lobo que existe dentro de nós:

Uma noite, um sábio contou ao seu neto sobre a guerra que acontece dentro das pessoas.

Ele disse: "A batalha é entre dois ‘lobos' que vivem dentro de todos nós".

Um é mau: é a raiva, inveja, ciúme, tristeza, desgosto, cobiça, arrogância, pena de si mesmo, culpa, ressentimento, inferioridade, mentiras, orgulho falso, superioridade e ego.

O outro é bom: é alegria, paz, esperança, serenidade, humildade, bondade, benevolência, empatia, generosidade, verdade, compaixão e fé.

O neto pensou nessa luta e perguntou ao avô: "Qual lobo vence?"

O sábio respondeu: "Vence aquele que você alimenta..."


A violência do homem civilizado tem as suas raízes profundas e vigorosas na selva.
O homo brutalis tem as suas leis:
Raiva, Irritado, Explosão, Cabeça
1.         Subjugar, humilhar, torturar, matar.
2.        O seu valor está sempre acima do valor dos outros.
3.     A sua crença é a única válida.
4.       O seu modo de ver o mundo e os homens é o único certo.
5.       O seu deus é o único verdadeiro.
6.       Só o que é bom para ele é bom para a comunidade.

7.    Os que se opõem aos seus desígnios devem ser eliminados pelo bem de todos.
 A violência é o seu método de ação, justificado pelo seu valor pessoal, pela sua capacidade única de julgar. Tece ele mesmo a trama de fogo do seu futuro nas encarnações dolorosas que terá de enfrentar.

As religiões da violência fizeram de Deus uma divindade implacável e os livros básicos de suas revelações estão cheios de homicídios e genocídios em nome de Deus.

Não obstante, misturam-se às ordenações violentas estranhos preceitos de amor e bondade. São as lições de consciências desenvolvidas lutando para despertar as que, endurecidas no apego a si mesmas, asfixiam os germes do altruísmo nas garras do egoísmo.

É um espetáculo dantesco o de uma alma vigorosa dotada de intelecto capaz de entender as suas próprias contradições, mas empenhada em negar a sua condição humana, rebaixando-se aos brutos ao invés de buscar a elevação moral a que se destina.

Nos momentos de transição, como este que estamos vivendo, a violência desencadeada exige a oposição vigorosa e sacrificial dos que já atingiram o desenvolvimento consciencial da civilização.

A cumplicidade com as práticas de violência, por parte de consciências esclarecidas, retarda a evolução coletiva e rebaixa o cúmplice a posições indignas. O mesmo acontece no tocante à aceitação de princípios errôneos por conveniência.

O espírito se coloca então em luta consigo mesmo, negando o seu próprio desenvolvimento consciencial e ateando em si mesmo a fogueira dos remorsos futuros. (Fonte: A agonia das Religiões – Herculano Pires)

Com Allan Kardec:

784. A perversidade do homem é bastante intensa, e não parece que ele está recuando, em lugar de avançar, pelo menos do ponto de vista moral?
-- Enganas-te. Observa bem o conjunto e verás que ele avança, pois vai compreendendo melhor o que é o mal, e dia a dia corrige os seus abusos. É preciso que haja excesso do mal, para fazer-lhe compreender a necessidade do bem e das reformas.

932. Por que, neste mundo, os maus exercem geralmente maior influência sobre os bons?
-- Pela fraqueza dos bons. Os maus são intrigantes e audaciosos; os bons são tímidos. Estes, quando quiserem, assumirão a preponderância.

Não obstante, com frequência nos comprometemos com o mal. Esta é, talvez, a maior contradição humana, inspirando a sábia observação de Paulo, na Epístola aos Romanos (7;19): Porque não faço o Bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço.

Vivemos dias difíceis na Terra como um todo.

Extraímos algumas colocações para compor este estudo e reflexão:

Raul Teixeira coloca que “Indubitavelmente a violência é um caldo que se forma com todos esses componentes: desestruturação da família, desassistência ou ausência do Estado.
A violência resulta de um estado interior.

Toda pessoa que está insatisfeita interiormente explode e isso acontece com todos nós. Mas essa situação pode tomar proporções alarmantes se não houver ajuda e orientação.
Os remédios nós chamamos de cultura, educação, lazer, emprego, afetividade. As criaturas violentas estão sofrendo algum tipo ou vários dessas carências.

 Num mundo em que só encontramos propostas materialistas para resolver problemas espirituais demoraremos muito a chegar a um denominador comum, porque os problemas que acontecem na alma não podem ser resolvidos com providências que só atendem ao mundo de fora.

Se eu estiver lidando com um delinquente, um drogadito como se ele fosse simplesmente uma pessoa violenta, é claro que eu vou perder tempo, dar murro em ponta de faca. Tenho que ver essa criatura como um indivíduo multidimensional. Geralmente são criaturas que não tiveram um lar estruturado, cultura acadêmica, nem sequer conhecimento de si mesmos.

Elas vivem movidas pelas necessidades imediatas: comer, beber, vestir, fazer sexo, etc.
Obviamente quando falamos em violência abordamos esse assunto de forma muito simplista, como um mero problema policial ou político. Mas é um problema da família, do Estado, das religiões.

Chama a atenção que, quanto mais se multiplicam as igrejas, a violência aparentemente mantém um ritmo proporcional de crescimento.

Será que essas pessoas não estão sendo enganadas, dando dinheiro, sendo exploradas e a cada dia se tornando mais necessitadas, mais ansiosas?

Temos que olhar desde a criança, o lar, a família, para que a gente pense no indivíduo que se vai complementando pouco a pouco.

A violência nasce na intimidade humana, mas por que ela se mantém?

Quando temos um resfriado, uma gripe, qualquer doença, somos medicados. Por que com a violência não se faz a mesma coisa?

“Os espíritas acreditam que a humanidade da Terra está evoluindo e que o planeta já passou de mundo primitivo para mundo de expiações e provas e que nessa escala se transformará agora em mundo de regeneração, um lugar onde o bem já sobrepujaria o mal. Diante da escalada de violência, dá para acreditar que a Terra está mesmo evoluindo para melhor? ”

RT - A Terra tanto está melhorando que agora já sabemos dos fatos violentos quando acontecem. No passado havia coisas muito mais drásticas, só que ninguém sabia. Não havia imprensa, nem TV, nem rádio, nem jornal, nem Internet.

Quando nós pensamos historicamente que os reis, os senhores feudais tinham direito de vida e morte sobre as pessoas, que havia escravidão legalizada, então vemos ser óbvio que o mundo melhorou! Agora podemos gritar, pedir socorro, protestar. Hoje podemos discutir livremente nossos direitos e encontramos eco em legislações, organizações de direitos humanos. Mas a melhoria moral não acontece da mesma maneira que a melhoria intelectual, onde a gente lê um livro e memoriza.

Entre assimilar o conteúdo intelectual de um livro e colocar seus ensinamentos em prática há uma distância considerável. Por isso há tanta gente enfiada nas igrejas sem mudar seu caráter, sua vida.

O Espiritismo nos ensina que primeiro a gente aprende intelectualmente e se esforça para que esse aprendizado sensibilize o nosso aprendizado moral, já que a moral é a regra de bem proceder, de distinguir o bem do mal, de viver de acordo com as leis da consciência que são as leis de Deus. Isso demora. Cada criatura tem o seu ponto de maturação.

Onde estão as raízes da violência?

“Onde acaba o amor têm início o poder, a violência e o terror.” Carl Gustav Jung

        Há períodos – e atravessamos um deles – durante os quais se produzem esforços extraordinários. O exército dos mensageiros de Deus está reunido em grande força. Os homens são influenciados, os conhecimentos se espalham e o fim se aproxima. Temei pelos desertores, pelos fracos de espírito, pelos contemporizadores, pelos curiosos frívolos. Temei por eles, mas não pela causa da verdade de Deus.

Mas como distinguir o bem e o mal?

O Livro do Espíritos – 631

O homem tem meios de distinguir por si mesmo o que é bem do que é mal. Quando crê em Deus e o quer saber. Deus lhe deu inteligência para distinguir um do outro.
Allan Kardec no livro O que é Espiritismo – O homem durante a vida terrestre.

A origem do mal sobre a Terra resulta da imperfeição dos Espíritos que aí estão encarnados. A predominância do mal decorre de que, sendo a Terra um mundo inferior, a maioria dos Espíritos que a habitam são, eles mesmos, inferiores, ou progrediram pouco. Nos mundos mais avançados, onde não são admitidos a se encarnarem senão Espíritos depurados, o mal é desconhecido, ou em minoria.

        A Terra pode ser considerada, ao mesmo tempo, como um mundo de educação para os Espíritos pouco avançados, e de expiação para os Espíritos culpados. Os males da Humanidade são a consequência da inferioridade moral da maioria dos Espíritos encarnados. Pelo contato dos seus vícios, eles se tornam reciprocamente infelizes e se punem uns aos outros.

        Na Terra, o mau frequentemente prospera, enquanto o homem de bem é alvo de todas as aflições. Para aquele que não vê senão a vida presente, e que a crê única, isso deve parecer uma soberana injustiça. Não ocorre o mesmo quando se considera a pluralidade das existências, e a brevidade de cada uma com relação à eternidade.

O estudo do Espiritismo prova que a prosperidade do mau tem terríveis consequências nas existências seguintes; que as aflições do homem de bem são, ao contrário, seguidas de uma felicidade tanto maior e durável quanto ele as suportou com mais resignação; é para ele como um dia infeliz em toda uma existência de prosperidade.