
O
lobo que existe dentro de nós:
Uma
noite, um sábio contou ao seu neto sobre a guerra que acontece dentro das
pessoas.
Ele
disse: "A batalha é entre dois ‘lobos' que vivem dentro de todos
nós".
Um
é mau: é a raiva, inveja, ciúme, tristeza, desgosto, cobiça, arrogância, pena
de si mesmo, culpa, ressentimento, inferioridade, mentiras, orgulho falso,
superioridade e ego.
O
outro é bom: é alegria, paz, esperança, serenidade, humildade, bondade, benevolência,
empatia, generosidade, verdade, compaixão e fé.
O
neto pensou nessa luta e perguntou ao avô: "Qual lobo vence?"
O
sábio respondeu: "Vence aquele que você alimenta..."
A violência do homem
civilizado tem as suas raízes profundas e vigorosas na selva.
O homo brutalis tem as suas
leis:
1. Subjugar, humilhar, torturar, matar.
2. O seu valor está sempre acima do valor dos
outros.
3. A sua crença é a única válida.
4. O seu modo de ver o mundo e os homens é o único
certo.
5. O seu deus é o único verdadeiro.
6. Só o que é bom para ele é bom para a
comunidade.
7.
Os que se opõem aos seus desígnios devem ser
eliminados pelo bem de todos.
A violência é o seu método de ação, justificado
pelo seu valor pessoal, pela sua capacidade única de julgar. Tece ele mesmo a
trama de fogo do seu futuro nas encarnações dolorosas que terá de enfrentar.
As religiões da violência
fizeram de Deus uma divindade implacável e os livros básicos de suas revelações
estão cheios de homicídios e genocídios em nome de Deus.
Não obstante, misturam-se às
ordenações violentas estranhos preceitos de amor e bondade. São as lições de
consciências desenvolvidas lutando para despertar as que, endurecidas no apego a
si mesmas, asfixiam os germes do altruísmo nas garras do egoísmo.
É um espetáculo dantesco o de
uma alma vigorosa dotada de intelecto capaz de entender as suas próprias
contradições, mas empenhada em negar a sua condição humana, rebaixando-se aos
brutos ao invés de buscar a elevação moral a que se destina.
Nos momentos de transição,
como este que estamos vivendo, a violência desencadeada exige a oposição
vigorosa e sacrificial dos que já atingiram o desenvolvimento consciencial da
civilização.
A cumplicidade com as práticas
de violência, por parte de consciências esclarecidas, retarda a evolução
coletiva e rebaixa o cúmplice a posições indignas. O mesmo acontece no tocante
à aceitação de princípios errôneos por conveniência.
O espírito se coloca então em
luta consigo mesmo, negando o seu próprio desenvolvimento consciencial e
ateando em si mesmo a fogueira dos remorsos futuros. (Fonte: A agonia das
Religiões – Herculano Pires)
Com Allan Kardec:
784. A perversidade do homem é
bastante intensa, e não parece que ele está recuando, em lugar de avançar, pelo
menos do ponto de vista moral?
-- Enganas-te. Observa bem o
conjunto e verás que ele avança, pois vai compreendendo melhor o que é o mal, e
dia a dia corrige os seus abusos. É preciso que haja excesso do mal, para
fazer-lhe compreender a necessidade do bem e das reformas.
932. Por que, neste mundo, os
maus exercem geralmente maior influência sobre os bons?
-- Pela fraqueza dos bons. Os
maus são intrigantes e audaciosos; os bons são tímidos. Estes, quando quiserem,
assumirão a preponderância.
Não obstante, com frequência
nos comprometemos com o mal. Esta é, talvez, a maior contradição humana,
inspirando a sábia observação de Paulo, na Epístola aos Romanos (7;19): Porque
não faço o Bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço.
Vivemos dias difíceis na Terra
como um todo.
Extraímos algumas colocações
para compor este estudo e reflexão:
Raul Teixeira coloca que
“Indubitavelmente a violência é um caldo que se forma com todos esses
componentes: desestruturação da família, desassistência ou ausência do Estado.
A violência resulta de um
estado interior.
Toda pessoa que está
insatisfeita interiormente explode e isso acontece com todos nós. Mas essa
situação pode tomar proporções alarmantes se não houver ajuda e orientação.
Os remédios nós chamamos de
cultura, educação, lazer, emprego, afetividade. As criaturas violentas estão
sofrendo algum tipo ou vários dessas carências.
Num mundo em que só encontramos propostas
materialistas para resolver problemas espirituais demoraremos muito a chegar a
um denominador comum, porque os problemas que acontecem na alma não podem ser
resolvidos com providências que só atendem ao mundo de fora.
Se eu estiver lidando com um
delinquente, um drogadito como se ele fosse simplesmente uma pessoa violenta, é
claro que eu vou perder tempo, dar murro em ponta de faca. Tenho que ver essa
criatura como um indivíduo multidimensional. Geralmente são criaturas que não
tiveram um lar estruturado, cultura acadêmica, nem sequer conhecimento de si
mesmos.
Elas vivem movidas pelas
necessidades imediatas: comer, beber, vestir, fazer sexo, etc.
Obviamente quando falamos em
violência abordamos esse assunto de forma muito simplista, como um mero
problema policial ou político. Mas é um problema da família, do Estado, das
religiões.
Chama a atenção que, quanto
mais se multiplicam as igrejas, a violência aparentemente mantém um ritmo
proporcional de crescimento.
Será que essas pessoas não
estão sendo enganadas, dando dinheiro, sendo exploradas e a cada dia se
tornando mais necessitadas, mais ansiosas?
Temos que olhar desde a
criança, o lar, a família, para que a gente pense no indivíduo que se vai
complementando pouco a pouco.
A violência nasce na
intimidade humana, mas por que ela se mantém?
Quando temos um resfriado, uma
gripe, qualquer doença, somos medicados. Por que com a violência não se faz a
mesma coisa?
“Os espíritas acreditam que a
humanidade da Terra está evoluindo e que o planeta já passou de mundo primitivo
para mundo de expiações e provas e que nessa escala se transformará agora em
mundo de regeneração, um lugar onde o bem já sobrepujaria o mal. Diante da
escalada de violência, dá para acreditar que a Terra está mesmo evoluindo para
melhor? ”
RT - A Terra tanto está
melhorando que agora já sabemos dos fatos violentos quando acontecem. No
passado havia coisas muito mais drásticas, só que ninguém sabia. Não havia
imprensa, nem TV, nem rádio, nem jornal, nem Internet.
Quando nós pensamos
historicamente que os reis, os senhores feudais tinham direito de vida e morte
sobre as pessoas, que havia escravidão legalizada, então vemos ser óbvio que o
mundo melhorou! Agora podemos gritar, pedir socorro, protestar. Hoje podemos
discutir livremente nossos direitos e encontramos eco em legislações,
organizações de direitos humanos. Mas a melhoria moral não acontece da mesma
maneira que a melhoria intelectual, onde a gente lê um livro e memoriza.
Entre assimilar o conteúdo
intelectual de um livro e colocar seus ensinamentos em prática há uma distância
considerável. Por isso há tanta gente enfiada nas igrejas sem mudar seu
caráter, sua vida.
O Espiritismo nos ensina que
primeiro a gente aprende intelectualmente e se esforça para que esse
aprendizado sensibilize o nosso aprendizado moral, já que a moral é a regra de
bem proceder, de distinguir o bem do mal, de viver de acordo com as leis da
consciência que são as leis de Deus. Isso demora. Cada criatura tem o seu ponto
de maturação.
Onde estão as raízes da
violência?
“Onde acaba o amor têm início
o poder, a violência e o terror.” Carl Gustav Jung
Há períodos – e atravessamos um deles –
durante os quais se produzem esforços extraordinários. O exército dos
mensageiros de Deus está reunido em grande força. Os homens são influenciados,
os conhecimentos se espalham e o fim se aproxima. Temei pelos desertores, pelos
fracos de espírito, pelos contemporizadores, pelos curiosos frívolos. Temei por
eles, mas não pela causa da verdade de Deus.
Mas como distinguir o bem e o
mal?
O Livro do Espíritos – 631
O homem tem meios de
distinguir por si mesmo o que é bem do que é mal. Quando crê em Deus e o quer
saber. Deus lhe deu inteligência para distinguir um do outro.
Allan Kardec no livro O que é
Espiritismo – O homem durante a vida terrestre.
A origem do mal sobre a Terra
resulta da imperfeição dos Espíritos que aí estão encarnados. A predominância
do mal decorre de que, sendo a Terra um mundo inferior, a maioria dos Espíritos
que a habitam são, eles mesmos, inferiores, ou progrediram pouco. Nos mundos
mais avançados, onde não são admitidos a se encarnarem senão Espíritos
depurados, o mal é desconhecido, ou em minoria.
A Terra pode ser considerada, ao mesmo
tempo, como um mundo de educação para os Espíritos pouco avançados, e de
expiação para os Espíritos culpados. Os males da Humanidade são a consequência
da inferioridade moral da maioria dos Espíritos encarnados. Pelo contato dos
seus vícios, eles se tornam reciprocamente infelizes e se punem uns aos outros.
Na Terra, o mau frequentemente
prospera, enquanto o homem de bem é alvo de todas as aflições. Para aquele que
não vê senão a vida presente, e que a crê única, isso deve parecer uma soberana
injustiça. Não ocorre o mesmo quando se considera a pluralidade das existências,
e a brevidade de cada uma com relação à eternidade.
O estudo do Espiritismo prova
que a prosperidade do mau tem terríveis consequências nas existências
seguintes; que as aflições do homem de bem são, ao contrário, seguidas de uma
felicidade tanto maior e durável quanto ele as suportou com mais resignação; é
para ele como um dia infeliz em toda uma existência de prosperidade.