sábado, 31 de agosto de 2019

Toda violência doméstica é repudiável

Violência, Abuso, Agressão


“Discute-se muito hoje sobre o futuro, sobre o tipo de mundo que queremos deixar aos nossos filhos, que sociedade queremos para eles. Creio que uma das respostas possíveis se encontra pondo o olhar em vós, nesta família que falou, em cada um de vós: deixemos um mundo com famílias. É o melhor legado”. Papa Francisco

Os conflitos sociais representam uma das principais causas de sofrimento no mundo contemporâneo, pelo colapso no atendimento às necessidades humanas básicas, quais sejam: alimentação, habitação, saúde, educação, segurança e transporte. Entretanto, esclarece a Doutrina Espírita, em determinadas circunstâncias estes conflitos podem produzir reações positivas por parte de governantes e de pessoas esclarecidas, formadoras de opinião, desenvolvendo ações efetivas capazes de modificar o curso nefasto dos acontecimentos.

As vítimas, muitas vezes silenciosas, são submetidas a algum tipo de sofrimento indescritível.

A violência doméstica é um problema atual que atinge, milhares de crianças, adolescentes e mulheres. Fazem parte da violência doméstica as agressões físicas e psicológicas, sendo as mais comuns os espancamentos, a negligência em relação aos cuidados com os bebês e as crianças, e o abuso sexual.

A violência doméstica se encontra em todas as classes sociais, mas muitas vezes é agravada pelo estado de miséria de uma família. A miséria aparece aliada à ignorância (não no sentido escolar do termo, mas a ignorância da brutalidade) e se dá no meio da fome, da tensão, em conluio com o álcool e com as drogas. E então, a violência se torna a linguagem de cada dia. Nesse sentido, a sociedade que não dá oportunidades justas de educação, trabalho e desenvolvimento humano é co-responsável por essa geração de crianças feridas. (Dora Incontri)


Em função disto, temos uma extensão gravíssima do problema que é a violência urbana, com um aumento significativo, gerando um caos junto a população em razão dos frequentes relatos de assaltos, atropelamentos, homicídios e sequestros.

As famílias estão cada vez mais isoladas dentro de suas habitações, construindo muros altos ou colocando grades elétricas nas residências; instalando mecanismos de vigilância ou de segurança e, mesmo assim, não se sentem a salvo da ação criminosa.

Violência doméstica é todo tipo de violência que é praticada entre os membros que habitam um ambiente familiar em comum. Pode acontecer entre pessoas com laços de sangue (como pais e filhos), ou unidas de forma civil (como marido e esposa ou genro e sogra).

A violência doméstica pode ser subdividida em violência física, psicológica, sexual, patrimonial e moral. Também é considerada violência doméstica o abuso sexual de uma criança e maus tratos em relação a idosos.

Toda violência doméstica é repudiável, mas os casos mais sensíveis são a violência doméstica infantil, porque as crianças são mais vulneráveis e não têm meios de defesa. Mesmo quando a violência doméstica não é dirigida diretamente à criança, esta pode ficar com traumas psicológicos.
Muitos casos de violência doméstica ocorrem devido ao consumo de álcool e drogas, mas também podem ser motivados por ataques de ciúmes.

Muitas famílias vivem e revivem agressividades múltiplas, influenciadas pela violência que, insistentemente, é veiculada pelos noticiários, pelos documentários, pelos filmes, pelas torpes telenovelas e pelos programas de auditório (cada vez mais obscuros de valores éticos).

Alguns familiares assimilam, subliminarmente, essas informações e, no quotidiano, sobretudo, reagem, violentamente, diante dos reveses da vida ou perante as contrariedades corriqueiras. A brutalidade familiar tem esmaecido, consideravelmente, o caminho para Deus.

Há os que condenam a violência alheia, mas, no entanto, no dia-a-dia, ao invés de agirem de forma pacífica e fraterna, são quais androides, revidando com a mesma moeda as agressividades sofridas.
Existem aqueles casais que dizem viver um amor recíproco e, no entanto, quando há qualquer desentendimento entre eles, são extremamente hostis um com o outro.

Há os que veem no cônjuge um verdadeiro teste de paciência, pois os seus "santos" não se "cruzam". Mais ainda, quando o assunto são os filhos, há pais que dizem adorar todos eles, mas os consideram espíritos imaturos, que dão muito trabalho e, não raro, desgostos. A vida em família, nessas condições, transforma-se em verdadeiro tormento.

Na verdade, se não os aceitarmos, hoje, como são, teremos de aceitá-los amanhã, pois as leis da vida exigem, segundo nos ensinou Jesus, que nos entendamos com os nossos irmãos de penosa convivência 'enquanto estivermos a caminho com eles'.

A fuga aos deveres atuais será paga mais tarde com os juros devidos. Os filhos difíceis são filhos de nossas próprias obras, em vidas passadas, que a Providência Divina, agora, encontra a possibilidade de nos unir pelos laços da consanguinidade, dando-nos a maravilhosa chance de resgate, reparação e os serviços árduos da educação. (Jorge Hessen).

Lei Maria da Penha
A lei nº 11.340 de 7 de Agosto de 2006, também conhecida como Lei Maria da Penha, tem como objetivo lidar de forma adequada com a problemática da violência doméstica.

Segundo o artigo 5º da lei "configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial".

No capítulo 9 do Evangelho segundo o espiritismo (Allan Kardec) nos itens de 1 a 5, sobre "injúrias  e violências", podemos começar a refletir sobre o nosso dia a dia, que afinal de contas não difere muito da época de Jesus.

Todas as vezes que pensamos nisso, imediatamente nos vêm à mente as injúrias e violências modernas, que não são tão modernas assim...

Estudos
Evangelho segundo o Espiritismo

A fé sincera e verdadeira é sempre calma. Confere a paciência que sabe esperar, porque estando apoiada na inteligência e na compreensão das coisas, tem a certeza de chegar ao fim. A fé insegura sente a sua própria fraqueza, e quando estimulada pelo interesse torna-se furiosa e acredita poder suprir a força com a violência calma na luta é sempre um sinal de força e de confiança, enquanto a violência, pelo contrário, é prova de fraqueza e de falta de confiara em si mesmo.

INJÚRIAS E VIOLÊNCIAS
1. Bem-aventurados os mansos, porque eles possuirão a Terra. (Mateus,V: 4).

2. Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus. (Mateus,V: 9)
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3. Ouvistes que foi dito aos antigos? Não matarás, e quem matar será réu no juízo. Pois eu vos digo que todo o que se ira contra o seu irmão será réu no juízo; e o que disser a seu irmão: raca, será réu no conselho; e o que disser: és louco, merecerá a condenação do fogo do inferno. (Mateus,V:21-22).

4. Por essas máximas, Jesus estabeleceu como lei a doçura, a moderação, a mansuetude, a afabilidade e a paciência. E, por consequência, condenou a violência, a cólera, e até mesmo toda expressão descortês para com os semelhantes. Raca era entre os hebreus uma expressão de desprezo, que significava homem reles, e era pronunciada cuspindo-se de lado. E Jesus vai ainda mais longe, pois ameaça com o fogo do inferno aquele que disser a seu irmão: És louco.

É evidente que nesta, como em qualquer circunstância, a intenção agrava ou atenua a falta. Mas por que uma simples palavra pode ter tamanha gravidade, para merecer tão severa reprovação? É que toda palavra ofensiva exprime um sentimento contrário à lei de amor e caridade, que deve regular as relações entre os homens, manter a união e a concórdia. É um atentado à benevolência recíproca fraternidade, entretendo o ódio e a animosidade. Enfim, porque depois da humildade perante Deus, a caridade para com o próximo primeira lei de todo cristão.

5. Mas o que dizia Jesus por estas palavras: "Bem-aventurados os mansos, porque eles possuirão a Terra?" Não ensinou ele a renúncia aos bens terrenos, prometendo os do céu?

Ao esperar os bens do céu, o homem necessita dos bens da terra para viver. O que ele recomenda, portanto, é que não se dê a estes últimos mais importância que aos primeiros.

Por essas palavras, ele quer dizer que até agora os bens da terra foram açambarcados pelos violentos, em prejuízo dos mansos e pacíficos. Que a estes faltam frequentemente o necessário, enquanto os outros dispõe do supérfluo. E promete que justiça lhes será assim na terra como no céu, porque eles serão chamados filhos de Deus. Quando a lei de amor e caridade for a lei da humanidade não haverá mais egoísmo; o fraco e o pacífico não serão mais explorados nem espezinhados pelo forte e o violento. Será esse o estado da Terra, quando, segundo a lei do progresso e a promessa de Jesus, ela estiver transformada num mundo feliz, pela expulsão dos maus.

Para saber mais:
https://revistaforum.com.br/blogs/ativismodesofa/naturalizacao-da-violencia-contra-mulher-em-frases-cotidiano/