“Discute-se muito hoje sobre o
futuro, sobre o tipo de mundo que queremos deixar aos nossos filhos, que
sociedade queremos para eles. Creio que uma das respostas possíveis se encontra
pondo o olhar em vós, nesta família que falou, em cada um de vós: deixemos um
mundo com famílias. É o melhor legado”. Papa Francisco
Os conflitos sociais representam
uma das principais causas de sofrimento no mundo contemporâneo, pelo colapso no
atendimento às necessidades humanas básicas, quais sejam: alimentação,
habitação, saúde, educação, segurança e transporte. Entretanto, esclarece a
Doutrina Espírita, em determinadas circunstâncias estes conflitos podem
produzir reações positivas por parte de governantes e de pessoas esclarecidas,
formadoras de opinião, desenvolvendo ações efetivas capazes de modificar o
curso nefasto dos acontecimentos.
As vítimas, muitas vezes
silenciosas, são submetidas a algum tipo de sofrimento indescritível.
A violência doméstica é um
problema atual que atinge, milhares de crianças, adolescentes e mulheres. Fazem
parte da violência doméstica as agressões físicas e psicológicas, sendo as mais
comuns os espancamentos, a negligência em relação aos cuidados com os bebês e
as crianças, e o abuso sexual.
A violência doméstica se encontra em todas as classes sociais, mas muitas vezes é agravada pelo estado de miséria de uma família. A miséria aparece aliada à ignorância (não no sentido escolar do termo, mas a ignorância da brutalidade) e se dá no meio da fome, da tensão, em conluio com o álcool e com as drogas. E então, a violência se torna a linguagem de cada dia. Nesse sentido, a sociedade que não dá oportunidades justas de educação, trabalho e desenvolvimento humano é co-responsável por essa geração de crianças feridas. (Dora Incontri)
Em função disto, temos uma
extensão gravíssima do problema que é a violência urbana, com um aumento
significativo, gerando um caos junto a população em razão dos frequentes
relatos de assaltos, atropelamentos, homicídios e sequestros.
As famílias estão cada vez mais
isoladas dentro de suas habitações, construindo muros altos ou colocando grades
elétricas nas residências; instalando mecanismos de vigilância ou de segurança
e, mesmo assim, não se sentem a salvo da ação criminosa.
Violência doméstica é todo tipo
de violência que é praticada entre os membros que habitam um ambiente familiar
em comum. Pode acontecer entre pessoas com laços de sangue (como pais e
filhos), ou unidas de forma civil (como marido e esposa ou genro e sogra).
A violência doméstica pode ser
subdividida em violência física, psicológica, sexual, patrimonial e moral.
Também é considerada violência doméstica o abuso sexual de uma criança e maus
tratos em relação a idosos.
Toda violência doméstica é
repudiável, mas os casos mais sensíveis são a violência doméstica infantil,
porque as crianças são mais vulneráveis e não têm meios de defesa. Mesmo quando
a violência doméstica não é dirigida diretamente à criança, esta pode ficar com
traumas psicológicos.
Muitos casos de violência
doméstica ocorrem devido ao consumo de álcool e drogas, mas também podem ser
motivados por ataques de ciúmes.
Muitas famílias vivem e revivem
agressividades múltiplas, influenciadas pela violência que, insistentemente, é
veiculada pelos noticiários, pelos documentários, pelos filmes, pelas torpes
telenovelas e pelos programas de auditório (cada vez mais obscuros de valores
éticos).
Alguns familiares assimilam,
subliminarmente, essas informações e, no quotidiano, sobretudo, reagem,
violentamente, diante dos reveses da vida ou perante as contrariedades
corriqueiras. A brutalidade familiar tem esmaecido, consideravelmente, o
caminho para Deus.
Há os que condenam a violência
alheia, mas, no entanto, no dia-a-dia, ao invés de agirem de forma pacífica e
fraterna, são quais androides, revidando com a mesma moeda as agressividades
sofridas.
Existem aqueles casais que dizem
viver um amor recíproco e, no entanto, quando há qualquer desentendimento entre
eles, são extremamente hostis um com o outro.
Há os que veem no cônjuge um
verdadeiro teste de paciência, pois os seus "santos" não se
"cruzam". Mais ainda, quando o assunto são os filhos, há pais que
dizem adorar todos eles, mas os consideram espíritos imaturos, que dão muito
trabalho e, não raro, desgostos. A vida em família, nessas condições,
transforma-se em verdadeiro tormento.
Na verdade, se não os aceitarmos,
hoje, como são, teremos de aceitá-los amanhã, pois as leis da vida exigem,
segundo nos ensinou Jesus, que nos entendamos com os nossos irmãos de penosa
convivência 'enquanto estivermos a caminho com eles'.
A fuga aos deveres atuais será
paga mais tarde com os juros devidos. Os filhos difíceis são filhos de nossas
próprias obras, em vidas passadas, que a Providência Divina, agora, encontra a
possibilidade de nos unir pelos laços da consanguinidade, dando-nos a
maravilhosa chance de resgate, reparação e os serviços árduos da educação.
(Jorge Hessen).
Lei Maria da Penha
A lei nº 11.340 de 7 de Agosto de
2006, também conhecida como Lei Maria da Penha, tem como objetivo lidar de
forma adequada com a problemática da violência doméstica.
Segundo o artigo 5º da lei
"configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou
omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual
ou psicológico e dano moral ou patrimonial".
No capítulo 9 do Evangelho
segundo o espiritismo (Allan Kardec) nos itens de 1 a 5, sobre
"injúrias e violências",
podemos começar a refletir sobre o nosso dia a dia, que afinal de contas não
difere muito da época de Jesus.
Todas
as vezes que pensamos nisso, imediatamente nos vêm à mente as injúrias e
violências modernas, que não são tão modernas assim...
Estudos
Evangelho segundo o Espiritismo
A fé sincera e verdadeira
é sempre calma. Confere a paciência que sabe esperar, porque estando apoiada na
inteligência e na compreensão das coisas, tem a certeza de chegar ao fim. A fé
insegura sente a sua própria fraqueza, e quando estimulada pelo interesse
torna-se furiosa e acredita poder suprir a força com a violência calma na luta
é sempre um sinal de força e de confiança, enquanto a violência, pelo
contrário, é prova de fraqueza e de falta de confiara em si mesmo.
INJÚRIAS E VIOLÊNCIAS
1. Bem-aventurados os mansos,
porque eles possuirão a Terra. (Mateus,V: 4).
2. Bem-aventurados os pacíficos,
porque serão chamados filhos de Deus. (Mateus,V: 9)
.
3. Ouvistes que foi dito aos
antigos? Não matarás, e quem matar será réu no juízo. Pois eu vos digo que todo
o que se ira contra o seu irmão será réu no juízo; e o que disser a seu irmão:
raca, será réu no conselho; e o que disser: és louco, merecerá a condenação do
fogo do inferno. (Mateus,V:21-22).
4. Por essas máximas, Jesus
estabeleceu como lei a doçura, a moderação, a mansuetude, a afabilidade e a
paciência. E, por consequência, condenou a violência, a cólera, e até mesmo
toda expressão descortês para com os semelhantes. Raca era entre os hebreus uma
expressão de desprezo, que significava homem reles, e era pronunciada
cuspindo-se de lado. E Jesus vai ainda mais longe, pois ameaça com o fogo do
inferno aquele que disser a seu irmão: És louco.
É evidente que nesta, como em
qualquer circunstância, a intenção agrava ou atenua a falta. Mas por que uma
simples palavra pode ter tamanha gravidade, para merecer tão severa reprovação?
É que toda palavra ofensiva exprime um sentimento contrário à lei de amor e
caridade, que deve regular as relações entre os homens, manter a união e a
concórdia. É um atentado à benevolência recíproca fraternidade, entretendo o
ódio e a animosidade. Enfim, porque depois da humildade perante Deus, a
caridade para com o próximo primeira lei de todo cristão.
5. Mas o que dizia Jesus por
estas palavras: "Bem-aventurados os mansos, porque eles possuirão a
Terra?" Não ensinou ele a renúncia aos bens terrenos, prometendo os do céu?
Ao esperar os bens do céu, o
homem necessita dos bens da terra para viver. O que ele recomenda, portanto, é
que não se dê a estes últimos mais importância que aos primeiros.
Por essas palavras, ele quer
dizer que até agora os bens da terra foram açambarcados pelos violentos, em
prejuízo dos mansos e pacíficos. Que a estes faltam frequentemente o
necessário, enquanto os outros dispõe do supérfluo. E promete que justiça lhes
será assim na terra como no céu, porque eles serão chamados filhos de Deus.
Quando a lei de amor e caridade for a lei da humanidade não haverá mais
egoísmo; o fraco e o pacífico não serão mais explorados nem espezinhados pelo
forte e o violento. Será esse o estado da Terra, quando, segundo a lei do
progresso e a promessa de Jesus, ela estiver transformada num mundo feliz, pela
expulsão dos maus.
Para saber mais:
https://revistaforum.com.br/blogs/ativismodesofa/naturalizacao-da-violencia-contra-mulher-em-frases-cotidiano/