domingo, 15 de janeiro de 2012

Alerta sobre resultados negativos do Alcoolismo - Pós Morte


Caso da revista Espírita maio de 1866


UM PAI DESCUIDADO COM SEUS FILHOS.

Charles-Emmanuel JEAN era um artesão bom e brando de caráter, mas dado à embriaguez desde a sua juventude. Tinha concebido uma viva paixão por uma jovem de seu conhecimento, que tinha inutilmente pedido em casamento; esta o tinha sempre repelido, dizendo que jamais se casaria com um bêbado. Ele desposou uma outra, com a qual teve vários filhos; mas, absorvido que estava pela bebida, não se preocupou em nada em de lhes dar educação, nem com o seu futuro. Morreu em torno de 1823, sem que se soubesse o que tinha se tornado. Um de seus filhos seguiu os passos do pai; partiu para a África e não se ouviu mais falar dele. O outro era de uma natureza toda diferente; sua conduta foi sempre regular. Entrado em boa hora em aprendizagem, se fez gostar e estimar por seus patrões como obreiro organizado, laborioso, ativo e inteligente.
Por seu trabalho e suas economias, se fez uma posição honrada na indústria, e educou de maneira muito conveniente uma numerosa família. E hoje um Espírita fervoroso e devotado.

Um dia, numa conversa íntima, nos expressou o desgosto de não ter podido assegurar, aos seus filhos, uma fortuna independente; procuramos tranqüilizar a sua consciência felicitando-o, ao contrário, sobre a maneira pela qual tinha cumprido os seus deveres de pai. Como é bom médium, pedimos-lhe para rogar uma comunicação, sem chamar um Espírito determinado. Ele escreveu:
"Sou eu, Charles-Emmanuel."
É meu pai, disse ele; pobre pai! Ele não é feliz.
O Espírito continuou: Sim, o senhor tem razão; tu fizestes mais por teus filhos do que não fiz para ti; assim tenho uma tarefa rude para cumprir. Bendize a Deus, que te deu o amor da família.

Pergunta (pelo Sr. Allan Kardec). De onde vos veio vosso pendor pela embriaguez? -
Resposta. Um hábito de meu pai, do qual herdei; era uma prova que deveria ter combatido.

Nota. Seu pai tinha, com efeito, o mesmo defeito, mas não é exato dizer que era um hábito do qual tinha herdado; muito simplesmente ele cedeu à influência do mau exemplo.
Não se herdam vícios' de caráter como se herdam vícios de conformação; o livre arbítrio tudo pode sobre os primeiros, e nada pode sobre os segundos.

P. Qual é vossa posição atual no mundo dos Espíritos?
- R. Estou sem cessar a procurar meus filhos e aquela que me fez tanto sofrer; a que sempre me repeliu.
P. Deveis ter uma consolação em vosso filho Jean, que é um homem honrado e estimado, e que pede por vós, embora vós vos ocupastes pouco dele?
R. Sim, eu o sei, e ele o faz ainda; é porque me é permitido vos falar. Estou sempre perto dele, tratando de aliviar suas fadigas; é a minha missão; ela não acabará senão na vinda de meu filho para junto de nós.

P. Em que situação vos encontrastes como Espírito, depois de vossa morte? 
- R. De início, não me acreditava morto; eu bebia sem cessar; via Antoinette, que queria alcançar e me fugia. Depois, procurei meus filhos, que amava apesar de tudo, e que minha mulher não queria me entregar. Então eu me revoltava reconhecendo meu nada e minha impotência, e Deus me condenou a velar sobre meu filho Jean, que jamais morrerá por acidente, porque por toda a parte e sempre eu o salvo de uma morte violenta.

Nota. Com efeito, o Sr. Jean muitas vezes escapou, como por milagre, a perigos iminentes; esteve prestes a ser afogado, a ser queimado, e ser esmagado nas engrenagens de uma máquina, saltar com uma máquina a vapor; em sua juventude ficou enforcado por acidente, e sempre um socorro inesperado o salvou no momento mais crítico, o que foi devido, ao que parece, à vigilância exercida por seu pai.

P. Dissestes que Deus vos condenou a velar sobre a segurança de vosso filho; não vejo que esteja aí uma punição; uma vez que o amais, essa deve ser, ao contrário, uma satisfação para vós. Uma multidão de Espíritos são nomeados para a guarda dos encarnados, dos quais são os protetores, e está aí uma tarefa que são felizes em cumprir.
- R. Sim, mestre; não devia abandonar meus filhos como o fiz; então a lei de justiça me condenou a reparar. Não o faço à força; estou feliz de fazê-lo por amor de meu filho; mas a dor que ele sentiria nos acidentes dos quais eu o salvo, sou eu que a suporta; ele   deveria ter perecido com dez balas, eu senti o mal que ele suportaria se a coisa se cumprisse. Eis a punição que justamente me atrai, não cumprindo junto dele meus deveres de pai durante minha vida.

P. (Pelo Sr. Jean.) Vedes meu irmão Numa, e podeis dizer onde ele está? (Aquele que era dado à embriaguez e cuja sorte ficou ignorada.)
R. Não, não o vejo, eu o procuro. Tua filha Jeanne viu-o nas costas da África, cair no mar; eu não estava lá para socorrê-lo; não o podia.

Nota. A filha do Sr. Jean, num momento de êxtase, o tinha, efetivamente, visto cair no mar, na época de seu desaparecimento. A punição deste Espírito oferece esta particularidade de que sente as dores que está encarregado de poupar em seu filho; compreende-se, desde então, que essa missão seja penosa; mas, como disso não se lamenta, que a considera com uma justa reparação, e que isto não diminui sua afeição por ele, essa expiação lhe é proveitosa.   

A Grande Mulher e Médium Eusapia Paladino


Mensalmente os diretores e trabalhadores de nossa Sociedade Espírita se reúnem para Estudos da Revista Espírita. Com objetivo de levar e nivelar o conhecimento com os todos os participantes, a partir de janeiro/12 uma personalidade importante para o Movimento Espírita será homenageada com texto e discussão sobre a vida e obra. Neste mês a homenageada será: 

A  GRANDE MÉDIUM – Eusápia Palladino

Nasceu em Minervino, Itália, no dia 31 de março 1854 e desencarnou no dia 9 de julho de 1918, na cidade de Nápoles, também na Itália.

A sua mediunidade surgiu no ano de 1868, quando tinha apenas 14 anos de idade. Dali por diante o seu trabalho no campo das pesquisas psíquicas foram de tal relevância, que se pode dizer ter sido uma das maiores médiuns do mundo.

Órfã de pai e mãe, seus parentes pretendiam levá-la para um convento, quando eclodiu a mediunidade. A sua apresentação ao mundo científico se verificou apenas em 1888, quando o professor Chiaia convidou Cesare Lombroso para examiná-la, o que somente se verificou em 1891.

Os fenômenos físicos produzidos através dessa famosa médium foram de vários matizes: movimento de objetos, levitação de mesas e dela própria, aparição de luzes, materializações de espíritos, execução de trechos musicais sem contato humano, e outros.

Inúmeros cientistas que fizeram pesquisas por seu intermédio, em centenas de sessões, eram ferrenhos detratores do Espiritismo, objetivando tão-somente demonstrar possíveis fraudes. No entanto, ela conseguiu convencer a grande maioria desses sábios, apesar deles desconhecerem os mais elementares rudimentos sobre a dinâmica dos fenômenos mediúnicos.

Diante dos fenômenos propiciados através de Eusápia Paladino, desfilaram sábios de renome, tais como: Schiaparelli, Gerosa, Ermancora, Aksakof, Carl Du Prel, Charles Richet, Oliver Lodge, Fredich Myers, Ochorowicz, Sigdwick, Richard Hodgson, Albert de Rochas, Camille Flammarion, Carlos Rochi, Vitoriano Sardou, Julio Claretio, Adolfo Bisson, Gabriel Delanne, Fontenay, Ernesto Bozzano, os professores Porro, Morselli e Massales, além de muitos outros.

Morselli teve a oportunidade de observar cerca de 39 fenômenos; Fontenay conseguiu fotografá-la com as mãos presas por observadores, enquanto de sua cabeça saíam várias mãos; Cesare Lombroso se declarou “convencido e entristecido por haver combatido tantas vezes a possibilidade dos fenômenos espíritas.”

Eusápia era analfabeta e era extremamente bondosa e caridosa. Tudo quanto conseguia amealhar, distribuía com os necessitados e com as crianças, sentindo as desventuras dos menos favorecidos pelos bens materiais e procurando resolver seus problemas. Ela se tornou famosa por ter sido a médium que passou pelo exame do maior número de sábios, quase todos rendendo-se à evidência do espiritismo.

Em sua carta ao Professor Lombroso, já referida, o Professor Chiaia fez uma vívida descrição dos fenômenos que ocorriam com Eusapia. Convidou-o a observar um caso especial, que considera digno de atenção da mente de Lombroso, e continua:
“Refiro-me ao caso de uma mulher inválida, da mais humilde camada social. Tem cerca de trinta anos e é muito

ignorante; seu olhar nem é fascinante, nem dotado daquele poder que os modernos criminalistas chamam irresistível. Mas quando ela quer, seja de dia ou noite, pode divertir um grupo durante uma hora ou mais, com os mais curiosos fenômenos. Tanto amarrada a uma cadeira, quanto segura pelas mãos dos assistentes, atrai a si móveis e objetos que a cercam, levanta-os, mantendo-os suspensos no ar, como o féretro de Maomé, e fá-los descer novamente com um movimento ondulatório, como se obedecessem à sua vontade. Aumenta ou diminui à vontade o seu peso. Ouvem-se arranhaduras e batidas nas paredes, no teto, no soalho, com muito ritmo e cadência. Em resposta a perguntas dos assistentes, algo como jatos de eletricidade emana de seu corpo e a envolve ou aos espectadores dessas cenas maravilhosas. Desenha sobre cartões que os outros seguram, aquilo que se deseja – figuras, assinaturas, números, sentenças – apenas estirando a mão na direção indicada. Se se colocar num canto da sala uma bacia contendo uma camada fina de cal, no fim de algum tempo aí se encontra a impressão de uma pequena ou de uma grande mão, um rosto, de frente ou de perfil, do qual se poderia tirar um molde. Assim tem sido conservados retratos tirados de vários ângulos e os que desejam podem assim fazer sérios estudos. Essa mulher ergue-se no ar, sejam quais forem as amarras que a sustentam. Parece librar-se no ar como se sobre um colchão, contrariando todas as leis da gravidade. Toca instrumentos de música – órgãos, sinos, tamborins – como se eles tivessem sido tocados por suas mãos ou movidos pelo sopro de invisíveis gnomos... "Essa mulher por vezes aumenta a sua estatura de mais de dez centímetros.“
Como vimos, o Professor Lombroso interessou-se bastante por essa descrição e investigou. O resultado foi que se converteu. A Comissão de Milão, que foi a seguinte a experimentar, em 1892, assim diz em seu relatório:
“É impossível dizer o número de vezes que uma mão apareceu e foi tocada por um de nós. Basta dizer que a dúvida já não era possível. Realmente era uma mão viva que víamos e tocávamos, enquanto, ao mesmo tempo, o busto e os braços do médium estavam visíveis e suas mãos eram seguras pelos que se achavam ao seu lado”.
Muitos fenômenos ocorreram à luz de duas velas ou lâmpadas de óleo e as mesmas ocorrências foram testemunhadas em plena luz, quando o médium estava em transe. O Dr. Ochorowicz persuadiu Eusapia a visitar Varsóvia em 1894 e as experiências aí foram feitas em presença de homens e senhoras eminentes nos círculos científicos e filosóficos. O relato dessas sessões diz que levitações parciais e completas da mesa e muitos outros fenômenos físicos foram conseguidos. Essas levitações se deram quando os pés do médium eram vistos à luz ou quando eram amarrados e seguros por um assistente ajoelhado debaixo da mesa.