Encontros e Despedidas
Mande notícias do mundo de lá
Diz quem fica
Me dê um abraço, venha me apertar
Tô chegando
Coisa que gosto é poder partir
Sem ter planos
Melhor ainda é poder voltar
Quando quero
A vida se repete na estação
Tem gente que chega pra ficar
Tem gente que vai pra nunca mais
Tem gente que vem e quer voltar
Tem gente que vai e quer ficar
Tem gente que veio só olhar
Tem gente a sorrir e a chorar
E assim, chegar e partir
São só dois lados
Da mesma viagem
O trem que chega
É o mesmo trem da partida
A hora do encontro
É também de despedida
A plataforma dessa estação
É a vida desse meu lugar
É a vida...
(Milton Nascimento / Fernando Brant)
Quando observamos, da praia, um
veleiro a afastar-se da costa, navegando mar adentro, impelido pela brisa
matinal, estamos diante de um espetáculo de beleza rara.
O barco, impulsionado pela força
dos ventos, vai ganhando o mar azul e nos parece cada vez menor.
Não demora muito e só podemos
contemplar um pequeno ponto branco na linha remota e indecisa, onde o mar e o
céu se encontram.
Quem observa o veleiro sumir na
linha do horizonte, certamente exclamará: Já se foi.
Terá sumido? Evaporado?
Não, certamente. Apenas o
perdemos de vista.
O barco continua do mesmo tamanho
e com a mesma capacidade que tinha, quando estava próximo de nós.
Continua tão capaz, quanto antes,
de levar ao porto de destino as cargas recebidas.
O veleiro não evaporou, apenas
não o podemos mais ver. Mas ele continua o mesmo.
E talvez, no exato instante em
que alguém diz: Já se foi, haverá outras vozes, mais além, a afirmar: Lá vem o
veleiro.
Assim é a morte.
Quando o veleiro parte, levando a
preciosa carga de um amor que nos foi caro e o vemos sumir na linha que separa
o visível do invisível dizemos: Já se foi.
Terá sumido? Evaporado?
Não, certamente. Apenas o
perdemos de vista.
O ser que amamos continua o
mesmo. Sua capacidade mental não se perdeu. Suas conquistas seguem intactas, da mesma
forma que quando estava ao nosso lado.
Conserva o mesmo afeto que nutria
por nós. Nada se perde, a não ser o corpo físico de que não mais necessita no
outro lado.
E é assim que, no mesmo instante
em que dizemos: Já se foi, no mais além, outro alguém dirá feliz: Já está
chegando.
Chegou ao destino levando consigo
as aquisições feitas durante a viagem terrena.
A vida jamais se interrompe nem
oferece mudanças espetaculares, pois a natureza não dá saltos.
Cada um leva sua carga de vícios
e virtudes, de afetos e desafetos, até que se resolva por desfazer-se do que
julgar desnecessário.
A vida é feita de partidas e
chegadas. De idas e vindas.
Assim, o que para uns parece ser
a partida, para outros é a chegada.
Um dia partimos do mundo
espiritual na direção do mundo físico; noutro, partimos daqui para o
espiritual, num constante ir e vir, como viajores da Imortalidade que somos todos nós.
Victor Hugo, poeta e romancista
francês, que viveu no século XIX, falou da vida e da morte dizendo:
A cada vez que morremos ganhamos
mais vida. As almas passam de uma esfera para a outra sem perda da
personalidade, tornando-se cada vez mais brilhante.
Eu sou uma alma. Sei bem que vou
entregar à sepultura aquilo que não sou.
Quando eu descer à sepultura,
poderei dizer, como tantos: meu dia de trabalho acabou. Mas não posso dizer:
minha vida acabou.
Meu dia de trabalho se iniciará
de novo na manhã seguinte.
O túmulo não é um beco sem saída,
é uma passagem. Fecha-se ao crepúsculo e a aurora vem abri-lo novamente.
Fonte: Momento Espírita

Estudos:
150 – b) A alma não leva nada deste mundo?
— Nada mais que a lembrança e o desejo de ir para um mundo melhor. Essa lembrança é cheia de doçura ou de amargor, segundo o emprego que tenha dado à vida. Quanto mais pura para ela for, mais compreenderá a futilidade daquilo que deixou na Terra.
A libertação da alma e do corpo se opera gradualmente e com uma lentidão variável, segundo os indivíduos e as circunstâncias da morte. Os laços que unem a alma ao corpo não se rompem senão pouco a pouco, e tanto menos rapidamente quanto a vida foi mais material e mais sensual. (O Livro dos Espíritos, nº 155)
A Alma não se perde na imensidade do Infinito, como geralmente se figura; ela erra_no_espaço e, o mais freqüentemente, no meio daqueles que conheceu, e sobretudo daqueles que amou, podendo se transportar instantaneamente a distâncias imensas.
____Ela conserva todas as afeições morais; não esquece senão as afeições materiais que não são mais da sua essência. Por isso, vem com alegria rever seus parentes e seus amigos, e é feliz por dela se lembrarem (Revista Espírita, 1860, Os amigos não nos esquecem no outro mundo. Idem, 1862
O amor que as une é, para elas, a fonte de uma suprema felicidade. Elas não experimentam nem as necessidades, nem os sofrimentos, nem as angústias da vida material. Um estado de contemplação perpétua seria uma felicidade estúpida e monótona, própria do egoísta, uma vez que sua existência seria uma inutilidade sem limites. A vida espiritual, ao contrário, é uma atividade incessante pelas missões que os Espíritos recebem do ser supremo, como sendo seus agentes no governo do Universo; missões que são proporcionais ao seu adiantamento e das quais são felizes, porque lhes fornecem ocasiões de se tornarem úteis e de fazerem o bem. (O Livro dos Espíritos, nº 558: Ocupações e missões dos Espíritos - Revista Espírita, 1860; Os Espíritos puros; a morada dos bem-aventurados - Idem, 1861, Madame Gourdon). Nota: Convidamos os adversários do Espiritismo e aqueles que não admitem a reencarnação, a darem aos problemas acima uma solução mais lógica, por qualquer outro princípio que o da pluralidade das existências.
____Depois da morte, a diferença entre a alma do sábio e do ignorante, do selvagem e do homem civilizado, é a mesma diferença, aproximadamente, que existe entre eles durante a vida, porque a entrada no mundo dos Espíritos não dá à alma todos os conhecimentos que lhe faltavam sobre a Terra.
Allan Kardec