segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Obsessão infantil e a necessidade da estruturação de um ego forte e amoroso.

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O Espírito mau espera que o outro, a quem ele quer mal, esteja preso ao seu corpo e, assim, menos livre, para mais facilmente o atormentar, ferir nos seus interesses, ou nas suas mais caras afeições. (Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. X, item VI, 24ª edição de bolso. FEB)

Em decorrência de observações bem conduzidas por investigadores da alma humana, pode-se afirmar que, entre os fatores condicionantes da perseguição espiritual, destacam-se o ódio e o sentimento abastardado de vingança.

Enquanto a maldade prevalecer no orbe terreno, enquanto o egoísmo encontrar guarida nos corações, a criatura deixar-se-á envolver com as imperfeições morais responsáveis por atitudes infelizes de agressões ou revides contra os semelhantes.

A incompetência afetiva embrutece o sujeito e, quando, por ventura, ele se considera vítima de uma injúria, mostra-se incapaz de apelar para o recurso do perdão. E, no desvario em que se entorpece, termina por cristalizar o próprio pensamento no padrão inconsequente do revide.

A morte, infelizmente, nem sempre apaga da lembrança o rancor que perturba, e, assim, o espírito menos esclarecido, impermeável ao chamamento evangélico, prossegue na erraticidade a albergar em seu âmago a mágoa e o ódio incontroláveis. Imerso na penumbra da própria desarmonia psíquica, busca no desforço a forma que imagina correta de se contrapor à ofensa: fazer justiça com as próprias mãos.

Ao se aproveitar da invisibilidade do plano astral, o espírito rancoroso escolhe a melhor maneira de acicatar o seu desafeto, analisa os seus pontos frágeis, psíquicos e orgânicos, para influenciá-lo mentalmente ou inundá-lo de fluidos perniciosos com o propósito de desencadear as mais estranhas doenças, nem sempre diagnosticadas pela ciência convencional. E não importa a idade da vítima encarnada.

Quando o infante é acometido de obsessão, torna-se mais difícil elaborar o diagnóstico espiritual do caso, pois, geralmente, os familiares resistem em admitir tal hipótese. Imaginam que, por ser criança, ela esteja livre do assédio invisível. Eis um engano lamentável de sérias repercussões, visto que, quanto mais demorada a perturbação sofrida, maior a possibilidade de sequelas irreversíveis.
De mais a mais, no afã da vingança, o obsessor, em verdade, enxerga na pequena vítima o seu desafeto de outrora, o espírito imortal responsável pelo delito cometido, e não a criança momentaneamente frágil e ingênua da atual reencarnação.

Por vezes, identificamos, em campo experimental mediúnico, cruel investida engendrada pela entidade odienta. Digamos que o alvo pretendido seja o genitor. Então, o obsessor desfecha seus fluidos mórbidos contra um dos filhos, pois, comprometendo-lhe a saúde, compraz-se no sofrimento paterno. É um tipo de obsessão indireta, bem mais frequente do que se imagina.

Em virtude da sensibilidade, a criança, alvo da ação obsessiva, logo se ressente e manifesta o mal estar de que é vítima por meio do choro, da inquietude, da irritabilidade, do sono perturbado. Todavia, os sintomas decorrentes do assédio espiritual podem confundir o pediatra que vai buscar no organismo as causas mais frequentes de desconforto geral, a exemplo de erupção dentária, otalgia, verminose, distúrbio comportamental etc.

Naturalmente os distúrbios infantis requerem urgência nos procedimentos médicos, pois nem sempre sintomas psíquicos ou persistentes derivam exclusivamente de obsessão espiritual. O bom senso adverte: Em primeiro lugar a assistência clínica, depois, o suporte da ciência da espiritualidade nos casos suspeitos.

Não obstante, considera-se tênue a linha divisória entre as duas condições. No nosso modo de ver, quando as tentativas da medicina não surtirem o efeito esperado, justifica-se uma investigação espiritual do caso, pois está nada custa e acontece no recesso da instituição espírita, com o concurso de médiuns experimentados nesses misteres, além da cobertura indispensável dos mentores.

Por muito tempo ainda, a obsessão espiritual será uma realidade sinistra a infelicitar o gênero humano. Esse quadro adverso só será extinto quando as imperfeições morais cederem lugar aos sentimentos enobrecidos conquistados pela maioria. A maldade humana não distingue idade nem sexo.

O ódio e a vingança bloqueiam o senso crítico, e, a exemplo do que acontece na crosta, delitos hediondos são cometidos por espíritos inferiores, avessos ao chamamento do bem. Por isso, a ciência da espiritualidade aplicada à saúde integral nos adverte para a possibilidade da obsessão espiritual, em certas situações, que não respondam satisfatoriamente aos esforços da medicina.

Partindo de tal raciocínio, é preciso atenção redobrada especialmente com as crianças. Os espíritos bondosos que nos orientam por meio de médiuns confiáveis e honestos sugerem a prática do evangelho no lar, insistem na manutenção de um clima de harmonia em família e aconselham a frequência às aulas de moral cristã nas instituições espíritas, com a finalidade de robustecer as defesas espirituais das crianças.

Portanto, diante de um quadro sugestivo de perturbação espiritual infantil, quando os passes e a água fluidificada não surtirem os efeitos previstos, por uma questão de bom senso, não descartemos a hipótese de influenciação espiritual grave, a exigir os procedimentos mais elaborados da desobsessão formal.

Na atualidade, as casas espíritas bem orientadas cultivam em sua rotina doutrinária as sessões desobsessivas, sem dúvida um passo à frente no vasto campo da medicina da alma.

Vitor Ronaldo Costa


Fundamental nas obsessões em crianças e adolescentes é favorecer a estruturação de um ego forte e amoroso.

É pouco comum encontrar crianças obsedadas. Parece haver algum tipo de proteção que as cerca, de tal forma, que a ação de espíritos desencarnados sobre elas é muito pouco observada. Ou elas gozam de alguma proteção espiritual ou o amor que lhes é dedicado pelos pais consegue neutralizar a ação maléfica que porventura se faça contra elas.

Os sinais mais evidentes daquela influência, quando ocorrem, são: sono agitado, agressividade, comportamentos estereotipados, doenças psicossomáticas, medo sem causa aparente seguido da exigência intensa da presença materna ou paterna, choro constante, fala desconexa com falha no curso do pensamento, etc. Alguns desses sintomas isolados podem ocorrer em função de problemas orgânicos, o que deve levar os pais, em todos os casos, à busca de orientação profissional.

Na adolescência é mais comum a obsessão simples, pois é a fase da auto-afirmação e da tendência à transgressão. O adolescente é mais suscetível que a criança, não só em face da vulnerabilidade maior ao livre arbítrio, como também da maior exposição às influências de seu grupo social. O desejo de experimentar o proibido, bem como a maior lembrança de seu passado reencarnatório, o colocam como alvo fácil à obsessão simples.

Tanto em crianças como em adolescentes a terapia mais recomendada é o tratamento de passes. Em alguns casos deve-se levar a criança a tratamento psicológico. Nos adolescentes geralmente o tratamento psicológico é sempre bem-vindo.

A adolescência é o período onde ocorrem grandes transformações hormonais e emocionais. Nela o espírito dá seus primeiros passos para consolidar sua personalidade. Deseja ele intensamente sua autonomia e o estabelecimento de sua identidade que cada vez mais quer que seja diferente da de seus pais. Nem sempre seus desejos de autodeterminação se realizam devido a fatores que lhes fogem à compreensão. Via de regra ele não está atento às injunções cármicas.

Na infância a agressividade é mais rara, porém, quando ocorre, costuma vir associada a outros fatores. Um deles é a ansiedade e o outro é a hiperatividade. A criança agressiva muitas vezes quer demonstrar sua insatisfação com alguma coisa que lhe pode ser inconsciente. Às vezes, também pode querer chamar a atenção para o descaso dos adultos quanto a ela.

No adolescente também pode estar associado ao uso de drogas ou mesmo à ausência paterna. A insatisfação do adolescente também pode decorrer de certos complexos típicos da fase. A insatisfação com o corpo e a dificuldade em lidar com os desafios de inserção num grupo podem ser motivos da agressividade.

Em alguns casos pode-se observar, pela força física de alguns jovens, agressividade além de limites toleráveis quando eles partem para a agressão física. Nesses casos a família deve buscar ajuda especializada para evitar que alguém, por medo ou pena, venha a sofrer graves danos a si mesmo. A passividade nos casos de agressão física pode significar um estímulo à coerção pretendida.
Necessário que, tanto com a criança quanto com o adolescente, se busque o diálogo sem entrar na mesma energia de raiva que costuma aparecer quando o que se quer é a paz. Deve-se estar atento às influências obsessivas neste período, no qual o espírito já é senhor de seu corpo. Embora ainda não seja adulto, já tem a encarnação fisicamente completada.

É de bom alvitre, quando se observarem sinais ostensivos de mediunidade antes da adolescência, que eles não sejam estimulados, isto é, que a criança não seja levada à prática ou ao exercício da faculdade que porventura apresente. Quando se observarem tais fenômenos, deve-se tratá-los naturalmente para que não desperte a criança precocemente para algo que lhe pode ser prejudicial.
A mediunidade é uma faculdade natural e pode ser exercida no ambiente do lar. Nada impede que em família se possa exercer o contato com os espíritos desencarnados, seja para alguma orientação a eles ou, ao contrário, para lhes receber auxílio. Porém, é necessário que as pessoas que assim agirem tenham conhecimento a respeito da prática mediúnica, consoante os ensinos e advertências de Allan Kardec, expressos em 'O Livro dos Médiuns'.

Muitos que se iniciaram na prática mediúnica em casa acabaram por prejudicar o ambiente doméstico com interferências indevidas de desencarnados nas relações entre familiares.

"Mas, se vós soubésseis o que significa: Misericórdia quero, e não holocaustos, não teríeis condenado a inocentes. " (Mateus, 12:7)

Devemos atentar para a afirmação do Cristo quanto a querer a misericórdia. Parece-me que ele faz a opção por ela em lugar da punição, contrariando o pensamento corrente do efeito igual à causa.

A forma educativa precípua de que se utiliza Deus para fazer evoluir a criatura é o amor seguido da misericórdia. As expiações são medidas extremas nos casos onde o amor não atingiu aquele que desconhece sua eficácia. Mesmo que o ser humano persista em seu equívoco por ignorância, a misericórdia atuará e, consequentemente, os efeitos que porventura venha a sentir em si como forma educativa, serão mais atenuados que as causas que os geraram.

Crianças que apresentam sinais precoces de obsessão são espíritos que conservam equívocos do passado cujas consequências são logo vistas para a necessária correção. Apresentam-nos cedo para que logo deles se livrem e possam ter uma encarnação menos problemática.

O Cristo acena sempre com a misericórdia e o amor a todos que deles se afastaram.

Adenáuer Novaes