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O
meio em que se acha o médium exerce influência nas manifestações. Todos os Espíritos que cercam o médium o
auxiliam, para o bem ou para o mal.
Os
Espíritos superiores podem triunfar da má-vontade do Espírito encarnado que
lhes serve de intérprete e dos que o cercam, quando julgam conveniente e
conforme a intenção da pessoa que a eles se dirige. Os Espíritos mais elevados se comunicam, às
vezes, por uma graça especial, mau grado à imperfeição do médium e do meio,
mas, então, estes se conservam completamente estranhos ao fato.
Os
Espíritos superiores não vão às reuniões onde sabem que a presença deles é
inútil.
Mas,
vão nos meios pouco instruídos, onde há sinceridade, de boa mente, ainda mesmo
que aí só instrumentos medíocres encontrem.
Não
vão, porém, aos meios instruídos onde domina a ironia. Em tais meios, é necessário se fale aos
ouvidos e aos olhos: esse o papel dos Espíritos batedores e zombeteiros. Convém
que aqueles que se orgulham da sua ciência sejam humilhados pelos Espíritos
menos instruídos e menos adiantados.
Aos Espíritos inferiores não é interdito o
acesso às reuniões sérias. Algumas vezes lhes é permitido assistir a elas, a
fim de aproveitarem os ensinos que vos são dados; mas, conservam-se
silenciosos, como estouvados numa assembleia de gente ponderada. (OLM 231)
É errado
alguém acreditar que precisa ser médium, para atrair a si os seres do mundo
invisível. Os Espíritos povoam o espaço; temo-los incessantemente em
torno de nós, ao nosso lado, vendo-nos, observando-nos, intervindo em nossas
reuniões, seguindo-nos, ou evitando-nos, conforme os atraímos ou repelimos. A faculdade
mediúnica em nada influi para isto: ela mais não é do que um
meio de comunicação.
De
acordo com o que dissemos acerca das causas de simpatia_ou_antipatia dos Espíritos,
facilmente se compreenderá que devemos estar cercados daqueles que têm
afinidade com o nosso próprio Espírito, conforme é este graduado, ou degradado.
Consideremos agora o estado_moral_do_nosso_planeta e
compreenderemos de que gênero devem ser os que predominam entre os Espíritos_errantes.
Se tomarmos cada povo em particular, poderemos, pelo caráter dominante dos
habitantes, pelas suas preocupações, seus sentimentos mais ou menos morais e
humanitários, dizer de que ordem são os Espíritos que de preferência se reúnem
no seio dele.
Partindo
deste princípio, suponhamos uma reunião de homens levianos, inconsequentes,
ocupados com seus prazeres; quais serão os Espíritos que preferentemente os
cercarão? Não serão de certo Espíritos
superiores, do mesmo modo que não seriam os nossos sábios e
filósofos os que iriam passar o seu tempo em semelhante lugar. Assim,
onde quer que haja uma reunião de homens, há igualmente em torno deles uma
assembleia oculta, que simpatiza com suas qualidades ou com seus defeitos,
feita abstração completa de toda ideia de evocação.
Admitamos agora que tais homens tenham a possibilidade de se comunicar com os
seres do mundo invisível, por meio de um intérprete, isto é, por um médium;
quais serão os que lhes responderão ao chamado? Evidentemente, os que os
estão rodeando de muito perto, à espreita de uma ocasião para se comunicarem.
Se, numa assembleia fútil, chamarem um Espírito superior, este poderá vir e até
proferir algumas palavras ponderosas, como um bom pastor que acode ao
chamamento de suas ovelhas desgarradas. Porém, desde que não se veja
compreendido, nem ouvido, retira-se, como em seu lugar o faria qualquer de nós,
ficando os outros com o campo livre. (OLM232)
Nem sempre basta que uma assembleia seja séria, para receber
comunicações de ordem elevada. Há pessoas que nunca riem e cujo coração, nem
por isso, é puro. Ora, o coração, sobretudo, é que atrai os bons_Espíritos.
Nenhuma condição moral exclui as comunicações espíritas; os que, porém, estão
em más condições, esses se comunicam com os que lhes são semelhantes, os quais
não deixam de enganar e de lisonjear os preconceitos.
Por aí se vê a influência
enorme que o meio exerce sobre a natureza das manifestações inteligentes. Essa influência, entretanto, não se exerce
como o pretenderam algumas pessoas, quando ainda se não conhecia o mundo dos Espíritos,
qual se conhece hoje, e antes que experiências mais concludentes houvessem
esclarecido as dúvidas. Quando as comunicações concordam com a opinião dos
assistentes, não é que essa opinião se reflita no Espírito do médium, como num
espelho; é que com os assistentes estão Espíritos que lhes são simpáticos, para
o bem, tanto quanto para o mal, e que abundam nos seus modos de ver. Prova-o o fato de que, se tiverdes a força de
atrair outros Espíritos, que não os que vos cercam, o mesmo médium usará de
linguagem absolutamente diversa e dirá coisas muito distanciadas das vossas
ideias e das vossas convicções.
Em resumo: as condições do meio serão tanto
melhores, quanto mais homogeneidade houver para o bem, mais sentimentos puros e
elevados, mais desejo sincero de instrução, sem ideias preconcebidas. (OLM 233)