quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

O Problema do Ser, do Destino e da Dor - uma breve reflexão



Léon Denis (1846-1927) foi um dos mais extraordinários espíritas de todos os tempos, sucessor e propagador da obra de Allan Kardec, a qual ampliou em termos filosóficos.
Seus elevados conceitos doutrinários, alicerçados na mais pura moral cristã e nos ensinamentos dos espíritos evoluídos, lançaram novas luzes sobre a Doutrina Espírita, que enfrentava, na época, os duros ataques de grupos religiosos e científico-materialistas.
Era também um orador excepcional, que sempre atraía multidões. Sua vida era regrada pelos exemplos de renúncia e dedicação, tendo sempre e para todos uma palavra de ânimo.
O Problema do Ser, do Destino e da Dor, essa obra magistral, enfoca os problemas da angústia e da dor, o grandioso destino do homem e a maneira de compreender e equacionar os obstáculos e as vicissitudes da vida terrena.
Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos? Por que sofremos? Qual o objetivo da nossa existência? Essa a formidável problemática do Ser, que Léon Denis descerra-nos com clareza e precisão, fundamentando-se nos princípios da Doutrina Espírita.

Sumário

Introdução
Primeira Parte – O Problema do Ser
I – A evolução do pensamento
II – O critério da Doutrina dos Espíritos
III – O problema do Ser
IV – A personalidade integral
V – A alma e os diferentes estados do sono
VI – Desprendimento e exterior – Projeções telepáticas
VII – Manifestações depois da morte
VIII – Estados vibratórios da Alma – A memória
IX – Evolução e finalidade da Alma
X – A morte
XI – A vida no Além
XII – As missões, a vida superior

Segunda Parte – O Problema do Destino
XIII – As vidas sucessivas – A reencarnação e suas leis
XIV – As vidas sucessivas – Provas experimentais – Renovação da memória
XV – As vidas sucessivas – As crianças prodígio e a hereditariedade
XVI – As vidas sucessivas – Objeções e críticas
XVII – As vidas sucessivas – Provas históricas
XVIII – Justiça e responsabilidade – O problema do mal
XIX – A lei dos destinos

Terceira Parte – As Potências da Alma
XX – A vontade
XXI – A consciência – O sentido íntimo
XXII – O livre-arbítrio
XXIII – O pensamento
XXIV – A disciplina do pensamento e a reforma do caráter
XXV – O amor
XXVI – A dor
XXVII – Revelação pela dor
Profissão de fé do século XX

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Introdução - parte final:

" A fé no progresso não caminha sem a fé no futuro, no futuro de cada um e de todos. Os homens não progridem e não se adiantam, senão crendo no futuro e marchando com confiança, com certeza para o ideal entrevisto.
O progresso não consiste somente nas obras materiais, na criação de máquinas poderosas e de toda a ferramenta industrial; do mesmo modo, não consiste em descobrir processos novos de arte, de literatura ou formas de eloqüência. Seu mais alto objetivo é empolgar, atingir a idéia primordial, a idéia mãe que há de fecundar toda a vida humana, a fonte elevada e pura de onde hão de dimanar conjuntamente as verdades, os princípios e os sentimentos que inspirarão as obras de peso e as nobres ações.
É tempo de o compreender: a Civilização só poderá engrandecer-se, a Sociedade só poderá subir se um pensamento cada vez mais elevado e uma luz mais viva vierem inspirar, esclarecer os espíritos e tocar os corações, renovando-os. Somente a idéia é mãe da ação. Somente a vontade de realizar a plenitude do ser, cada vez melhor, cada vez maior, nos pode conduzir aos cimos longínquos em que a Ciência, a Arte, toda a obra humana, numa palavra, achará sua expansão, sua regeneração.
Tudo no-lo diz: o universo é regido pela lei da evolução; é isso o que entendemos pela palavra progresso. E nós, em nosso princípio de vida, em nossa alma, em nossa consciência, estamos para sempre submetidos a essa lei. Não se pode desconhecer, hoje, essa força, essa lei soberana; ela conduz a alma e suas obras, através do infinito do tempo e do espaço, a um fim cada vez mais elevado; mas essa lei não é realizável senão por nossos esforços.
Para fazer obra útil, para cooperar na evolução geral e recolher todos os seus frutos, é preciso, antes de tudo, aprender a discernir, a reconhecer a razão, a causa e o fim dessa evolução, saber aonde ela conduz, a fim de participar, na plenitude das forças e das faculdades que dormitam em nós, dessa ascensão grandiosa.
Nosso dever é traçar a trajetória à humanidade futura, da qual ainda faremos parte integrante, como no-lo ensinam a comunhão das almas, a revelação dos grandes Instrutores invisíveis e como a Natureza o ensina também por seus milhares de vozes, pelo renovamento perpétuo de todas as coisas, àqueles que a sabem estudar e compreender.
Vamos, pois, para o futuro, para a vida sempre renascente, pela via imensa que nos abre um Espiritualismo regenerado!
Fé do passado, ciências, filosofias, religiões, iluminai-vos com uma chama nova; sacudi vossos velhos sudários e as cinzas que os cobrem. Escutai as vozes reveladoras do túmulo; elas nos trazem uma renovação do pensamento com os segredos do Além, que o homem tem necessidade de conhecer para melhor viver, melhor agir c melhor morrer!"
Paris, 1908.