segunda-feira, 25 de outubro de 2010

O Brasil na Revista Espírita - Kardec comenta fato


EXTRATO DO JORNAL DO COMMERCIO DO RIO DE JANEIRO
De 23 de setembro de 1863 - CRÔNICA DE PARIS.

A propósito dos espectros dos teatros, o correspondente conclui assim, depois de deles fazer o histórico:
"Por sorte, no próximo inverno, cada um poderá regalar aos seus amigos do espetáculo, tornado popular, de alguns fantasmas e outras curiosidades sobrenaturais. De sobremesa, se apagarão as velas e ver-se-ão aparecer, envolvidos em seus lençóis, os espectros modernos que substituirão assim as tiradas que outrora cantavam nossos avós. Nos bailes, em lugar dos refrescos, far-se-ão desfilar os fantasmas. Que encantador divertimento! nada que disso pensar se tem dele o arrepio."

O autor passando ao Espiritismo:
"Uma vez que falamos de coisas sobrenaturais, não passaremos em silêncio O Livro dos Espíritos. Que título atraente! quantos mistérios não se escondem! E se nos reportarmos ao ponto de partida, que caminho que essas idéias fizeram há alguns anos! –No início, esses fenômenos, ainda não explicados, consistiam em uma simples mesa posta em movimento pela imposição das mãos; hoje, as mesas não se contentam mais em girar, em saltar, em se endireitar sobre um pé, em fazer mil cabriolas, elas vão mais longe; falam! que digo eu: elas falam, é que têm um alfabeto próprio e mesmo vários. Basta dirigir-lhe uma pergunta, e a resposta é logo dada por pequenos golpes seguidos, batidos com o pé, ou bem por meio de um lápis que, preso à mão, põe-se a traçar sinais sobre o papel, palavras, frases inteiras ditadas por uma vontade estranha e desconhecida; a mão se torna então um simples instrumento, um porta-lápis, e o espírito da pessoa fica completamente estranho a tudo o que se passa.

"O Espiritismo, é assim que se chama a ciência desses fenômenos, fez, em poucos anos, grandes progressos nos fatos, na prática; mas a teoria, na minha opinião, não fez o mesmo caminho, está estacionaria, e direi porque. - É incontestável, a menos que as pessoas que se ocupam dessa matéria não tenham interesse em se enganar e em nos enganar, é incontestável que os fatos existem. Eles não se revelam unicamente por meio das mesas, se nos apresentam todos os dias e a toda hora. Excitam e espantam a todos, mas todos permanecem aí. - Duas pessoas concebem a mesma idéia ou se reencontram simultaneamente sobre a mesma palavra; alguém que não vemos, freqüentemente e no qual acabamos de pensar se nos apresenta inopinadamente; bate-se à nossa porta, e, se bem que nada vem de fora nos indicar a pessoa, adivinhamos que ela está; uma carta com dinheiro nos chega num momento de urgência; e tantos outros casos tão freqüentes, tão numerosos e conhecidos de todo o mundo; tudo isso pode ser atribuídos ao acaso?
Não, isso não pode ser o acaso em nenhum caso; e por que não seria isso uma comunicação fluídica inapreciável por nosso organismo material, um sexto sentido, enfim, de uma natureza mais elevada? Ninguém sabe onde reside a alma; ela não é nem visível, nem ponderável, nem tangível, e, no entanto, cheios de convicção que somos, afirmamos a sua existência. - Qual é a natureza do agente elétrico? O que é o imã?... E no entanto os efeitos da eletricidade e do magnetismo são continuamente patentes aos nossos olhos.
- Estou persuadido de que um dia deverá ocorrer o mesmo com o Espiritismo, ou qualquer que seja o nome que em último lugar praza à ciência lhe dar. "Há algum tempo vi numerosos fatos de catalepsia, de magnetismo, de Espiritismo, e não posso conservar a menor dúvida a seu respeito; mas o que me parece mais difícil é poder explicá-los e atribuí-los a tal ou tal causa. É preciso, pois, proceder com prudência e reservar sua opinião, abstendo-se de cair nos dois extremos: ou de negar todos os fatos
ou de submetê-los todos a uma teoria prematura.
"A existência dos fenômenos é incontestável; sua teoria está ainda para descobrir-se: eis hoje o estado da questão. Não se pode negar que haja alguma coisa de singular e digna de ser examinada nessa idéia que agitou o mundo inteiro, que reaparece com mais intensidade do que nunca, nessa idéia que tem seus órgãos periódicos,, seus anais de observações, que emocionou os espíritos na Áustria, na Itália, na América, que fez nascer reuniões na França, país onde se formam raramente, e onde o governo as tolera dificilmente.
"Essa invasão geral, além deter produzido uma viva impressão, tem uma muito alta importância. É preciso, pois, sem precipitação nem idéias preconcebidas, verificar de boa fé esses fenômenos, até que venham a ser explicados, o que ocorrerá um dia, se aprouver a Deus nos revelar a natureza desse agente misterioso."

O autor, como se vê, não é muito avançado; mas ao menos não julga aquilo que não sabe; reconhece a existência dos fatos e a sua causa primeira, mas não conhece seu modo de produção. Ele ignora os progressos da parte teórica da ciência, e dá a esse respeito um conselho muito sábio: poderão fazer teorias arriscadas, assim como se estava muito apressado de fazê-lo no início da aparição dos fenômenos, onde cada um se apressou em explicá-los à sua maneira; assim, a maioria desses sistemas prematuros caíram diante das experiências ulteriores, que vieram contradizê-los. Hoje se possui disso uma teoria racional da qual nenhum ponto foi admitido a título de hipótese; tudo é deduzido da experiência e da observação atenta dos fatos; pode-se dizer que, sob este aspecto, o Espiritismo foi estudado à maneira das ciências exatas.
Esta ciência, nascida ontem, não disse tudo, tanto lhe é preciso, e nos resta ainda muito a aprender, mas disse o bastante para ser fixada sobre as bases fundamentais e saber que esses fenômenos não saem da ordem dos fatos naturais; não foram qualificados de sobrenaturais e maravilhosos senão por falta de conhecer a lei que os rege, assim como ocorreu com a maioria dos fenômenos da Natureza. O Espiritismo, fazendo conhecer essa lei, restringe o círculo do maravilhoso em lugar de estendê-lo; dizemos mais, é que ele lhe dá o último golpe. Aqueles que dele falam de outro modo provam que não o estudaram.

Constatamos com prazer que a idéia espírita fez progressos sensíveis no Rio de Janeiro, onde conta com numerosos representantes fervorosos e devotados. A pequena brochura: O Espiritismo em sua mais simples expressão, publicada em língua portuguesa, não contribuiu pouco para ali difundir os princípios da Doutrina.

Professar ou Praticar o Espiritismo


JEAN REYNAUD
(Sociedade Espírita de Paris. Comunicação espontânea.)
Extrato de uma comunicação – O Céu e o Inferno. Para ler, estudar e meditar sobre o assunto. Atualíssimo.
P. Em vida professáveis o Espiritismo?

— R. Há uma grande diferença em professar e praticar.
Muita gente professa uma doutrina, que não pratica; pois bem, eu praticava e não professava. Assim como cristão é todo homem que segue as leis do Cristo, mesmo sem conhecê-lo, assim também podemos ser espíritas, acreditando na imortalidade da alma, nas reencarnações, no progresso incessante, nas provações terrenas — abluções necessárias ao melhoramento. Acreditando em tudo isso, eu era, portanto, espírita. Compreendi a erraticidade, laço intermediário das reencarnações e purgatório no qual o espírito culposo se despoja das vestes impuras para revestir nova toga, e onde o Espírito, em evolução, tece cuidadosamente essa toga que há de carregar no intuito de conservá-la pura. Compreendi tudo isso, e, sem professar, continuei a praticar.

“A expressão: “tecer cuidadosamente a toga que há de carregar” é uma figura feliz que retrata a solicitude com que o Espírito em evolução prepara a nova existência conducente a um maior progresso do que o feito. Os Espíritos atrasados são menos meticulosos, e muita vez fazem escolhas desastradas, que os forçam a recomeçar”. (comentários e análise de Allan Kardec).

O que é Ser Espírita:
Consultando um bom dicionário vamos encontrar de pessoa vinculada ao Espiritismo. Mudando a pergunta. Surgem porém os que ironizam e outros que temem e outros ainda indiferentes. Mas isto não importa, o problema reside se direcionarmos aos “Espíritas” a pergunta o que é ser espírita. Uns dirão que é ir ao Centro, tomar passe, ouvir ou fazer palestras, ler livros. Outros dirão que é fazer caridade. As respostas e tentativas de se ser explicar e se explicar. Mas qual seria ou será o motivo de respostas tão variadas, evasivas, incompletas? Como fonte de explicação a que se destina o blog, vamos buscar respostas na Codificação Espírita, que segundo o ilustre Espírito Espírita Vianna de Carvalho, é uma grande desconhecida dos espíritas. Vejamos então Kardec explicando a partir de O Livro dos Espíritos. Em O Livro dos Espíritos, na conclusão (item VII), o Codificador apresenta uma classificação dos adeptos: a) Os que acreditam; b) Os que acreditam e admiram a moral espírita; e c) Os que crêem, admiram e praticam. Segundo Kardec, esses últimos são os verdadeiros espíritas, ou os espíritas cristãos. No livro O Céu e o Inferno, há uma manifestação interessante de espírito que se encontra classificado como Espírito Feliz. Trata-se do espírito identificado pelo nome de Jean Reynaud citado acima no início do texto informativo. Indagado se na vida física ele professava o Espiritismo, respondeu: “ Há uma grande diferença entre professar e praticar. Muita gente professa uma Doutrina, mas não pratica. Pois bem, eu praticava e não professava. Professar significa portanto, reconhecer publicamente, declarar-se adepto, dizer de si mesmo, fazer propaganda da idéia e por em prática no seu relacinamento consigo e com o próximo. Pois bem, aí está a chave da questão. A felicidade de um Espírito deve-se à vivência dos princípios cristãos associados ao Espiritismo, mesmo sem conhecê-lo. Já no capítulo XVII de O Evangelho Segundo o Espiritismo, no item O Homem de Bem e Os bons espíritas, é necessário compreender que as características coincidem com os preceitos morais que justificam a denominação de espíritas cristãos, conforme definição do próprio Kardec, surgindo daí a figura do espírita praticante.O Espírito Simeão no item 14 de Evangelho Segundo o Espiritismo em seu capítulo X, já no finalzinho da instrução diz que Se vós vos dizeis espíritas, sede-o pois; olvidai o mal que se vos pôde fazer e não penseis senão uma coisa: o bem que podeis realizar. Resumindo a instrução: estamos tratando da VIVÊNCIA ESPIRITA. Reforçando os estudos então, temos: reconhece-se o verdadeiro espírita pelo esforço que empreende para vencer as suas más tendências. Ser Espírita portanto é a busca constante de se conhecer e de novo um velho ditado inserido na pergunta e resposta 919 de O Livro dos Espíritos.