sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Bullying - Diferentes faces de um mesmo problema


Bullying diferentes faces de um mesmo problema
Marta Antunes Moura (Reformador - FEB - nov/11)
Estudiosos destacam a importância de aprender a diferenciar as manifestações do bullying dos comportamentos desrespeitosos e das disputas por liderança e poder, usuais nas relações interpessoais. O desrespeito sistemático, contudo, tem raízes culturais (forma de agir de um povo) e familiares (tipo educação doméstica). Já as disputas, entendidas como confrontos entre duas partes, podem apresentar resultados positivos ou negativos. O primeiro evidencia o comportamento das pessoas de bem, assinalado por autoridade moral e/ou intelectual.

Integra as lideranças benéficas impulsionadoras do progresso que ao ampliarem o seu raio de ação se revelam aptas para conquistar o “poder soberano”, que é uma atribuição concedida pelo Criador aos que “conseguirão governar o reino dos corações, o território vivo do espírito, onde se exerce o poder verdadeiro”,1 relata Irmão X em singular história denominada A Lenda do Poder.

O bullying faz parte das ações exacerbadas do outro grupo, pois “o poder almejado e estabelecido pelos bullies [agressores] nunca tem propósitos altruístas. Eles visam ao poder sempre em benefício próprio, seja para divertir ou simplesmente para maltratar outras pessoas que, de maneira covarde, são transformadas em ‘presas’”,2 analisa a conhecida psiquiatra e escritora brasileira Ana Beatriz Barbosa Silva.

Em termos topográficos, o bullying pode ocorrer em qualquer ambiente social: escola, trabalho, internet (cyberbullying), meio militar, penitenciárias etc. São espaços que servem de palco para a demonstração, entre outros, do violento preconceito homofóbico, religioso, racial e socioeconômico dos bullies. No âmbito deste artigo, destacamos o bullying escolar e o cyberbullying.

O jurista mineiro Lélio Braga Calhau apresenta, em livro de sua autoria, significativos resultados de duas pesquisas relacionadas ao bullying escolar. Em estudo realizado pela Universidade Federal do Paraná, há indicações de que no ambiente escolar “33% das 245 crianças entrevistadas declararam sentir-se inseguras”.3 A pesquisa conduzida pela organização não governamental PLAN (ONG--PLAN), em 2010 (disponível no site www.plan.org.br), aponta que “70% da amostra de estudantes respondem ter presenciado cenas de agressões entre colegas, enquanto 30% deles declararam ter vivenciado ao menos uma situação violenta no mesmo período”.3 E tem mais:

[...] o bullying é mais comum nas regiões Sudeste e Centro-Oeste do País e que a incidência maior está entre os adolescentes na faixa de 11 a 15 anos de idade, alocados na sexta série do ensino fundamental. [...] Já as vítimas são sempre descritas pelos respondentes como pessoas que apresentam alguma diferença em relação aos demais colegas, como algum tipo de necessidade especial, o uso de vestimentas consideradas diferentes, a posse de objetos ou o consumo de bens indicativos de status socioeconômico superior aos demais alunos.3

São evidências que não podem ser ignoradas pelas pessoas conscientes. Neste contexto, o Espírito Amélia Rodrigues nos faz ver que os violentos são doentes da alma que, mesmo após a desencarnação, procedem da mesma da forma:

Nada obstante, os enfermos da alma, logo recuperados dos desgastes físicos, retornam aos conflitos e comportamentos infelizes, sem aproveitarem a oportunidade de reconstruir a vida ditosa. Imantados à matéria, os indivíduos de então como os de hoje, apenas pensam nos resultados concretos, evitando assumir o compromisso de realizarem uma radical mudança de conduta mental e moral, estabelecendo parâmetros para a autorrealização, aquele que conduz à paz.

O bullying nas escolas atinge professores, alunos e funcionários, ainda que os estudantes sejam o alvo mais visado. Há, a propósito, relatos bem apurados de “trotes” violentos a que estudantes foram submetidos, resultando traumas profundos nas vítimas, mutilações irreversíveis e até mesmo morte.5 Esse tipo de violência é sintomático, indica, sobretudo, que é preciso revisar, urgentemente, as bases que sustentam a educação familial e escolar contemporânea, que ainda prioriza o excesso de conhecimento em detrimento do aprendizado moral, que faz “vista grossa” à necessidade da construção da cidadania, aliás determinada no artigo 22 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) (Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996). Cidadania que “constitui, igualmente, processo construído no dia a dia, permeado de respeito à diversidade, pelo sentimento de pertencimento social e pela decorrente responsabilidade ambiental”.6


Ante tal realidade, a educação espírita surge no cenário como precioso instrumento de auxílio, pois o seu alcance é bem amplo, e dirige-se ao Espírito imortal:

Mas a educação, com o cultivo da inteligência e com o aperfeiçoamento do campo íntimo, em exaltação de conhecimento e bondade, saber e virtude, não será conseguida tão só à força de instrução, que se imponha de fora para dentro, mas sim com a consciente adesão da vontade que, em se consagrando ao bem por si própria, sem constrangimento de qualquer natureza, pode libertar e polir o coração [...].

Cyberbullying ou Ciberbullying é “uma prática que envolve o uso de tecnologias de informação e comunicação para dar apoio a comportamentos deliberados, repetidos e hostis praticados por um indivíduo ou grupo com a intenção de prejudicar outrem”.8 Os bullies virtuais possuem elevado grau de domínio tecnológico. Enviam textos/imagens pela Internet e telefones celulares, via e-mail ou redes sociais de comunicação eletrônica, atingindo numerosos indivíduos com o intuito de ridicularizar, difamar, humilhar ou assediar, sempre que postam boatos, mentiras e rumores:

Essa nova modalidade de bullying vem preocupando especialistas em comportamento humano, pais e professores em todo o mundo. Isso se deve ao fato de ser imensurável o efeito multiplicador do sofrimento das vítimas. Os ataques perversos do ciberbullying extrapolam, em muito, os muros das escolas e de alguns pontos de encontros reais, onde os estudantes se reúnem em território extraclasse (festas, baladas, praças de alimentação em shoppings, cinemas, lanchonetes etc.).9

Os bullies, independentemente das formas por eles utilizadas para ferir o próximo, são mentes muito desorientadas, incluídas na categoria dos Espíritos impuros, de acordo com a Escala Espírita: “inclinados ao mal, de que fazem o objeto de suas preocupações”.10

[...] são perfeitamente classificáveis entre os psicopatas amorais, segundo o conceito de “moral insanity” [insanidade moral], vulgarizado pelos ingleses, demonstrando manifesta perversidade, na qual se revelam constantemente brutalizados e agressivos, petulantes e pérfidos, indiferentes a qualquer noção da dignidade e da honra, continuamente dispostos a mergulhar na criminalidade e no vício.11

Contudo, cedo ou tarde, esses enfermos do espírito serão reeducados na forma da lei humana e dos dolorosos processos reencarnatórios. Assim, o Espírito devedor de hoje será o venturoso de amanhã, por determinação da legislação divina:

Todos os Espíritos tendem para a perfeição e Deus lhes faculta os meios de alcançá-la pelas provações da vida corpórea. Mas, em sua justiça, Ele lhes concede realizar, em novas existências, o que não puderam fazer ou concluir numa primeira prova.12

Referências:

1 XAVIER, Francisco C. Estante da vida. Pelo Espírito Irmão X. 10. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2009. Cap. 9, p. 54.
2 SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Bullying: mentes perigosas nas escolas. Rio de Janeiro: Objetiva, 2010. Cap. 8, p. 145.
3 CALHAU, Lélio Braga. Bullying, o que você precisa saber: identificação, prevenção e repressão. 2. ed. Niterói, RJ: Impetus, 2010. Cap. 2, it. 2.1, p. 23.
4 FRANCO, Divaldo P. A mensagem de amor imortal. Pelo Espírito Amélia Rodrigues. Salvador: LEAL, 2008. Cap. 3, p. 24.
5 SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Bullying: mentes perigosas nas escolas. Rio de Janeiro: Objetiva, 2010. Cap. 8, p. 147--154.
6 MIRANDA, Simão; DUSI, Miriam. Previna o bullying: jogos para uma cultura de paz. Campinas, SP: Papirus, 2011. Introdução, p. 15.
7 XAVIER, Francisco C. Pensamento e vida. Pelo Espírito Emmanuel. 18. ed. 2.reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Cap. 5,p. 27.
8 CYBERBULLYING. Disponível em: ou em – concebido e criado por Bill Belsey, criador e moderador do site .
9 SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Bullying: mentes perigosas nas escolas. Rio de Janeiro: Objetiva, 2010. Cap. 7, p. 126.
10 KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2011. Q. 102.
11 XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Waldo. Mecanismos da mediunidade. Pelo Espírito André Luiz. 26. ed. 4. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Cap. 24, it. Reencarnação de enfermos, p. 189.
12 KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB. 2011. Comentário de Kardec à q. 171.

Centros Espíritas como meros clubes de lazer.


Dr. Bezerra de Menezes por Ivone A. Pereira

As vibrações disseminadas pelos ambientes de um Centro Espírita, pelos cuidados dos seus tutelares invisíveis; os fluidos úteis necessários aos variados quão delicados trabalhos que ali se devem processar, desde a cura de enfermos até a conversão de entidades desencarnadas sofredoras e à fé mesmo a oratória inspirada pelos instrutores espirituais, são elementos essenciais, mesmo indispensáveis a certa série de exposições movidas pelos obreiros da imortalidade a serviço da Terceira Revelação. Essas vibrações, esses fluidos especializados, muito sutis e sensíveis, hão de conservar-se imaculados, portando, intactas, as virtudes que lhe são naturais e indispensáveis ao desenrolar dos trabalhos, porque, assim não sendo, se mesclarão de impurezas prejudiciais aos mesmos trabalhos, por anularem as suas profundas possibilidades. Daí porque a Espiritualidade esclarecida recomenda, aos adeptos da Grande Doutrina, o máximo respeito nas assembléias espíritas, onde jamais deverão penetrar a frivolidade e a inconseqüência, a maledicência e a intriga, o mercantilismo, o ruído e as atitudes menos graves, visto que estas são manifestações inferiores do caráter e da inconseqüência humana, cujo magnetismo, para tais assembléias e, portanto, para a agremiação que tais coisas permite, atrairá bandos de entidades hostis e malfeitoras do invisivel, que virão a influir nos trabalhos posteriores, a tal ponto que poderão adulterá-los ou impossibilita-los, uma vez que tais ambientes se tornarão incompatíveis com a Espiritualidade iluminada e benfazeja.

Um Centro Espírita onde as vibrações dos seus freqüentadores, encarnados ou desencarnados, irradiem de mentes respeitosas, de corações fervorosos, de aspirações elevadas; onde a palavra emitida jamais se desloque para futilidades e depreciações; onde, em vez do gargalhar divertido,
se pratique a prece; em vez do estrépito de aclamações e louvores indébitos se emitam forças telepáticas à procura de inspirações felizes; e ainda onde, em vez de cerimônias ou passa-tempos mundanos, cogite o adepto da comunhão mental com os seus mortos amados ou os seus guias espirituais, um Centro assim, fiel observador dos dispositivos recomendados de início pelos organizadores da filosofia espírita, será detentos da confiança da Espiritualidade esclarecida,
a qual o levará à dependência de organizações modelares do Espaço, realizando-se então, em seus recintos, sublimes empreendimentos, que honrarão os seus dirigentes dos dois planos da Vida. Somente esses, portanto, serão registrados no Além-Túmulo como casas beneficentes, ou templos do Amor e da Fraternidade, abalizados para as melindrosas experiências espíritas, porque os demais, ou seja aqueles que se desviam para normas ou práticas extravagantes ou inapropriadas, serão, no Espaço, considerados meros clubes onde se aglomeram aprendizes do Espiritismo em horas de lazer.

(Do Livro “Dramas da Obsessão”, de Bezerra de Menezes, psicografado por Ivone A.Pereira