quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Apontamentos de Kardec sobre Provações Coletivas



QUESTÃO — O Espiritismo explica perfeitamente a causa dos sofrimentos individuais, como conseqüências imediatas das faltas cometidas na existência precedente, ou como expiação do passado; mas, uma vez que cada um só é responsável pelas suas próprias faltas, não se explicam satisfatoriamente as desgraças coletivas que atingem as aglomerações de indivíduos, às vezes, uma família inteira, toda uma cidade, toda uma nação, toda uma raça, e que se abatem tanto sobre os bons, como sobre os maus, assim sobre os inocentes, como sobre os culpados.

Resposta. — Todas as leis que regem o Universo, sejam físicas ou morais, materiais ou intelectuais, foram descobertas, estudadas, compreendidas, partindo-se do estudo da individualidade e do da família para o de todo o conjunto, generalizando-as gradualmente e comprovando-se-lhes a universalidade dos resultados.

Outro tanto se verifica hoje com relação às leis que o estudo do Espiritismo dá a conhecer. Podem aplicar-se, sem medo de errar, as leis que regem o indivíduo à família, à nação, às raças, ao conjunto dos habitantes dos mundos, os quais formam individualidades coletivas. Há as faltas do indivíduo, as da família, as da nação; e cada uma, qualquer que seja o seu caráter, se expia em virtude da mesma lei. O algoz, relativamente à sua vítima, quer indo a encontrar-se em sua presença no espaço, quer vivendo em contacto com ela numa ou em muitas existências sucessivas, até à reparação do mal praticado. O mesmo sucede quando se trata de crimes cometidos solidariamente por um certo número de pessoas. As expiações também são solidárias o que não suprime a expiação simultânea das faltas individuais.

Três caracteres há em todo homem: o do indivíduo, do ser em si mesmo; o de membro da família e, finalmente, o de cidadão.


Sob cada uma dessas três faces pode ele ser criminoso e virtuoso, isto é, pode ser virtuoso como pai de família, ao mesmo tempo que criminoso como cidadão e reciprocamente. Daí as situações especiais que para si cria nas suas sucessivas existências.
Salvo alguma exceção, pode-se admitir como regra geral que todos aqueles que numa existência vêm a estar reunidos por uma tarefa comum já viveram juntos para trabalhar com o mesmo objetivo e ainda reunidos se acharão no futuro, até que hajam atingido a meta, isto é, expiado o passado, ou desempenhado a missão que aceitaram.
Graças ao Espiritismo, compreendeis agora a justiça das provações que não decorrem dos atos da vida presente, porque reconheceis que elas são o resgate das dívidas do passado. Por que não haveria de ser assim com relação às provas coletivas? Dizeis que os infortúnios de ordem geral alcançam assim o inocente, como o culpado; mas, não sabeis que o inocente de hoje pode ser o culpado de ontem? Quer ele seja atingido individualmente, quer coletivamente, é que o mereceu. Depois, como já o dissemos, há as faltas do indivíduo e as do cidadão; a expiação de umas não isenta da expiação das outras, pois que toda dívida tem que ser paga até à última moeda. As virtudes da vida privada diferem das da vida pública.


Um, que é excelente cidadão, pode ser péssimo pai de família; outro, que é bom pai de família, probo e honesto em seus negócios, pode ser mau cidadão, ter soprado o fogo da discórdia, oprimido o fraco, manchado as mãos em crimes de lesa-sociedade.

Essas faltas coletivas é que são expiadas coletivamente pelos indivíduos que para elas concorreram, os quais se encontram de novo reunidos, para sofrerem juntos a pena de talião, ou para terem ensejo de reparar o mal que praticaram, demonstrando devotamento à causa pública, socorrendo e assistindo aqueles a quem outrora maltrataram. Assim, o que é incompreensível, inconciliável com a justiça de Deus, se torna claro e lógico mediante o conhecimento dessa lei.
A solidariedade, portanto, que é o verdadeiro laço social, não o é apenas para o presente; estende-se ao passado e ao futuro, pois que as mesmas individualidades se reuniram, reúnem e reunirão, para subir juntas a escala do progresso, auxiliando-se mutuamente. Eis aí o que o Espiritismo faz compreensível, por meio da eqüitativa lei da reencarnação e da continuidade das relações entre os mesmos seres. (Clélia Duplantie - Espíritor)

NOTA de Kardec — Conquanto se subordine aos conhecidos princípios de responsabilidade pelo passado e da continuidade das relações entre os Espíritos, esta comunicação encerra uma idéia de certo modo nova e de grande importância. A distinção que estabelece entre a responsabilidade decorrente das faltas individuais ou coletivas, das da vida privada e da vida pública, explica certos fatos ainda mal conhecidos e mostra de maneira mais precisa a solidariedade existente entre os seres e entre as gerações.
Assim, muitas vezes um indivíduo renasce na mesma família, ou, pelo menos, os membros de uma família renascem juntos para constituir uma família nova noutra posição social, a fim de apertarem os laços de afeição entre si, ou reparar agravos recíprocos.
Por considerações de ordem mais geral, a criatura renasce no mesmo meio, na mesma nação, na mesma raça, quer por simpatia, quer para continuar, com os elementos já elaborados, estudos começados, para se aperfeiçoar, prosseguir trabalhos encetados e que a brevidade da vida não lhe permitiu acabar. A reencarnação no mesmo meio é a causa determinante do caráter distintivo dos povos e das raças. Embora melhorando-se, os indivíduos conservam o matiz primário, até que o progresso os haja completamente transformado.




fonte: Obras Póstumas - Allan Kardec

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Reencarnar é uma lei natural - Uma reflexão


A reencarnação não é de origem ocidental, foi emprestada das religiões orientais, principalmente hinduísta.
É o mesmo que:
1. “palingenesia”,
2. pluralidade de existências,
3. vidas sucessivas,
4. transmigração da alma

A Alma, que não alcançou a perfeição durante a vida corpórea, pode acabar de depurar-se sofrendo a prova de uma nova existência. Depurando-se, a alma indubitavelmente experimenta uma transformação, mas para isso necessária lhe é a prova da vida corporal. Todos contamos muitas existências. Os que dizem o contrário pretendem manter-vos na ignorância em que eles próprios se encontram. Esse o desejo deles. (O Livro dos Espíritos, 166)


O dogma da reencarnação se funda na justiça de Deus e na revelação, pois incessantemente repetimos: o bom pai deixa sempre aberta a seus filhos uma porta para o arrependimento.
Não te diz a razão que seria injusto privar para sempre da felicidade eterna todos aqueles de quem não dependeu o melhorarem-se?


Não são filhos de Deus todos os homens?


Todos_os_Espíritos_tendem_para_a_perfeição e Deus lhes faculta os meios de alcançá-la, proporcionando-lhes as provações da vida corporal. Sua justiça, porém, lhes concede realizar, em novas existências, o que não puderam fazer ou concluir numa primeira prova. – O Livro dos Espíritos, 171

O Porquê da Vida – (Léon Denis)
Pelo que respeita às religiões, que asiáticos, bramanistas e budistas, partilham da nossa crença.


Dela partilharam também os egípcios, os gregos e os celtas, nossos antepassados. Por conseguinte, ela faz parte da nossa verdadeira herança nacional.


Vimos que o Cristianismo primitivo dela esteve impregnado até ao século quarto.


Presentemente a encontramos mesmo no Islamismo, sob a forma de certas suratas do Alcorão. Segue-se que a reencarnação é ou foi admitida em todas as religiões.


Só o Catolicismo e os outros ramos do moderno Cristianismo escapam à regra universal, desde que fizeram silêncio e mergulharam em trevas certas passagens da Escritura que afirmavam as vidas anteriores.


A Filosofia colheu dela as mais belas inspirações. Pitágoras, que a ensinou, foi considerado um gênio por toda a AntigUidade. Platão recebeu o cognome de «divino», mesmo dos Pais da Igreja do Oriente.


A Escola de Alexandria, com a sua plêiade de escritores Filon, Plotino, etc. — lhe deveu suas obras mais brilhantes.


Kant, Spinoza a entreviram e, mais recentemente, a lista dos homens ilustres que a adotaram desde Victor Hugo até Mazzini, ocuparia uma página inteira.


Ainda neste momento ela reaparece nas teorias de Bergson, que parecem destinadas a revolucionar todo o pensamento contemporâneo.


Quanto à moral, essa só tem que beneficiar da doutrina das vidas sucessivas.


A convicção de ser ele próprio o artífice de seus destinos, de que tudo o que fizer, de mau ou de bom, recairá sobre a sua cabeça como sombras ou raios de luz, servirá ao homem de estímulo para a sua marcha ascendente e o obrigará a vigiar escrupulosamente seus atos. Cada uma das nossas existências, boas ou más, sendo a conseqüência rigorosa das que a precederam e a preparação das que hão de seguir-se, nos males da vida veremos o corretivo necessário das nossas faltas passadas e hesitaremos em recair nelas. Esse corretivo será muito mais eficaz do que o temor dos suplícios_do_inferno, nos quais ninguém mais crê, nem mesmo os que deles falam com uma segurança mais fingida do que real.


O princípio das reencarnações tudo aclara.
Todos os problemas se resolvem.
A ordem e a justiça surgem no Universo.
A vida toma um caráter mais nobre, mais elevado.
Torna-se a conquista gradual, pelos nossos esforços amparados do Alto, de um futuro sempre melhor.
O homem sente engrandecer-se a sua fé, a sua confiança em Deus e, desta concepção larga, a vida social recebe profundas repercussões.
Ao inverso, não é uma idéia pobre e lamentável a que consiste em acreditar que Deus nos concede uma única vida para nos melhorarmos e progredirmos?

Pois quê! Uma existência que não dura mais do que alguns anos, alguns meses e, para muitos, algumas horas apenas, que é de oitenta ou cem anos para outros, tão desarmônica conforme as condições e os meios em que nos achamos colocados, conforme as faculdades e recursos que nos são outorgados, pode constituir o eixo único sobre o qual repouse todo o conjunto dos nossos destinos imortais?
- Léon Denis, livro: O Porquê da Vida



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“Antes de nascer, a criança já viveu e a morte não é o fim, A vida é um evento que passa como o dia solar que renasce”. (de um papiro egípcio de 5000 anos)

Reencarnação é o retorno sucessivo de um mesmo Espírito à vida em diferentes corpos. Reencarnar é uma lei tão natural quanto nascer, viver ou morrer. “Se é assim – poderão perguntar – por que, então, a ciência a desconhece?” O motivo é simples: como tudo o que é humano, o conhecimento científico também é progressivo. A verdade das academias é sempre provisória. Qualquer colegial de hoje considera normais inúmeros fatos que ontem eram totalmente ignorados pelos cientistas: o movimento da Terra, as partículas menores que o átomo, a composição química da água, etc. Diariamente a ciência revê suas teses da véspera. Mas o conhecimento humano só avança através de pesquisa e, em geral, os que negam a teoria da reencarnação jamais a estudaram seriamente. Entretanto, alguns cientistas de renome que a pesquisaram concluíram tratar-se de fato inegável: Thomas Edson (inventor da lâmpada elétrica), William Crookes (famoso físico e químico falecido em 1919), Charles Richet (Prêmio Nobel de Medicina de 1913), e tantos outros.
Atualmente, muitas universidades já possuem grupos de pesquisa sobre este importante tema. Certamente chegará o dia em que a reencarnação também constará daquela lista progressiva de assuntos “corriqueiros”. “De onde se origina a certeza dos Espíritas sobre esta questão? Em que se baseiam para a afirmarem com tanta convicção?” Estas são perguntas freqüentes e cabíveis. Merecem resposta.

Cumpre esclarecer, que a reencarnação não foi inventada pelos Espíritas: é uma das idéias mais antigas da Humanidade. Um papiro egípcio de 3000 A.C. já a menciona. Outro, mais recente, denominado “Papiro Anana” (1320 A.C.), diz: “O homem retorna à vida varias vezes, mas não se recorda de suas pretéritas existências, exceto algumas vezes em sonho. No fim, todas essas vidas ser-lhe-ão reveladas.”

Na Grécia clássica, Pitágoras (580 a 496 A.C.); já divulgava o reencarnacionismo. No diálogo Phedon, Platão cita Sócrates (469 a 399 A.C): “É. certo que há um retorno à vida, que os vivos nascem dos mortos”. Esta mesma certeza consta da maioria das religiões antigas, como o Hinduísmo, Budhismo, Druidismo, etc. “Mas estas são religiões primitivas, não merecem crédito!” – dirão alguns.

A reencarnação está também na Bíblia. Jeremias (1:4-5): “Foi-me dirigida a palavra do Senhor nestes termos: Antes que eu te formasse no ventre de tua mãe, te conheci; e, antes que tu saísses do seu seio, te santifiquei e te estabeleci profeta entre as nações.” Ou, no Novo Testamento: “Digo-vos, porém, que Elias já veio e não o reconheceram.” (…) “Então os discípulos compreenderam que (Cristo) lhes tinha falado de João Batista.” (Mateus, XVII, 12-13). E ainda: “Não pode ver o Reino de Deus, senão aquele que nascer de novo.” (Jesus, em João, III, 3).

A convicção dos Espíritas, entretanto, decorre de outras razões: Se entendemos que não existe acaso – pois todo efeito possui uma causa – e se cremos que Deus é Justo, somente a reencarnação explicará as diferenças econômicas, sociais, físicas e morais entre os homens. Somente ela é compatível com o conceito de evolução, também evidente em toda a natureza. É ela que confere sentido à existência humana. E, também, a única explicação racional para o “deja vu”, esta sensação comum de já conhecermos pessoas ou lugares que nunca vimos. Além disso, a reencarnação é confirmada universalmente por todos os Espíritos Superiores, assim chamados pela coerência e pela elevação moral e intelectual que demonstram no conjunto de suas mensagens mediúnicas.

Por outro lado, a hipótese de que tenhamos uma única vida é inteiramente incompatível com a admirável perfeição existente em todo o universo conhecido. A idéia de que, após a morte do corpo, nossas individualidades se percam em um “grande nada” é, esta sim, insustentável, pois a própria ciência já descobriu que “nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. Assim, se temos tantas evidências à favor da reencarnação, o que nos oferecem contra a mesma? Apenas a simples opinião dos materialistas e de algumas igrejas. Quais os seus argumentos? Ainda não os apresentaram.

Revista Espírita Allan Kardec, nº 37.

Espíritas pela Segunda Vez


O número dos reencarnados detentores de conhecimento anterior do Espiritismo aumenta e aumentará a cada dia.
Quanto mais a individualidade consciente mentalize o Mundo Espiritual numa vida física, mais facilidades obtém para lembrar-se dele em outra.
A militança doutrinária, o exercício da mediunidade ou a responsabilidade espírita vincam a alma de profundas e claras percepções que transpõem a força amortecedora da carne.
Os princípios espíritas, a pouco e pouco, automatiizar-se-ão no cosmo da mente, através de reflexos morais condicionados pela criatura, assentados no sentimento intuitivo da existência de Deus e no pressentimento da sobrevivência após a morte que todos carregam no imo do ser.
Daí nasce o valor inapreciável da leitura, da meditação e da troca de idéias sobre as verdades que o Espiritismo encerra e a sua conseqüente realização no dia-dia terrestre.
Estudar e exercer as obrigações de caráter espírita é construir para sempre, armazenar para o futuro, libertar-se de instintos e paixões inferiores, rasgar e ampliar horizontes e perspectivas que enriqueçam as idéias inatas, destinadas a se desdobrarem quais roteiros de luz, na época da meninice e da puberdade, nas existências próximas.
A maior prova da eternidade do Espiritismo, nos caminhos humanos, é essa consolidação de seus postulados na consciência, de vida em vida, de século em século, esculpindo a memória, marcando a visão, desentranhando a emotividade, sulcando a inteligência e plasmando idéias superiores nos recessos do espirito.
A Terra recepciona atualmente a quinta geração de profitentes do Espiritismo, composta de número maior de criaturas que receberão a responsabilidade espírita pela segunda vez. Esse evento, de suma importância na Espiritualidade, reclama vigilante dedicação dos pais, mais viva perseverança dos médiuns, mais acentuada abnegação dos evangelizadores da infância, maior compreensão de todos.
Um exemplo de alguém, uma página isolada, um livro que se dá, um fato esclarecedor, uma opinião persuasiva, uma contribuição espontânea, erigir-se-ão, muita vez, por recurso mais ativo na excitação dessas mentes para a verdade, catalisando-lhes as reações de reminiscências adormecidas, que ressoarão à guisa de clarins na acústica da alma.
Amigo, o Espiritismo é a nossa Causa Comum. Auxilia os novos-velhos mergulhadores da carne, divide com eles os valores espirituais que possuis. Oferece-lhes a certeza de tua convicção, a alegria de tua esperança, a caridade de tua ação.
Se eles descem à tua procura, é indispensável recordes que esses companheiros reencarnantes contigo e o teu coração junto deles "serão conhecidos", na Vida Maior,"por muito se amarem".
CARLOS LOMBA – do livro Seareiros de Volta

domingo, 6 de novembro de 2011

Resumo da História de nossa Sociedade Espírita 2012



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A Casa do Caminho (Jerusalém após morte de Jesus); A Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas em 1º de janeiro 1858 e A Sociedade Espírita Caminho da Paz – João Pessoa, PB em 06/11/2011
Trazemos aqui hoje as singularidades da trajetória de três instituições que tiveram e tem o mesmo propósito: “Divulgar a Boa Nova” iniciada por Jesus, consolidada pela Doutrina Espírita via Allan Kardec e os Espíritos e hoje sendo divulgada pela instituições espíritas, dentre elas a nossa Sociedade Espírita Caminho da Paz, aqui em João Pessoa, Paraíba, Terra do Sol.
Iniciando a trajetória vamos encontrar as primeiras narrativas sobre a fundação da Casa do Caminho em Jerusalém: Após a ressurreição e a ascensão de Jesus, os Doze Apóstolos voltaram para Jerusalém, como o Senhor lhes havia ordenado (Lc 24:52; Atos 1: 12-13). E cheios de júbilo (Lc 24:52) principiaram a realizar a orientação anteriormente recebida:
"Ide, fazei discípulos de todas as nações, ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até a consumação do século" (Mt 28: 19-20). E Marcos informa que eles "pregaram por toda a parte, cooperando o Senhor com eles e confirmando a palavra por meio de sinais" (Mc 16:20) ("sinais" = "milagres").
Os Doze começaram a fazer reuniões em residências (isto é, não públicas), nas quais relembravam os ensinos do Mestre, partiam o pão e oravam.
As reuniões cresceram, pois aos primeiros discípulos juntaram-se outros; aos poucos as pregações foram tornando-se públicas.
Os seguidores de Jesus - que ainda não eram chamados "cristãos", mas "nazarenos"- começaram a formar comunidades (grupos) dentro do Judaísmo. Os discípulos de Jesus foram chamados "cristãos" pela primeira vez na comunidade (igreja) de Antioquia (da Síria), segundo Atos 11:26; diz a tradição que foi proposta de Lucas.
Surge então: A Casa do Caminho a primeira comunidade cristã na história da humanidade e um marco na história do cristianismo. Simão Pedro, o seu fundador, presidiu-lhe os destinos, ajudado pelos apóstolos Natanael (Bartolomeu), Thiago (filho de Zebedeu), Filipe e João. Os demais apóstolos saíram para difundir o evangelho de Jesus entre os povos gentios, sendo na sua maioria martirizados.
Conta-se que o casarão principal era um pavilhão singelo não mais que um grande galpão sustentado por paredes frágeis, carentes de todo e qualquer conforto. No princípio as atividades eram basicamente assistenciais. Depois, com a chegada de Estevão, Prócoro, Nicanor, Parmenas, Nicolau, Timon e Barnabé foi construída uma casa em anexo para as atividades de oração e evangelização.
As necessidades e dificuldades com a manutenção da casa eram tantas que Paulo, numa de suas visitas à Casa do Caminho, em diálogo com Pedro, ponderou: "precisamos encontrar um meio de libertar as verdades evangélicas do convencionalismo humano. Precisamos instalar aqui, elementos de serviço que habilitem a casa a viver de recursos próprios. Numa outra passagem pela Casa do Caminho, Paulo acrescentou: "poderemos atender a muitos doentes, ofertar um leito de repouso aos mais infelizes; mas sempre houve e haverá corpos enfermos e cansados na Terra. Na tarefa cristã, semelhante esforço não pode ser esquecido, mas a iluminação do espírito deve estar em primeiro lugar. Desde então os séculos rolaram sobre os séculos. As igrejas se multiplicaram, mas a Casa do Caminho não resistiu às injunções humanas e às perseguições do sacerdócio organizado e desapareceu. Mas deixou, para todos nós, o legado de um novo sistema de viver e conviver em comunidade, com espírito cristão de abnegação e de fraternidade.

Dando prosseguimento aos Planos Divinos ressurge O Consolador Prometido por Jesus...
Em nossa viagem pelo tempo e de Jerusalém vamos nos encontrar no ano de 1854 agora na Europa onde as mesas davam sinais de vida. Surgem as mesas girantes. Hippolyte Léon Denizard Rivail é convocado pela Espiritualidade para assistir tais fenômenos e diante dos fatos assume o papel que lhe é designado e no dia 1o de abril de 1858, menos de um ano após o lançamento da primeira edição de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec funda a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, a primeira entidade espírita oficialmente constituída...
Observa-se, então, que antes da constituição da Sociedade o grupo utilizava um nome provisório – Cercle Parisienne des Études Spirites – e foi assim que se reuniu todas as terças-feiras na Rua dos Mártires nº 8, na residência particular de Rivail em Paris, por um período aproximado de seis meses antes da fundação da Société Parisienne des Études Spirites.
Como não era nada cômoda essa situação, alguns dos freqüentadores resolveram cotizar-se para alugar um local mais amplo. Para isso, era imprescindível uma autorização legal, evitando-se problemas com as autoridades constituídas. E desta forma Allan Kardec deu continuidade aos trabalhos para a conclusão da Codificação Espírita...


Desde a Casa do Caminho à Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas 18 séculos se passaram e agora já estamos no século XXI e na Sociedade Espírita Caminho da Paz, aqui em João Pessoa, na Paraíba, terra do sol...
AH! Quantas histórias para contar sobre nós aqui,
Como foi que surgiu a idéia de se constituir esta instituição?
Vocês, nós, já imaginamos o de que é capaz um grupo de pessoas, pensando, trabalhando e vivendo harmoniosamente os mesmos objetivos e ideais nobres, em nome da sua melhoria pessoal, mas também da melhoria dos demais, somando suas forças e seus esforços, reunidos humildemente numa Sociedade Espírita que seja conduzido estritamente consoante a Doutrina Espírita? Seriam capazes de verdadeiros prodígios, vocês, nós assim diríamos por certo.
E assim surgiu a Sociedade Espírita Caminho da Paz, iniciando suas atividades 5 de novembro de 1996, instalando sua primeira diretoria e implantando seu Estatuto em 5 de novembro de 2004 e 06 de novembro 2010 materializando fisicamente no Planeta Terra e hoje, 06/11/2011 comemorando mais um ano.
Tem como Missão “Promover o estudo, a prática e a difusão do Espiritismo, com base nas obras da Codificação de Allan Kardec e no Evangelho de Jesus; a prática da caridade espiritual, moral e material, dentro dos princípios espíritas; e a união solidária e a integração no Movimento Espírita, colocando o Espiritismo ao alcance e a serviço de todos.”
Portanto, a Sociedade Espírita Caminho da Paz, não é um sonho...é hoje uma realidade.













terça-feira, 1 de novembro de 2011

As relações da ciência espírita com as ciências acadêmicas


As relações da ciência espírita com as ciências acadêmicas
Questões acerca da natureza do Espiritismo -
Este artigo examina brevemente alguns aspectos das relações entre a ciência espírita e as ciências acadêmicas, destacando-se a esclarecida e firme postura de Allan Kardec a esse respeito.

Questão:
Na época do surgimento do Espiritismo alguém que se dedicasse à pesquisa dos fenômenos mediúnicos e não se inclinasse a considerá-los como fantasias ou fraudes arriscava-se a cair em descrédito nos meios científicos e acadêmicos. Houve alguma mudança nessa postura? Ainda existe antagonismo entre ciência e espiritualismo? A ciência é necessariamente materialista?
Resposta:
Existe, como está implícito nas considerações feitas no artigo precedente, um certo grau de conservadorismo na “ciência-comunidade”, e as análises filosóficas contemporâneas reconhecem aí um requisito importante de uma ciência madura. A compreensão desse ponto paradoxal requer estudos especializados. Em alguns artigos sobre a ciência espírita (ver referências bibliográficas) procurei indicar o papel daquilo que o filósofo da ciência Imre Lakatos chamou de “heurística negativa” de uma ciência. Trata-se, de forma simplificada, da decisão metodológica explícita ou tácita dos membros de uma comunidade científica de preservar, tanto quanto possível, o núcleo de leis fundamentais de seu programa científico de pesquisa.
Lakatos argumentou convincentemente que sem essa política conservadora moderada e racional o desenvolvimento científico ficaria inviabilizado. É somente quando condições excepcionais se reúnem, envolvendo o fracasso sistemático do programa de pesquisa em resolver problemas teóricos e de ajuste empírico que o núcleo do programa é revisto ou rejeitado. Na atividade normal da ciência os ajustes e desenvolvimentos teóricos se dão em partes menos centrais da malha teórica, que Lakatos denominou de “cinturão protetor” de leis auxiliares.
Menciono isso para ressaltar que a relutância da comunidade científica em aceitar uma nova teoria sobre o ser humano, como é o caso do Espiritismo, é natural e esperada. Cumpre notar que o Espiritismo trata de coisas que escapam ao domínio das ciências ordinárias, cujo objeto de estudo são os fenômenos e leis pertinentes à matéria. Detenhamo-nos um pouco mais sobre esse ponto.
Um elemento central na análise da ciência é a distinção entre teoria, método e objeto de estudo. As diversas ciências distinguem-se entre si, em primeira instância, por seus objetos de estudo, os conjuntos de fenômenos que investigam. Fenômenos mecânicos, elétricos, magnéticos e nucleares, por exemplo, são do escopo da física; a formação e dissociação de moléculas constitui objeto de estudo da química; a vida, em muitas de suas expressões, é examinada pela biologia. Existem, naturalmente, pontos de contato, interseções e hibridações entre as ciências, mas isso não dilui a distinção fundamental entre elas.
Ora, dada a diversidade de objetos de estudo, haverá diferenças expressivas nos métodos e características teóricas das várias ciências. A identificação de elementos comuns entre elas é tarefa mais difícil do que à primeira vista parece, constituindo um tópico dos mais importantes da área da filosofia denominada filosofia da ciência.
Nos artigos mencionados procurei apresentar alguns traços importantes dessa disciplina, em conexão com o exame do aspecto científico do Espiritismo. Uma tese central neles defendida é que o Espiritismo, tal como estruturado por Allan Kardec, exibe todas as características de uma genuína ciência, à luz da filosofia da ciência contemporânea. Não se deve, porém, confundir o fato de o Espiritismo ser uma ciência com a suposição falsa de que ele é parte das ciências acadêmicas, que tratam de fenômenos referentes à matéria.
No parágrafo 7 da Introdução de O Livro dos Espíritos Kardec discorre lucidamente sobre o assunto, de uma perspectiva filosófica bem avançada para sua época, concluindo seguramente que “o Espiritismo não é da alçada da ciência”, isto é, das ciências acadêmicas. Retoma essa análise de forma mais extensa em O que é o Espiritismo, onde encontramos, por exemplo, este interessante raciocínio no capítulo I, segundo diálogo, seção “Oposição da ciência”:
As ciências vulgares repousam sobre as propriedades da matéria, que se pode, à vontade, manipular; os fenômenos que ela produz têm por agentes forças materiais.
Os do Espiritismo têm como agentes inteligências que possuem independência, livre-arbítrio e não estão sujeitas aos nossos caprichos; por isso eles escapam aos nossos processos de laboratório e aos nossos cálculos, e, desde então, ficam fora dos domínios da Ciência propriamente dita.
A Ciência enganou-se quando quis experimentar os Espíritos como o faz com uma pilha voltaica; foi mal sucedida, como devia ser, porque agiu pressupondo uma analogia que não existe; e depois, sem ir mais longe, concluiu pela negação, juízo temerário que o tempo se encarrega de ir emendando diariamente, como já fez com tantos outros [...].
As corporações científicas não devem, nem jamais deverão, pronunciar-se nesta questão; ela está tão fora dos limites do seu domínio como a de decretar se Deus existe ou não; é, pois, um erro tomá-las aqui por juiz.
No primeiro capítulo de A Gênese, parágrafo 16, Kardec salienta, a esse propósito, que estudando domínios diferentes e complementares “o Espiritismo e a ciência completam-se reciprocamente”.
A autonomia do Espiritismo com relação às ciências ordinárias parece estar suficientemente demonstrada (não aqui, neste breve resumo, evidentemente, mas nos extensos estudos feitos por Kardec e outros pensadores espíritas). Preocupa a incompleta percepção desse ponto por muitos espíritas em nossos dias, aqueles que pretendem, como dizem, “trazer a ciência para o Espiritismo”. Não se dão conta adequadamente de que o Espiritismo já constitui por si uma ciência independente e vigorosa, e que, ademais, a peculiaridade de seu objeto de estudo torna fora de propósito qualquer hibridação fundamental com as ciências da matéria. Há, é claro, áreas periféricas de contato, como por exemplo, o estudo das enfermidades psicossomáticas, onde pode e deve haver contribuições mútuas.
Não se deve confundir o que estou dizendo com as justificadas críticas já avançadas por Kardec a pessoas que, em nome da ciência ou não, julgam o Espiritismo sem haver examinado atentamente todos os fatos de que trata, bem como sua estrutura teórica. Isso é inadmissível filosófica e cientificamente. Tal atitude infelizmente continua sendo comum, inclusive nos meios acadêmicos. A especialização que caracteriza a formação científica parece mesmo favorecê-la, com também notou Kardec no referido item de O Livro dos Espíritos:
Aquele que se fez especialista prende todas as suas idéias à especialidade que adotou. Tirai-o daí e o vereis sempre desarrazoar, por querer submeter tudo ao mesmo cadinho: conseqüência da fraqueza humana.
Na pergunta formulada alude-se também à questão mais geral da posição da ciência acerca do espiritualismo. Conforme em outras palavras ressaltou Aécio Chagas em alguns de seus artigos mencionados na lista de referências, não faz muito sentido discutir se as ciências acadêmicas, enquanto conhecimento, são materialistas ou não. Foram concebidas expressamente para descrever e explicar exclusivamente os fenômenos materiais, não tendo nada a dizer sobre a disputa materialismo versus espiritualismo, que gira em torno da questão da existência de algo além da matéria.
Se se pergunta agora se a comunidade científica acadêmica é materialista ou não, a questão faz sentido, mas só admite resposta estatística, visto que a convicção pessoal de cada um de seus integrantes acerca desse problema filosófico não constitui critério necessário ou suficiente para a sua admissão na profissão. Parece certo que significativa parcela dos cientistas atuais é materialista, mas isso talvez apenas reflita o padrão geral de crença das sociedades nas quais mais prosperam as ciências, como sugere o Prof. Chagas.
Seja como for, nós espíritas não devemos nos inquietar com isso, como advertiu Kardec ainda no mesmo parágrafo de O Livro dos Espíritos, de onde extrairei mais este trecho, para concluir:
O Espiritismo é o resultado de uma convicção pessoal, que os cientistas, como indivíduos, podem adquirir, abstração feita de sua qualidade de cientistas [...].
Quando as crenças espíritas se houverem difundido, quando estiverem aceitas pelas massas humanas [...], com elas se dará com o que tem acontecido com todas as idéias novas que hão encontrado oposição: os cientistas se renderão à evidência. Lá chegarão, individualmente, pela força das coisas. Até então será intempestivo desviá-los de seus trabalhos especiais, para obrigá-los a se ocupar de um assunto estranho, que não lhes está nem nas atribuições, nem no programa. Enquanto isso não se verifica, os que, sem assunto prévio e aprofundado da matéria, se pronunciam pela negativa e escarnecem de quem não lhes subscrevem o conceito, esquecem que o mesmo se deu com a maior parte das grandes descobertas que fazem honra à Humanidade.


Nota
Artigo publicado em Reformador, novembro de 1999, pp. 344-346.