Desde a origem do homem a dor,
o sofrimento o acompanha.
No início, quando a luta pela
sobrevivência era a única preocupação humana, destacavam-se os padecimentos
físicos de todas as ordens.
Na medida em que a mente foi se desenvolvendo,
surgiram também as aflições do ser pautadas pelos problemas existenciais e as
angústias morais, resultantes de nosso livre-arbítrio.
Mas a todo momento nos questionamos.
Por que sofremos?
Vamos encontrar orientações e
respostas a este questionamento nas Obras de Kardec. Abaixo em o Evangelho Segundo
o Espiritismo – cap.V itens 4 e 6
“As vicissitudes da vida são
de duas espécies, ou, se quisermos, tem duas origens bem diversas, que importa
distinguir: umas têm sua causa na vida presente; fora desta vida”.
“Mas se há males, nesta vida,
de que o homem é a própria causa, há também outros que, pelo menos em
aparência, são estranhos à sua vontade e parecem golpeá-lo por fatalidade.
Assim, por exemplo, a perda de entes queridos e dos que sustentam a família.
Assim também os acidentes que nenhuma previdência pode evitar; os revezes da
fortuna, que frustram todas as medidas de prudência; os flagelos naturais; e
ainda as doenças de nascença, sobretudo aquelas que tiram aos infelizes a
possibilidade de ganhar a vida pelo trabalho: as deformidades, a idiota, a
imbecilidade etc.”
Desta forma, diante da
necessidade de realizarmos nosso progresso em busca da perfeição, vamos encontrar
no Cap. 3. A Gênese de Allan Kardec que:
“Devendo o homem progredir, os
males, aos quais está exposto, são um estimulante para o exercício da sua
inteligência, de todas as suas faculdades, físicas e morais, iniciando-o na
pesquisa dos meios para deles subtrair-se.
Se não tivesse nada a temer, nenhuma
necessidade o levaria à procura dos meios, seu espírito se entorpeceria na
inatividade; não inventaria nada e não descobriria nada. A dor é o
aguilhão que impele o homem para a frente, no caminho do progresso.”
Dando sequência ao pensamento sempre
atual da Doutrina Espírita, continua AK no capítulo citado acima sobre a dor:
Mas, os mais numerosos males
são aqueles que o homem cria para si mesmo, pelos seus próprios vícios, aqueles
que provêm de seu orgulho, de seu egoísmo, de sua ambição, de sua cupidez, de
seus excessos em todas as coisas.
(...) Deus estabeleceu leis,
plenas de sabedoria, que não têm por objetivo senão o bem; o homem encontra em
si mesmo, tudo o que é necessário para segui-las; sua rota está traçada pela
sua consciência; a lei divina está gravada no seu coração. (...) Se o homem se
conformasse, rigorosamente, com as leis divinas, não há dúvida de que evitaria
os mais pungentes males, e que viveria feliz sobre a Terra. Se não o faz, é em
virtude do seu livre-arbítrio, e, disso sofre as consequências.
Outro autor clássico também
nos ajuda a raciocinar sobre a Dor.
Léon Denis (1849-1927) –
escritor espírita francês, contemporâneo de Allan Kardec, desenvolve o assunto
em seu livro O Problema do Ser, do Destino e da Dor:
“Por mais admirável que possa
parecer à primeira vista, a dor é apenas um meio de que usa o Poder Infinito
para nos chamar a si e, ao mesmo tempo, tornar-nos mais rapidamente acessíveis
à felicidade espiritual, única duradoura. É, pois, realmente, pelo amor que nos
tem, que Deus envia o sofrimento. Fere-nos, corrige-nos como a mãe corrige o
filho para educá-lo e melhorá-lo; trabalha incessantemente para tornar dóceis,
para purificar e embelezar nossas almas, porque elas não podem ser verdadeiras,
completamente felizes, senão na medida correspondente às suas perfeições”.
E continua:
“Para isso pôs Deus, nesta
terra de aprendizagem, ao lado das alegrias raras e fugitivas, dores
frequentes e prolongadas, para nos fazer sentir que o nosso mundo é um lugar de
passagem e não o ponto de chegada. Gozos e sofrimentos, prazeres e
dores, tudo isto Deus distribuiu na existência como um grande artista que, na
tela, combina a sombra e a luz para produzir uma obra-prima”.
Concluindo:
[...] a Dor corrige, educa,
aperfeiçoa, exalta, redime e glorifica o sentimento humano a cada vibração que
lhe extrai através do sofrimento. (Léon Denis)
O Senhor transforma o veneno
de nossos erros em remédio salutar para o resgate de nossas culpas... (...)
aprende a sofrer com humildade para que a tua dor não seja simplesmente orgulho
ferido. (Léon Denis - O Problema do Ser, do Destino e da Dor.)
Os momentos difíceis, também
são oportunidades de testemunhar a nossa fé. Deus não nos abandona e tão pouco
designa fardos pesados a ombros frágeis. Léon Denis.