segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Encontro da Mediunidade - Pólo Espírita 2 - João Pessoa - PB

Registros do Encontro da Mediunidade - evento promovido pelo Pólo Espírita 2 - João Pessoa, PB, na sede da Sociedade Espírita Caminho da Paz - 29/08/10

Tema: Influência do Meio.
Comentando a temática:
Allan Kardec [LM-it 226] propõe aos benfeitores espirituais a seguinte indagação:

- O desenvolvimento da mediunidade está em relação como o desenvolvimento moral do médium?

R. Não. A faculdade propriamente dita é orgânica, não depende da moral, mas o mesmo acontece com o seu uso, que pode ser bom ou mal, dependendo dos valores morais do medianeiro.

A assertiva dos benfeitores coloca a mediunidade como uma função neutra, como um sentido (o sexto sentido, na expressão de Charles Richet); por si só, a faculdade mediúnica não depende da moral, da inteligência e da cultura, e isto ocorre, porque ela é orgânica, radicada no organismo físico do intermediário. No entanto, o que se pode conseguir com a mediunidade, os efeitos dela decorrentes, irão sofrer uma influência decisiva dos valores éticos do medianeiro. Quando perguntaram ao benfeitor Emmanuel qual era a maior necessidade do médium, ele disse:

"A primeira necessidade do médium é evangelizar-se a si mesmo." e "vence nos labores mediúnicos o médium que detiver a maior carga de sentimento." (livro O Consolador)

Allan Kardec orienta que "Para se comunicar, o Espírito desencarnado se identifica com o Espírito do médium." Esta identificação não se pode verificar, se não houver entre um e outro, simpatia, e, se assim é lícito dizer-se, afinidade. A alma exerce sobre o Espírito livre uma espécie de atração ou de repulsão, conforme o grau de semelhança existente entre eles.

Esta afinidade ou simpatia apresenta duas condições distintas:
- afinidade fluídica;
- sintonia vibratória (afinidade moral).

a) Afinidade Fluídica: é de natureza estrutural, uma disposição inata do organismo, não dependendo dos valores morais, gostos, tendências do Espírito e médium.
A facilidade das comunicações depende da categoria de semelhança existente entre os dois fluidos, que também vai estabelecer a intensidade da assimilação fluídica e a maior ou menor impressão causada ao médium. Assim, determinado médium pode ser um bom instrumento para um Espírito e mau para outro. Disso resulta que de dois médiuns igualmente bem dotados e postos um do lado do outro, um Espírito que se dispõe à comunicação mediúnica se manifestará por meio de um, e não do outro médium, aonde não encontra a aptidão orgânica necessária. Mas, à proporção que o médium exercita-se no trabalho mediúnico, desenvolve e adquire qualidades necessárias para a realização dos fenômenos e entre em relação com um número maior de Espíritos comunicantes. Com muita freqüência, o contato entre Espírito e médium se faz gradativamente, com o tempo; raramente se estabelece desde o primeiro momento. E o contato antecipado, que ocorre antes mesmo da sessão mediúnica, tem o propósito de provocar e ativar a assimilação fluídica, fase esta que o Espírito Manoel Philomeno de Miranda denomina de "fase de pré imantação fluídica", e que vem atenuar as dificuldades existentes.

b) Sintonia Vibratória (Afinidade Moral): pessoas de moral idêntica se atraem e de moral contrária se repelem. Fundamenta-se esta lei no princípio de que para um Espírito assimilar os pensamentos de outro, necessita estar emitindo ondas mentais na mesma freqüência vibratória. A afinidade moral depende inteiramente das condições éticas, que se referem à conduta humana, suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal. Através da afinidade moral, o Espírito comunicante e o médium se fundem na unidade psico-afetiva da comunicação. O Espírito aproxima-se do médium e o envolve nas suas vibrações espirituais.

"Não se descarte, pois, a influência do meio, que deve ser superior, nem a do médium, que se deve apresentar equipado dos recursos próprios, de modo que se recolham boas e proveitosas comunicações, ampliando-se o campo de percepção do mundo espiritual, causal e pulsante, no qual se encontra mergulhado em escala menor, o físico, por onde se movimentam homens, no processo de crescimento e evolução." (Manoel Philomeno de Miranda/Divaldo P. Franco, Temas da Vida e da Morte).

Para saber mais:
1) Livro dos Médiuns - 2) Nos Bastidores da Obsessão - Manoel Philomeno de Miranda/Divaldo Franco - 3) Nos Domínios da Mediunidade - André Luiz/Chico Xavier - 4) Tramas do Destino - Manoel Philomeno de Miranda/Divaldo Franco – 5) IDE Juiz de Fora.

sábado, 28 de agosto de 2010

Projeto 1868 - Obras Póstumas - Allan Kardec

Um dos maiores obstáculos capazes de retardar a propagação da Doutrina seria a falta de unidade. O único meio de evitá-la, senão quanto ao presente, pelo menos quanto ao futuro, é formulá-la em todas as suas partes e até nos mais mínimos detalhes, com tanta precisão e
clareza, que impossível se torne qualquer interpretação divergente.

Se a doutrina do Cristo deu lugar a tantas controvérsias, se ainda agora tão mal compreendida se acha e tão diversamente praticada, é isso devido a que o Cristo se limitou a um ensinamento oral e a que seus próprios apóstolos apenas transmitiram princípios gerais, que cada um interpretou de acordo com suas idéias ou interesses. Se ele houvesse formulado a organização da Igreja cristã com a precisão de uma lei ou de um regulamento, é incontestável que houvera evitado a maior parte dos cismas e das querelas religiosas, assim como a exploração que foi feita da religião, em proveito das ambições pessoais. Resultou que, se o Cristianismo constituiu, para alguns homens esclarecidos, uma causa de séria reforma moral, não foi e ainda não é para muitos senão objeto de uma crença cega e fanática, resultado que, em grande número de criaturas, gerou a dúvida e a incredulidade absoluta.

Somente o Espiritismo, bem entendido e bem compreendido, pode remediar esse estado de coisas e tornar-se, conforme disseram os Espíritos, a grande alavanca da transformação da Humanidade. A experiência deve esclarecer-nos sobre o caminho a seguir. Mostrando-nos os inconvenientes do passado, ela nos diz claramente que o único meio de serem evitados no futuro consiste em assentar o Espiritismo sobre as bases sólidas de uma doutrina positiva que nada deixe ao arbítrio das interpretações. As dissidências que possam surgir se fundirão por si mesmas na unidade principal que se estabeleceria sobre as bases mais racionais, desde que essas bases sejam claras e não vagamente definidas. Também ressalta destas considerações que essa marcha, dirigida com prudência, representa o mais poderoso meio de luta contra os antagonistas da Doutrina Espírita. Todos os sofismas quebrar-se-ão de encontro a princípios aos quais a sã razão nada acharia para opor.



Dois elementos hão de concorrer para o progresso do Espiritismo: o estabelecimento teórico da Doutrina e os meios de a popularizar.

O desenvolvimento cada dia maior, que ela toma, multiplica as nossas relações, que somente tendem a ampliar-se, pelo impulso que lhe darão a nova edição de O Livro dos Espíritos e a publicidade que se fará a esse propósito.

Para utilizarmos de maneira proveitosa essas relações, se, depois de constituída a teoria, eu tivesse de concorrer para sua instalação, necessário seria que, além da publicação de minhas obras, dispusesse de meios para exercer uma ação mais direta. Ora, creio fora conveniente que aquele que fundou a teoria pudesse ao mesmo tempo impulsioná-la, porque então haveria mais unidade. Sob esse aspecto, a Sociedade tem necessariamente que exercer grande influência, conforme o disseram os próprios Espíritos; sua ação, porém, não será, em realidade, eficiente, senão quando ela servir de centro e de ponto de ligação donde parta um ensinamento preponderante sobre a opinião pública. Para isso, faz-se mister uma organização mais forte e elementos que ela não possui. No século em que estamos e tendo-se em vista o estado dos nossos costumes, os recursos financeiros são o grande motor de todas as coisas, quando empregados com discernimento. Na hipótese de que esses recursos, de um modo ou doutro, me viessem às mãos, eis o plano que eu seguiria e cuja execução seria proporcional à importância dos meios e subordinada aos conselhos dos Espíritos.

Mediunidade e Viciação


Muitos desequilíbrios da mente, no que diz respeito ao comando da organização celular , são conseqüências naturais do descaso que se dá ao aparelho psíquico. Acostumando-se à rebelião dos centros nervosos, o homem encarnado experimenta o impacto de distúrbios de variada classificação, recebendo, através do aparelho neuro-vegetativo, ação desequilibrante que o leva a processos de conduta anormal.

Assim como o corpo se amolenta e se desorganiza por falta de ação positiva, a mente se desarmoniza quando escasseiam os valores-estímulos para o seu desenvolvimento.
Jesus nos ensinou; desde há muito tempo , que, pensando, o ser elabora o domicílio de carne pelo qual jornadeia, e dirigindo o pensamento à Divindade torna-se templo onde a Divindade se acolhe .

Embora a ancianidade do ensinamento, os cristãos, fascinados pelo comando dos valores terrenos, esqueceram as disciplinas mentais, relegando a plano secundário o que, em verdade, representa condição essencial para uma vida sadia.

Como, o advento do Espiritismo, que elucida a razão das conseqüências dos desequilíbrios morais, o cristão novo descobre que o pensamento é o dínamo vitalizador do corpo, através do qual veiculam as energias oriundas do Mundo Espiritual... Nesse particular, a mediunidade, que facunda o intercâmbio entre encarnados e desencarnados, não pode continuar em volta dos mistérios “mistérios’’ clássicos das doutrinas esotéricas do passado nem tão pouco relegada ao descaso da indiferença dos estudiosos, utilizada pela ignorância de uns ou pela inépcia de outros, constituindo-se veículo perigoso ao alcance da irresponsabilidade...

Para que se coroem de êxito quaisquer esforços no exercício mediúnico, esses devem partir do próprio encarnado, que se deve submeter á disciplina austera, em continuados exercícios da dignificação moral.

Estudo sério, ação benfazeja, conduta firme e reta, renovação evangélica constante, aprimoramento infatigável são linhas de segurança para o sucesso no serviço mediúnico.

Nesse particular, que se evitem os hábitos da rotina mental, negativa e perniciosa, que se transformam em cacoetes psíquicos de difícil erradicação. Intercâmbio espiritual através da mediunidade significa permuta entre os dois planos . Por mais física , aparentemente, seja a comunicação, esta é sempre de espírito, utilizando-se o desencarnado das possibilidades do perispírito do médium . O médium é filtro por cuja mente transitam as notícias da vida além-da-vida . Nesse sentido, consideremos a concentração mental de modo diverso dos que a comparam a interruptor de fácil manejo que , acionado, oferece passagem à energia comunicante, sem mais cuidados... A concentração, por isso mesmo, deve ser um estado habitual da mente em Cristo e não uma situação passageira junto ao Cristo.

Graças à indisciplina da mente sacudida pelos ventos da polidéia nascem, durante o labor intercambial, os defeitos e irregularidade que tanto prejudicam o ministério espiritual. Aparecem em tais casos os pontos de fixação psíquica no subconsciente do médium prejudicando a assimilação da mensagem.

Ora, quando a mente desencarnada penetra os círculos vibratórios do médium, este, se desavisado, reflete as deficiências do companheiro que, acostumado à viciação psíquica, não registra as idéias que lhe não sejam habituais.

Quando tal fenômeno sucede, o médium no ato da psicofonia, por exemplo, deixa-se afligir por esgares, tosses, bocejos e, de fácil excitação transmite ao sistema nervoso síndromes do próprio desequilíbrio como se fossem parte integrante do intercâmbio mediúnico. Em enarmonia, produz gritos e ruídos facilmente dispensáveis, gerando um clima de balbúrdia incompatível, por viciação, com a necessária serenidade mental de que se deve revestir o estado de transe. Desse modo a seleção das imagens que transitam pela mente do intermediário sofrem as dificuldades que lhe são peculiares traduzindo ao paladar dos recursos defeituosos que lhe são próprios.

Quem se candidate, pois, ao serviço mediúnico não descure os impositivos da harmonia mental.

Os exercícios de desprendimento das idéias corriqueiras com objetivo de apurar a audição interior não podem ser relegados, transformando-se em meios de sintonização fácil com as mensagens oriundas dos Espíritos.

Jesus, enquanto esteve conosco, na Terra, não poucas vezes deixou o tumulto para ouvir o Pai, orando e comungando com Ele em busca de transcendência inexpressável pelo verbo comum.

Para tanto, porém, não é necessário que o homem moderno se afaste dos deveres a que está ligado, a fim de encontrar a paz interior.

Cultive o médium, todavia, o pensamento nobre, silenciando o tumulto da vozes internas da alma, procurando renovação em Jesus Cristo, cada dia e a toda hora, e, oferecendo o tesouro da boa vontade em favor da aflição alheia, encontrara, na própria libertação, pela MEDIUNIDADE SEM VICIAÇÃO, a sublime “ escada de Jacó” que o conduzira ao páramos da luz, consciente e lúcido como a verdade, descendo para ajudar, sem perigo de contágio de qualquer natureza...

( Livro Sementeira da Fraternidade/Divaldo/MP.Miranda)

domingo, 22 de agosto de 2010

Evolução: encanta-nos os sonetos abaixo transcritos

A evolução é tema complexo. A compreensão integral da marcha evolutiva do Espírito é coisa que nos escapa, na fase em que nos encontramos. Sabemos que ela se dá e é conquista de cada ser, mas nossa percepção dessa jornada é fragmentária.
Desconhecemos nosso início, desde a mônada fundamental, e os passos dados por esse princípio inteligente, na esteira dos séculos, até o estágio atual. É trajetória fascinante que um dia haveremos de compreender na sua plenitude.
Sobre o assunto, encanta-nos os sonetos abaixo transcritos, nos quais os poetas, realizando sínteses admiráveis, expressam com beleza e rara felicidade os passos dessa caminhada do Espírito.
---A síntese, em tema complexo e de forma tão abrangente, sobretudo vazada em soneto, é admirável. Partem do princípio ao puro Espírito!


Evolução (1) ADELINO da FONTOURA Chaves

Fui átomo, vibrando entre as forças do Espaço,
Devorando amplidões, em longa e ansiosa espera...
Partícula, pousei... Encarcerado, eu era
Infusório do mar em montões de sargaço.
Por séculos fui planta em movimento escasso,
Sofri no inverno rude e amei na primavera;
Depois, fui animal, e no instinto da fera
Achei a inteligência e avancei passo a passo...
Guardei por muito tempo a expressão dos gorilas,
Pondo mais fé nas mãos e mais luz nas pupilas,
A lutar e chorar para, então, compreendê-las!...
Agora, homem que sou, pelo Foro Divino,
Vivo de corpo em corpo a forjar o destino
Que me leve a transpor o clarão das estrelas!..."

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EVOLUÇÃO (2) Antero de Quental (1842-1891)

Fui rocha, em tempo, e fui, no mundo antigo,
Tronco ou ramo na incógnita floresta...
Onda, espumei, quebrando-me na aresta
Do granito, antiquíssimo inimigo...
Rugi, fera talvez, buscando abrigo
Na caverna que ensombra urze e giesta;
Ou, monstro primitivo, ergui a testa
No limoso paul, glauco pascigo...
Hoje sou homem — e na sombra enorme
Vejo, a meus pés, a escada multiforme,
Que desce, em espirais, na imensidade...
Interrogo o infinito e às vezes choro...
Mas, estendendo as mãos no vácuo, adoro
E aspiro unicamente à liberdade."
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"EVOLUÇÃO (3) Rubens C. Romanelli

De muito longe venho, em surtos milenários;
Vivi na luz dos sóis, vaguei por mil esferas
E, preso ao turbilhão dos motos planetários,
Fui lodo e fui cristal, no alvor de priscas eras.
Mil formas animei, nos reinos multifários:
Fui planta no verdor de frescas primaveras
E, após sombrio estágio entre os protozoários,
Galguei novos degraus: fui fera dentre as feras.
Depois que em mim brilhou o facho da razão,
Fui o íncola feroz das tribos primitivas
E como tal vivi, por vidas sucessivas.
E sempre na espiral da eterna evolução,
Um dia eu transporei os círculos do mal
E brilharei na luz da Essência Universal."
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ADELINO da FONTOURA Chaves nasceu em Axixá, Maranhão, em 30.03.1855 e desencarnou em Lisboa, Portugal, em 02.05.1884.

Foi, portanto, contemporâneo do poeta português, ANTERO Tarquínio de QUENTAL, que viveu de 1842 a 1891; contudo, o soneto de sua lavra foi psicografado neste século, pelo médium Francisco C. Xavier, e publicado em 1962.

Teria o Espírito conhecimento dos textos do vate lusitano e do Professor Romanelli? E este último conheceu os outros dois sonetos?

Quanto ao Professor Rubens Romanelli, a segunda edição de "O Primado do Espírito" não oferece seus dados biográficos. Indica apenas datas de publicações de livros e discursos de sua autoria, no período que vai de 1940 a 1960, em Belo Horizonte, MG.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
1. XAVIER, Francisco C. Antologia dos Imortais. 2 ed. Rio de Janeiro: FEB, 1983. 345p. p. 33/4;
2. MESQUITA, Ary (org.). O Livro de Ouro da Poesia Universal. Rio de Janeiro: Ediouro, 1988. 533p. p. 490;
3. ROMANELLI, Rubens C. O Primado do Espírito. 2 ed. Belo Horizonte - 1960
Nota: O livro "O Primado do Espírito" foi reeditado pela "Publicações Lachâtre".
http://compreendereevoluir.blogspot.com/

A Evolução da Alma, por León Denis


A alma, dissemos, vem de Deus, é, em nós, o princípio da inteligência e da vida. Essência misteriosa, escapa à análise, como tudo quanto dimana do Absoluto. Criada por amor, criada para amar, tão mesquinha que pode ser encerrada numa forma acanhada e frágil, tão grande que, com um impulso do seu pensamento, abrange o Infinito, a alma é uma partícula da essência divina projetada no mundo material.

Desde a hora em que caiu na matéria, qual foi o caminho que seguiu para remontar até ao ponto atual da sua carreira? Precisou de passar vias escuras, revestir formas, animar organismos que deixava ao sair de cada existência, como se faz com um vestuário inútil. Todos estes corpos de carne pereceram, o sopro dos destinos dispersou-lhes as cinzas, mas a alma persiste e permanece na sua perpetuidade, prossegue sua marcha ascendente, percorre as inumeráveis estações da sua viagem e dirige-se para um fim grande e apetecível, um fim que é a perfeição.
A alma contém, no estado virtual, todos os gérmens dos seus desenvolvimentos futuros. É destinada a conhecer, adquirir e possuir tudo. Como, pois, poderia ela conseguir tudo isso numa única existência? A vida é curta, e longe está da perfeição! Poderia a alma, numa vida única, desenvolver o seu entendimento, esclarecer a razão, fortificar a consciência, assimilar todos os elementos da sabedoria, da santidade, do gênio? Para realizar os seus fins, tem de percorrer, no tempo e no espaço, um campo sem limites. É passando por inúmeras transformações, no fim de milhares de séculos, que o mineral grosseiro se converte em diamante puro, refratando mil cintilações. Sucede o mesmo com a alma humana.

O objetivo da evolução, a razão de ser da vida não é a felicidade terrestre, como muitos erradamente crêem, mas o aperfeiçoamento de cada um de nós, e esse aperfeiçoamento devemos realizar por meio do trabalho, do esforço, de todas as alternativas da alegria e da dor, até que nos tenhamos desenvolvido completamente e elevado ao estado celeste. Se há na Terra menos alegria que sofrimento, é que este é o instrumento por excelência da educação e do progresso, um estimulante para o ser, que, sem ele, ficaria retardado nas vias da sensualidade. A dor, física e moral, forma a nossa experiência. A sabedoria é o prêmio.

Pouco a pouco, a alma se eleva e, conforme vai subindo, nela se vai acumulando uma soma sempre crescente de saber e virtude; sente-se mais estreitamente ligada aos seus semelhantes; comunica mais intimamente com o seu meio social e planetário. Elevando-se cada vez mais, não tarda a ligar-se por laços pujantes às sociedades do Espaço e depois do Ser Universal.
Assim, a vida do ser consciente é uma vida de solidariedade e liberdade. Livre dentro dos limites que lhe assinalam as leis eternas, faz-se arquiteto do seu destino. O seu adiantamento é obra sua. Nenhuma fatalidade o oprime, salvo a dos próprios atos, cujas consequências nele recaem; mas não pode desenvolver-se e medrar senão na vida coletiva com o recurso de cada um e em proveito de todos. Quanto mais sobe, tanto mais se sente viver e sofrer em todos e por todos. Na necessidade de elevar a si mesmo, atrai a si, para fazê-los chegar ao estado espiritual, todos os seres humanos que povoam os mundos onde viveram. Quer fazer por eles o que por ele fizeram seus irmãos mais velhos, os grandes Espíritos que o guiaram na sua marcha.

A lei de justiça requer que, por sua vez, sejam emancipadas, libertadas da vida inferior todas as almas. Todo ser que chega à plenitude da consciência deve trabalhar para preparar aos seus irmãos uma vida suportável, um estado social que só comporte a soma de males inevitáveis. Esses males, necessários ao funcionamento da lei de educação geral, nunca deixaram de existir em nosso mundo, representam uma das condições da vida terrestre. A matéria é o obstáculo útil; provoca o esforço e desenvolve a vontade; contribui para a ascensão dos seres, impondo-lhes necessidades que os obrigam a trabalhar. Como, sem a dor, havíamos de conhecer a alegria; sem a sombra, apreciar a luz; sem a privação, saborear o bem adquirido, a satisfação alcançada? Eis aqui a razão por que encontramos dificuldades de toda sorte em nós e em volta de nós.

Extraído do livro "O Problema do Ser, do Destino e da Dor, Parte 1, Cap. 9 – León Denis"

Alguns livros de Léon Denis:
• Cristianismo e Espiritismo (Ed. FEB)
• Depois da Morte (Ed. FEB)
• Espiritos e Médiuns (Ed. CELD)
• Joana D’Arc, Médium (Ed. FEB)
• O Além e a Sobrevivência do Ser (Ed. FEB)
• O Espiritismo na Arte (Ed. FEB)
• O Porquê da Vida (Ed. FEB)
• O Problema do Ser, do Destino e da Dor (Ed. FEB)
• Socialismo e Espiritismo (Ed. “O Clarim”)

Monte Castelo


Ainda que eu falasse a língua dos homens.
E falasse a língua do anjos, sem amor eu nada seria.

É só o amor, é só o amor.
Que conhece o que é verdade.
O amor é bom, não quer o mal.
Não sente inveja ou se envaidece.

O amor é o fogo que arde sem se ver.
É ferida que dói e não se sente.
É um contentamento descontente.
É dor que desatina sem doer.

Ainda que eu falasse a língua dos homens.
E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria.

É um não querer mais que bem querer.
É solitário andar por entre a gente.
É um não contentar-se de contente.
É cuidar que se ganha em se perder.

É um estar-se preso por vontade.
É servir a quem vence, o vencedor;
É um ter com quem nos mata a lealdade.
Tão contrário a si é o mesmo amor.

Estou acordado e todos dormem, todos dormem, todos dormem.
Agora vejo em parte, mas então veremos face a face.

É só o amor, é só o amor.
Que conhece o que é verdade.

Ainda que eu falasse a língua dos homens.
E falasse a língua do anjos, sem amor eu nada seria.

Composição: Renato Russo (O soneto 11 de Luiz Vaz de Camões, foi adaptado musicalmente pelo grupo Legião Urbana. Sua forma original é tirada do texto bíblico 1 Coríntios 13, de Paulo de Tarso).

sábado, 21 de agosto de 2010

Vozes de uma sombra

(Augusto dos Anjos - psicografia Chico Xavier)

Donde venho? Das eras remotíssimas,
Das substâncias elementaríssimas,
Emergindo das cósmicas matérias,
Venho dos invisíveis protozoários,
Da confusão dos seres embrionários,
Das células primevas, das bactérias.

Venho da fonte eterna das origens,
No turbilhão de todas as vertigens,
Em mil transmutações, fundas e enormes;
Do silêncio da mônada invisível,
Do tetro e fundo abismo, negro e horrível
Vitalizando corpos multifomes.
Sei que evolvi e sei que sou oriundo
Do trabalho telúrico do mundo,
Da terra no vultoso e imenso abdômem;
Sofri, desde as intensas torpitudes
Das lavras microscópicas e rudes,
E vejo os meus incógnitos problemas
Iguais a horrendos e fatais dilemas,
Enigmas insolúveis e profundos;
Sombra egressa de lousa dura e fria,
Grito ao mundo o meu grito que se alia
A todos os anseios gemebundos:-
“Homem! por mais que gaste teus fosfatos
Não saberás, analisando os fatos,
Inda que desintegres energias,
A razão do completo e do incompleto,
Como é que em homem se transforma um feto
Entre os duzentos e setenta dias.

A flor da laranjeira , a asa do inseto
Um estafermo e um Tales de Mileto,
Como existiram, não perceberás
E nem compreenderá como se opera
A mutação do inverno em primavera,
E a transubstanciação da guerra em paz;
Como vivem o novo e o obsoleto,
O ângulo obtuso e o ângulo reto
Dentro das linhas da geometria;
A luz de Miquelângelo nas artes,
E o espírito profundo de Descartes
No eterno estudo da filosofia.

Porque existem as crianças e os macróbios
Nas coletividades dos micróbios
Que fazem a vida enferma e a vida sã;
Os antigos remédios alopatas
E as modernas dosagens homeopatas,
Produto das experiências de Hahnemann.

A psíquico-análise freudiana
Tentando aprofundar a alma humana
Com a mais requintadíssima vaidade,
E as teorias do Espiritualismo
Enchendo os homens todos de otimismo,
Mostrando as luzes da imortalidade.
Como vive o canário junto ao corvo,
O céu iluminado, o inferno torvo
Nos absconsos refolhos da consciência;
O laconismo e a prolixidade,
A atividade e a inatividade,
A noite da ignorância e o sol da ciência.

As epidermes e as aponevroses,
As grandes atonias e as nevroses,
As atrações e as grandes repulsões,
Que reunindo os átomos no solo
Tecem a evolução de pólo a pólo,
Em prodigiosas manifestações.
Como os degenerados blastodermas
Criam a descendência dos palermas
No lupanar das pobres meretrizes.

Junto dos palacetes higiênicos,
Onde entre gozos fúlgidos e edênicos
Cresce a alegre progênie dos felizes.
Os lombricóides mínimos, os vermes,
Em contraposição com os paquidermes,
Assombrosas antíteses no mundo;
É o gigante e o germe originário,
Os milhões de corpúsculos do ovário,
Onde há somente um óvulo fecundo.
A alma pura do Cristo e a de Tibério,
Vaso de carne podre, o cemitério,
E o jardim rescendendo de perfumes;
O doloroso e tetro cataclismo.Da beleza louçã do organismo,
Repleto de dejetos e de estrumes.

As coisas substânciais e as coisas ocas,
As idéias conexas e as loucas,
A teoria Cristã e Augusto Comte;
E o desconhecido e o devassado,
E o que é o ilimitado e o limitado
Na ótica ilusória do horizonte
À infinita desgraça de ser homem.

Na terra, apenas fui terrível presa,
Simbiose da dor e da tristeza,
Durante penosíssimos minutos;
A dor, essa tirânica incendiária,
Abatia-me a vida solitária.

Como se eu fora bruto entre os mais brutos.
Depois voltei desse laboratório,
Como me revolvi como infusório
Como animálculo medonho, obscuro
Até atingir a evolução dos seres
Conscientes de todos os deveres,
Descortinando as luzes do futuro.
Os terrenos povoados e o deserto.

Aquilo que está longe e o que está perto;
O que não tem sinal e o que não tem marca;
A funda simpatia e a antipatia,
A atrofia e a hipertrofia,
Como as tuberculosos e a anasarca.
O fenômenos todos geológicos,
Psíquicos, científicos, sociológicos,
que inspiram pavor e inspiram medo;
Homem! por mais que a idéia tu gastes,
Na solução de todos os contrastes,
Não saberá o cósmico segredo.

E apesar da teoria mais abstrusa
Dessa ciência inicial, confusa,
A que se acolhem míseros ateus,
Caminharás lutando além da cova,
Para a vida que eterna se renova,
Buscando as perfeições do Amor em Deus.

Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos (Sapé - Pb, 20 de abril de 1884 — Leopoldina, 12 de novembro de 1914)

O Espiritismo na Expressão mais simples

A Doutrina Espírita, espiritismo, segundo a definição do codificador, o pedagogo francês Hippolyte Léon Denizard Rivail - que adotou o pseudônimo Allan Kardec - é uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos Espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal. O termo mais apropriado para designar esta doutrina é a denominação espiritismo, conforme orientação expressa no primeiro livro da codificação da doutrina, O Livro dos Espíritos.
É importante ressaltar ainda que, quem quer que acredite haver em si alguma coisa mais do que matéria é, por definição, espiritualista, independente de sua religião, sendo, portanto, o espiritualismo enquanto oposição ao materialismo, o pilar fundamental da maioria das doutrinas religiosas.

Nascido no século XIX, no dia 18 de Abril de 1857, com a publicação de O Livro dos Espíritos, o Espiritismo se estruturou a partir de diálogos estabelecidos por espíritos desencarnados que, se manifestando por meio de médiuns, discorreram sobre temas religiosos sob a ótica da Moral, ou seja, tendo por princípio o amor ao próximo, e também temas filosóficos e científicos. Desta forma foi estabelecido o preceito primário da Doutrina, de que só é possível buscar o aprimoramento espiritual através da caridade aos semelhantes (Lema: Não há salvação fora da caridade), além de trazer a luz novas perspectivas sobre diversos temas de grande relevância filosófica e teológica.

O Espiritismo se caracteriza pelo ideal de compreensão da realidade mediante a integração entre as três formas clássicas de conhecimento, que seriam a ciência, a filosofia e a moral. Segundo Kardec, cada uma delas, tomada isoladamente, tende a conduzir a excessos de ceticismo, negação ou fanatismo. A doutrina espírita se propõe, assim, a estabelecer um diálogo entre as três, visando à obtenção de uma forma original que, a um só tempo fosse mais abrangente e mais profunda, para desta forma melhor compreender a realidade. Kardec sintetiza o conceito com a célebre frase: “Fé inabalável só o é a que pode encarar frente a frente a razão em todas as épocas da humanidade”.

Princípios
Allan Kardec, em "Obras Póstumas", propõe que o espiritismo seja uma doutrina natural...
A doutrina espírita, de modo geral, fundamenta-se nos seguintes pontos:
• Na existência e unicidade de Deus;
• Na existência e imortalidade do espírito, compreendido como individualidade inteligente da Criação Divina;
• Na reencarnação como o mecanismo natural de aperfeiçoamento dos espíritos;
• No conceito de criação igualitária de todos os espíritos, "simples e ignorantes" em sua origem, e destinados invariavelmente à perfeição, com aptidões idênticas para o bem ou para o mal, dado o livre-arbítrio;
• Na possibilidade de comunicação entre os espíritos encarnados ("vivos") e os espíritos desencarnados ("mortos"), por meio da mediunidade;
• Na Lei de Causa e Efeito, compreendida como mecanismo de retribuição ética universal a todos os espíritos, segundo a qual nossa condição é resultado de nossos atos passados;
• Na pluralidade dos mundos habitados, a ideia de que a Terra não é o único planeta com vida inteligente no universo.
Além disso, podem-se citar como características secundárias:
• A noção de continuidade da responsabilidade individual por toda a existência do Espírito;
• Progressividade do Espírito dentro do processo evolutivo em todos os níveis da natureza;
• Volta do Espírito à matéria (reencarnação) tantas vezes quantas necessárias para alcançar a perfeição.
• Ausência total de hierarquia sacerdotal;
• Abnegação na prática do bem, ou seja, não se deve cobrar pela prática da caridade nem o fazer visando a segundas intenções;
• Uso de terminologia e conceitos próprios, como, por exemplo, espiritismo, espírita, perispírito, Total ausência de culto a imagens, altares, etc;
• Ausência de rituais institucionalizados, a exemplo de batismo, culto ou cerimônia para oficializar casamento;
Respeito para com todas as religiões e opiniões.

domingo, 15 de agosto de 2010

O Quadro


A nova diretoria, liderada por Leandro Alves, homem culto e inteligente, pretendia dinamizar o trabalho do Centro e, sobretudo, renová-lo, buscando superar velhas práticas não compatíveis com os postulados espíritas.

Fazia parte do elenco de mudanças o recolhimento de velho quadro situado em local de destaque no salão de reuniões, onde aparecia simpática figura de preto velho. Segundo os antigos, fora pintado nos primórdios da instituição, conforme a descrição de um médium vidente.

A pintura era muito ruim. Não merecia nem mesmo ficar na biblioteca, conforme idéia inicial. Melhor levá-la para o depósito de velharias e depois dar-lhe fim. Assim raciocinava o presidente, enquanto retirava o quadro.

Naquela mesma noite, em concorrida reunião de assistência espiritual, o pessoal logo percebeu a ausência da pintura. Leandro, diplomaticamente, explicou sua posição, inspirada em princípios doutrinários. O Espiritismo não admitia nenhum tipo de prática exterior. A presença do quadro sugeria um ícone, à semelhança das igrejas orientais, objeto de culto, inspirando posturas idólatras. Embora o respeito e a admiração que a diretoria devotava ao querido mentor, tal presença no salão de reuniões era incompatível com a pureza da doutrina.

Suas ponderações não foram recebidas pacificamente... Antigos colaboradores situaram a medida por desrespeitosa. Afinal, o quadro estava ali há anos e nunca incomodara ninguém. Pelo contrário servia de preciosa inspiração. Pessoas aflitas e perturbadas emocionavam-se evocando o mentor, tendo os olhos pousados em sua figura venerável, por si só capaz de oferecer-lhes conforto e tranqüilidade.

A discussão acirrou-se, resvalando para a agressividade. Vendo que o ambiente se tumultuava, Leandro houve por bem encerrar a reunião, não sem antes informar que a iniciativa era da diretoria e tinha caráter irrevogável.

Entretanto, o assunto não morreu. Pelo contrário: recrudesceu, gerando confusão e desentendimento. O processo culminou com um abaixo assinado firmado por praticamente todos os freqüentadores. Pretendia-se que o quadro fosse "reabilitado" ou deixariam a instituição.

Ante a gravidade da situação, a diretoria reuniu-se extraordinariamente. O assunto foi longamente debatido e chegou-se a uma decisão por unanimidade, mesmo porque qualquer alternativa seria desastrosa, deixando o centro vazio.

No dia seguinte o quadro voltou ao salão de reuniões...

É importante a atualização doutrinária. Muitas organizações espíritas desenvolvem atividades distanciadas dos postulados espíritas. É preciso renovar, superar crendices, mitos, superstições...
Imperioso reconhecer, entretanto, que antes de renovar as práticas é preciso preparar os praticantes. Medidas administrativas unilaterais, em confronto com as aspirações do grupo, tendem à desarmonia, revelando-se contraproducentes.


Indispensável, por isso, imitar a sabedoria da Natureza, que não avança aos saltos, usando os ingredientes da tolerância e da compreensão, com estímulo ao estudo metodizado, a fim de que os próprios participantes das coletividades espíritas amadureçam e, por si mesmos, decidam-se às modificações necessárias.


Richard Simonetti

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

A força da Equipe


Você se considera um bom membro de equipe?

Na história da humanidade, nunca se enfatizou tanto a importância do trabalho em equipe como nos dias atuais.
A prática tem comprovado que o trabalho em equipe funciona. Não é outra a razão que leva os empresário a investir em treinamentos para consolidar equipes eficientes e bem preparadas.
Todavia, para que haja um bom resultado no trabalho de equipe, é preciso mudanças na intimidade do indivíduo que a compõe, de modo a melhorar a sua atuação, já que a equipe é o resultado da soma das características de cada um dos seus membros.
Assim sendo, cabe a cada criatura, a busca do aperfeiçoamento individual, investindo em si mesmo para que possa ser um elemento útil no conjunto.
Há algum tempo atrás, valorizava-se muito a competência específica de cada um em particular, sem atentar para sua atuação dentro da equipe.
Hoje em dia, entretanto, não basta ser um membro eficaz, é preciso ser um membro eficaz dentro da equipe. Em outras palavras, é preciso que se leve em conta os objetivos comuns do conjunto.
Assim, cada indivíduo é uma engrenagem inteligente dentro do conjunto de realizações. Cada qual é peça importante para que se atinjam os objetivos estabelecidos pela equipe.
Na construção de um edifício, todos têm que executar a sua parcela com muita responsabilidade e competência para que não resultem danos à obra.
Desde o engenheiro, o arquiteto, o mestre de obras e o mais humilde pedreiro, são importantes para se atingir um bom resultado no final da construção.
Um tijolo mal colocado, uma viga malfeita, a massa mal preparada, um pequeno buraco deixado por descuido, podem ocasionar ao longo do tempo o desmoronamento do edifício.
A vida em sociedade é lei divina, é por essa razão que até os animais buscam agregar-se para atingir os objetivos de sobrevivência.
Mais uma vez Jesus se antecipou nos Seus ensinos, falando-nos do feixe de varas.
As varas possuem suas características individuais, e, ajustadas umas às outras tornam o feixe tão resistente que ninguém as pode quebrar. E se uma delas é retirada, todo o conjunto se desequilibra.
Uma vez mais temos que reconhecer a sabedoria do Homem de Nazaré, pois quanto mais conhecemos Seus ensinamentos, mais evidente se torna a Sua grandeza.
Se você quer realmente crescer, é preciso permitir que outros cresçam com você para lhe dar sustentação.
Quando uma pessoa cai, muitos caem com ela. Mas quando alguém se levanta, muito se levantam também.

Pense nisso!

(do livro: Segue-me – Emmanuel/Chico Xavier)

Momentos Importantes

1º Encontro da FAmília Espírita do Centro Espírita Joana D`Arc - JP - PB, coordenado por José Pereira (Viana de Carvalho) e João Afonso (Caminho da Paz) em 19/02/2006. Destaque para D. Salete e Sr. Argentino, Amigos que já retornaram ao Mundo dos Espíritos.

domingo, 8 de agosto de 2010

Viagem Espírita 1862 - Livro do Mês - confira

Viagem Espírita em 1862 - Allan Kardec
Resumo
Esta obra é o relato da viagem realizada pelo Codificador no ano de 1862, que o levou a mais de vinte cidades, nas quais presidiu aproximadamente 50 reuniões.
Para Kardec essa viagem teve a finalidade de avaliar a situação em que se encontrava a Doutrina Espírita e levar ao conhecimento geral as orientações necessárias aos organizadores dos diferentes Centros.
Nos três discursos pronunciados por Kardec, em Lyon e Bordeaux, foram feitas valiosas considerações sobre a conduta dos espíritas, as atividades dos grupos e importantes temas que envolvem os adeptos.
O Codificador oferece, também, instruções particulares aos grupos em resposta a diversas questões propostas e, por fim, um Projeto de Regulamento para o uso de grupos e pequenas Sociedades Espíritas.

Destacando assuntos do livro: Kardec dialogando com participantes das reuniões onde realizou palestra em 1862 – Vale a pena conferir.

Algumas pessoas vêem no Espiritismo um perigo para as classes pouco esclarecidas que, sem poder compreendê-lo em sua pura essência, poderiam desnaturar-lhe o espírito e fazê-lo degenerar em superstição. Que responder-lhes?

Isso é passível de suceder com tudo quanto julgamos de maior utilidade e se fôssemos suprimir as coisas das quais pode-se fazer um mau uso, eu não sei bem o que restaria, a começar pela imprensa, com o auxílio da qual podem-se difundir doutrinas perniciosas, da leitura, da escrita, etc.. Aqui seria mesmo o caso de perguntarmos a Deus por que deu Ele língua a certas pessoas. Abusa-se de tudo, mesmo das coisas mais sagradas. Se o Espiritismo tivesse emergido das classes menos esclarecidas, sem nenhuma dúvida a ele estariam enredadas muitas superstições; entretanto ele nasceu em meios esclarecidos e só depois de se ter aí depurado e elaborado foi que penetrou, nos dias que correm, nas camadas menos cultas da sociedade, aonde chegou desembaraçado, pela experiência e a observação, de todas as implicações espúrias. O que poderia se tornar realmente perigoso para o vulgo seria o charlatanismo. Assim sendo, nunca será demais combater, de modo constante e cuidadoso, a exploração, fonte inevitável de abusos, e isso por todos os meios lícitos ao nosso alcance.

Já não estamos mais no tempo dos párias, em que, relativamente ao esclarecimento, dizia-se: isto é bom para estes, isto para aqueloutros! A luz penetra sempre na oficina de trabalho, mesmo sob a choupana, à medida que o sol da inteligência se ergue no horizonte e dardeja seus raios mais intensos. As idéias espíritas seguem esse movimento. Elas estão no ar e não é dado a ninguém contê-las. É necessário apenas dirigir-lhes o curso. O ponto capital do Espiritismo é o lado moral. Eis o que é preciso – mesmo à custa de todo e qualquer esforço – fazer compreensível e, note-se, que é assim que ele é visto, mesmo nas classes menos esclarecidas. Por esse motivo o seu efeito moralizador já é manifesto. Eis aqui um exemplo, entre muitos:

Em um grupo do qual eu fazia parte, durante minha permanência em Lyon, um homem, envergando roupas de trabalhador, ergueu-se no fundo da sala e disse:

“Senhor, há seis meses eu não acreditava nem em Deus, nem no diabo, nem que eu possuísse uma alma. Estava persuadido de que quando morremos tudo se acaba. Não temia a Deus, pois o negava; não temia as penas futuras, uma vez que, ao meu parecer, tudo findava com a vida. Será bom dizer que não orava, pois, desde a minha primeira comunhão, não voltara a pôr os pés numa igreja. Além disso eu era violento e arrebatado. Para resumir, eu não acreditava em nada, nem mesmo na justiça humana. Há seis meses assim era eu! Foi então que me aproximei do Espiritismo. Durante dois meses eu lutei. Entretanto eu lia, compreendia e não me podia furtar à evidência. Uma verdadeira revolução se operou em mim. Hoje já não sou o mesmo homem. Oro todos os dias e freqüento a igreja. Quanto ao meu caráter, perguntai aos meus amigos se eu mudei. Outrora irritava-me com tudo, um nada me exasperava! Hoje sou tranqüilo e feliz e bendigo a Deus por me haver enviado suas luzes.”

Compreendeis do que é capaz um homem que chega ao ponto de não crer nem ao menos na justiça humana? Seria possível negar-se o efeito salutar do Espiritismo sobre esta criatura? E há milhares como ele. Ainda que iletrado, nem por isto deixou de compreender: é que o Espiritismo não é uma teoria abstrata que se dirige apenas aos sábios. Ele fala ao coração e para falar a linguagem do coração não há necessidade de diplomas. Fazei-o penetrar, por esse caminho, na mansarda e na choupana, e ele realizará milagres.

sábado, 7 de agosto de 2010

O Centro Espírita



O Centro Espírita é importante núcleo educativo no vasto instituto da família humana, onde recolhemos sublimes inspirações que nos induzem ao auto-aperfeiçoamento e nos ensejam o dever do auxílio mútuo no plantio do amor.

Imagenemo-lo na complexidade de usina e laboratório, hospital e escola, núcleos de pesquisas e célula de experiências valiosas, onde o coração e o cérebro se entreguem às inadiáveis tarefas de abnegação e fraternidade, de equilíbrio e união, de estudo e luz.

Abençoado lar de nossas almas, recorda-nos a efetiva integração na grande família universal.
Sentindo-lhe a missionária participação na atualidade de nossos destinos, abracemos responsabilidades e encargos na Casa Espírita, evitando, quanto possível que a instituição cresça ao sabor da casualidade, relegando à inspiração de benfeitores espirituais zelosos e providências inerentes aos encargos.

Findas as primeiras emoções no contato com as verdades espirituais, deixemos que razão nos governe os sentimentos, a fim de que o Centro Espírita se alteie, disciplinado e nobre, conservando seu potencial de atividades futuras, à feição da semente, exuberante de esperança, entremostrando nos tenros rebentos os germes que organizarão os diversos departamentos do vegetal superior, transformadores da seiva nutriz em frutos sazonados.

Evitemos as improvisações na sementeira da fé. Dois mil anos de experiência no Cristianismo são preciosas lições que não se pode desprezar.

A Casa Espírita guardará, por certo, a simplicidade do templo de corações, mas não poderá fugir às destinações de educandário de almas.

Adequar-lhe a ambiência física, com vistas às suas finalidades precípuas, é conseqüência inadiável de nossa vivência à luz do bom senso, que jamais se compadece com a inoperância de tudo relegar à determinação única dos Espíritos.

Observemos, em breves comparações, os valores da cultura terrestre determinando eficiente orientação para o progresso geral, criando, nos bastidores de suas conquistas, ambientes propícios ao desenvolvimento de suas atividades. Aqui, reconhecemos que os redutos de instrução pedem salas adequadas, do pré-escolar ao estudo de nível superior; ali, verificamos que os laboratórios médicos exigem implementos próprios, em meio asséptico; adiante, anotamos os engenhos da cibernética reclamando da tecnologia crescente compartimentos especiais para que funcionem a contento, amparando o progresso...
Se as conquistas transitórias reclamam tempo e espaço adequados às manipulações do estudo digno, estipulando em média quinze anos no labor ininterrupto com os livros para que os diplomas rotulem o conhecimento especializado, que não dizer das aquisições perenes do Espírito no trato com a moral sublime onde a religião reserva à fé seu galardão de luz?!

Contemplemos o recanto de terra trabalhada pelo agricultor. Após o primeiro instante do êxtase sob a força do ideal, o lidador do solo entrega-se, afanoso, a arrotear o campo, dividindo a área cultivada em compartimentos destinados a este ou aquele cultivo.

O Centro Espírita não deve crescer, igualmente, ao influxo de nosso puro sentimentalismo, que nem sempre reflete amadurecimento, segurança ou equilíbrio.

Entendemos, assim, a importância do movimento unificador na Doutrina, cujas Instituições mais experientes orientarão o crescimento equilibrado dos novos núcleos, ainda carentes de previsão e segurança.

A família cuidadosa edificará o domicílio acolhedor, prevendo, para melhor prover, departamentos nos quais acolherá a prole querida, nos quais atenderá às obrigações sociais e montará o indispensável laboratório da alimentação e saúde.
Similarmente, a Casa Espírita há de surgir, crescer e desenvolver-se, considerando suas definições próprias nos cenários humanos.

É indispensável a sala de orações onde nos entregamos de igual modo aos estudos públicos do Evangelho e da Vida ou à conversação discreta com irmãos enfermiços do plano espiritual. Contudo, bem maior é a responsabilidade, ainda não percebida por todos os espíritas, de mobilizar todos os recursos possíveis à instituição, orientação, alertamento e educação dos encarnados, seja na infância, na mocidade, na madureza ou na velhice, a fim de que se desincumbam com êxito de suas tarefas.

O Centro Espírita será, antes de tudo, o estabelecimento educativo para encarnados, de vez que o plano espiritual não se abstém de organizar a ambiência adequada ao amparo dos desencarnados.

Atentos, pois, à organização jurídico-social de nossas instituições, sem nos descurarmos dos encargos econômicos impostos pelo cotidiano, observemos, com singular ênfase, sua adequação física com vistas ao funcionamento ideal dos núcleos doutrinários vigilantes no conhecimento de que o Centro Espírita ainda que singelo e pequenino, exigirá de cada um de nós dignidade de convicção e fé, bem como disciplina e elevação no sublime sacerdócio que nos cabe no santuário de nossa renovação espiritual.

GUILLON RIBEIRO
(Mensagem psicografada em reunião pública da Casa Espírita Cristã, em 02.02.1969, pelo médium Júlio Cezar Grandi Ribeiro). Extraída do REFORMADOR de agosto/1976

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

E Depois – (Guilon Ribeiro)


Em diversas oportunidades temo-nos referidos ao esforço solidário dos componentes da Instituição Espírita, como prerrogativa de êxito e crescimento de realizações.
De fato, quando predomina o espírito de equipe estruturado, fundamentalmente, na fraternidade e na compreensão, na tolerância e na renúncia, a união de todos presidirá o trabalho progressista e enobrecedor.

O Grupo, então, caminhará em suas destinações, indene de embaraços e desencontros, personalismo e melindre.
Enfatizamos, desta feita, o funcionamento do Centro Espírita com base na formação de grupos de tarefeiros que se especializem, com tempo e perseverança, nas diversas atividades inerentes aos objetivos precípuos da comunidade religiosa.

A descentralização administrativa proporciona, decerto, o surgimento de novos valores nos domínios da cooperação fraternal.
Alertamos, assim, nossos companheiros de fé quanto à crise iminente das Instituições apoiadas tão-só no devotamento e dedicação de equipe reduzida de operários idealistas, principalmente quando chegam ao extremo de se firmarem sobre um único elemento condutor.

Seja médium com apostolado no Bem, seja o administrador com fidelidade ao ideal, seja o líder do serviço social com ampla folha de serviço, jamais o Grupo Espírita deve caminhar sob o comando de um único elemento, ainda que excelente distribuidor de tarefas com os diversos aprendizes do Evangelho, conservados tíbios e inseguros ante o excesso de diretividade.

As surpresas do inevitável, muita vez, têm proporcionado a núcleos bastante operosos, quão prósperos, o definhamento de suas realizações, a paralisação da marcha, o esvaziamento da célula produtiva, ombreando-se com o total despreparo dos que permanecem na retaguarda das comunidades cristãs.

Não devemos favorecer a solução de continuidade em nossas realizações espíritas.
Imprescindível reconhecermos que nem mesmo Jesus se exonerou do concurso de colaboradores prestimosos na divulgação da Boa Nova.

Convocou participantes solidários com a renúncia e o devotamento ao próximo, instituindo o colégio apostólico que abraçaria, com êxito e fidelidade, os compromissos evangélicos.
Acentuou, junto a cada servidor de perto, tarefas específicas segundo as potencialidades de seus corações.

Em diversas ocasiões, ocupou-se o Mestre em convocar Simão Pedro, Tiago e João a maiores observações e aprendizado, conclamando-os a servir com êxito dentre o grupo dos doze.

Paulo, o cooperador póstumo, vislumbrou a Luz Divina, na estrada de Damasco, para, em seguida, ser encaminhado a responsabilidades testemunhos na comunidade evangélica, ao lado de outros corações não menos enobrecidos no amor. A partir de então, de tempos em tempos, os séculos receberam a visita dos auxiliares de Jesus na obra de defesa e perpetuação de seu Evangelho no mundo.

Observando o precioso exemplo do Mestre por excelência, defendamos as Instituições Espíritas do aniquilamento de suas mais nobres destinações, que perante a ausência de seus pilares de responsabilidade e desvelo, convocados, subitamente, ao regresso à Pátria Espiritual.

Muitos dirigentes e diretores de Centros Espíritas tem amargado remorso e arrependimento no retorno ao mundo das realidades essenciais, contemplando, a distância, seus continuadores na Causa desertando, ante os encargos que lhes ficaram, por incapacidade de servir ou por inexperiência na adoção de compromissos maiores junto ao movimento renovador.

Alertemo-nos, assim, preservando nossos núcleos espiritistas da condenação peremptória ao estiolamento ou destruição por falta de cooperadores ciosos de seus encargos.

Tarefeiros do Bem não se improvisam de hora para outra. Surgem ao longo da experiência e participação, sob o apoio afetivo e estimulador da equipe enobrecida no trabalho fiel.

Defender o patrimônio espírita é ação que principia na fraternidade universal para ampliar-se no reconhecimento de que o dono legítimo da obre é Jesus Cristo.
Cada um de nós, no aprendizado eficiente, é simples servidor do Mestre, matriculado na escola da terra, sob as vistas do Tempo, que, de momento para outro, nos convocará ao retorno à Pátria Verdadeira.

Sem plasmar trabalhadores para a obra erigida agora, que sucederá com ela depois?

( Guillon Ribeiro/Júlio César Grandi Ribeiro – 16/03/1970)