segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Flammarion: Questões Religiosas e o Discurso no Túmulo de Kardec



Durante seus estudos clássicos, Flammarion foi introduzido ao pensamento cristão, sob a ótica do Catolicismo. Em suas memórias ele indica as reservas que foi fazendo aos dogmas da Igreja. Servindo-se da razão, ele questiona o pecado original, o mito de Adão, a idéia de redenção e a descendência davídica de Jesus ante o episódio da concepção. Com este espírito crítico, ele não poderia seguir a carreira eclesiástica, como desejava sua mãe, sem graves conflitos.
A posição que Flammarion guardou, com relação às idéias religiosas, para o resto da vida, foi de reserva. Quanto ao Catolicismo, ele rejeitava o posicionamento teológico dogmático, mas reconhecia um valor afetivo e moral, bem como o papel da filantropia para a sociedade.
As idéias positivistas, especialmente as referentes ao conceito e papel da ciência no conhecimento, marcaram seu espírito. O empirismo de braços dados com a razão, a construção das teorias a partir da observação dos fatos, o questionamento de qualquer sistema calcado em postulados apriorísticos e o uso da matemática na análise dos fenômenos são uma constante na construção do seu pensamento, seja nas pesquisas astronômicas, seja nas pesquisas psíquicas.
Com estas "marcas", Flammarion adotou uma postura reservada na análise dos fenômenos espíritas.
Quando proferiu seu discurso no túmulo de Kardec, ele reconheceu o trabalho do codificador, considera-o "o bom-senso encarnado", mas propôs-se a desenvolver o aspecto científico do Espiritismo.

"Conforme o seu próprio organizador previu, esse estudo, que foi lento e difícil, tem que entrar agora num período científico. Os fenômenos físicos, sobre os quais a princípio não se insistia, hão de tornar-se objeto da crítica experimental, a que devemos a glória dos progressos modernos e as maravilhas da eletricidade e do vapor. (...) Porque, meus Senhores, o Espiritismo não é uma religião, mas uma ciência, da qual apenas conhecemos o a, b, c. Passou o tempo dos dogmas." (FLAMMARION, 1869)

Uma curiosidade que encontramos na Revista Espírita foi que o discurso impresso nas Obras Póstumas e no volume de 1869 traduzido por Júlio Abreu Filho é apenas um excerto do discurso original, que teria sido publicado em forma de uma brochura de 24 páginas.
Na suas memórias Flammarion afirma ter sido convidado a presidir a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, mas tê-lo declinado. Ele se explica da seguinte forma:

"O comitê me ofereceu suceder a Allan Kardec como presidente da Sociedade Espírita. Eu recusei, dizendo que nove décimos dos seus discípulos continuariam a ver, durante muito tempo ainda, uma religião mais que uma ciência, e que a identidade dos "espíritos" estava longe ainda de ser provada." (FLAMMARION, 1911. p. 498)

Esta citação, mas principalmente a que é transcrita abaixo, mostram como se discutia o caráter religioso do Espiritismo à época de Kardec. Neste primeiro momento Flammarion usa do termo religião para caracterizar "crença", com um tom crítico devido ao tema isolado da identificação dos espíritos. Entretanto, havia uma pretensão de se constituir uma religião a partir de conhecimentos demonstrados pela ciência. Kardec rejeitava a idéia de culto organizado, hierarquias, etc. comumente atreladas ao conceito de religião. Mas, possivelmente, compartilharia com Flammarion a idéia abaixo:

"A existência do Espírito na Natureza, nas leis do cosmos, no homem, nos animais, nas plantas é manifesta. Ela deve bastar para estabelecer a religião natural. E tal religião será incomparavelmente mais sólida que todas as formas dogmáticas. Os princípios da justiça se impõem com a mesma autoridade, e Confucius, assim como Platão e Marco Aurélio, antecipam a base desta religião." (FLAMMARION, 1911. p. 99)



Finalizando:

Dos colaboradores de Kardec, Camille Flammarion foi o que mais valorizou a construção do conhecimento espírita a partir da metodologia empírica e positivista. Como conseqüência desta sua postura ele passou anos de sua vida buscando fatos, sobre os quais construiu a convicção na imortalidade da alma, na comunicabilidade dos espíritos e na existência de faculdades extra-sensoriais nos homens, o que frutificou-se na Metapsíquica de Richet e posteriormente na Parapsicologia de Rhine.
Esta sua visão de ciência e as suspeitas que passou a ter para com os aspectos filosóficos e religiosos do Espiritismo não o tornaram, contudo, um iconoclasta, aos moldes de alguns críticos contemporâneos do aspecto religioso do Espiritismo. Suspeitando do método de Kardec, Flammarion lançou-se ao estudo continuado da fenomenologia espírita, oferecendo-nos, quando desencarnou, uma obra que tornou mais sólidas as bases científicas da doutrina espírita. Quem sabe estes últimos não possam ter suas idéias arejadas pelo pioneirismo do astrônomo francês e redirecionar suas ações em uma cruzada de construção e consolidação.
Crítico dos sistemas religiosos e das verdades misteriosas bastante difundidos em sua época, Flammarion se rendia ao espírito religioso e à construção de uma religião natural, sem dogmas, sem mistérios e sem sobrenatural, como o pensava Allan Kardec.
A obra espírita de Flammarion sustentou e alimentou diversas gerações de espíritas em nosso país, foi uma fonte importante nas discussões que o movimento espírita brasileiro teve de sustentar com diversos segmentos científicos e políticos de nossa sociedade para manter o direito constitucional de existir.

É fundamental que a geração nova, que vem adquirindo as bases do conhecimento espírita nas muitas mocidades e juventudes de nosso país, assim como aos muitos grupos e reuniões de estudo sistematizado do Espiritismo que não olvidasse a obra deste cientista espírita.
Saudamos com estas poucas linhas a memória e a obra do mais polêmico dos espíritas franceses contemporâneos de Kardec.

Desencarne:

Camille Flammarion partiu da vida para a história nos braços da esposa Gabrielle, na Biblioteca do Observatório na tarde do dia 3 de junho de 1925.

Na manhã ensolarada desse dia, com a esposa a visitar os jardins do Observatório, onde a vida irradiava nas flores e nos cantos dos pássaros, disse: "Que mistério é a vida, que mistério é a morte..."

Flammarion foi enterrado nos jardins do Observatório de Juvisy.

Todos os anos na data do seu desencarne, membros da Sociedade Astronômica da França reúnem-se à volta de seu túmulo para reverenciar sua memória e os ensinamentos legados a todos os que cultuam a ciência do céu. Flammarion é sem dúvida alguma o astrônomo que mais despertou mentalidades voltadas a Astronomia.

Mais sobre Camille Flammarion - Primeiros contatos com o Espiritismo


Camille Flammarion - o explorador e o revelador dos céus - foi quem popularizou a Astronomia. Suas obras foram traduzidas em quase todas as línguas, existindo, também, na França, centenas de Grupos Espíritas, que levam o seu nome.
No Brasil, onde sua figura, como espírita e astrônomo, é bastante conhecida, três observatórios o homenagearam com o seu nome: Observatório Astronômico Camille Flammarion localizado na cidade de Matias Barbosa (MG), fundado por Nelson Alberto Soares Travnik, Fausto Andrade e Rui Alves, em 6 de março de 1954; Observatório Popular Flammarion de Fortaleza (CE), fundado pelo astrônomo e escritor Rubens de Azevedo em 1947 e o Observatório Camille Flammarion de Vitória (ES), fundado pelo astrônomo Walace F. Neves.
Como não poderia deixar de ser, mais tarde Flammarion teve seu nome perpetuado em uma cratera lunar.
Camille Flammarion, foi sem dúvida alguma, um desses espíritos que, de quando em vez, reencarnam em nosso orbe, a fim de auxiliar seus irmãos em experiência a darem mais um passo rumo ao infinito.

Mas, no seu caso, temos mais alguma coisa a acrescentar: ele fazia parte, também, do mesmo grupo de espíritos a que integrava Allan Kardec e, por isso, sua vinda à Terra se deu à mesma época em que viera o mestre lionês, a fim de tomar parte, aqui, da equipe da Terceira Revelação liderada por ele, desempenhando tarefa definida no campo da astronomia. Eis porque no seu trabalho, notadamente no que versa sobre a Uranografia Geral, procurou demonstrar que Deus não criou mundos somente para servir de habitat a outras criaturas que passam por eles, na trajetória infinita de sua evolução.

Na beira do túmulo de Kardec, quando o mestre baixava à sepultura, Flammarion proferiu o célebre discurso, que está inserido no livro "Obras Póstumas", exaltando a figura incomparável daquele que legara à posteridade a consoladora Doutrina ditada pelos Espíritos, pronunciando, na oportunidade, a conhecida frase: "Ele, porém, era o que eu denominarei simplesmente O BOM SENSO ENCARNADO".

Primeiros Contatos de Camille Flammarion com o Espiritismo.

Camille Flammarion, diariamente, ao retornar ao domicílio de seus parentes, passava pelo Odéon e, como os demais bibliógrafos e pesquisadores, detinha-se nas galerias desse teatro para folhear as publicações mais em evidência. Num dia de novembro de 1861, abrindo uma delas, seus olhos incidiram sobre uma página que ostentava o título "Pluralidade dos Mundos". "Ora, precisamente nessa época" - diz-nos Flammarion - "eu trabalhava numa obra referente a tal assunto, que seria lançada no ano seguinte". A publicação por ele aberta era "O Livro dos Espíritos", de Allan Kardec. O que mais o intrigou é que a origem das informações esta atribuída a espíritos, o que ele resolveu verificar.
Refeito da surpresa, levou o volume e leu-o com a sofreguidão de sempre, característica de sua imensa sede de conhecimento, procurou Allan Kardec e passou a assistir as reuniões da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, onde exercitava-se semanalmente na "escrita automática" juntamente com outros médiuns, entre eles, o jovem Theóphile Gautier. Na Sociedade ele obteve diversas mensagens assinadas por Galileu, algumas das quais Kardec inseriu em "A Gênese".

Pouco tempo depois, o mestre, o convidou a ingressar na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, como "Membro Associado Livre". Flammarion declara, sem esconder sua justa satisfação, que o respectivo documento de inscrição, datado de 15 de novembro de 1861, fora assinado pelo próprio Presidente, Allan Kardec.
Flammarion frequentou, também, as sessões de uma médium de efeitos físicos, Mme. Huet, onde também iam pessoas famosas como Victorien Sardou e o livreiro Didier. Em suas memórias ele registra que viu a mesa erguer-se inteiramente, sem causa aparente. Observou ditados que "não podem ser explicados por atos voluntários das pessoas presentes". Outro grupo importante com que o jovem Flammarion parece ter tido contato, por via literária e pessoalmente, é o grupo de Victor Hugo.
Suas publicações foram sendo resenhadas por Kardec na "Revue", geralmente bem acolhidas e elogiadas por ele. A impressão que Flammarion transmite ao leitor em sua biografia é a de uma certa predileção de Kardec por ele. Nas páginas de suas Memórias ele transcreve uma carta de um espírita que houvera assistido a uma das conferências do codificador em Bordeaux onde Kardec teria feito elogios públicos a um jovem de pouco mais de dezoito anos (que seria ele próprio).

Dúvidas com Relação à sua Própria Mediunidade

Após algum tempo, que Flammarion não precisa bem em seus registros, ele passa a ter dúvidas acerca da própria mediunidade e dos fenômenos de escrita automática. Esta dúvida o perseguiria durante toda a sua vida. O que nos aparenta, dada a leitura de suas publicações, não é que o astrônomo francês houvesse negado a existência dos espíritos e a sua comunicabilidade, mas suas dúvidas diziam respeito à identificação entre comunicações predominantemente anímicas das comunicações mediúnicas.

"Eu não demorei a observar que as nossas comunicações mediúnicas refletiam simplesmente nossas idéias pessoais, e que Galileu por mim, e que os habitantes de Júpiter por Sardou, são estranhos a estas produções inconscientes dos nossos espíritos".
Durante a época em que redigia suas memórias, Flammarion se apresenta como uma pessoa ressentida com o movimento espírita da época, especialmente com os que adotam a postura de crédulos e que parece terem se voltado contra suas idéias de parcimônia científica para com as pesquisas espíritas. Mesmo assim, ele admite a existência de "forças desconhecidas e faculdades da alma ainda inexplicadas".
"Há espíritas de uma fé cega, que estão certos de estar em comunicação com os espíritos. Não há argumentação entre eles. Estes não me perdoam de não partilhar de forma alguma de suas certezas, que se tornam crenças religiosas em suas casas. Mas há entre estes, outros que compreendem que apenas o método científico nos pode conduzir ao conhecimento da verdade. Estes se tornaram meus amigos" .
Em algumas de suas publicações persegue tão tenazmente as hipóteses anímicas que deixa a impressão de estar negando a existência do espírito.
Léon Denis, segundo a pena dedicada de Zêus Wantuil, tece alguns comentários que transcrevemos abaixo:
"E também Camille Flammarion teve suas horas de incertezas. Nos fizeram notar que na última edição do seu livro - As Forças Naturais Desconhecidas - publicada em 1917, mostra uma tendência a explicar todos os fenômenos apenas pela exteriorização do médium".
Carlos Imbassahy considera que Flammarion eleva a ciência a uma posição ímpar, procurando com seus métodos equacionar as questões do espírito.
"Ora, Flammarion é um simples cientista, que só no último quartel de suas experiências admitiu a comunicabilidade dos mortos. Não se trata, nunca se tratou de um doutrinador. A Ciência para ele era tudo. A certeza de que o fenômeno psíquico era devido à alma dos defuntos custou-lhe uma existência de trabalhos, de lutas, de verdadeira violência às suas antigas convicções. (...) Não se lhe podia pedir muito, nem pedir mais."
Apesar destes "senões", Flammarion, após uma vida de estudos psíquicos, não deixa dúvidas quanto à sua convicção, baseada em fatos, na sobrevivência e personalidade da alma humana. O astrônomo francês é enfático em sua defesa da imortalidade do espírito em "A Morte e Seu Mistério", do qual transcrevemos o seguinte parágrafo:
"Esses fatos, devidamente comprovados, provam que a morte não existe, que é apenas uma evolução, sobrevivendo o ente humano a essa hora suprema, a qual não é de modo nenhum a última hora. Mors janua vitæ: a morte é a porta da vida. O corpo é somente um vestuário orgânico do espírito; ele passa, muda, desagrega-se: o espírito permanece. (...)


Em sua publicação mais próxima da desencarnação, o livro "As Casas Mal Assombradas", Flammarion sustenta uma polêmica com autores franceses que resistem à idéia da imortalidade da alma, marcando, sem deixar dúvidas, a sua posição.
"Se o Universo é um dinamismo, se o Cosmos bem justifica seu nome (ordem), se o mundo desconhecido é mais importante que o conhecido, se há forças inteligentes e seres invisíveis, devemos preferir ao negativismo de Naquet, Berthelot, Le Dantec, Littré, Cabanis, Lalande, Voltaire, às convicções de Hugo, Pasteur, Ampère, G"the, Euler, Pascal, Newton, espiritualistas, de vez que estes atravessam a crosta das aparências e descobrem, na análise das coisas, o dinamismos invisível, fundamental."
O próprio Léon Denis, quando convidado por Jean Meyer para ser presidente do III Congresso Espírita Internacional (Paris-1925), recusou, tendo como certo que Flammarion o seria. Foi necessário que o espírito Jerônimo lhe dissesse, sem explicar, que ele não estaria lá. Flammarion certamente estaria, se não fosse colhido pela visita da morte.
Há que se compreender, nos dias de hoje, as pressões pelas quais Flammarion não deve ter passado, seja no meio científico, seja no meio espírita. Ainda nos dias de hoje procuram descaracterizar ou desvalorizar sua obra espírita. Veja o lamentável comentário de Pierre Grimal, que se intitula professor da Sorbonne:
"...Dedicou igualmente vários trabalhos aos delicados problemas atinentes à vida e ao destino humanos, mas sua obra neste campo carece muitas vezes do rigor científico indispensável."

Camille Flammarion


Camille Flammarion

Nicolas Camille Flammarion nasceu em Montigny- Le-Roy, França, no dia 26 de fevereiro de 1842, e desencarnado em Juvisy no mesmo país, a 3 de junho de 1925.

Flammarion em galo-romano significa “Aquele que leva a luz”
O termo Galo-Romano descreve a cultura romanizada da Gália sob o controle do Império Romano. Ela foi caracterizada pela adoção ou adaptação por parte dos gauleses dos costumes e modo de vida romanos.

Nicolas Camille Flammarion foi um homem cujas obras encheram de luzes o século XIX. Ele era o mais velho de uma família de quatro filhos, entretanto, desde muito jovem se revelaram nele qualidades excepcionais. Queixava-se constantemente que o tempo não lhe deixava fazer um décimo daquilo que planejava. Aos quatro anos de idade já sabia ler, aos quatro e meio sabia escrever e aos cinco já dominava rudimentos de gramática e aritmética.

Tornou- se o primeiro aluno da escola onde freqüentava.

Para que ele seguisse a carreira eclesiástica, puseram-no a aprender latim com o vigário Lassalle. Aí Flammarion conheceu o Novo Testamento e a Oratória.

Em pouco tempo estava lendo os discursos de Massilon e Bonsuet.
O padre Mirbel falou da beleza da ciência e da grandeza da Astronomia e mal sabia que um de seus auxiliares lhe bebia as palavras. Esse auxiliar era Camille Flammarion.

Nas aulas de religião era ensinado que uma só coisa é necessária: "a salvação da alma", e os mestres falavam: "De que serve ao homem conquistar o Universo se acaba perdendo a alma?".

Flammarion passou por sérias dificuldades financeiras:

Após uma epidemia de cólera, seus pais passaram dificuldades financeiras e seu pai foi obrigado a entregar tudo aos credores e se mudaram para Paris. Flammarion mudou-se em setembro de 1856, então com quatorze anos de idade.

Para se manter ele trabalhou como auxiliar de gravador recebendo como pagamento casa e comida.

Comia pouco e mal, dormia numa cama dura, sem o menor conforto.

O trabalho era áspero e o patrão exigia que tudo fosse feito com rapidez.

Pretendia completar seus estudos, principalmente a matemática, a língua inglesa e o latim.

Passou a estudar na Associação Politécnica de Paris em cursos gratuitos.

Queria obter o bacharelado e por isso estudava sozinho à noite. Deitava-se tarde e nem sempre tinha vela. Escrevia ao clarão da lua e considerava-se feliz. Apesar de estudar à noite, trabalhava de 15 a 16 horas por dia. Ingressou na Escola de desenho dos frades da Igreja de São Roque, a qual freqüentava todas as quintas-feiras. Naturalmente tinha os domingos livres e tratou de ocupá-los. Nesse dia assistia as conferências feitas pelo abade sobre Astronomia. Em seguida tratou de difundir as associações dos alunos de desenho dos frades de São Roque, todos eles aprendizes residentes nas vizinhanças. Seu objetivo era tratar de ciências, literatura e desenho, o que era um programa um tanto ambicioso.

Aos 16 anos de idade, Camille Flammarion foi presidente da Academia, a qual, ao ser inaugurada, teve como discurso de abertura o tema "As Maravilhas da Natureza". Nessa mesma época escreveu "Cosmogonia Universal", um livro de quinhentas páginas; o irmão, também muito seu amigo, tomou-se livreiro e publicava-lhe os livros.
A primeira obra que escreveu foi "O Mundo antes da Aparição dos Homens", o que fez quando tinha apenas 16 anos de idade. Gostava mais da Astronomia do que da Geologia. Assim era sua vida: passar mal, estudar demais, trabalhar em exagero.
Um domingo desmaiou no decorrer da missa, por sinal, um desmaio muito providencial.

O doutor Edouvard Fornié foi ver o doente. Em cima da sua cabeceira estava um manuscrito do livro "Cosmogonia Universal". Após ver a obra, achou que Camille merecia posição melhor. Prometeu-lhe, então, colocá-lo no Observatório de Paris como aluno de Astronomia. Entrando para o Observatório, do qual era diretor Le Vèrrier, muito sofreu com as impertinências e perseguições desse diretor, que não podia conceber a idéia de um rapazola acompanhá-lo em estudos de ordem tão transcendental.

Retirando-se em 1862 do Observatório de Paris, continuou com mais liberdade os seus estudos, no sentido de legar à Humanidade os mais belos ensinamentos sobre as regiões silenciosas do Infinito. Livre da atmosfera sufocante do Observatório, publicou no mesmo ano a sua obra "Pluralidade dos Mundos Habitados", atraindo a atenção de todo o mundo estudioso.

Para conhecer a direção das correntes aéreas, realizou, no ano de 1868, algumas ascensões aerostáticas.

Em 1870 escreveu e publicou um tratado sobre a rotação dos corpos celestes, através do qual demonstrou que o movimento de rotação dos planetas é uma aplicação da gravidade às suas densidades respectivas. Tornando-se espírita convicto, foi amigo pessoal e dedicado de Allan Kardec, tendo sido o orador designado para proferir as últimas palavras à beira do túmulo do Codificador do Espiritismo, a quem denominou "O Bom Senso Encarnado".

Em 1878, publica um catálogo de estrelas duplas visuais que foi, por muitos anos, considerado o melhor do mundo.

Em 1882 funda a revista L´Astronomie que é editada até hoje e que provocaria o surgimento do Boletim Astronômico do Observatório de Paris.

domingo, 30 de janeiro de 2011

A Importância da Revista Espírita para o Movimento Espírita - Uma reflexão


Primeiro Ano – 1858
Titulo original em francês:
REVUE SPIRITE
JOURNAL D'ÉTUDES PSYCHOLOGIQUE

Infelizmente a Revista Espírita publicada por Kardec durante 10 anos, ainda é uma "desconhecida pela grande maioria dos "espíritas".

Colocamos de imediato a Introdução para que os leitores do blog refletirem e divulgarem também.

Introdução
Revista Espírita, janeiro de 1858

A rapidez com a qual se propagaram, em todas as partes do mundo, os fenômenos estranhos das manifestações espíritas, é uma prova do interesse que causam. Simples objeto de curiosidade, a princípio, não tardaram em despertar a atenção dos homens sérios que entreviram, desde o início, a influência inevitável que devem ter sobre o estado moral da sociedade. As idéias novas que deles surgem, se popularizam cada dia mais, e nada poderia deter-lhes o progresso, pela razão muito simples de que esses fenômenos estão ao alcance de todo mundo, ou quase todo, e que nenhuma força humana pode impedi-los de se produzirem. Se os abafam em algum ponto, eles reaparecem em cem outros. Aqueles, pois, que poderiam, nele, ver um inconveniente qualquer, serão constrangidos, pela força das coisas, a sofrer-lhes as conseqüências, como ocorreu com as indústrias novas que, na sua origem, feriram interesses privados, e com as quais todo o mundo acabou por se ajeitar, porque não se poderia fazer de outro modo. O que não se fez e disse contra o magnetismo! E, todavia, todos os raios que se lançaram contra ele, todas as armas com as quais o atingiram, mesmo o ridículo, se enfraqueceram diante da realidade, e não serviram senão para colocá-lo mais e mais em evidência. É que o magnetismo é uma força natural, e que, diante das forças da Natureza, o homem é um pigmeu semelhante a esses cãezinhos que ladram, inutilmente, contra o que os assusta. Há manifestações espíritas como a do sonambulismo; se elas não se produzem à luz do dia, publicamente, ninguém pode se opor a que tenham lugar na intimidade, uma vez que, cada família, pode achar um médium entre seus membros, desde a criança até o velho, como pode achar um sonâmbulo. Quem, pois, poderia impedir, a qualquer pessoa, de ser médium ou sonâmbula? Aqueles que combatem a coisa, sem dúvida, não refletiram nela. Ainda uma vez, quando uma força é da Natureza, pode-se detê-la um instante: aniquilá-la, jamais! Não se faz mais do que desviar-lhe o curso. Ora, a força que se revela no fenômeno das manifestações, qualquer que seja a sua causa, está na Natureza, como a do magnetismo; não será aniquilada, pois, como não se pode aniquilar a força elétrica. O que é preciso fazer, é observá-la, estudar-lhe todas as fases para, delas, deduzir as leis que a regem. Se for um erro, uma ilusão, o tempo lhe fará justiça; se for a verdade, a verdade é como o vapor: quanto mais se comprime, maior é a sua força de expansão.

Espanta-se, com razão, que, enquanto na América só os Estados Unidos possuem dezessete jornais consagrados a essas matérias, sem contar uma multidão de escritos não periódicos, a França, o país da Europa, onde essas idéias foram mais prontamente aclimatadas, não possua um único[1] (1). Não se poderia, pois, contestar a utilidade de um órgão especial, que mantenha o público ao corrente dos progressos desta ciência nova, e o premuna dos exageros da credulidade, tão bem quanto contra o ceticismo. É essa lacuna que nos propomos preencher com a publicação desta revista, com o fim de oferecer um meio de comunicação a todos aqueles que se interessam por estas questões, e de ligar, por um laço comum, aqueles que compreendem a Doutrina Espírita sob o seu verdadeiro ponto de vista moral: a prática do bem e da caridade evangélica com relação a todo o mundo.

Se não se tratasse senão de uma coleta de fatos, a tarefa seria fácil; eles se multiplicam, sobre todos os pontos, com uma tal rapidez, que a matéria não faltaria; mas, os fatos unicamente tornar-se-iam monótonos, pela seqüência mesma do seu número e, sobretudo, pela sua semelhança. O que é preciso, ao homem que reflete, é alguma coisa que fale à sua inteligência. Poucos anos decorreram desde a aparição dos primeiros fenômenos, e já estamos longe das mesas girantes e falantes que não foram senão a infância. Hoje, é uma ciência que descobre todo um mundo de mistérios, que torna patente verdades eternas, que não foram dadas senão ao nosso espírito de pressentir; é uma doutrina sublime que mostra ao homem o caminho do dever, e que abre o campo, o mais vasto, que ainda fora dado à observação do filósofo. Nossa obra seria, pois, incompleta e estéril se permanecesse nos estreitos limites de uma revista anedótica, cujo interesse seria bem rapidamente esgotado.

Talvez nos contestem a qualificação de ciência que damos ao Espiritismo. Ele não poderia, sem dúvida, em alguns casos, ter os caracteres de uma ciência exata, e está precisamente aí o erro daqueles que pretendem julgá-lo e experimentá-lo como uma análise química, como um problema matemático: já é muito que tenha o de uma ciência filosófica. Toda ciência deve estar baseada sobre fatos; mas só os fatos não constituem a ciência; a ciência nasce da coordenação e da dedução lógica dos fatos: é o conjunto de leis que os regem. O Espiritismo chegou ao estado de ciência? Se se trata de uma ciência perfeita, sem dúvida, seria prematuro responder afirmativamente; mas as observações são, desde hoje, bastante numerosas para se poder, pelo menos, deduzir os princípios gerais, e é aí que começa a ciência.

A apreciação razoável dos fatos, e das conseqüências que deles decorrem, é, pois, um complemento sem o qual a nossa publicação seria de uma medíocre utilidade, e não ofereceria senão um interesse muito secundário para quem reflita, e quer se inteirar daquilo que vê. Todavia, como o nosso objetivo é chegar à verdade, acolheremos todas as observações que nos forem endereçadas, e tentaremos, quanto no-lo permita o estado dos conhecimentos adquiridos, seja levantar as dúvidas, seja esclarecer os pontos ainda obscuros. Nossa revista será, assim, uma tribuna aberta, mas, onde a discussão não deverá jamais desviar-se das leis, as mais estritas, das conveniências. Em uma palavra, discutiremos, mas não disputaremos. As inconveniências de linguagem jamais tiveram boas razões aos olhos de pessoas sensatas; é a arma daqueles que não a têm melhor, e essa arma reverte contra quem dela se serve.

Se bem que os fenômenos, dos quais iremos nos ocupar, se tenham produzido, nestes últimos tempos, de modo mais geral, tudo prova que ocorreram desde os tempos mais recuados. Não se trata de fenômenos naturais nas invenções que seguem o progresso do espírito humano; desde que estão na ordem das coisas, sua causa é tão velha quanto o mundo e os efeitos devem ter-se produzido em todas as épocas. O que, pois, testemunhamos hoje não é uma descoberta moderna: é o despertar da antigüidade, mas, da antigüidade liberta da companhia mística que engendrou as superstições, da antigüidade esclarecida pela civilização e o progresso nas coisas positivas.

A conseqüência capital, que ressalta desses fenômenos, é a comunicação, que os homens podem estabelecer, com os seres do mundo incorpóreo, e os conhecimentos que podem, em certos limites, adquirir sobre seu estado futuro. O fato das comunicações com o mundo invisível se encontra em termos inequívocos nos relatos bíblicos; mas, de um lado, para certos céticos, a Bíblia não tem uma autoridade suficiente; por outro lado, para os crentes, são fatos sobrenaturais, suscitados por um favor especial da Divindade. Não haveria aí, pois, para todo o mundo, uma prova da generalidade dessas manifestações, se não as encontrássemos em milhares de outras fontes diferentes. A existência dos Espíritos, e a sua intervenção no mundo corporal, está atestada e demonstrada, não mais como um fato excepcional, mas como princípio geral, em Santo Agostinho, São Jerônimo, São Crisóstomo, São Gregório de Na-zianzeno e muitos outros Pais da Igreja Essa crença forma, por outro lado, a base de todos os sistemas religiosos. Os mais sábios filósofos da antigüidade a admitiram: Platão, Zoroastro, Confúcio, Apuleio, Pitágoras, Apolônio de Tiana e tantos outros. Nós a encontramos nos mistérios e nos oráculos, entre os Gregos, os Egípcios, os Hindus, os Caldeus, os Romanos, os Persas, os Chineses. Vemo-la sobreviver a todas as vicissitudes dos povos, a todas as perseguições, desafiar todas as revoluções físicas e morais da Humanidade. Mais tarde, encontramo-la nos adivinhos e feiticeiros da Idade Média, nos Willis e nas Walkirias dos Escandinavos, nos Elfos dos Teutões, nos Leschios e nos Domeschnios Doughi dos Eslavos, nos Ourisks e nos Brownies da Escócia, nos Poulpicans e nos Ten-sarpoulicts dos Bretões, nos Cemis dos Caraíbas, em uma palavra, em toda a falange de ninfas, de gênios bons e maus, de silfos, de gnomos, de fadas, de duendes, com os quais todas as nações povoaram o espaço. Encontramos a prática das evocações entre os povos da Sibéria, no Kamtchatka, na Islândia, entre os índios da América do Norte, entre os aborígenes do México e do Peru, na Polinésia e mesmo entre os estúpidos selvagens da Oceania. De alguns absurdos que essa crença esteja cercada e disfarçada segundo os tempos e os lugares, não se pode deixar de convir que ela parte de um mesmo princípio, mais ou menos desfigurado; ora, uma doutrina não se torna universal, e nem sobrevive a milhares de gerações, nem se implanta, de um pólo ao outro, entre os povos mais dessemelhantes, e em todos os graus da escala social, sem estar fundada em alguma coisa de positiva. O que é essa alguma coisa? É o que nos demonstram as recentes manifestações. Procurar as relações que podem e devem ter entre essas manifestações e todas essas crenças, é procurar a verdade. A história da Doutrina Espírita, de alguma forma, é a do espírito humano; iremos estudar todas essas fontes que nos fornecerão uma mina inesgotável de observações, tão instrutivas quanto interessantes, sobre os fatos gerais pouco conhecidos. Essa parte nos dará a oportunidade de explicar a origem de uma multidão de lendas e de crenças populares, interpretando a parte da verdade, da alegoria e da superstição.

No que concerne às manifestações atuais, daremos conta de todos os fenômenos patentes, dos quais formos testemunhas ou que vierem ao nosso conhecimento, quando parecerem merecer a atenção dos nossos leitores. Faremos o mesmo com os efeitos espontâneos que se produzem, freqüentemente, entre as pessoas, mesmo as mais estranhas às práticas das manifestações espíritas, e que revelem seja a ação oculta, seja a independência da alma; tais são os fatos de visões, aparições, dupla vista, pressentimentos, advertências íntimas, vozes secretas, etc. À relação dos fatos acrescentaremos a explicação, tal como ela ressalta do conjunto dos princípios. Faremos anotar, a esse respeito, que esses princípios são aqueles que decorrem do próprio ensinamento dado pelos Espíritos, e que faremos, sempre, abstração das nossas próprias idéias. Não será, pois, uma teoria pessoal que exporemos, mas a que nos tiver sido comunicada, e da qual não seremos senão o intérprete.

Uma larga parte será, igualmente, reservada às comunicações, escritas ou verbais, dos Espíritos, todas as vezes que tiverem um fim útil, assim como as evocações de personagens antigas ou modernas, conhecidas ou obscuras, sem negligenciar as evocações íntimas que, freqüentemente, não são menos instrutivas; abarcaremos, em uma palavra, todas as fases das manifestações materiais e inteligentes do mundo incorpóreo.

A Doutrina Espírita nos oferece, enfim, a única solução possível e racional de uma multidão de fenômenos morais e antropológicos, dos quais, diariamente, somos testemunhas, e para os quais se procuraria, inutilmente, a explicação em todas as doutrinas conhecidas. Classificaremos nessa categoria, por exemplo, a simultaneidade dos pensamentos, a anomalia de certos caracteres, as simpatias e as antipatias, os conhecimentos intuitivos, as aptidões, as propensões, os destinos que parecem marcados de fatalidade, e, num quadro mais geral, o caráter distintivo dos povos, seu progresso ou sua degeneração, etc. À citação dos fatos acrescentaremos a busca das causas que puderam produzi-los. Da apreciação desses atos, ressaltarão, naturalmente, úteis ensinamentos sobre a linha de conduta mais conforme com a sã moral. Em suas instruções, os Espíritos superiores têm, sempre, por objetivo excitar, nos homens, o amor ao bem pela prática dos preceitos evangélicos; nos traçam, por isso mesmo, o pensamento que deve presidir à redação dessa coletânea.

Nosso quadro, como se vê, compreende tudo o que se liga ao conhecimento da parte metafísica do homem; estudá-la-emos em seu estado presente e em seu estado futuro, porque estudar a natureza dos Espíritos, é estudar o homem, uma vez que deverá fazer parte, um dia, do mundo dos Espíritos; por isso acrescentamos, ao nosso título principal, o de jornal de estudos psicológicos, a fim de fazer compreender toda a sua importância.

Nota. Por multiplicadas que sejam nossas observações pessoais, e as fontes em que as haurimos, não dissimulamos nem as dificuldades da tarefa, nem a nossa insuficiência. Contamos, para isso suprir, com o concurso benevolente de todos aqueles que se interessam por essas questões; seremos, pois, muito reconhecidos pelas comunicações que queiram bem nos transmitir sobre os diversos objetos de nossos estudos; apelamos, a esse respeito, a sua atenção sobre os pontos seguintes, sobre os quais poderão fornecer documentos:

Manifestações materiais ou inteligentes, obtidas em reuniões às quais assistiram;
Fatos de lucidez sonambúlica e de êxtase;
Fatos de segunda vista, previsões, pressentimentos, etc.
Fatos relativos ao poder oculto atribuído, com ou sem razão, a certos indivíduos;
Lendas e crenças populares;
Fatos de visões e aparições;
Fenômenos psicológicos particulares que ocorrem, algumas vezes, no instante da morte;
Problemas morais e psicológicos para resolver;
Fatos morais, atos notáveis de devotamento e abnegação, dos quais possa ser útil propagar o exemplo;
Indicação de obras, antigas ou modernas, francesas ou estrangeiras, onde se encontrem fatos relativos à manifestação de inteligências ocultas, com a designação e, se possível, a citação das passagens. Do mesmo modo, no que concerne à opinião emitida sobre a existência dos Espíritos e suas relações com os homens, pelos autores antigos ou modernos, cujo nome e saber podem dar autoridade.
Não daremos conhecimento dos nomes das pessoas que queiram nos dirigir as comunicações, senão quando, para isso, formos formalmente autorizados.


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[1](1) Não existe, até o presente momento, na Europa, senão um jornal consagrado à Doutrina Espírita, é o Jornal da Alma, publicado em Genebra pelo doutor Boessinger. Na América, o único jornal francês é o Spiritualiste de La Nouve/le-Orléans, publicado pelo senhor Barthè s.
[2] 1S vol. in-89 em 2°- col., 3 fr.; Dentu, Palais-Royal, e no escritório do jornal, rua dos Mártires, n9 8.

Reunião do Pólo Espírita 2 - Planejando 2011



O Pólo Espírita 2 reuniu-se no dia 29 de janeiro 2011 na sede da Sociedade Espírita Caminho da Paz em João Pessoa, contando com a participação de diretores representantes do Lar de Jesus (Miguel), O Consolador (Ana), ASSESSK (Zeza e Aurélio), NESE (Olinto), Treze Irmãos (Almir), Teresa D´avila (Conceição, Caminho da Paz (Sinval, Samuel, Raimundo, Darisio, Giusepe, Afonso). Foi definido o calendário de reuniões ordinárias do Pólo e local das mesmas. Entre as atividades integrativas do Pólo 2 a primeira ocorrerã no dia 20/03/2010 no Caminho da Paz com o Encontro sobre Atendimento Fraterno e em abril/11 em homenagem ao O Livro do Espíritos o pólo contribuirá com 18 palestras nas instituições que o constitui.
Foto dos participantes do evento de 2011 ( da esquerda para direita temos: Aurélio, Olinto, Ana, Zeza, Miguel, Conceição, Afonso, Sinval, Darisio, Raimundo, Almir e Giusepe -com Samuel fotagrafando)

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

O Problema do Ser, do Destino e da Dor - uma breve reflexão



Léon Denis (1846-1927) foi um dos mais extraordinários espíritas de todos os tempos, sucessor e propagador da obra de Allan Kardec, a qual ampliou em termos filosóficos.
Seus elevados conceitos doutrinários, alicerçados na mais pura moral cristã e nos ensinamentos dos espíritos evoluídos, lançaram novas luzes sobre a Doutrina Espírita, que enfrentava, na época, os duros ataques de grupos religiosos e científico-materialistas.
Era também um orador excepcional, que sempre atraía multidões. Sua vida era regrada pelos exemplos de renúncia e dedicação, tendo sempre e para todos uma palavra de ânimo.
O Problema do Ser, do Destino e da Dor, essa obra magistral, enfoca os problemas da angústia e da dor, o grandioso destino do homem e a maneira de compreender e equacionar os obstáculos e as vicissitudes da vida terrena.
Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos? Por que sofremos? Qual o objetivo da nossa existência? Essa a formidável problemática do Ser, que Léon Denis descerra-nos com clareza e precisão, fundamentando-se nos princípios da Doutrina Espírita.

Sumário

Introdução
Primeira Parte – O Problema do Ser
I – A evolução do pensamento
II – O critério da Doutrina dos Espíritos
III – O problema do Ser
IV – A personalidade integral
V – A alma e os diferentes estados do sono
VI – Desprendimento e exterior – Projeções telepáticas
VII – Manifestações depois da morte
VIII – Estados vibratórios da Alma – A memória
IX – Evolução e finalidade da Alma
X – A morte
XI – A vida no Além
XII – As missões, a vida superior

Segunda Parte – O Problema do Destino
XIII – As vidas sucessivas – A reencarnação e suas leis
XIV – As vidas sucessivas – Provas experimentais – Renovação da memória
XV – As vidas sucessivas – As crianças prodígio e a hereditariedade
XVI – As vidas sucessivas – Objeções e críticas
XVII – As vidas sucessivas – Provas históricas
XVIII – Justiça e responsabilidade – O problema do mal
XIX – A lei dos destinos

Terceira Parte – As Potências da Alma
XX – A vontade
XXI – A consciência – O sentido íntimo
XXII – O livre-arbítrio
XXIII – O pensamento
XXIV – A disciplina do pensamento e a reforma do caráter
XXV – O amor
XXVI – A dor
XXVII – Revelação pela dor
Profissão de fé do século XX

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Introdução - parte final:

" A fé no progresso não caminha sem a fé no futuro, no futuro de cada um e de todos. Os homens não progridem e não se adiantam, senão crendo no futuro e marchando com confiança, com certeza para o ideal entrevisto.
O progresso não consiste somente nas obras materiais, na criação de máquinas poderosas e de toda a ferramenta industrial; do mesmo modo, não consiste em descobrir processos novos de arte, de literatura ou formas de eloqüência. Seu mais alto objetivo é empolgar, atingir a idéia primordial, a idéia mãe que há de fecundar toda a vida humana, a fonte elevada e pura de onde hão de dimanar conjuntamente as verdades, os princípios e os sentimentos que inspirarão as obras de peso e as nobres ações.
É tempo de o compreender: a Civilização só poderá engrandecer-se, a Sociedade só poderá subir se um pensamento cada vez mais elevado e uma luz mais viva vierem inspirar, esclarecer os espíritos e tocar os corações, renovando-os. Somente a idéia é mãe da ação. Somente a vontade de realizar a plenitude do ser, cada vez melhor, cada vez maior, nos pode conduzir aos cimos longínquos em que a Ciência, a Arte, toda a obra humana, numa palavra, achará sua expansão, sua regeneração.
Tudo no-lo diz: o universo é regido pela lei da evolução; é isso o que entendemos pela palavra progresso. E nós, em nosso princípio de vida, em nossa alma, em nossa consciência, estamos para sempre submetidos a essa lei. Não se pode desconhecer, hoje, essa força, essa lei soberana; ela conduz a alma e suas obras, através do infinito do tempo e do espaço, a um fim cada vez mais elevado; mas essa lei não é realizável senão por nossos esforços.
Para fazer obra útil, para cooperar na evolução geral e recolher todos os seus frutos, é preciso, antes de tudo, aprender a discernir, a reconhecer a razão, a causa e o fim dessa evolução, saber aonde ela conduz, a fim de participar, na plenitude das forças e das faculdades que dormitam em nós, dessa ascensão grandiosa.
Nosso dever é traçar a trajetória à humanidade futura, da qual ainda faremos parte integrante, como no-lo ensinam a comunhão das almas, a revelação dos grandes Instrutores invisíveis e como a Natureza o ensina também por seus milhares de vozes, pelo renovamento perpétuo de todas as coisas, àqueles que a sabem estudar e compreender.
Vamos, pois, para o futuro, para a vida sempre renascente, pela via imensa que nos abre um Espiritualismo regenerado!
Fé do passado, ciências, filosofias, religiões, iluminai-vos com uma chama nova; sacudi vossos velhos sudários e as cinzas que os cobrem. Escutai as vozes reveladoras do túmulo; elas nos trazem uma renovação do pensamento com os segredos do Além, que o homem tem necessidade de conhecer para melhor viver, melhor agir c melhor morrer!"
Paris, 1908.

sábado, 8 de janeiro de 2011

Cristianismo e Espiritismo - Léon Denis


Nesta obra, Léon Denis demonstra a perfeita identidade da Doutrina Espírita com os preceitos do Cristianismo puro, pregado nos Evangelhos. Narra de forma compacta a expansão do Cristianismo e os desvios deste nos caminhos do dogmatismo, das conveniências sacerdotais e dos interesses sectários.

Ao longo da obra, Denis nos demonstra que as escrituras sagradas confirmam amplamente os conceitos espíritas, como a mediunidade e a reencarnação.

Por fim, o autor mostra por que o Espiritismo se apresenta como a Terceira Revelação, ou o Consolador prometido por Jesus. E com ele temos a possibilidade de destruir as religiões sectárias e fazer florescer uma única e verdadeira religião cristã, fraterna e solidária, entre todas as criaturas, todos os povos, todas as nações.

Destaques da obra:
Cristianismo e Espiritismo, 2ª parte de Léon Denis.

Questões preliminares
A. Como surgiu a versão latina das Escrituras, a que se deu o nome de Vulgata?
R.: A Vulgata surgiu por iniciativa do papa Damaso, que confiou a São Jerônimo, em 384, a missão de redigir uma tradução latina das Escrituras, que seria daí por diante a única reputada ortodoxa e adotada como base das doutrinas da Igreja. (Cristianismo e Espiritismo, cap. II.)

B. A Vulgata, tal como a concebeu São Jerônimo, permanece de pé até hoje?

R.: Em parte, sim. A tradução feita por São Jerônimo foi objeto das mais vivas críticas ainda em sua época e, por isso, acabou retocada em diversas ocasiões, por ordem dos pontífices romanos. O que fora considerado bom de 386 a 1586 foi modificado por Sixto V em 1590 e, mais tarde, por Clemente VIII em uma nova edição, que é a que hoje está em uso. (Obra citada, cap. II)

C. Podemos dizer que a Doutrina Espírita nada mais é que a volta ao Cristianismo primitivo?
R.: Sim. O Espiritismo é a volta ao Cristianismo primitivo, sob mais precisas formas, com um imponente cortejo de provas experimentais, o que fará se torne impossível a reincidência nas causas que desnaturaram as idéias de Jesus. (Obra citada, cap. II)

Texto para leitura
22. Jesus, espírito poderoso, divino missionário, médium inspirado, encarnou-se entre os humildes, a fim de dar a todos os exemplos de uma vida simples e, no entanto, cheia de grandeza – vida de abnegação e sacrifício, que devia deixar na Terra inapagáveis traços.
23. A grande figura de Jesus ultrapassa todas as concepções do pensamento. Nessa alma, de uma serenidade celeste, não se nota mácula nenhuma, nenhuma sombra, e todas as perfeições nela se fundem.
24. A fim de pôr fim às divergências de opinião que agitavam o mundo cristão, o papa Damaso confiou a São Jerônimo, em 384, a missão de redigir uma tradução latina das Escrituras, que seria daí por diante a única reputada ortodoxa e base das doutrinas da Igreja: foi o que se denominou a “Vulgata”.
25. A obra de São Jerônimo foi objeto das mais vivas críticas, mesmo em sua época, e foi retocada em diversas ocasiões, por ordem dos pontífices romanos. O que fora considerado bom de 386 a 1586 foi modificado por Sixto V em 1590 e, mais tarde, por Clemente VIII em uma nova edição, que é a que hoje está em uso.
26. O Espiritismo é a volta ao Cristianismo primitivo, sob mais precisas formas, com um imponente cortejo de provas experimentais, que tornará impossível a reincidência nas causas que desnaturaram as idéias de Jesus.
27. Só a verdade pode desafiar a ação do tempo e conservar sua força. Eis por que o Cristianismo perdura até hoje. Jesus é, positivamente, sua pedra angular e, também, a alma da nova revelação.
28. Embora muitos duvidem da existência de Jesus, não faltam testemunhos históricos sobre ele. Suetônio, Tácito e o próprio Talmude referem-se de modo explícito a ele e à sua doutrina.
29. As obscuridades do Evangelho são calculadas, intencionais. As verdades superiores nele se ocultam sob véus simbólicos. Aí se ensina ao homem o que lhe é necessário para se conduzir moralmente na prática da vida.
30. Em resumo, a doutrina do Cristo, em sua forma popular, propõe a obtenção da vida eterna mediante o sacrifício do presente. Religião de salvação, de elevação da alma pela subjugação da matéria, o Cristianismo constituiu uma reação necessária contra o politeísmo grego e romano, saturado de sensualismo e corrupção.
31. Para Jesus, numa só palavra, toda a religião, toda a filosofia consiste no amor. O que Jesus quer não é o culto faustoso, mas um culto simples e puro, todo de sentimento, consistindo na relação direta, sem intermediário, da consciência humana com Deus, nosso Pai.
32. O ascetismo é coisa vã. Aos que imaginam salvar-se por meio do jejum e da abstinência, diz: “Não é o que entra pela boca o que macula o homem, mas o que por ela sai”.
33. A doutrina secreta, ensinada aos discípulos diretos, ia mais longe. Assim é que Jesus afirmou a sucessão das existências terrestres, a pluralidade dos mundos habitados e a comunicação entre os homens e os mortos.

=> Boa leitura!

sábado, 1 de janeiro de 2011

Uma Entrevista com Léon Denis



Léon Denis (1846-1927), um dos maiores e melhores escritores espíritas que já existiram, atualmente, é conhecido por poucos no movimento espírita. No entanto, não era assim há pouco mais de cem anos atrás. Seus livros eram lidos por muitos e responsáveis por inúmeras conversões ao Espiritismo em várias partes do mundo, inclusive no Brasil. Como escritor e orador espírita, ele abriu mão de sua paz e tranqüilidade para divulgar e defender a Doutrina Espírita.

Participou de seis congressos internacionais: três espiritualistas e três espíritas. Ficou conhecido como “Apóstolo do Espiritismo”. E colaborou, até o ano de sua morte, com artigos na Revista Espírita e em outros periódicos espiritualistas. Algumas vezes, escrevia sobre o tema de certa obra em seus artigos, antes que ela fosse elaborada e viesse a público. Noutras, o tema do livro era abordado em suas palestras.

É surpreendente saber que apesar de todas as dificuldades de sua vida, Denis adquiriu, à custa de muito esforço, uma vasta cultura que causava admiração a quantos o conheciam. Era também, dono de uma prodigiosa memória, que lhe permitia, mesmo quando mais velho e cego, descrever suas lembranças nos mínimos detalhes.

Léon Denis é autor de vasta e notável obra que vale a pena ser conhecida, pois representa o fruto de incansáveis estudos e traz informações e alertas, importantes para o movimento espírita: fatos e pesquisas ocorridos à época da elaboração de cada livro ou artigo.

Por isso, e também devido ao estudo de sua biografia, nasceu nosso interesse em conhecer algumas de suas obras, as menos divulgadas e que, somente há pouco tempo, voltaram a ser traduzidas e publicadas pelo Centro Espírita Léon Denis – CELD (RJ), como uma forma de homenagem ao seu patrono.

Outra razão que suscitou a curiosidade sobre essas obras, foi um estudo a respeito de O Porquê da Vida, livro publicado no Brasil desde o início do século XX. As edições brasileiras trazem, junto com a obra original, textos de autoria de Denis e de outros escritores. Isso dificulta saber o que faz parte de alguma obra sua ou o que era um texto ou artigo independente e, até mesmo, quando foi escrito.

Como forma de tornar mais agradável a abordagem do resultado desse garimpo, bem como a apresentação das obras, simularemos uma entrevista com o próprio Denis sobre suas obras: O Progresso, O Porquê da Vida, O Espiritismo e as Contradições do Clero Católico. E, ao final, comentaremos algo a respeito de Síntese Doutrinária e Prática de Espiritismo.
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1) Quando se tornou espírita, Sr. Denis?

“Quando tinha 18 anos. Eu sempre gostei de namorar vitrines de livrarias e, nessa época, deparei-me com O Livro dos Espíritos, cujo título achei muito curioso e perturbador. Comprei-o e nele encontrei as respostas que buscava.”
2) Quando se deu sua estréia como escritor e conferencista espírita?
“O primeiro livro, O Progresso, foi publicado em 1880 e a primeira conferência espírita foi realizada em 1882. Até então, as conferências que fiz eram relacionadas à minha participação na Loja Maçônica dos Demófilos e na Liga do Ensino.”
3) Então, O Progresso foi escrito antes da carreira como orador espírita? Como escolheu o tema?
“Na verdade, não era planejada a sua publicação, que só ocorreu por insistência do público. As conferências nas duas instituições que citei sempre versavam sobre temas variados que suscitavam discussões e que, mais tarde, seriam aprofundados nas conferências espíritas, livros e artigos. Esse é também um tema que se relaciona à busca do homem por respostas para suas maiores indagações e dúvidas.”
4) Fale-nos um pouco sobre O Progresso.
“No livro, atenho-me ao progresso das idéias e instituições, pois o progresso material pode ser observado por todos. Tento mostrar que o progresso é uma lei natural, que o homem pode obstar, através de suas escolhas, mas que não pode deter. E também, que cabe a ele consultar sua consciência para saber como nortear seus atos, no sentido de progredir e colaborar na construção de um mundo melhor.”
Essa obra de Léon Denis foi editada pelo Centro Espírita Léon Denis, em 1995. Não é extensa, por se tratar de um discurso pronunciado por ocasião da inauguração de Círculos da Liga do Ensino em algumas cidades francesas. Sua publicação só foi possível porque Denis tinha o hábito de escrever seus discursos; costume que os Instrutores Espirituais haviam sugerido que adotasse.
É de fácil leitura e compreensão podendo ser indicado, especialmente, a principiantes da Doutrina Espírita. Para os veteranos, representa uma boa oportunidade de tomar contato com o pensamento desse grande escritor espírita.
5) E quanto a O Porquê da Vida – Solução Racional do Problema da Existência? Quando foi editado e qual o tema central?
“Ele foi publicado em 1885. O tema central é a busca de respostas para dúvidas como: quem somos, de onde viemos, para onde vamos, qual o objetivo da vida. Nesse livro, parto do pressuposto de que todo homem empreende tal busca. E, justamente, porque estamos numa época em que, por instinto, quer-se progredir, sem se saber para onde ir, é extremamente necessário que o homem encontre tais respostas. A fim de se conduzir na vida sem medos, incertezas e indecisões, marchando confiante em direção a um futuro melhor que cabe a ele construir e pelo qual é responsável.”
Esse livro é escrito em linguagem simples e acessível, sendo também aconselhável aos neófitos da Doutrina. Seu objetivo é minorar a dor dos sofredores, aos quais o livro é dedicado. De forma leve e agradável, Denis procura demonstrar, ao longo de sua argumentação, que o Espiritismo é a maior força contra o materialismo, pois está fundamentado em fatos, submetidos a certas leis, até então desconhecidas. Desse modo, ele vai apresentando o leitor à Doutrina Espírita: princípios, racionalidade, consolo, etc.
6) Como surgiu Giovanna ?
“Essa é uma novela espírita baseada nas viagens que fiz a serviço da casa comercial em que trabalhava. Ela se passa na Itália e conta a história de dois jovens que descobrem ter muitas idéias e dúvidas em comum, relacionadas à imortalidade, reencarnação, justiça, progresso, etc.”
Essa novela foi publicada, provavelmente, em 1880. A princípio surgiu sob a forma de folhetim num periódico chamado Paz Universal e, mais tarde, saiu na Revista Espírita, sob pseudônimo. À época de sua publicação já havia escritores especializados nesse tipo de literatura espírita que obtinham grande sucesso.
7) Por que foi escrito O Espiritismo e o Clero Católico 3? E do que ele trata?
“Ele veio a lume devido aos ataques do clero à Doutrina Espírita, através de artigos em periódicos católicos. Em geral, tais artigos apresentavam as práticas e princípios espíritas como sendo obra do demônio, associavam a reencarnação à metempsicose e diziam que os espíritas tinham o diabo no corpo. Por se tratar de uma história antiga e repetitiva, em contraponto a essas acusações, apresento opiniões de clérigos católicos de renome, antigos e atuais, que crêem na possibilidade da comunicação com os Espíritos e na reencarnação, além de fatos ocorridos na história da própria Igreja que atestam a veracidade dessas idéias.”
Essa brochura representou uma resposta de Denis aos ataques que parecem ter recomeçado em abril de 1917, em periódicos mensais católicos da França (L’Ideal, Libre Parole, Revue des Jeunes). Conforme se pode observar através das notas de rodapé, o livro parece ser uma síntese de vários artigos escritos na Revista Espírita, desde junho de 1917.
Não foi possível determinar, com precisão, a data de sua elaboração nem de sua publicação, que podem ter ocorrido ainda durante a I Guerra Mundial. A edição de 1919, publicada pela FEB, apresenta 1918 como data da elaboração: “Nesta hora (1918) em que a tormenta se abate com violência sobre o nosso país...”
Na edição de 1995, pelo CELD, que mantém o título e a divisão originais da obra, acredita-se que a publicação se deu em 1923 e a elaboração, em 1921. Isso talvez seja devido ao fato de que tanto na edição do CELD quanto numa edição francesa de 1923 não aparece a data 1918.
Por isso, não podemos concordar com a afirmativa da equipe do CELD em relação às datas de publicação e de elaboração do livro, visto que já havia uma tradução para o português em 1919. Nem mesmo Gaston Luce, biógrafo de Denis cita uma data específica. Portanto, seria necessário ter acesso à primeira edição, se ainda existir, para podermos afirmar qual data seria correta.
Nosso primeiro contato com a Síntese Doutrinária e Prática de Espiritismo foi através de um exemplar publicado na Argentina, em 1940. Mais tarde, encontramos uma edição publicada pelo Instituto Maria.
O livro é dedicado às crianças e adultos ainda não iniciados em Espiritismo. Por isso, o autor parte do raciocínio concreto para o abstrato, isto é, do homem para Deus. Sua forma é dialogada, a fim de facilitar a compreensão por parte daqueles que desconhecem a Doutrina.
Embora seus biógrafos, Baumard e Luce, não mencionem a “Síntese...” no rol de suas obras; uma publicação francesa de “O Espiritismo e o Clero Católico”, de 1923, cita-a numa lista de livros de autoria de Denis.
Esperamos que essas páginas, de alguma forma, sirvam para incentivar os espíritas a estudarem e discutirem os vários livros e artigos de Léon Denis; principalmente, porque essa atitude representa uma boa maneira de saber mais a respeito dos pioneiros da Doutrina Espírita. Oxalá, ela se estenda aos demais grandes escritores espíritas, estrangeiros e brasileiros, como um modo de prestar-lhes homenagem pelo seu legado ao movimento espírita: Delanne, Flammarion, Cairbar Schutel, Deolindo Amorim, Carlos Imbassahy, Leopoldo Machado e inúmeros outros, inclusive os nossos contemporâneos.
(Publicado no Boletim GEAE Número 442 de 13 de agosto de 2002)

Iniciando sobre Léon Denis e sua Importância para a Doutrina e Movimento Espírita


Citações - Léon Denis
“ Recorda-te de que a vida é curta; esforça-te, pois, por conquistar, enquanto o podes, aquilo que vieste aqui realizar: o verdadeiro aperfeiçoamento. Possa teu espírito partir desta Terra mais puro do que quando nela entrou! Pensa que a Terra é um campo de batalha, onde a matéria e os sentidos assediam continuamente a alma; corrige teus defeitos, modifica teu caráter, reforça a tua vontade; eleva-te pelo pensamento, acima das vulgaridades da Terra e contempla o espetáculo lumisoso do céu.. ” (Léon Denis, no seu livro Depois da Morte).


Obras:

Dentre suas obras, destacam-se:

Cristianismo e Espiritismo (FEB)
Depois da Morte (FEB)
Espíritos e Médiuns (CELD)
Joana D'Arc, Médium (FEB)
No Invisível (FEB)
O Além e a Sobrevivência do Ser (FEB)
O Espiritismo e o Clero Católico (CELD)
O Espiritismo na Arte (Lachâtre)
O Gênio Céltico e o Mundo Invisível (CELD)
O Grande Enigma (FEB)
O Mundo Invisível e a Guerra (CELD)
O Porquê da Vida (FEB)
O Problema do Ser, do Destino e da Dor (FEB)
O Progresso (CELD)
Provas Experimentais da Sobrevivência
Socialismo e Espiritismo (O Clarim)