Na
obra O Espiritismo na sua mais simples expressão Allan Kardec
afirma:
O
objetivo essencial do Espiritismo é melhorar os homens, no que concerne ao seu
progresso moral e intelectual.
“O
verdadeiro espírita não é o que crê nas comunicações, mas o que procura
aproveitar os ensinamentos dos Espíritos. De nada adianta crer, se sua crença
não o faz dar sequer um passo na senda do progresso, e não o torna melhor para
o próximo”.
No
livro O Que é o Espiritismo Kardec esclarece:
"O
Espiritismo funda-se na existência de um mundo invisível, formado pelos seres
incorpóreos que povoam o espaço e que não são mais que as almas daqueles que
viveram na Terra, ou em outros globos, nos quais deixaram seus invólucros
materiais. São os seres a que chamamos Espíritos, seres que nos cercam e
incessantemente exercem sobre os homens sem que estes o percebam, uma grande
influência, e desempenham papel muito ativo no mundo moral e mesmo, até certo
ponto, no físico”.
Ainda
em O Que é o Espiritismo Kardec faz as seguintes afirmações:
"O
Espiritismo, como doutrina moral, só impõe uma coisa: a necessidade de fazer o
bem e evitar o mal. É uma ciência de observação que, repito, tem consequências
morais. que são a confirmação e a prova dos grandes princípios da religião;
quanto às questões secundárias, ele as abandona à consciência de cada um”.
“O
Espiritismo não descobriu nem inventou os Espíritos, como não descobriu o mundo
espiritual, no qual se acreditou em todos os tempos; todavia, ele o prova por
fatos materiais e o apresenta em sua verdadeira luz, desembarançando-o dos
preconceitos e idéias supersticiosas, filhos da dúvida e da incredulidade”.
Em O
Espiritismo na sua mais simples expressão Kardec ainda esclarece:
"'As
instruções dadas pelos Espíritos de ordem elevada sobre todos os assuntos que
interessam à humanidade e as respostas que deram às perguntas que lhes
formulamos foram recolhidas e coordenadas cuidadosamente e constituem toda uma
ciência, toda uma doutrina moral e filosófica com o nome Espiritismo. O
Espiritismo é, pois, a doutrina fundada na existência, nas manifestações e no
ensinamento dos Espíritos. Esta doutrina acha-se exposta de maneira completa no
Livro dos Espíritos, em seu aspecto filosófico, no Livro dos Médiuns, em sua
parte prática e experimental, e no Evangelho Segundo o Espiritismo, em seu
aspecto moral”.
Isto
posto, vejamos a seguir, consoante as palavras do próprio Codificador, como se
entende o tríplice aspecto do Espiritismo, ou seja, ciência, filosofia e
religião.
No
Preâmbulo de O que é o Espiritismo, Kardec afirma que "O
Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos
Espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal".
Na
mesma obra, Kardec acrescenta:
"O
Espiritismo tem por fim demonstrar e estudar a manifestação dos Espíritos, suas
faculdades, sua situação feliz ou infeliz, seu futuro; em suma, o conhecimento
do Mundo Espiritual.
"...
Essa crença apoia-se sobre o raciocínio e sobre os fatos. Eu próprio não a
adotei senão depois de meticuloso exame, o hábito das coisas positivas, sondei,
perscrutei esta nova ciência nos seus mais íntimos refolhos; busquei
explicar-me tudo, porque não costumo aceitar idéia alguma sem lhe conhecer o
como e o porquê".
Em O
Evangelho Segundo o Espiritismo logo na Introdução, item II, Kardec
declara:
"Uma
só garantia séria existe para o ensino dos Espíritos: a concordância que haja
entre as revelações que eles façam espontaneamente, servindo-se de grande
número de médiuns estranhos uns aos outros e em vários lugares”.
Também,
no livro A Gênese (Introdução) diz:
"Generalidade
e concordância do ensino, tal é o caráter essencial da doutrina, a própria
condição de sua existência; do que resulta que todo princípio que não recebeu a
consagração do assentimento da generalidade não pode ser considerado parte
integrante desta doutrina, mas simples opinião isolada da qual o Espiritismo
não pode assumir a responsabilidade”.
No
prefácio do livro O Fenômeno Espírita Gabriel Delanne afirma:
"O Espiritismo é uma ciência cujo fim é a dmonstração experimental da
existência da alma e sua imortalidade, por meio de comunicação com aqueles aos
quais impropriamente têm sido chamado de mortos".
Na
obra O que é a Mediunidade, de Celso Martins, consta o seguinte:
"O
Espiritismo tem um aspecto científico porque estuda, à luz da razão e usando
critérios científicos, com metodologia específica, os fenômenos mediúnicos, ou
melhor, os fatos que colocam os homens em contato com os espíritos, ocorrências
estas que nada têm de sobrenatural, porque estão dentro do contexto dos fatos
naturais, nada apresentando de milagroso nem de superstições do povo crédulo e
ignorante”.
Muito
esclarecedor é o texto abaixo, constante de A Gênese, Cap. I - item
14, de Kardec:
"Como
meio de elaboração, o Espiritismo procede exatamente da mesma maneira que as
ciências positivas, isto é, aplica o método experimental. Fatos de ordem nova
se apresentam, que não podem ser explicados pelas leis, conhecidas; ele os
observa, compara, analisa e, partindo dos efeitos às causas, chega à lei que os
rege, depois deduz as conseqüências e busca as aplicações úteis. O Espiritismo
não estabeleceu nenhuma teoria preconcebida; assim, não se apresentam como
hipótese nem a existência e a intervenção dos Espíritos, nem o perispírito, nem
a reencarnação, nem qualquer dos princípios da doutrina; conclui-se pela
existência dos Espíritos porque essa existência resultou como evidência da
observação dos fatos; e assim os demais princípios. Não foram dos fatos que
vieram posteriormente confirmar a teoria, mas foi a teoria que veio
subsequentemente explicar e resumir os fatos. Rigorosamente exato, portanto,
dizer que o Espiritismo é uma ciência da observação e não o produto da
imaginação. As ciências não fizeram progressos sérios senão depois que os seus
estudos se basearam no método experimental; mas, acreditava-se que esse método
não poderia ser aplicado senão à matéria ao passo que o é igualmente às coisas
metafísicas".
Diz
Kardec, no Preâmbulo de O Que é o Espiritismo:
"O Espiritismo é, ao mesmo tempo uma ciência
de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática ele consiste nas
relações que se estabelecem entre nós e os Espíritos; como filosofia,
compreende todas as conseqüências morais que dimanam essas mesmas relações”.
“A
Filosofia Espírita é a interpretação dos fenômenos verificados e estudados pela
Ciência Espírita. Esses fenômenos revelam ao homem a estrutura do Universo, que
é a seguinte, como vemos em O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec: Deus,
Espírito e Matéria. Uma vez constatada essa realidade, e descoberto o mecanismo
pelo qual o Espírito se manifesta através da matéria, cessa o trabalho da
ciência, para começar a da filosofia”.
J.
Herculano Pires, ainda acrescenta:
"
Filosofia Espírita, como disse Kardec, pertence genericamente ao que costumamos
chamar Filosofia Espiritualista, porque a sua visão do Universo não se prende à
Matéria, mas vai até o Espírito, que considera como causa de tudo o que
percebemos no plano material. Englobando na sua interpretação cosmológica a
Ciência Espírita, e tendo como conseqüência a Religião Espírita, a Filosofia
Espírita encerra em si mesma toda a doutrina. É por isso que O Livro dos
Espíritos, obra fundamental da doutrina, não é propriamente um livro científico
ou religioso, mas um tratado filosófico”.
Em Espiritismo
Básico Pedro Franco Barbosa afirma:
"O
caráter filosófico do Espiritismo está, portanto, no estudo que faz do Homem,
sobretudo Espírito, de seus problemas, de sua origem, de sua destinação. Esse
estudo leva ao conhecimento do mecanismo das relações dos Homens, que vivem na
Terra, com aqueles que já se despediram dela, tamporariamente, pela morte,
estabelecendo as bases desse permanente relacionamento, e demonstra a
existência, inquestionável, de algo que tudo ria e tudo comanda,
inteligentemente - Deus”.
Assevera
Celso Martins, em O que é a Mediunidade:
"O
Espiritismo tem um aspecto filosófico porque, a partir dos fenômenos, dá uma
interpretação da vida, isto é, responde àquelas perguntas que apresentamos
(...) sobre o porquê da vida. De onde você veio e para onde você vai. A razão
das desigualdades que obervamos entre as criaturas. Trata-se de uma filosofia
espiritualista porque admite, repito, com base nos fatos mediúnicos e anímicos,
a existência de um princípio espiritual no Universo, além do princípio
material. Equivale dizer que o Espiritismo vê no ser humano, não apenas o corpo
material, de carne e osso, de vísceras e sangue, de nervos e hormônios, mas
também aquilo a que as religiões, há séculos, deram o nome de alma.
“A
filosofia espírita aceita que, acima destes dois princípios universais, o
material e o espiritual paira Deus, o Craidos de tudo, a inteligência primária
da Natureza inteira, um Deus que é a suprema perfeição, um Deus que é Pai de
Misericórdia e Bondade, de Justiça e Amor, que criou todos os seus filhos para
todos, sem qualquer exceção, um dia, através de seus esforços, ao longo dos
tempos, sejam, de fato, felizes”.
Há
quem conteste o aspecto religioso do Espiritismo. Vejamos o que diz Kardec. No
livro O Espiritismo na sua mais simples expressão, claramente
ele assegura:
"Do
ponto de vista religioso o Espiritismo tem por base as verdades fundamentais de
todas as religiões: Deus, a alma, a imortalidade, as penas e as recompensas
futuras, sendo, porém, independente de qualquer culto em particular. Seu
objetivo é provar àqueles que negam, ou que duvidam, que a alma existe, que ela
sobrevive ao corpo e que sofre, após a morte, as conseqüências do bem e do mal
que praticar durante a vida corpórea: o objetivo de todas as religiões”.
Em Obras
Póstumas - Primeira Parte - Manifestações dos Espíritos - Caráter e
conseqüências religiosas das manifestações dos Espíritos, há a seguinte
afirmação de Kardec:
"O
Espiritismo, firmado no conhecimento de leis ainda não compreendidas, não vem
destruir os fatos religiosos, mas torná-los mais aceitáveis, dando-lhes
explicação racional. O que ele vem destruir são as falsas deduções daquelas
leis, por erro ou ignorância”.
No
Livro “O Evangelho Segundo o Espiritismo” - Introdução, item
I, Kardec esclarece:
"Esta
obra é para uso de todos. Dela podem todos haurir os meios de conformar com a
moral do Cristo o respectivo proceder. Aos espíritas oferece aplicações que lhe
concernem de modo especial. Graças às relações estabelecidas, doravante e
permanentemente, entre os homens e o mundo invisível, a lei evangélica, que os
próprios Espíritos ensinaram a todas as nações, já não será letra morta, porque
cada um a compreenderá e se verá incessantemente compelido a pô-la em prática,
a conselho de seus guias espirituais. As instruções que promanam dos Espíritos
são verdadeiramente as vozes do céu que vêm esclarecer os homens e convidá-los
à prática do Evangelho”.
Nessa
mesma obra, Cap. I - item 7, Kardec dispõe:
"Assim,
como o Cristo disse: “Não vim destruir a lei, porém cumpri-la”, também o
Espiritismo diz: “Não venho destruir a lei cristã, mas dar-lhe execução”. Nada
ensina em contrário ao que ensinou o Cristo; mas, desenvolve, completa e
explica em termos claros e para toda gente, o que foi dito apenas sob forma
alegórica. Vem cumprir e preparar a realização das coisas futuras. Ele é pois,
obra do Cristo, que preside, conforme igualmente o anunciou, à regeneração que
se opera e prepara o reino de Deus na Terra”.
No
Cap. I - item 16 de A Gênese, Kardec afirma:
"Do
mesmo modo que a ciência propriamente dita tem por objeto o estudo das leis do
princípio material, o objeto especial do Espiritismo é o conhecimento das leis
do princípio espiritual ...”.
No
Cap. XII - item 18, acrescenta:
"Não
é que o sobrenatural seja necessário às religiões, mas sim o princípio
espiritual, que erradamente se confunde com o maravilhoso, e sem o qual não há
religião possível’.
No
discurso proferido na Sociedade Espírita de Paris, em 1º de novembro de 1868 e
publicado na Revista Espírita de dezembro do mesmo ano, Kardec faz as seguintes
declarações:
"Dissemos
que o verdadeiro objetivo das assembléias religiosas deve ser a comunhão de
pensamentos; é que, com efeito, a palavra religião quer dizer laço. Uma
religião, em sua acepção nata e verdadeira, é um laço que religa os homens numa
comunidade de sentimentos, de princípios e de crenças ...”
"O
laço estabelecido por uma religião, seja qual for o seu objetivo, é pois, um
laço, um laço essencialmente moral, que liga os corações, que identifica os
pensamentos, as aspirações, e não somente o fato de compromissos materiais, que
se rompem à vontade, ou da realização de fórmulas que falam mais aos olhos do
que ao espírito ...”
"Se
assim é perguntarão, então o Espiritismo é uma religião? Ora, sim, sem dúvida
senhores. No sentido filosófico, o Espiritismo é uma religião, e nós nos
glorificamos por isto, porque é a doutrina que funda os elos da fraternidade e
da comunhão de pensamentos, não sobre uma simples convenção, mas sobre bases
mais sólidas: as mesmas leis da natureza.
"Porque,
então, declaramos que o Espiritismo não é uma religião? Porque não há uma
palavra para exprimir idéias diferentes, e que, na opinião geral, a palavra
religião é inseparável da de culto; desperta exclusivamente uma idéia de forma,
que o Espiritismo não tem. Se o Espiritismo se dissesse uma religião, o público
não veria aí senão uma nova edição, uma variante, se se quiser, dos princípios
absolutos em matéria de fé; uma casta sacerdotal com seu cortejo de
hierarquias, de cerimônias e de privilégios; não o separaria das idéias de
misticismo e dos abusos contra os quais tantas vezes se levantou a opinião
pública”.
Como
se vê, o Espiritismo não é religião no sentido tradicional da palavra religião.
Concluímos
que o Espiritismo não tem culto material exterior nem sacerdócio organizado,
como as religiões tradicionais; no entanto, possui um conteúdo moral, ligando
os homens entre si e seu criador.
Leitura Complementar:
1.
Espiritismo Básico - Pedro Franco Barbosa - FEB.
2.
O que é a Mediunidade - Celso Martins - Leymarie.
3.
Vida e Obra de Allan
Kardec - André Moreil - EDICEL.
4.
Recordando Deolindo
Amorim - Celso Martins - Gráfica e Editora
do Lar/ABC do Interior
5.
Kardec, irmãs Fox e
outros - Jorge Rizzini - EME.
6.
O Mistério do Bem e
do Mal - J. Herculano Pires - Ed.
Correio Fraterno.
7.
Ciência Espírita - J.Herculano Pires - Ed. Paidéia.
8.
O Infinito e o Finito - Crônicas - J.Herculano
Pires - Ed. Correio Fraterno
9.
Evolução para o
Terceiro Milênio - Carlos Toledo
Rizzini - EDICEL.
10. Religião - Carlos
Imbassahy - FEB.
* fonte: Objetivo do Espiritismo e seu tríplice aspecto - Celso Martins e Jayme Lobato Soares
Foto: Homenagem ao Sr. Manoel - Presidente do Núcleo Espírita Irmã Scheilla
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