§ "A Doutrina
Espírita transforma completamente a perspectiva do futuro. A vida futura deixa
de ser uma hipótese para ser realidade. O estado das almas depois da morte não
é mais um sistema, porém o resultado da observação. Ergueu-se o véu; o mundo
espiritual aparece-nos na plenitude de sua realidade prática; não foram os
homens que o descobriram pelo esforço de uma concepção engenhosa, são os
próprios habitantes desse mundo que nos vêm descrever a sua situação."[1]
§ "Como meio de
elaboração, o Espiritismo procede exatamente da mesma forma que as ciências
positivas, aplicando o método experimental. Fatos novos se apresentam, que não
podem ser explicados pelas leis conhecidas; ele os observa, compara, analisa e,
remontando dos efeitos às causas, chega à lei que os rege; depois, deduz-lhes
as consequências e busca as aplicações úteis. Não estabeleceu nenhuma teoria
preconcebida; assim, não apresentou como hipóteses a existência e a intervenção
dos Espíritos, nem o perispírito, nem a reencarnação, nem qualquer dos
princípios da doutrina; concluiu pela existência dos Espíritos, quando essa
existência ressaltou evidente da observação dos fatos, procedendo de igual
maneira quanto aos outros princípios. Não foram os fatos que vieram a
posteriori confirmar a teoria: a teoria é que veio subsequentemente explicar e
resumir os fatos. É, pois, rigorosamente exato dizer-se que o Espiritismo é uma
ciência de observação e não produto da imaginação. As ciências só fizeram
progressos importantes depois que seus estudos se basearam sobre o método
experimental; até então, acreditou-se que esse método também só era aplicável à
matéria, ao passo que o é também às coisas metafísicas."[2]
§ "(…) o
Espiritismo, restituindo ao Espírito o seu verdadeiro papel na criação,
constatando a superioridade da inteligência sobre a matéria, apaga naturalmente
todas as distinções estabelecidas entre os homens segundo as vantagens
corpóreas e mundanas, sobre as quais o orgulho fundou castas e os estúpidos
preconceitos de cor. O Espiritismo, alargando o círculo da família pela
pluralidade das existências, estabelece entre os homens uma fraternidade mais
racional do que aquela que não tem por base senão os frágeis laços da matéria,
porque esses laços são perecíveis, ao passo que os do Espírito são eternos.
Esses laços, uma vez bem compreendidos, influirão pela força das coisas, sobre
as relações sociais, e mais tarde sobre a Legislação social, que tomará por base
as leis imutáveis do amor e da caridade; então ver-se-á desaparecerem essa
anomalias que chocam os homens de bom senso, como as leis da Idade Média chocam
os homens de hoje…"[3]
- ↑ O Céu e o Inferno,
Primeira Parte, cap. 2
- ↑ A Gênese,
Capítulo I, item 14
- ↑ Revista Espírita 1861,
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