Marcha do progresso
Há o progresso regular e lento, que
resulta da força das coisas.
O homem não pode conservar-se
indefinidamente na ignorância, porque tem de atingir a finalidade que a
Providência lhe assinou. Ele se instrui pela força das coisas. As revoluções
morais, como as revoluções sociais, se infiltram nas ideias pouco a pouco;
germinam durante séculos; depois, irrompem subitamente e produzem o
desmoronamento do carunchoso edifício do passado, que deixou de estar em
harmonia com as necessidades novas e com as novas aspirações. (O Livro dos Espíritos – pergunta 783)

O maior obstáculo ao progresso é o
orgulho e o egoísmo. Refiro-me ao
progresso moral, porquanto o intelectual se efetua sempre. À primeira vista, parece mesmo que o
progresso intelectual reduplica a atividade daqueles vícios, desenvolvendo a
ambição e o gosto das riquezas, que, a seu turno, incitam o homem a empreender
pesquisas que lhe esclarecem o Espírito. Assim é que tudo se prende, no mundo
moral, como no mundo físico, e que do próprio mal_pode_nascer_o_bem. Curta,
porém, é a duração desse estado de coisas, que mudará à proporção que o homem
compreender melhor que, além da que o gozo dos bens terrenos proporciona, uma
felicidade existe maior e infinitamente mais duradoura.
Há duas espécies de progresso, que uma
a outra se prestam mútuo apoio, mas que, no entanto, não marcham lado a lado: o
progresso intelectual e o progresso moral. Entre os povos civilizados, o
primeiro tem recebido, no correr deste século, todos os incentivos. Por isso
mesmo atingiu um grau a que ainda não chegara antes da época atual. Muito falta
para que o segundo se ache no mesmo nível. Entretanto, comparando-se os
costumes sociais de hoje com os de alguns séculos atrás, só um cego negaria o
progresso realizado. Ora, sendo assim, por que haveria essa marcha ascendente
de parar, com relação, de preferência, ao moral, do que com relação ao
intelectual? Por que será impossível que entre o dezenove e o vigésimo quarto
século haja, a esse respeito, tanta diferença quanta entre o décimo quarto
século e o século dezenove? Duvidar fora pretender que a Humanidade está no
apogeu da perfeição, o que seria absurdo, ou que ela não é perfectível
moralmente, o que a experiência desmente. ( O Livro dos Espíritos, 785).
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