quinta-feira, 28 de maio de 2015

Analisando o Processo de Comunicação Mediúnica e a necessidade do Estudo.

Analisando o Processo de Comunicação Mediúnica e a necessidade do Estudo.

[...] Todos os dias a experiência nos traz a confirmação de que as dificuldades e os desenganos, com que muitos topam na prática do Espiritismo, se originam da ignorância dos princípios desta ciência e feliz nos sentimos de haver podido comprovar que o nosso trabalho, feito com o objetivo de precaver os adeptos contra os escolhos de um noviciado, produziu frutos e que a leitura desta obra devem muitos o terem logrado evitá-los. (Introdução de O livro dos médiuns).

Dificuldades do intercâmbio:
 Não podemos esquecer que o campo de oscilações mentais do médium – envoltório natural e irremovível que lhe pulsa do Espírito – é o filtro de todas as operações nos fenômenos físicos. Incorporam-se-lhe ao dinamismo psíquico os contingentes ectoplásmicos dos assistentes, aliados a recursos outros da Natureza; mas, ainda aí, os elementos essenciais pertencem ao médium que, consciente ou inconscientemente, pode interferir nas manifestações. A exteriorização dos princípios anímicos nada tem a ver, em absoluto, com o aperfeiçoamento moral. Cumpre destacar, assim, as dificuldades para a manutenção de largo intercâmbio, dilatado e seguro, nesse terreno. Basta leve modificação de propósito na personalidade medianímica, seja em matéria de interesse econômico ou de conduta afetiva, para que se lhe alterem os raios mentais. Verificada semelhante metamorfose, esboçam-se-lhe, na aura ou fulcro energético, formas-pensamentos, por vezes em completo desacordo com o programa traçado no Plano Superior, ao mesmo tempo que perigos consideráveis assomam na esfera do serviço a fazer, uma vez que a transformação das ondas mediúnicas imprime novo rumo à força exteriorizada que, desse modo, em certas ocasiões, pode ser manuseada por entidades desencarnadas positivamente inferiores, famintas de sensações do campo físico. Em tais casos, perturbações variadas podem ocorrer, desencorajando experiências magnificamente encetadas. (Cap. XVII, pp. 114 e 115. Livro: Mecanismos da Mediunidade) 

Hermínio Miranda, no livro Sobrevivência e Comunicabilidade dos Espíritos, no capítulo I, nos ensina que, em qualquer mecanismo de comunicação, sempre encontramos quatro elementos:
1º - a ideia original, isto é, aquilo que se quer comunicar (tornar comum) e que se origina no pensamento, não em formas de letras ou frases, mas a ideia, o pensamento que será vestido de um dos modos formais de expressão – linguagem falada, escrita, escultura, gesto etc.
2º - a expressão formal deste pensamento através de símbolos conhecidos ou gestos que codificam a ideia de forma a ser transmitida;
3º - a recepção da ideia original devidamente codificada, pelo receptor e devidamente decodificada pelo seu pensamento para estabelecer o entendimento do que foi transmitido;
4º - a reação – ou seja, o retorno do entendimento pelo mesmo processo estabelecendo-se o diálogo a fim de verificar o entendimento da ideia original.

No caso da comunicação mediúnica,
·         A ideia original é do Espírito comunicante;
·         O codificador/transmissor será o médium;
·         O recebedor é a pessoa a quem se destina a comunicação.

Assim, a comunicação mediúnica é a resultante de um entendimento entre a mente do Espírito manifestante e a do médium, e deste para o destinatário. O ponto delicado reside na conversão do pensamento alheio em linguagem articulada (no livro Sobrevivência e Comunicabilidade dos Espíritos)

Sobre a linguagem dos Espíritos, extraímos da introdução, item XIV, de O livro dos Espíritos, as seguintes instruções: Para os Espíritos, principalmente para os Espíritos superiores, a ideia é tudo, a forma nada vale. Livres da matéria, a linguagem de que usam entre si é rápida como o pensamento, porquanto são os próprios pensamentos que se comunicam sem intermediário. Muito pouco à vontade hão de eles se sentirem, quando obrigados, para se comunicarem conosco, a utilizarem-se das formas longas e embaraçosas da linguagem humana e a lutarem com a insuficiência e a imperfeição dessa linguagem, para exprimirem todas as ideias.


Vale a pena lembrar Martins Peralva. Ele nos aponta informações dos autores clássicos do Espiritismo, sob a inspiração do Mais Alto, particularmente Léon Denis, a respeito do mecanismo das comunicações: Para que um Espírito se comunique, é mister se estabeleça a sintonia da mente encarnada com a desencarnada. Essa realidade é pacífica. É necessário que ambos passem a emitir vibrações equivalentes; que o teor das circunvoluções seja idêntico; que o pensamento e a vontade de ambos se graduem na mesma faixa. Esse o mecanismo das comunicações espíritas, mecanismo básico que se desdobra, todavia, em nuances infinitas, de acordo com o tipo de mediunidade, estado psíquico dos agentes – ativo e passivo -, valores espirituais, etc... Sintonizado o comunicante com o medianeiro, o pensamento do primeiro se exterioriza através do campo físico do segundo, em forma de mensagem grafada ou audível. Quanto mais evoluído o ser, mais acelerado o estado vibratório. Assim sendo, em face das constantes modificações vibratórias, verificar-se-á sempre, em todos os comunicados, o imperativo da redução ou aumento das vibrações para que eles se estabeleça com maior fidelidade. Por isso o médium descuidado, ante o problema da própria renovação interior, é sempre um instrumento que dificulta o intercâmbio. (Mediunidade e evolução).

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Formação do Médium e Desenvolvimento da Mediunidade

 Allan Kardec  e os Espíritos - O Livro dos Médiuns   

208. Têm-se procurado processos para a formação dos médiuns, como se têm procurado diagnósticos; mas, até hoje nenhum conhecemos mais eficaz do que os que indicamos. Na persuasão de ser uma resistência de ordem toda material o obstáculo que encontra o desenvolvimento da faculdade, algumas pessoas pretendem vencê-la por meio de uma espécie de ginástica quase deslocadora do braço e da cabeça.

236 . “Primeiramente, entendamo-nos bem acerca dos fatos”.
Que é um médium? É o ser, é o indivíduo que serve de traço de união aos Espíritos, para que estes possam comunicar-se  facilmente com os homens: Espíritos encarnados. Por conseguinte, sem médium, não há comunicações tangíveis, mentais, escritas, físicas, de qualquer natureza que seja.... Pois bem! repeti-lo-ei ainda: o vosso perispírito e o nosso procedem do mesmo meio, são de natureza idêntica, são, numa palavra, semelhantes. Possuem uma propriedade de assimilação mais ou menos desenvolvida, de magnetização mais ou menos vigorosa, que nos permite a nós, Espíritos desencarnados e encarnados, pormo-nos muito pronta e facilmente em comunicação. Enfim, o que é peculiar aos médiuns, o que é da essência mesma da individualidade deles, é uma afinidade especial e, ao mesmo tempo, uma força de expansão particular, que lhes suprimem toda refratariedade e estabelecem, entre eles e nós, uma espécie de corrente, uma espécie de fusão, que nos facilita as comunicações.
 
“Sabeis que tomamos ao cérebro do médium os elementos necessários a dar ao nosso pensamento uma forma que vos seja sensível e apreensível; é com o auxílio dos materiais que possui, que o médium traduz o nosso pensamento em linguagem vulgar....

“Resumindo: os fatos mediúnicos não podem dar-se sem o concurso consciente, ou inconsciente, dos médiuns; e somente entre os encarnados, Espíritos como nós, podemos encontrar os que nos sirvam de médiuns”.
ERASTO.
209. No médium aprendiz, a fé não é a condição rigorosa; sem dúvida lhe secunda os esforços, mas não é indispensável; a pureza de intenção, o desejo e a boa vontade bastam.
Têm-se visto pessoas inteiramente incrédulas ficarem espantadas de escrever a seu mau grado, enquanto que crentes sinceros não o conseguem, o que prova que esta faculdade se prende a uma disposição orgânica.

203. O desejo natural de todo aspirante a médium é o de poder confabular com os Espíritos das pessoas que lhe são caras; deve, porém, moderar a sua impaciência, porquanto a comunicação com determinado Espírito apresenta muitas vezes dificuldades materiais que a tornam impossível ao principiante. Para que um Espírito possa comunicar-se, preciso é que haja entre ele e o médium relações fluídicas, que nem sempre se estabelecem instantaneamente. Só à medida que a faculdade se desenvolve, é que o médium adquire pouco a pouco a aptidão necessária para pôr-se em comunicação com o Espírito que se apresente.

200. Infelizmente, até hoje, por nenhum diagnóstico se pode inferir, ainda que aproximadamente, que alguém possua essa faculdade. Os sinais físicos, em os quais algumas pessoas julgam ver indícios, nada têm de infalíveis. Ela se manifesta nas crianças e nos velhos, em homens e mulheres, quaisquer que sejam o temperamento, o estado de saúde, o grau de desenvolvimento intelectual e moral.

218. Se, apesar de todas as tentativas, a mediunidade não se revelar de modo algum, deverá o aspirante renunciar a ser médium, como renuncia ao canto quem reconhece não ter voz.