Allan Kardec e os Espíritos - O Livro dos Médiuns
236 . “Primeiramente, entendamo-nos bem acerca
dos fatos”.
Que é um médium? É o ser, é o indivíduo que
serve de traço de união aos Espíritos, para que estes possam comunicar-se facilmente com os homens: Espíritos
encarnados. Por conseguinte, sem médium, não há comunicações tangíveis, mentais,
escritas, físicas, de qualquer natureza que seja.... Pois bem! repeti-lo-ei ainda: o vosso perispírito e o nosso procedem do mesmo meio, são de natureza idêntica,
são, numa palavra, semelhantes. Possuem uma propriedade de assimilação mais ou menos desenvolvida, de magnetização mais ou menos
vigorosa, que nos permite a nós, Espíritos desencarnados e encarnados, pormo-nos
muito pronta e facilmente em comunicação. Enfim, o que é peculiar aos médiuns, o
que é da essência mesma da individualidade deles, é uma afinidade especial e,
ao mesmo tempo, uma força de expansão particular, que lhes suprimem toda refratariedade e estabelecem,
entre eles e nós, uma espécie de corrente, uma espécie de fusão, que nos
facilita as comunicações.
“Sabeis que tomamos ao cérebro do médium os
elementos necessários a dar ao nosso pensamento uma forma que vos seja sensível
e apreensível; é com o auxílio dos materiais que possui, que o médium traduz o
nosso pensamento em linguagem vulgar....
“Resumindo: os fatos mediúnicos não podem dar-se
sem o concurso consciente, ou inconsciente, dos médiuns; e somente entre os
encarnados, Espíritos como nós, podemos encontrar os que nos sirvam de médiuns”.
ERASTO.
209. No médium aprendiz, a fé não é a condição rigorosa; sem dúvida lhe secunda os esforços, mas não é
indispensável; a pureza
de intenção, o desejo e a boa vontade bastam.
Têm-se visto pessoas inteiramente incrédulas
ficarem espantadas de escrever a seu mau grado, enquanto que crentes sinceros
não o conseguem, o que prova que esta faculdade se prende a uma disposição
orgânica.
203. O desejo natural de todo aspirante a médium é o de poder
confabular com os Espíritos das pessoas que lhe são caras; deve, porém, moderar
a sua impaciência, porquanto a comunicação com determinado Espírito apresenta
muitas vezes dificuldades materiais que a tornam impossível ao principiante. Para que um Espírito possa comunicar-se, preciso é que haja entre
ele e o médium relações fluídicas, que nem sempre se estabelecem
instantaneamente. Só à medida que a faculdade
se desenvolve, é que o médium adquire pouco a pouco a aptidão necessária para
pôr-se em comunicação com o Espírito que se apresente.
200. Infelizmente, até hoje, por nenhum diagnóstico se pode inferir, ainda que aproximadamente, que alguém possua essa faculdade. Os sinais físicos, em os quais algumas pessoas
julgam ver indícios, nada têm de infalíveis. Ela se manifesta nas crianças e
nos velhos, em homens e mulheres, quaisquer que sejam o temperamento, o estado
de saúde, o grau de desenvolvimento intelectual e moral.
218. Se, apesar de todas as tentativas, a mediunidade não se revelar
de modo algum, deverá o aspirante renunciar a ser médium, como renuncia ao
canto quem reconhece não ter voz.
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