terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Um relato sobre Suicídio - Instruções Psicofônicas

(Não permita que a dor tire sua alegria)
18 DRAMA NA SOMBRA

No encerramento de nossas atividades na noite de 9 de julho de 1954, tivemos a presença de Jorge, um irmão que nos era desconhecido e com quem tomáramos o primeiro contacto um ano antes. Mobilizando as faculdades psicofônicas do médium, relatou-nos o seu “drama na sombra”, oferecendo-nos com ele preciosos elementos de estudo. Ouvindo-o, lembramos-lhe a primeira manifestação, em julho de 1953, quando foi auxiliado por nossos Benfeitores Espirituais, através de nosso Grupo. Apresentara-se como um louco. Sustentava a cabeça entre as mãos, queixando-se desesperadamente, e alegando que trazia o crânio estilhaçado pela bala de revólver com que exterminara o próprio corpo e cujo estampido parecia eternizar-se dentro de seu cérebro. Regressando ao nosso Grupo com o presente relato, mostra como age sobre nós a Lei de Causa e Efeito. Homicida direta e indiretamente e suicida, torna-se obsidiado pelas suas vítimas, após o crime em que se comprometeu na existência da carne, fazendo-se presa de Espíritos infernais nas regiões inferiores a que desceu pelo suicídio e somente consegue reequilibrar-se, assimilando com boa-vontade o auxílio que lhe foi prestado pelos Espíritos Benevolentes e Amigos. Importante notar que as suas vítimas, com delitos menores, voltam à reencarnação antes dele e ser-lhe-ão pais terrestres, em futuro próximo, para que, dentro do “carma” elaborado pelo trio, possam os três caminhar unidos nas provações expiatórias com que se redimirão diante da Lei. 

Quem agradece com sinceridade traz aos benfeitores aquilo de melhor que possui. 
Sou pobre vítima do crime e do suicídio que vem depositar em vossas preces uma singela flor de gratidão. 
No entanto, para comentar o favor recebido, peço permissão para que minhas lembranças recuem no tempo. Corria o ano de 1917 e sentia-me um homem feliz entre os mais felizes. 
Era moço, otimista e robusto. Avizinhava-me dos trinta anos e sonhava a organização de meu próprio santuário doméstico. 
Anita era minha noiva. Aqueles que amaram profundamente, guardando, inalteráveis, no peito, a primavera das primeiras aspirações, poderão compreender a floração de esperança que brilhava em minhalma. 
A escolhida de minha mocidade encarnava para mim o ideal da perfeita mulher. 
Preparávamos o futuro, quando um primo, de nome Cláudio, veio viver em nossa casa no Rio, à caça de estabilidade profissional para a juventude, necessitada de maiores experiências. 
Acolhido carinhosamente por meus pais e por mim, e mais moço que eu próprio, passou a ser meu companheiro e meu irmão. 
O infortúnio, porém, como que me espreitava de perto, porque Cláudio e Anita, ao primeiro contacto, pareceram-me transfundidos na ventura de velho conhecimento. 
Pouco a pouco, reconheci que a criatura querida me escapava dos braços e, mais que isso, notei que o amigo se erguia em meu adversário, porque blasonava de minha perda, ironizando-me a inferioridade física. 
No decurso de alguns meses, por mais tentasse distanciá-los discretamente, 
Cláudio e Anita estreitavam os laços da intimidade afetiva, até que fui apeado de meu projeto risonho — tudo quanto a Terra e a vida me ofereciam de melhor. 
Instado para entendimento pela antiga noiva, dela recolhi observações inesperadas. 
Nosso compromisso era apenas ilusão... 
Andara mal inspirada... 
Eu não representava para ela, em verdade, o tipo ideal do companheiro... 
Não seríamos felizes... 
Melhor desfazer a aliança amorosa, enquanto o tempo nos favorecia visão justa... 
Senti-me desfalecer. Preferia a morte à renúncia. Entretanto, era preciso sufocar o brio humilhado, asfixiar o coração e viver... 
Para vós outros, semelhantes confidências podem constituir uma confissão demasiado infantil, todavia, dela necessito para salientar o benefício recolhido em nossas preces. 
Recalquei o sofrimento moral. 
Escoaram-se os dias. 
Cláudio era filho adotivo de nossa casa, comensal de nossa mesa. 
Sentindo-se meu irmão, não suspeitava que um ódio terrível se me desenvolvia no coração invigilante. Meses transcorreram e a gripe, em 1918, castigava a cidade. 
Estendera-se a epidemia e Cláudio não lhe resistiu ao assalto. Caiu sob invencível abatimento. 
Fui-lhe o enfermeiro desvelado, no entanto, mal podia suportar o devotamento de que o via objeto, por parte da mulher que eu amava. 
Não compreendia por que se confiara ela a tamanha versatilidade, e, observando-a, firme e abnegada, em torno do rapaz, entreguei-me gradativamente à ideia do crime. 
Numa noite de febre alta, em que o doente reclamava maiores demonstrações de paciência e carinho e em que Anita, fatigada, obtivera, enfim, alguns momentos de sono, eliminei todas as dúvidas. 
Á guisa de remédio, administrei ao enfermo o veneno que o afastaria para sempre de nós. 
Na manhã imediata, um cadáver representava a resposta de meu despeito às esperanças da mulher que me preterira. 
A morte, contudo, não conseguiu desuni-los, porque Anita, embora afagada por mim, fez-se arredia e desconfiada. Parecia procurar em meus olhos a sombra do remorso que passara a flagelar-me o coração. 
E, apática, desalentada, renunciando ao porvir, rendeu-se à depressão orgânica, que, aos poucos, lhe abriu caminho para o sepulcro. 
Revelava-se contente por entregar ao polvo invisível da tuberculose a taça do próprio corpo. 
Quando me vi sozinho, sem os dois, mergulhei no desânimo e no arrependimento. 
E entre a silenciosa interrogação de meus pais e a tortura interior que passou a possuir-me, escutava-lhes a voz, desafiando-me em cada canto: — Jorge! Jorge! que fizeste? que fizeste de nós? Jorge! Jorge! Pagarás, pagarás!... 
Os dois fantasmas inexoráveis impeliam-me à morte. 
Inútil tentar resistência. 
Percebia-os em toda parte, fosse em casa, na via pública ou dentro de mim... 
E o desejo de minha própria exterminação começou a empolgar-me... Em dado instante, resolvi não mais me opor à tentação. 
Meus pais eram bons, carinhosos e devotados. Não lhes podia dar o espetáculo de um suicídio aberto. Na manhã fatídica, porém, notifiquei à minha mãe que faria a limpeza na arma de um amigo. Ela pediu-me cuidado. 
Contemplei-a enternecidamente pela última vez. 
Aqueles cabelos brancos rogavam-me que eu vi-vesse!. 
Fixei a mesa de escritório em que meu pai, ausente, costumava trabalhar, e a figura dele visitou-me a imaginação, induzindo-me à calma e ao respeito à vida... 
Hesitei. 
Não seria mais justo continuar sofrendo no mundo para, com mais segurança, reparar meus erros? Entretanto, as acusações, em voz inarticulada, martelavam-me o cérebro. — Jorge, covarde! que fizeste de nós?...
 Decidi-me sem detença. 
Demandei o quarto de dormir e com o revólver emprestado espatifei meu crânio. 
Ah! desde então suspirei por morar no inferno de fogo terrestre que seria benigno comparado ao tormento que passei a experimentar!... 
Creio hoje que as grandes culpas nos transformam o espírito numa esfera impermeável, em cujo bojo de trevas sofremos irremediável soledade, punidos por nossa própria desesperação. 
Tenho a ideia de que todos os padecimentos se congregavam em mim. 
Desejava ver, possuía olhos, e não via.
 Propunha-me ouvir qualquer voz familiar, identificava meus ouvidos, e não ouvia. Queria movimentar as mãos e, sentindo-as embora, não conseguia acioná-las. Meus pés! Possuía-os, intactos, entretanto, não podia movê-los. 
 Achava-me na condição dos mutilados que prosseguem assinalando a presença dos membros que a cirurgia lhes arrancou. 
Comigo uma vida nova de fome, sede, amargura e remorso passou a desdobrar-se... 
O estampido não tinha fim. 
Sempre a bala aniquilando-me a cabeça... Depois de largo tempo, cuja duração não me é possível precisar, notei que vozes sinistras imprecavam contra mim... 
Pareciam nascer de furnas sombrias situadas em minhalma...
 E sempre envolto na sombra sibilante, sentia um fogo diferente daquele que conhecemos na Terra, uma espécie de lava comburente e incessante, vertendo chamas vivas, a se entornarem de minha cabeça sobre o corpo... Debalde acariciava o anseio de domir. 
Torturava-me a fome, sem que eu pudesse alimentar-me. 
Algumas vezes, pressentia que nuvens do céu se transformavam em temporal... 
Guardava a impressão de arrastar-me dificilmente sobre o pó, tentando recolher algumas gotas de chuva que me pudessem dessedentar... 
Mas, como se eu estivesse vivendo num cárcere inteiriço, sabia que a chuva rumorejava por fora sem que eu lograsse uma gota sequer do precioso líquido. 
E, em meio aos tormentos inomináveis, sofria mordidelas e alfinetadas, quais se vermes devoradores me atingissem o crânio, carcomendo-me todo o corpo, a partir da planta dos pés. 
Em muitas ocasiões, monstros horripilantes descerravam-me as pálpebras que eu não conseguia reerguer e, como se me falassem através de pavorosas janelas, gritavam sarcasmos e palavrões, deixando-me mais desesperado e abatido. Sempre aquela sensação da cabeça a esmigalhar-se, dos ossos a se desconjuntarem e da mente a obstruir-se, sob o império de forças tremendas que, nem de leve, até hoje, minha inteligência poderia definir ou compreender... 
De nada me valiam lágrimas, petitórios, lamentação... Ansiava pela felicidade de tocar algum móvel de substância material... 
Clamava pela bênção de poder transformar as mãos numa concha simples, a fim de recolher algo do pó terrestre e localizar-me por fim... 
Assim vivi na condição de um peregrino enovelado nas trevas, até que alguém me trouxe ao vosso templo de orações. Agora que recuperei a noção do tempo, digo-vos que isso aconteceu precisamente há um ano... Pude conversar convosco, ouvir-vos a voz. 
O médium que me acolheu, à maneira de mãe asilando um filho, era um ímã refrigerante. Transfundir-me nas sensações de um corpo físico, de que me utilizava transitoriamente embora, deu-me a idéia de que eu era uma lâmpada apagada, buscando reanimar-me na chama viva da existência que me fora habitual e cujo calor buscava reaver desesperadamente. 
Depois de semelhante transfusão de forças, observei que energias novas fixavam-se-me no espírito, refazendo-me os sentidos normais e, então, pude gemer... Tive a felicidade de gemer como antigamente, de chorar como se chora no mundo... 
Conduzido a um hospital, recebi tratamento. 
Decorridos dois meses, passei a frequentar-vos o ambiente. Aprendi a encontrar o socorro da oração e, mais consciente de mim, indaguei por Cláudio e Anita. 
Obtive a permissão de revê-los. Oh! prodígio! reencontrei-os enlaçados num lar feliz, tão jovens quanto antes... Recém-casados, desfrutavam a ventura merecida... 
Marido e mulher, haviam reconstituido a união que eu furtara... Aproximei-me deles com imensa emoção. A noite avançava plena... Extático, rememorando o pretérito, reconheci que os dois haviam entrado n
as vibrações radiosas da prece, passando, logo após, ao sono doce e tranqüilo. 
Minha surpresa fez-se mais bela. 
Afastando-se suavemente do corpo físico, ambos estenderam-me os braços, em sinal de perdão e de amor... E, enquanto me entregava ao pranto de gratidão, alguém que está convosco (1), e é para todos nós uma irmã devotada e infatigável, anunciou-me aos ouvidos: — Jorge, o novo dia espera por você. Cláudio e Anita, hoje reencarnados, oferecem-lhe ao coração a bênção de novo abrigo ...
 Em verdade, você receberá um corpo castigado, um instrumento experimental em que se lançará à recuperação da harmonia... 
A fim de restaurar-se, sofrerá você como é justo, mas todos nós, na ascensão para Deus, não prescindiremos do concurso da dor, a divina instrutora das almas...
 Regozije-se, ainda assim, porque, neste santuário de esperança e ternura, será você amanhã o filho abençoado e querido!... 
Despedi-me, radiante. E agora, tomado de fé viva, trago-vos a mensagem de meu reconhecimento. Oxalá possa eu merecer a graça de um corpo torturado e doente, em que, padecendo, me refaça e em que, chorando, me reconforte... 
Sei que, para as minhas vítimas do passado e benfeitores do presente, serei ainda um fardo de incerteza e lágrimas, contudo, pelo trabalho e pela oração, encontraremos, enfim, o manancial do amor puro que nos guardará em sublime comunhão para sempre. Amigos, recebei minha ventura! Para exprimir-vos gratidão nada tenho... 
Mas, um dia, estaremos todos juntos na Vida Eterna e, com o amparo divino, repetirei convosco a inesquecível invocação desta hora: 
«Que Deus nos abençoe!. . Jorge

 (1) O comunicante refere-se ao Espírito Meimei. — Nota do organizador. 



outras fontes para leitura e reflexão:
http://doraincontri.com/2015/09/21/suicidio-a-visao-espirita-revisitada/
http://luzdoespiritismo.com/estudo-da-semana/eds-o-suicidio-comunicacoes-e-casos-da-revista-espirita-12

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

PRIMEIRO CONGRESSO INTERNACIONAL ESPÍRITA SETEMBRO 1888 BARCELONA


Um fato histórico que precisa ser estudado e refletido sobre o Movimento Espírita e em particular o brasileiro.

" Espiritismo, que com uma potência até agora desconhecida, levanta uma doutrina, baseada em uma filosofia, constitui uma nova ciência, e ao mesmo tempo em que eleva a razão e o sentimento, satisfaz a consciência; do Espiritismo, que empurrando-nos pelas duas vias convergentes, a do estudo do espírito e a do estudo da matéria, trata de nos aproximar, através do trabalho e da virtude, ao caminho do cumprimento dos nossos fins, dando-nos uma doutrina consoladora e uma elevada aspiração, e nos ensina os meios para chegar a um almejado aprimoramento". (texto introdutório da abertura do Primeiro Congresso Internacional Espírita)

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PROPOSIÇÕES
Os Relatores Franco-Belga-Italiano, unidos, têm a honra de apresentar à aprovação do Congresso as seguintes Conclusões:

O CONGRESSO INTERNACIONAL ESPÍRITA afirma e proclama a existência real e indiscutível das relações que existem entre almas encarnadas e desencarnadas; e considerando estas relações nas suas fases diversas, declara:

1º Que o Espiritismo é uma ciência positiva e experimental, confirmada pela História e as constantes investigações metódicas.

2º Que o Espiritismo é uma ciência filosófica superior que satisfaz, mais do que nenhuma outra, a inteligência, a consciência, a razão e a justiça.

3º Que o Espiritismo, como ciência psicológica, prova a existência da alma e dá a explicação mais lógica e racional das relações mútuas que existem entre alma e corpo.

4º Que o Espiritismo leva racionalmente à unidade da crença em Deus, à segurança em uma vida futura, à convicção da responsabilidade dos nossos atos e da necessidade da reencarnação, como meio de evolução indefinida, bem no nosso planeta ou nos mundos siderais.

5º Que o Espiritismo chegará a constituir uma ciência social, destinada a resolver os problemas humanitários da educação e instrução integral para ambos os sexos; da legislação, da propriedade, da mutualidade, de associação e de fraternidade.

6º Que todos os homens devem respeitar os investigadores da verdade, mesmo aqueles não adeptos da escola de Allan Kardec.

O Congresso admite as proposições seguintes, e os Delegados que as formulam propõem-se a colocá-las em prática nos respectivos países, logo que permitido por circunstâncias favoráveis.

1.º Vulgarizar os elementos da Doutrina no ensino popular e tender ao estabelecimento de cátedras da filosofia Espírita nos colégios superiores.

2.º Propagar a Doutrina entre as massas, nas oficinas, nos centros industriais e as mais humildes moradias, a través de folhetos, palestras gratuitas e jornais.

3.º Buscar a maneira de publicar todas as obras espíritas em Edições populares baratíssimas.

4.º Lembrar as Sociedades Espíritas que o mestre Allan Kardec nos tem advertido para não aceitar sem um severo critério todas as comunicações, pois que a absoluta credulidade desacredita o Espiritismo.

5.º Recomendar pesquisas imparciais e racionais da Doutrina, porque se é necessária uma federação geral dos Espíritas, não é menos preciso que cada um possa ter liberdade absoluta para buscar a Verdade filosófica segundo o próprio talento e inclinações.

6.º Ensinar que não faz falta usar o ostracismo nem sequer com os Espíritas dissidentes; as nossas fileiras devem ficar livre e amplamente abertas.

7.º Interessar os Espíritas na Cooperação, na Associação, segundo a forma criada por M. Godin em Guise (França) com seu Familistério. – Maneira de irmanar o Capital com o Trabalho.

8.º Transformar as prisões penitenciárias em institutos de moralização, de sorte que seja possível, como na Sociedade de mulheres libertas de São Lázaro (Paris), a reabilitar o homem caído no crime; e trabalhar para que todos os sistemas cíveis e penais sejam modificados no sentido da Caridade e da verdadeira Justiça.

9.º Substituir o Individualismo pelo Coletivismo, e opor o Direito e a Razão à força e a violência.
10.º Instituir a arbitragem internacional permanente, para evitar os conflitos de nação a nação.

11.º Pela palavra e pela imprensa chegar progressivamente a desarmar as nações e a abolir as fronteiras.

12.º Tender continuamente a unir e federar os Espíritas de um país, bem como a federar todos os Centros nacionais da nossa terra.

13.º Trabalhar para destruir sobre o Planeta os últimos resquícios da escravidão em todas as suas formas.

12 de Setembro de 1888.
P. G. Leymarie, publicitário. —Doutor Giovanni Hoffman. — Major - Cavalheiro Efisio Ungher.—Professor- Doutor Ercole Chiaia. — Professor José Nicolau Bartomeu.

A Proposição Hispano-Americana tem a honra de submeter à aprovação do Congresso as conclusões seguintes:

1º Declaração de princípios (Vide síntese)

2º Normas de comportamento.

3º Bases de organização geral.

4º O Congresso proclama a necessidade da livre emissão do pensamento, de palavra e por escrito, na Imprensa, na Tribuna, na Cátedra e por todos os meios que forem lícitos.

5º A absoluta liberdade de professar e praticar toda doutrina segundo os princípios da Moral Universal.

6º A liberdade de associação para constituir Sociedades de propaganda da nossa Doutrina.

7º A formação de Ligas contra a Ignorância para difundir a instrução entre as classes populares.

8º O ensino íntegro e laico para ambos os sexos, como meio para evitar a autoritária imposição de crença religiosa determinada.

9º A elevação do sentimento pela educação artística.

10º Registro cível de nascimentos, único obrigatório; matrimônio cível e secularização dos cemitérios.

11º A Justiça como princípio na resolução dos problemas sociais e econômicos.

12º Formação de Sociedades de Socorros mútuos, Cooperativas e outras que tendam a proteger a vida e a facilitar o bem-estar material e moral.

13º Moralização do penado. Abolição da pena de morte e das perpétuas.

14º Criação de Ligas da Paz para difundir a ideia da Arbitragem Internacional, com a finalidade de evitar conflitos que levem a uma intervenção da força armada. Desarme dos exércitos permanentes.

15º O Cosmopolitismo presidindo a todas as relações sociais.

15º União fraternal ibero-americana. Relação íntima entre as suas Sociedades espíritas.
17º Organização de todos os Espíritas pelos princípios de autonomia e federação.

Dr. Manuel Sanz Benito. — Eulogio Prieto. — Pedro Fortoult Hurtado.— Miguel Vives.— Juan Chinchilla.





CONCLUSÕES APROVADAS O primeiro CONGRESSO INTERNACIONAL ESPÍRITA  afirma e proclama a existência e virtualidade do Espiritismo como a Ciência integral e progressiva.

São seus FUNDAMENTOS
1.    Existência de Deus.

2.    Infinidade de mundos habitados.

3.    Preexistência e persistência eterna do Espírito.

4.  Demonstração experimental da supervivência da alma humana pela comunicação mediúnica com os espíritos.

5.    Infinidade de fases na Vida permanente de cada ser.

6.    Recompensas e penas, como consequência natural dos atos.

7.    Evolução infinita. Comunhão universal dos povos. Solidariedade.


CARACTERES ATUAIS DA DOUTRINA

1º Constitui uma Ciência positiva e experimental.

2º  É a forma contemporânea da Revelação.

3º  Marca uma etapa importantíssima na evolução humana.

4º Dá solução aos mais árduos problemas morais e sociais.

5º Depura a razão e o sentimento, e satisfaz a consciência.

6º Não impõe uma crença, convida para um estudo.

7º Realiza uma grande aspiração que responde a uma necessidade histórica.

Como consequência e desenvolvimento lógico dos seus Princípios, o Congresso Espírita entende que toda Associação e todo adepto devem, por todos os meios lícitos que estiverem ao seu alcance, dar apoio e cooperação a todas as individualidades, coletividades ou empresas civilizadoras venha a conhecer e, portanto, aconselha:

A.- O estudo da Doutrina, na multiplicidade total do seu contido.

B.- A sua propaganda incessante por todo meio lícito.

C.- A sua constante realização pela prática das mais severas virtudes públicas e privadas. Para conquistar seus fins, o Congresso Espírita entende que toda Associação e adepto deverão considerar sempre o resto dos homens de boa vontade como irmãos para combater o vício, o erro e os sofrimentos humanos. - Como consequência disso, aconselha:

 D. – O respeito profundo por todos os pesquisadores ou propagandistas da verdade, mesmo se não forem espíritas.

E. – O esforço constante para difundir o Laicismo por todas as esferas da vida. – A absoluta liberdade de Pensamento, o Ensino integral para ambos os sexos e o Cosmopolitismo como base das relações sociais.

F. – Federação autônoma de todos os espíritas. – Todo adepto pertencerá a uma Sociedade legalmente constituída; toda Sociedade manterá relações constantes com o Centro da sua cidade; todo Centro local deverá sustentá-las com seu Centro Nacional, diretamente ou por intermédio de Centros Regionais; cada Centro Nacional deverá sustentá-las por sua vez, com os restantes. Todos sempre sob a única lei do amor mútuo, para obter um dia a fraternidade universal.

Finalmente, o Congresso Espírita deve fazer constar que não convém aceitar sem prévio exame nenhuma solidariedade doutrinal com indivíduos ou coletividades que não derem ouvidos aos conselhos acima. Deve lembrar também que Allan Kardec já apontava os perigos da excessiva credulidade nas comunicações mediúnicas: “Devem ser submetidas ao crisol da Razão e da Lógica”, visto que o fato da morte, por si só, não garante uma evolução.

Barcelona, 13 de setembro de 1888.


Presidente honorário, José María Fernádez — Presidentes, El Vizconde de Torres-Solanot. — P. G. Leymarie. — Efisio Ungher. — Dr. Huelbes Tenprado. — Vice presidentes Amalia Domingo y Soler. — Facundo Usich. —Juan Hoffman. — Pedro Fortoult Hurtado. — Dr. Hércules Chiaia. — Edward Troula. — Miguel Vives. — Secretários, Dr. Manuel Sanz Benito. — Eulogio Prieto. — Modesto Casanovas. — Narciso Moret.


fonte: www.autoresespiritasclassicos.com.br