quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

PRIMEIRO CONGRESSO INTERNACIONAL ESPÍRITA SETEMBRO 1888 BARCELONA


Um fato histórico que precisa ser estudado e refletido sobre o Movimento Espírita e em particular o brasileiro.

" Espiritismo, que com uma potência até agora desconhecida, levanta uma doutrina, baseada em uma filosofia, constitui uma nova ciência, e ao mesmo tempo em que eleva a razão e o sentimento, satisfaz a consciência; do Espiritismo, que empurrando-nos pelas duas vias convergentes, a do estudo do espírito e a do estudo da matéria, trata de nos aproximar, através do trabalho e da virtude, ao caminho do cumprimento dos nossos fins, dando-nos uma doutrina consoladora e uma elevada aspiração, e nos ensina os meios para chegar a um almejado aprimoramento". (texto introdutório da abertura do Primeiro Congresso Internacional Espírita)

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PROPOSIÇÕES
Os Relatores Franco-Belga-Italiano, unidos, têm a honra de apresentar à aprovação do Congresso as seguintes Conclusões:

O CONGRESSO INTERNACIONAL ESPÍRITA afirma e proclama a existência real e indiscutível das relações que existem entre almas encarnadas e desencarnadas; e considerando estas relações nas suas fases diversas, declara:

1º Que o Espiritismo é uma ciência positiva e experimental, confirmada pela História e as constantes investigações metódicas.

2º Que o Espiritismo é uma ciência filosófica superior que satisfaz, mais do que nenhuma outra, a inteligência, a consciência, a razão e a justiça.

3º Que o Espiritismo, como ciência psicológica, prova a existência da alma e dá a explicação mais lógica e racional das relações mútuas que existem entre alma e corpo.

4º Que o Espiritismo leva racionalmente à unidade da crença em Deus, à segurança em uma vida futura, à convicção da responsabilidade dos nossos atos e da necessidade da reencarnação, como meio de evolução indefinida, bem no nosso planeta ou nos mundos siderais.

5º Que o Espiritismo chegará a constituir uma ciência social, destinada a resolver os problemas humanitários da educação e instrução integral para ambos os sexos; da legislação, da propriedade, da mutualidade, de associação e de fraternidade.

6º Que todos os homens devem respeitar os investigadores da verdade, mesmo aqueles não adeptos da escola de Allan Kardec.

O Congresso admite as proposições seguintes, e os Delegados que as formulam propõem-se a colocá-las em prática nos respectivos países, logo que permitido por circunstâncias favoráveis.

1.º Vulgarizar os elementos da Doutrina no ensino popular e tender ao estabelecimento de cátedras da filosofia Espírita nos colégios superiores.

2.º Propagar a Doutrina entre as massas, nas oficinas, nos centros industriais e as mais humildes moradias, a través de folhetos, palestras gratuitas e jornais.

3.º Buscar a maneira de publicar todas as obras espíritas em Edições populares baratíssimas.

4.º Lembrar as Sociedades Espíritas que o mestre Allan Kardec nos tem advertido para não aceitar sem um severo critério todas as comunicações, pois que a absoluta credulidade desacredita o Espiritismo.

5.º Recomendar pesquisas imparciais e racionais da Doutrina, porque se é necessária uma federação geral dos Espíritas, não é menos preciso que cada um possa ter liberdade absoluta para buscar a Verdade filosófica segundo o próprio talento e inclinações.

6.º Ensinar que não faz falta usar o ostracismo nem sequer com os Espíritas dissidentes; as nossas fileiras devem ficar livre e amplamente abertas.

7.º Interessar os Espíritas na Cooperação, na Associação, segundo a forma criada por M. Godin em Guise (França) com seu Familistério. – Maneira de irmanar o Capital com o Trabalho.

8.º Transformar as prisões penitenciárias em institutos de moralização, de sorte que seja possível, como na Sociedade de mulheres libertas de São Lázaro (Paris), a reabilitar o homem caído no crime; e trabalhar para que todos os sistemas cíveis e penais sejam modificados no sentido da Caridade e da verdadeira Justiça.

9.º Substituir o Individualismo pelo Coletivismo, e opor o Direito e a Razão à força e a violência.
10.º Instituir a arbitragem internacional permanente, para evitar os conflitos de nação a nação.

11.º Pela palavra e pela imprensa chegar progressivamente a desarmar as nações e a abolir as fronteiras.

12.º Tender continuamente a unir e federar os Espíritas de um país, bem como a federar todos os Centros nacionais da nossa terra.

13.º Trabalhar para destruir sobre o Planeta os últimos resquícios da escravidão em todas as suas formas.

12 de Setembro de 1888.
P. G. Leymarie, publicitário. —Doutor Giovanni Hoffman. — Major - Cavalheiro Efisio Ungher.—Professor- Doutor Ercole Chiaia. — Professor José Nicolau Bartomeu.

A Proposição Hispano-Americana tem a honra de submeter à aprovação do Congresso as conclusões seguintes:

1º Declaração de princípios (Vide síntese)

2º Normas de comportamento.

3º Bases de organização geral.

4º O Congresso proclama a necessidade da livre emissão do pensamento, de palavra e por escrito, na Imprensa, na Tribuna, na Cátedra e por todos os meios que forem lícitos.

5º A absoluta liberdade de professar e praticar toda doutrina segundo os princípios da Moral Universal.

6º A liberdade de associação para constituir Sociedades de propaganda da nossa Doutrina.

7º A formação de Ligas contra a Ignorância para difundir a instrução entre as classes populares.

8º O ensino íntegro e laico para ambos os sexos, como meio para evitar a autoritária imposição de crença religiosa determinada.

9º A elevação do sentimento pela educação artística.

10º Registro cível de nascimentos, único obrigatório; matrimônio cível e secularização dos cemitérios.

11º A Justiça como princípio na resolução dos problemas sociais e econômicos.

12º Formação de Sociedades de Socorros mútuos, Cooperativas e outras que tendam a proteger a vida e a facilitar o bem-estar material e moral.

13º Moralização do penado. Abolição da pena de morte e das perpétuas.

14º Criação de Ligas da Paz para difundir a ideia da Arbitragem Internacional, com a finalidade de evitar conflitos que levem a uma intervenção da força armada. Desarme dos exércitos permanentes.

15º O Cosmopolitismo presidindo a todas as relações sociais.

15º União fraternal ibero-americana. Relação íntima entre as suas Sociedades espíritas.
17º Organização de todos os Espíritas pelos princípios de autonomia e federação.

Dr. Manuel Sanz Benito. — Eulogio Prieto. — Pedro Fortoult Hurtado.— Miguel Vives.— Juan Chinchilla.





CONCLUSÕES APROVADAS O primeiro CONGRESSO INTERNACIONAL ESPÍRITA  afirma e proclama a existência e virtualidade do Espiritismo como a Ciência integral e progressiva.

São seus FUNDAMENTOS
1.    Existência de Deus.

2.    Infinidade de mundos habitados.

3.    Preexistência e persistência eterna do Espírito.

4.  Demonstração experimental da supervivência da alma humana pela comunicação mediúnica com os espíritos.

5.    Infinidade de fases na Vida permanente de cada ser.

6.    Recompensas e penas, como consequência natural dos atos.

7.    Evolução infinita. Comunhão universal dos povos. Solidariedade.


CARACTERES ATUAIS DA DOUTRINA

1º Constitui uma Ciência positiva e experimental.

2º  É a forma contemporânea da Revelação.

3º  Marca uma etapa importantíssima na evolução humana.

4º Dá solução aos mais árduos problemas morais e sociais.

5º Depura a razão e o sentimento, e satisfaz a consciência.

6º Não impõe uma crença, convida para um estudo.

7º Realiza uma grande aspiração que responde a uma necessidade histórica.

Como consequência e desenvolvimento lógico dos seus Princípios, o Congresso Espírita entende que toda Associação e todo adepto devem, por todos os meios lícitos que estiverem ao seu alcance, dar apoio e cooperação a todas as individualidades, coletividades ou empresas civilizadoras venha a conhecer e, portanto, aconselha:

A.- O estudo da Doutrina, na multiplicidade total do seu contido.

B.- A sua propaganda incessante por todo meio lícito.

C.- A sua constante realização pela prática das mais severas virtudes públicas e privadas. Para conquistar seus fins, o Congresso Espírita entende que toda Associação e adepto deverão considerar sempre o resto dos homens de boa vontade como irmãos para combater o vício, o erro e os sofrimentos humanos. - Como consequência disso, aconselha:

 D. – O respeito profundo por todos os pesquisadores ou propagandistas da verdade, mesmo se não forem espíritas.

E. – O esforço constante para difundir o Laicismo por todas as esferas da vida. – A absoluta liberdade de Pensamento, o Ensino integral para ambos os sexos e o Cosmopolitismo como base das relações sociais.

F. – Federação autônoma de todos os espíritas. – Todo adepto pertencerá a uma Sociedade legalmente constituída; toda Sociedade manterá relações constantes com o Centro da sua cidade; todo Centro local deverá sustentá-las com seu Centro Nacional, diretamente ou por intermédio de Centros Regionais; cada Centro Nacional deverá sustentá-las por sua vez, com os restantes. Todos sempre sob a única lei do amor mútuo, para obter um dia a fraternidade universal.

Finalmente, o Congresso Espírita deve fazer constar que não convém aceitar sem prévio exame nenhuma solidariedade doutrinal com indivíduos ou coletividades que não derem ouvidos aos conselhos acima. Deve lembrar também que Allan Kardec já apontava os perigos da excessiva credulidade nas comunicações mediúnicas: “Devem ser submetidas ao crisol da Razão e da Lógica”, visto que o fato da morte, por si só, não garante uma evolução.

Barcelona, 13 de setembro de 1888.


Presidente honorário, José María Fernádez — Presidentes, El Vizconde de Torres-Solanot. — P. G. Leymarie. — Efisio Ungher. — Dr. Huelbes Tenprado. — Vice presidentes Amalia Domingo y Soler. — Facundo Usich. —Juan Hoffman. — Pedro Fortoult Hurtado. — Dr. Hércules Chiaia. — Edward Troula. — Miguel Vives. — Secretários, Dr. Manuel Sanz Benito. — Eulogio Prieto. — Modesto Casanovas. — Narciso Moret.


fonte: www.autoresespiritasclassicos.com.br

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