Um fato histórico que precisa ser estudado e refletido sobre o Movimento Espírita e em particular o brasileiro.
" Espiritismo,
que com uma potência até agora desconhecida, levanta uma doutrina,
baseada em uma filosofia, constitui uma nova ciência, e ao mesmo tempo
em que eleva a razão e o sentimento, satisfaz a consciência; do
Espiritismo, que empurrando-nos pelas duas vias convergentes, a do
estudo do espírito e a do estudo da matéria, trata de nos aproximar,
através do trabalho e da virtude, ao caminho do cumprimento dos nossos
fins, dando-nos uma doutrina consoladora e uma elevada aspiração, e nos
ensina os meios para chegar a um almejado aprimoramento". (texto introdutório da abertura do Primeiro Congresso Internacional Espírita)
PROPOSIÇÕES
Os Relatores
Franco-Belga-Italiano, unidos, têm a honra de apresentar à aprovação do Congresso as
seguintes Conclusões:
O CONGRESSO INTERNACIONAL
ESPÍRITA afirma e proclama a existência real e indiscutível das relações que
existem entre almas encarnadas e desencarnadas; e considerando estas relações
nas suas fases diversas, declara:
1º Que o Espiritismo é uma
ciência positiva e experimental, confirmada pela História e as constantes
investigações metódicas.
2º Que o Espiritismo é uma
ciência filosófica superior que satisfaz, mais do que nenhuma outra, a
inteligência, a consciência, a razão e a justiça.
3º Que o Espiritismo, como
ciência psicológica, prova a existência da alma e dá a explicação mais lógica e
racional das relações mútuas que existem entre alma e corpo.
4º Que o Espiritismo leva
racionalmente à unidade da crença em Deus, à segurança em uma vida futura, à
convicção da responsabilidade dos nossos atos e da necessidade da reencarnação,
como meio de evolução indefinida, bem no nosso planeta ou nos mundos siderais.
5º Que o Espiritismo chegará a
constituir uma ciência social, destinada a resolver os problemas humanitários
da educação e instrução integral para ambos os sexos; da legislação, da
propriedade, da mutualidade, de associação e de fraternidade.
6º Que todos os homens devem
respeitar os investigadores da verdade, mesmo aqueles não adeptos da escola de
Allan Kardec.
O Congresso admite as
proposições seguintes, e os Delegados que as formulam propõem-se a colocá-las
em prática nos respectivos países, logo que permitido por circunstâncias
favoráveis.
1.º Vulgarizar os elementos da
Doutrina no ensino popular e tender ao estabelecimento de cátedras da filosofia
Espírita nos colégios superiores.
2.º Propagar a Doutrina entre
as massas, nas oficinas, nos centros industriais e as mais humildes moradias, a
través de folhetos, palestras gratuitas e jornais.
3.º Buscar a maneira de
publicar todas as obras espíritas em Edições populares baratíssimas.
4.º Lembrar as Sociedades
Espíritas que o mestre Allan Kardec nos tem advertido para não aceitar sem um
severo critério todas as comunicações, pois que a absoluta credulidade
desacredita o Espiritismo.
5.º Recomendar pesquisas
imparciais e racionais da Doutrina, porque se é necessária uma federação geral
dos Espíritas, não é menos preciso que cada um possa ter liberdade absoluta
para buscar a Verdade filosófica segundo o próprio talento e inclinações.
6.º Ensinar que não faz falta
usar o ostracismo nem sequer com os Espíritas dissidentes; as nossas fileiras
devem ficar livre e amplamente abertas.
7.º Interessar os Espíritas na
Cooperação, na Associação, segundo a forma criada por M. Godin em Guise
(França) com seu Familistério. – Maneira de irmanar o Capital com o Trabalho.
8.º Transformar as prisões
penitenciárias em institutos de moralização, de sorte que seja possível, como
na Sociedade de mulheres libertas de São Lázaro (Paris), a reabilitar o homem
caído no crime; e trabalhar para que todos os sistemas cíveis e penais sejam
modificados no sentido da Caridade e da verdadeira Justiça.
9.º Substituir o
Individualismo pelo Coletivismo, e opor o Direito e a Razão à força e a
violência.
10.º Instituir a arbitragem
internacional permanente, para evitar os conflitos de nação a nação.
11.º Pela palavra e pela
imprensa chegar progressivamente a desarmar as nações e a abolir as fronteiras.
12.º Tender continuamente a
unir e federar os Espíritas de um país, bem como a federar todos os Centros
nacionais da nossa terra.
13.º Trabalhar para destruir
sobre o Planeta os últimos resquícios da escravidão em todas as suas formas.
12 de Setembro de 1888.
P. G. Leymarie, publicitário.
—Doutor Giovanni Hoffman. — Major - Cavalheiro Efisio Ungher.—Professor- Doutor
Ercole Chiaia. — Professor José Nicolau Bartomeu.
A Proposição Hispano-Americana
tem a honra de submeter à aprovação do Congresso as conclusões seguintes:
1º Declaração de princípios
(Vide síntese)
2º Normas de comportamento.
3º Bases de organização geral.
4º O Congresso proclama a
necessidade da livre emissão do pensamento, de palavra e por escrito, na
Imprensa, na Tribuna, na Cátedra e por todos os meios que forem lícitos.
5º A absoluta liberdade de
professar e praticar toda doutrina segundo os princípios da Moral Universal.
6º A liberdade de associação
para constituir Sociedades de propaganda da nossa Doutrina.
7º A formação de Ligas contra
a Ignorância para difundir a instrução entre as classes populares.
8º O ensino íntegro e laico
para ambos os sexos, como meio para evitar a autoritária imposição de crença
religiosa determinada.
9º A elevação do sentimento
pela educação artística.
10º Registro cível de
nascimentos, único obrigatório; matrimônio cível e secularização dos
cemitérios.
11º A Justiça como princípio
na resolução dos problemas sociais e econômicos.
12º Formação de Sociedades de
Socorros mútuos, Cooperativas e outras que tendam a proteger a vida e a
facilitar o bem-estar material e moral.
13º Moralização do penado.
Abolição da pena de morte e das perpétuas.
14º Criação de Ligas da Paz
para difundir a ideia da Arbitragem Internacional, com a finalidade de evitar
conflitos que levem a uma intervenção da força armada. Desarme dos exércitos
permanentes.
15º O Cosmopolitismo
presidindo a todas as relações sociais.
15º União fraternal
ibero-americana. Relação íntima entre as suas Sociedades espíritas.
17º Organização de todos os
Espíritas pelos princípios de autonomia e federação.
Dr. Manuel Sanz Benito. —
Eulogio Prieto. — Pedro Fortoult Hurtado.— Miguel Vives.— Juan Chinchilla.
CONCLUSÕES APROVADAS O
primeiro CONGRESSO INTERNACIONAL ESPÍRITA afirma e proclama a existência e virtualidade
do Espiritismo como a Ciência integral e progressiva.
São seus FUNDAMENTOS
1.
Existência de Deus.
2.
Infinidade de mundos habitados.
3.
Preexistência e persistência eterna do
Espírito.
4. Demonstração experimental da supervivência da
alma humana pela comunicação mediúnica com os espíritos.
5.
Infinidade de fases na Vida permanente de cada
ser.
6.
Recompensas e penas, como consequência natural
dos atos.
7.
Evolução infinita. Comunhão universal dos
povos. Solidariedade.
CARACTERES
ATUAIS DA DOUTRINA
1º
Constitui uma Ciência positiva e experimental.
2º É a forma contemporânea da Revelação.
3º Marca uma etapa importantíssima na evolução
humana.
4º Dá
solução aos mais árduos problemas morais e sociais.
5º
Depura a razão e o sentimento, e satisfaz a consciência.
6º Não
impõe uma crença, convida para um estudo.
7º
Realiza uma grande aspiração que responde a uma necessidade histórica.
Como
consequência e desenvolvimento lógico dos seus Princípios, o Congresso Espírita
entende que toda Associação e todo adepto devem, por todos os meios lícitos que
estiverem ao seu alcance, dar apoio e cooperação a todas as individualidades,
coletividades ou empresas civilizadoras venha a conhecer e, portanto,
aconselha:
A.- O
estudo da Doutrina, na multiplicidade total do seu contido.
B.- A
sua propaganda incessante por todo meio lícito.
C.- A
sua constante realização pela prática das mais severas virtudes públicas e
privadas. Para conquistar seus fins, o Congresso Espírita entende que toda
Associação e adepto deverão considerar sempre o resto dos homens de boa vontade
como irmãos para combater o vício, o erro e os sofrimentos humanos. - Como consequência
disso, aconselha:
D. – O respeito profundo por todos os pesquisadores ou
propagandistas da verdade, mesmo se não forem espíritas.
E. – O
esforço constante para difundir o Laicismo por todas as esferas da vida. – A
absoluta liberdade de Pensamento, o Ensino integral para ambos os sexos e o
Cosmopolitismo como base das relações sociais.
F. –
Federação autônoma de todos os espíritas. – Todo adepto pertencerá a uma
Sociedade legalmente constituída; toda Sociedade manterá relações constantes
com o Centro da sua cidade; todo Centro local deverá sustentá-las com seu
Centro Nacional, diretamente ou por intermédio de Centros Regionais; cada Centro
Nacional deverá sustentá-las por sua vez, com os restantes. Todos sempre sob a
única lei do amor mútuo, para obter um dia a fraternidade universal.
Finalmente,
o Congresso Espírita deve fazer constar que não convém aceitar sem prévio exame
nenhuma solidariedade doutrinal com indivíduos ou coletividades que não derem
ouvidos aos conselhos acima. Deve lembrar também que Allan Kardec já apontava
os perigos da excessiva credulidade nas comunicações mediúnicas: “Devem ser
submetidas ao crisol da Razão e da Lógica”, visto que o fato da morte, por si
só, não garante uma evolução.
Barcelona,
13 de setembro de 1888.
Presidente
honorário, José María Fernádez — Presidentes, El Vizconde de Torres-Solanot. —
P. G. Leymarie. — Efisio Ungher. — Dr. Huelbes Tenprado. — Vice presidentes
Amalia Domingo y Soler. — Facundo Usich. —Juan Hoffman. — Pedro Fortoult
Hurtado. — Dr. Hércules Chiaia. — Edward Troula. — Miguel Vives. — Secretários,
Dr. Manuel Sanz Benito. — Eulogio Prieto. — Modesto Casanovas. — Narciso Moret.
fonte: www.autoresespiritasclassicos.com.br
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