Estudando o Evangelho na Sociedade Espírita Caminho da Paz de João Pessoacom os irmão da União Espírita uma Luz no Caminho - Bayeux |
Inegavelmente, o Espiritismo está na vanguarda do
pensamento religioso do mundo. Um centro espírita é, na Terra, um posto
avançado da Espiritualidade Superior. E, como ainda estamos num mundo de provas
e expiações, as investidas das Trevas para desestruturá-lo são constantes.
Houve tempo em que os ataques provinham de fora, como um
bombardeio, mas hoje as Trevas procuram atuar no interior das casas espíritas,
aplicando um processo de implosão. Os inimigos da Doutrina já se convenceram de
que o bombardeio externo não produz os efeitos desejados. Pelo contrário,
constituem até propaganda. O Espiritismo já venceu a batalha exterior, pois
hoje é respeitado e as suas casas não mais são molestadas como o eram
antigamente, até com ataques físicos. Hoje, o desafio maior é no interior delas, porque atualmente
os inimigos do Bem procuram agir dentro da própria casa espírita, semeando a
discórdia, o descontentamento, o estrelismo entre os colaboradores.
Por isso, o “orai e vigiai para não cairdes em tentação” (Mat, 16:
41) é ensinamento para ser lembrado a toda hora. A manutenção do bom clima
espiritual não deve ser deixada por conta somente dos trabalhadores
espirituais.
Além das reuniões de trabalho rotineiro deverá haver
outras, de simples convivência, entre os trabalhadores. Um cafezinho, um chá,
tudo muito simples, sem oportunidade para concursos de iguarias.
Compromisso diário de todos os colaboradores: leitura de
uma página de um bom livro, como esses: Pão Nosso, Vinha de Luz, Fonte Viva,
Caminho Verdade e Vida, Ceifa de Luz, ou de obra similar, e depois alguns
minutos de reflexão e prece. (O Evangelho Segundo o Espiritismo)
Cultivo incessante da sinceridade, mas não da franqueza
rude. Cultivo constante da boa vontade. Cuidado para não abrigar pensamentos
negativos em relação aos companheiros. Prática
constante da higiene mental.
Leitura frequente de livros como “Nosso Lar”, observando como se
relacionam os trabalhadores no Mundo Espiritual, atentando-se para o cuidado
com os comentários feitos, tanto orais quanto mentais. (O Livro dos Espíritos e O
Céu e o inferno – AK como referencial-básico)
O trabalhador deve sempre lembrar-se de que deve orar, com unção,
pensando no alcance do trabalho, valorizando-o, assim impedindo que se
estabeleça um clima de simples rotina. O
trabalhador deve cultivar um estado de espírito que retrate sempre o entusiasmo
dos primeiros tempos em que foi admitido na tarefa. Deve, periodicamente, em clima de prece,
avaliar, refletir, analisar seu próprio desempenho. Deve
lembrar-se de que, durante o sono, pode continuar seus estudos, visando a um
aprimoramento na sua capacidade de servir. (Missionários da Luz, cap. 8)
O trabalhador de uma casa espírita, de qualquer setor, ao buscar
servir com dedicação, tem oportunidade de preparar-se convenientemente para a
convivência e o serviço no Mundo Espiritual, para onde irá depois de
desencarnar, para apenas continuar servindo. Para o trabalhador verdadeiramente
integrado na tarefa espírita, a desencarnação significará apenas a mudança do lugar
de serviço.
Nas reuniões abertas ao público, deve ser dada uma atenção especial
à recepção das pessoas que chegam à casa espírita. O acolhimento fraternal é de
valor inestimável, pois não raro coroa os esforços de um Espírito que para ali
encaminhou seu protegido
Deve merecer especial cuidado o material escrito que é
passado ao público, seja na livraria ou na simples distribuição de jornais,
revistas ou panfletos. Nada, que não tenha passado pelo exame rigoroso de
pessoas responsáveis, deverá ser entregue ao público.
A tribuna só deverá ser acessada por pessoas bem
conhecidas dos responsáveis pela casa, não só quanto ao conhecimento
doutrinário e capacidade de comunicação, mas também quanto à sua conduta pessoal.
Muito importante é a divisão do acervo literário. A casa espírita
deverá ter uma biblioteca para empréstimo, constituída de obras de base
doutrinária indiscutível, devidamente examinadas pelos responsáveis.
Qualquer obra nova só
poderá ser posta ao alcance do público depois de criteriosamente avaliada, pois
tudo o que o leigo adquirir no Centro será tomado como pensamento espírita.
Uma biblioteca
interna – para estudo dos trabalhadores da casa – poderá conter até livros
que combatem o Espiritismo. Entretanto, se, por um lado, podemos “examinar
tudo”, como disse o Apóstolo Paulo (I Tes, 25: 21), por outro, só devemos
passar ao público, numa casa espírita, aquilo que se enquadre perfeitamente nos
postulados espíritas.
Deve-se ter especial cuidado para que o centro espírita não se
torne uma “casa
de bênçãos”, onde não haja esclarecimento suficiente sobre o uso
e a eficácia do passe, da água fluida e da mediunidade. O público deve ser informado periodicamente sobre a finalidade
terapêutica do passe e da água fluida, a fim de que não sejam tomados como
parte rotineira das práticas espíritas.
Cuidar para que as palestras não fiquem exclusivamente no campo
científico, nem unicamente naquele do sentimento. Jesus sempre sensibilizou
o coração falando igualmente à razão, o que levou Kardec a inserir, na folha de
rosto de O Evangelho segundo o Espiritismo, esse ensinamento lapidar: “Fé
inabalável só o é a que pode encarar frente a frente a razão em todas as épocas
da humanidade. ”
A prática mediúnica deve ser dirigida prioritariamente ao
socorro e encaminhamento de Espíritos desencarnados que se encontram em
sofrimento, causando, por vezes, dificuldades a desencarnados e a encarnados,
em fenômenos obsessivos. Hoje, infelizmente, em muitas casas
espíritas a introdução do estudo da mediunidade e da avaliação do trabalho
mediúnico ainda constitui um sério desafio. Atualmente,
está se generalizando a prática da psicografia como correio do Além, produzindo até mensagens sob encomenda.
=è Outro desvio do uso da mediunidade
refere-se à produção desenfreada de livros, sem que tenham passado pelo
imprescindível controle doutrinário. Muitas obras comprometedoras são
comercializadas sob a capa de obtenção de recursos para manutenção de creches,
de abrigos para idosos, de auxilio aos pobres, como se o fim justificasse os
meios.
Chás, lanches, almoços e
jantares, objetivando a obtenção de recursos deverão ser levados a efeito com
parcimônia, para não se tornarem prática constante, capaz de desviar os
objetivos da casa espírita. O Centro espírita deve ser, antes de tudo, uma
escola de educação de almas.
José Passini** Esperantista conhecido internacionalmente, Passini foi reitor da Universidade Federal de Juiz de Fora. Doutor em Lingüística, seu extenso currículo revela a ocupação de diversos cargos em casas espíritas. Atualmente ele faz parte da equipe do programa Opinião Espírita (rádio e TV) e do Departamento de Evangelização da Criança da Aliança Municipal Espírita de Juiz de Fora.
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