sábado, 27 de abril de 2019

Racionalidade e Bom Senso II - Sobre caráter progressivo da Doutrina e reflexões sobre Inovações - Allan Kardec

Os perigos e inovações no Movimento Espirita – Doutrina Espírita


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O terceiro ponto, enfim, é inerente ao caráter essencialmente progressivo da Doutrina. Do fato de que ela não embala sonhos irrealizáveis para o presente, não se segue que se imobiliza no presente. Exclusivamente apoiada sobre as leis da Natureza, não pode mais variar do que essas leis, mas se uma nova lei é descoberta, deve a ela ligar -se; não deve fechar a porta a nenhum progresso, sob pena de se suicidar: assimilando todas as ideias reconhecidas justas, de qualquer ordem que sejam, físicas ou metafísicas, não será jamais ultrapassada, e aí está uma das principais garantias de sua perpetuidade. (Allan Kardec, Obras Póstumas – dos Cismas)

Em O Livro dos Médiuns, Allan Kardec e os Espíritos Guias afirmam que: ... todo ensino metódico tem que partir do conhecido para o desconhecido. OLM item 19). (eis uma das garantias contra as "ideias inovadoras" tão em moda no movimento espírita.

Allan Kardec alerta ainda os “cismas” que poderiam e podem afetar o Espiritismo. Vejamos um extrato do assunto.

“Uma questão que desde logo se apresenta é a dos cismas que poderão nascer no seio da Doutrina. Estará preservado deles o Espiritismo?

Não, certamente, porque terá, sobretudo no começo, de lutar contra as ideias pessoais, sempre absolutas, tenazes, refratárias a se amalgamarem com as ideias dos demais; e contra a ambição dos que, a despeito de tudo, se empenham por ligar seus nomes a uma inovação qualquer; dos que criam novidades só para poderem dizer que não pensam ou agem como os outros, pois lhes sofre o amor-próprio por ocuparem uma posição secundária.

Destaque em negrito: “inovação qualquer” e “criam novidades”.  Mas, para tais inovações ou novidades, é necessário ter um controle, um alerta, ou melhor uma instrução totalmente esquecida no movimento espirita. Publica-se de tudo, sem nenhum controle.

O primeiro controle, é, sem contradita, o da razão, ao qual é necessário submeter, sem exceção, tudo o que vem dos Espíritos. Toda teoria em contradição manifesta com o bom senso, com uma lógica rigorosa, com os dados positivos que possuímos, por mais respeitável que seja o nome que a assine, deve ser rejeitada. Mas esse controle é incompleto para muitos casos, em virtude da insuficiência de conhecimentos de certas pessoas, e da tendência de muitos, de tomarem seu próprio juízo por único árbitro da verdade. Em tais casos, que fazem os homens que não confiam absolutamente em si mesmos? Aconselham-se com os outros, e a opinião da maioria lhes serve de guia. Assim deve ser no tocante ao ensino dos Espíritos, que nos fornecem por si mesmos os meios de controle. (ESE – Introdução, Allan Kardec)

Desta forma, “A única garantia segura do ensino dos Espíritos está na concordância das revelações feitas espontaneamente, através de um grande número de médiuns, estranhos uns aos outros, e em diversos lugares”. (Idem acima”)

Esse controle universal é uma garantia para a unidade futura do Espiritismo, e anulará todas as teorias contraditórias. É nele que, no futuro, se procurará o critério da verdade. O que determinou o sucesso da doutrina formulada no O Livro dos Espíritos e no O Livro dos Médiuns, foi que, por toda parte, cada qual pode receber, diretamente dos Espíritos, a confirmação do que eles afirmavam. (ESE, introdução).

Reflexão final:
Suponhamos, portanto, que alguns Espíritos queiram ditar, com qualquer título, um livro de sentido contrário; suponhamos mesmo que com intenção hostil, e com o fim de desacreditar a doutrina, a violência suscitasse comunicações apócrifas. Que influência poderiam ter esses escritos?

Almas gêmeas? Planeta higienizador? Crianças Índigos?  Inovações? Novidades?

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