O terceiro ponto, enfim, é inerente ao caráter essencialmente
progressivo da Doutrina. Do fato de que ela não embala sonhos irrealizáveis
para o presente, não se segue que se imobiliza no presente. Exclusivamente
apoiada sobre as leis da Natureza, não pode mais variar do que essas leis, mas
se uma nova lei é descoberta, deve a ela ligar -se; não deve fechar a porta a
nenhum progresso, sob pena de se suicidar: assimilando todas as ideias
reconhecidas justas, de qualquer ordem que sejam, físicas ou metafísicas, não
será jamais ultrapassada, e aí está uma das principais garantias de sua
perpetuidade. (Allan Kardec, Obras Póstumas – dos Cismas)
Em O Livro dos Médiuns, Allan Kardec e os Espíritos
Guias afirmam que: ... todo
ensino metódico tem que partir do conhecido para o desconhecido. OLM item 19). (eis uma das garantias contra as "ideias inovadoras" tão em moda no movimento espírita.
Allan Kardec alerta ainda os “cismas” que poderiam e podem
afetar o Espiritismo. Vejamos um extrato do assunto.
“Uma questão que desde logo se apresenta é a dos cismas que
poderão nascer no seio da Doutrina. Estará preservado deles o Espiritismo?
Não, certamente, porque terá, sobretudo no começo, de lutar
contra as ideias pessoais, sempre absolutas, tenazes, refratárias a se
amalgamarem com as ideias dos demais; e contra a ambição dos que, a despeito de
tudo, se empenham por ligar seus nomes a uma inovação qualquer; dos que criam
novidades só para poderem dizer que não pensam ou agem como os outros, pois
lhes sofre o amor-próprio por ocuparem uma posição secundária.
Destaque em negrito: “inovação qualquer” e “criam novidades”. Mas, para tais inovações ou novidades, é
necessário ter um controle, um alerta, ou melhor uma instrução totalmente
esquecida no movimento espirita. Publica-se de tudo, sem nenhum controle.
O primeiro controle, é, sem contradita, o da razão, ao qual é
necessário submeter, sem exceção, tudo o que vem dos Espíritos. Toda teoria em
contradição manifesta com o bom senso, com uma lógica rigorosa, com os dados
positivos que possuímos, por mais respeitável que seja o nome que a assine,
deve ser rejeitada. Mas esse controle é incompleto para muitos casos, em
virtude da insuficiência de conhecimentos de certas pessoas, e da tendência de
muitos, de tomarem seu próprio juízo por único árbitro da verdade. Em tais
casos, que fazem os homens que não confiam absolutamente em si mesmos?
Aconselham-se com os outros, e a opinião da maioria lhes serve de guia. Assim
deve ser no tocante ao ensino dos Espíritos, que nos fornecem por si mesmos os
meios de controle. (ESE – Introdução, Allan Kardec)
Desta forma, “A única garantia segura do ensino dos Espíritos
está na concordância das revelações feitas espontaneamente, através de um
grande número de médiuns, estranhos uns aos outros, e em diversos lugares”. (Idem
acima”)
Esse controle universal é uma garantia para a unidade futura
do Espiritismo, e anulará todas as teorias contraditórias. É nele que, no futuro,
se procurará o critério da verdade. O que determinou o sucesso da doutrina
formulada no O Livro dos Espíritos e no O Livro dos Médiuns, foi que, por toda
parte, cada qual pode receber, diretamente dos Espíritos, a confirmação do que
eles afirmavam. (ESE, introdução).
Reflexão final:
Suponhamos, portanto, que alguns Espíritos queiram ditar, com
qualquer título, um livro de sentido contrário; suponhamos mesmo que com
intenção hostil, e com o fim de desacreditar a doutrina, a violência suscitasse
comunicações apócrifas. Que influência poderiam ter esses escritos?
Almas gêmeas? Planeta higienizador? Crianças Índigos? Inovações? Novidades?
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