sábado, 27 de julho de 2019

Problemática do inter-relacionamento familial.




Divórcio, Separação, Relacionamento


A confiança é o alicerce de qualquer relacionamento interpessoal e o confiar plenamente ou não, vai depender da historia de vida de cada pessoa, dos valores éticos e morais, da conduta aceitável e inaceitável.


... Reconcilia-te com o teu adversário – advertiu Cristo – enquanto estás a caminho com ele.
E não é precisamente no círculo aconchegante da família que estamos a caminho com aquele que a nossa insensatez converteu em adversário?

O espiritismo coloca, pois, sob perspectiva inteiramente renovada e até inesperada, além de criativa e realista, a difícil e até agora inexplicável problemática do inter-relacionamento familial.

Se um membro de nossa família tem dificuldades em nos aceitar, em nos entender, em nos amar, podemos estar certos de que tais dificuldades foram criadas por nós mesmos num relacionamento anterior em que as nossas paixões ignoraram o bom senso.

- E a repulsão instintiva que se experimenta por algumas pessoas, donde se origina? Perguntou Kardec aos seus instrutores (LIVRO DOS ESPÍRITOS, Pergunta 389).

- São espíritos antipáticos que se adivinham e reconhecem, sem se falarem.

O ponto de encontro de muitas dessas antipatias, que necessitam do toque mágico do amor e do entendimento, é a família consanguíneo, célula de um organismo mais amplo que é a família espiritual, que por sua vez, é a célula da instituição infinitamente mais vastas que são a família mundial e, finalmente, a universal.

A Doutrina considera a instituição do casamento como instrumento do “progresso na marcha da humanidade” e, reversamente, a abolição do casamento como “uma regressão à vida dos animais”. (Questões 695 e 696, de O LIVRO DOS ESPÍRITOS). Como vimos há pouco, é também essa a opinião dos cientistas especializados responsáveis.

Ao comentar as questões indicadas, Kardec acrescentou que – “O estado de natureza é o da união livre e fortuita dos sexos. O casamento constitui um dos primeiros atos de progresso nas sociedades humanas, porque estabelece a solidariedade fraterna e se observa entre todos os povos, se bem que em condições diversas”.

No que, mais uma vez, estão de acordo estudiosos do problema do ponto de vista científico e formuladores e divulgadores da Doutrina Espírita.

Isto nos leva à delicada questão do divórcio, reconhecido como uma das principais causas desagregadoras do casamento e, por extensão, da família.

O problema da indissolubilidade do casamento foi abordado pelos Espíritos, de maneira bastante sumária, na Questão nº. 697. Perguntados sobre se “Está na lei da Natureza, ou somente na lei humana a indissolubilidade absoluta do casamento”, responderam na seguinte forma:

- É uma lei muito contrária à da Natureza. Mas os homens podem modificar suas leis; só as da Natureza são imutáveis.

O que, exatamente, quer dizer isso?

Anéis, Casamento, Bandas, Dupla, MaridoEm primeiro lugar, convém chamar a atenção para o fato de que a resposta foi dada no contexto de uma pergunta específica sobre a indissolubilidade absoluta.

Realmente, a lei natural ou divina não impõe inapelavelmente um tipo rígido de união, mesmo porque o livre arbítrio é princípio fundamental, direito inalienável do ser humano. “Sem o livre arbítrio – consta enfaticamente da Questão nº. 843 de O LIVRO DOS ESPÍRITOS – o homem seria máquina”.

A lei natural, por conseguinte, não iria traçar limites arbitrários às opções humanas, encadeando homens e mulheres a um severo regime de escravidão, que poderá conduzir a situações calamitosas em termos evolutivos, resultando em agravamento dos conflitos, em lugar de os resolver, ou pelo menos atenuá-los.

Ademais, como vimos lembrando repetidamente, o Espiritismo não se propõe a ditar regras de procedimento específico para cada situação da vida. O que oferece são princípios gerais, é uma estrutura básica, montada sobre a permanência e estabilidade de verdades testadas e aprovadas pela experiência de muitos milênios.

Que dentro desse espaço se movimente a criatura humana no exercício pleno de seu livre arbítrio e decida o que melhor lhe convém, ante o conjunto de circunstâncias em que se encontra.
O casamento é compromisso espiritual previamente negociado e acertado, ainda que nem sempre aceito de bom grado pelas partes envolvidas. São muitos, senão maioria, os que se unem na expectativa de muitos anos de turbulência e mal-entendidos porque estão em débito com o parceiro que acolhem, precisamente para que se conciliem se ajustem se pacifiquem e se amem ou, pelo menos, se respeitem e estimem.

Mergulhados, porém, na carne, os bons propósitos do devedor, que programou para si mesmo um regime de tolerância e autocontrole, podem falhar.

Como também pode exorbitar da sua desejável moderação o parceiro que vem para receber a reparação, e em lugar de recolher com serenidade o que lhe é devido (e outrora lhe foi negado) em atenção, apoio, segurança e afeto, assume a atitude do tirano arbitrário que, além de exigir com intransigência o devido, humilha, oprime e odeia o parceiro que, afinal de contas, está fazendo o possível, dentro das suas limitações, para cumprir seu compromisso.
Nesses casos, o processo de ajuste – que será sempre algo difícil mas poderá desenrolar-se em clima de mútua compreensão – converte-se em vingança irracional.

Numa situação dessas, mais frequentes do que poderíamos supor, a indissolubilidade absoluta a que se refere a Codificação seria, de fato, uma lei antinatural. Se um dos parceiros da união, programada com o objetivo de promover uma retificação de comportamento, utilizou-se insensatamente da sua faculdade de livre escolha, optando pelo ódio e a vingança, quando poderia simplesmente recolher o que lhe é devido por um devedor disposto a pagar, seria injusto que a lei recusasse a este o direito de recuar do compromisso assumido, modificar seus termos, ou adiar a execução, assumindo, é claro, todas as responsabilidades decorrentes de seus atos, como sempre, aliás.

A lei divina não coonesta a violência que um parceiro se disponha a praticar sobre o outro.

 Além do mais, a dívida não é tanto com o indivíduo prejudicado quanto com a própria lei divina desrespeitada.

No momento em que arruinamos ou assassinamos alguém, cometemos, claro, um delito pessoal de maior gravidade.

É preciso lembrar, contudo, que a vítima também se encontra envolvida com a lei, que, paradoxalmente, irá exibir a reparação da falta cometida, não para vingá-la, mas para desestimular o faltoso, mostrando-lhe que cada gesto negativo cria a sua matriz de reparação.

O Cristo foi enfático e preciso ao ligar sempre o erro à dor do resgate. “Vai e não peques mais, para que não te aconteça coisa pior”, disse ele.

Escala, Peso, Libras, Equilíbrio, BlueNão há sofrimento inocente, nem cobrança injusta ou indevida. O que deve paga e o que está sendo cobrado é porque deve. Assim a própria vítima de um gesto criminoso é também um ser endividado perante a lei, por alguma razão concreta anterior, ainda que ignorada.

Se, em lugar de reconciliar-se, ela se vingar, estará reabrindo sua conta como novo débito em vez de saldá-la.

A lei natural, portanto, não prescreve a indissolubilidade mandatária e absoluta do casamento, como a caracterizou Kardec na sua pergunta. Consequentemente, a lei humana não deve ser mais realista do que a outra que lhe é superior; deve ser flexível, abrindo espaço para as opções individuais do livre arbítrio.

Isso, contudo, está longe de significar uma atitude de complacência ou de estímulo à separação dos casais em dificuldades.

O divórcio é admissível, em situações de grave conflito, nas quais a separação legal assume a condição de mal menor, em confronto com opções potencialmente mais graves que projetam ameaçadoras tragédias e aflições imprevisíveis: suicídios, assassinatos, e conflitos outros que destroem famílias e acarretam novos e pesados compromissos, em vez de resolver os que já vieram do passado por auto-herança.

Convém, portanto, atentar para todos os aspectos da questão e não ceder precipitadamente ao primeiro impulso passional ou solicitação do comodismo ou do egoísmo.

Dificuldades de relacionamento são mesmo de esperar-se na grande maioria das uniões que se processam em nosso mundo ainda imperfeito. Não deve ser desprezado o importante aspecto de que o casamento foi combinado e aceito com a necessária antecipação, precisamente para neutralizar diferenças e dificuldades que persistem entre dois ou mais Espíritos.

O que a lei divina prescreve para o casamento é o amor, na sua mais ampla e abrangente conotação, no qual o sexo é apenas a expressão física de uma profunda e serena sintonia espiritual.

Estas uniões, contudo, são ainda a exceção e não a norma. Ocorre entre aqueles que, na expressão de Jesus, Deus juntou, na imutável perfeição de suas leis.

Que ninguém os separe, mesmo porque, atingida essa fase de sabedoria, entendimento e serenidade, os Espíritos pouco se importam de que os vínculos matrimoniais sejam indissolúveis ou não em termos humanos, dado que, para eles vige a lei divina que já os uniu pelo vínculo supremo do amor.


Em suma, recuar ante uma situação de desarmonia no casamento, de um cônjuge difícil ou de problemas aparentemente insolúveis é gesto e fraqueza e covardia de graves implicações.

Somos colocados em situações dessas precisamente para resolver conflitos emocionais que nos barram os passos no caminho evolutivo. Estaremos recusando exatamente o remédio prescrito para curar mazelas persistente que se arrastam, às vezes, por séculos ou milênios aderidas à nossa estrutura espiritual.

A separação e o divórcio constituem, assim, atitudes que não devem ser assumidas antes de profunda análise e demorada meditação que nos levem à plena consciência das responsabilidades envolvidas.

Como escreveu Paulo com admirável lucidez e poder de síntese.
_ “Tudo me é lícito, mas nem tudo me convém”.

Coração, Coração Partido, SeparaçãoO Espiritismo não é doutrina do não e sim da responsabilidade, Viver é escolher, é optar, é decidir. E a escolha é sempre livre dentro de um leque relativamente amplo de alternativas. A semeadura, costumamos dizer, é voluntária; a colheita é que é sempre obrigatória.

É no contexto da família que vem desaguar um volume incalculável de consequências mais ou menos penosas resultantes de desacertos anteriores, de decisões tomadas ao arrepio das leis flexíveis e, ao mesmo tempo, severas, que regulam o universo ético em que nos movimentamos.

Para que um dia possamos desfrutar o privilégio de viver em comunidades felizes e harmoniosas, aqui ou no mundo póstumo, temos de aceitar, ainda que relutantemente, as regras do jogo da vida. O trabalho da reconciliação com espíritos que prejudicamos com o descontrole de nossas paixões, nunca é fácil e, por isso, o comodismo nos empurra para o adiantamento das lutas e renúncias por onde passa o caminho da vitória.


Como foro natural de complexos problemas humanos e núcleo inevitável das experiências retificadoras que nos incumbe levar a bom termo, a família é instrumento da redenção individual e, por extensão, do equilíbrio social.

Não precisaria de nenhuma outra razão para ser estudada com seriedade e preservada com firmeza nas suas estruturas e nos seus propósitos educativos.

Fonte: A Família como Instrumento de Redenção Espiritual

Autor: Deolindo Amorim e Hermínio C. Miranda.


outras fontes de pesquisas:
http://www.psicologiaemanalise.com.br/2010/04/confianca.html



sábado, 20 de julho de 2019

Suicídio por obsessão - Recria tua vida, sempre, sempre. Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça.



Emoções, Tristeza, Emocional, Vista


Recria tua vida, sempre, sempre.
Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça.



O suicídio não consiste somente no ato voluntário que produz a morte instantânea, mas em tudo quanto se faça conscientemente para apressar a extinção das forças vitais. Não se pode chamar de suicida aquele que dedicadamente se expõe à morte para salvar o seu semelhante, primeiro, porque, no caso, não há intenção de se privar da vida e, segundo, porque não há perigo do qual a Providência nos não possa subtrair, quando a hora não seja chegada. A morte nessas circunstâncias é sacrifício meritório, como ato de abnegação em proveito de outrem. (O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap.V, n°55,65, 66 e 67.)


Suicídio por Obsessão (Revista Espírita jan/1869)

Nota: o texto abaixo transcrito refere-se ao artigo de Allan Kardec intitulado Suicídio por Obsessão, publicado na Revista Espírita de janeiro de 1869.

“O Sr. Jean-Baptiste Sadoux, fabricante de canoas em Joinville-le-Pont, avistou ontem um jovem que, depois de ter vagueado por algum tempo sobre a ponte, subiu no parapeito e se jogou no Marne. Imediatamente foi em seu socorro e, ao cabo de sete minutos, retirou-o. Mas a asfixia já era completa, tendo sido infrutíferas todas as tentativas feitas para reanimar aquele infeliz.”

“Uma carta encontrada com ele revelou tratar-se do Sr. Paul D..., de vinte e dois anos, residente à rua Sedaine, em Paris. A carta, dirigida pelo suicida ao seu pai, era extremamente tocante. Pedia-lhe perdão por o abandonar e dizia que havia dois anos era dominado por uma ideia terrível, por uma irresistível vontade de se destruir. 

Acrescentava que lhe parecia ouvir fora da vida uma voz que o chamava sem tréguas e, malgrado todos os seus esforços, não podia impedir-se de ir para ela. 

Encontraram, também, no bolso do paletó, uma corda nova, na qual tinha sido feito um nó corredio. Depois do exame médico-legal, o corpo foi entregue à família.”
  
A obsessão aqui está bem evidente e, o que não o está menos, é que o Espiritismo lhe é completamente estranho, nova prova de que esse mal não é inerente à crença. Mas, se o Espiritismo nada tem a ver com o caso, só ele pode dar a sua explicação. 

Eis a instrução dada a respeito por um dos nossos Espíritos familiares, e da qual ressalta que, mau grado o arrastamento a que o jovem cedeu para a sua infelicidade, não sucumbiu à fatalidade. Tinha o seu livre-arbítrio e, com mais vontade, poderia ter resistido. Se tivesse sido espírita, teria compreendido que a voz que o solicitava não podia ser senão de um mau Espírito e as consequências terríveis de um instante de fraqueza.

(Paris – Grupo Desliens, 20 de dezembro de 1868 – Médium: Sr. Nivard)

A voz dizia: Vem! vem! Mas essa voz do tentador teria sido ineficaz, se a ação direta do Espírito não se tivesse feito sentir. O pobre suicida era chamado e era impelido. Por quê? Seu passado era a causa da situação dolorosa em que se achava; apegava-se à vida e temia a morte. Mas, pergunto, nesse apelo incessante que ouvia, encontrou força?

Não; hauriu a fraqueza que o perdeu. Superou os temores, porque, enfim, esperava encontrar do outro lado da vida o repouso que o lado de cá lhe negava. Foi enganado: o repouso não veio. As trevas o cercam, sua consciência lhe censura o ato de fraqueza e o Espírito que o arrastou escarnece ao seu redor e o criva de motejos constantes. 

O cego não o vê, mas escuta a voz que lhe repete: Vem! vem! E depois zomba de suas torturas.

A causa deste caso de obsessão está no passado, como acabo de dizer; o próprio obsessor foi impelido ao suicídio por esse que acaba de fazer cair no abismo. Era sua mulher na existência precedente e tinha sofrido consideravelmente com a devassidão e as brutalidades de seu marido. 

Muito fraca para aceitar com resignação e coragem a situação que lhe era dada, buscou na morte um refúgio contra seus males. Vingou-se depois, e sabeis como. Entretanto, o ato desse infeliz não era fatal; tinha aceito os riscos da tentação; esta era necessária ao seu adiantamento, porque só ela podia fazer desaparecer a mancha que havia sujado a sua existência anterior. Aceitara seus riscos com a esperança de ser mais forte e se havia enganado: sucumbiu. 
Recomeçará mais tarde; resistirá? 

Isto dependerá dele.

Rogai a Deus por ele, a fim de que lhe dê a calma e a resignação de que tanto necessita, a coragem e a força para não falir nas provas que tiver que suportar mais tarde.

Louis Nivard
Allan Kardec - Fonte: Revista Espírita jan/1869

Estudos complementares:

Refletindo sobre o caso António Bell - livro O Céu e o Inferno:

 6. Ao Guia do médium — Um Espírito obsessor pode, realmente, levar o obsidiado ao suicídio? 
R. Certamente, pois a obsessão que, por si mesma, já é um gênero de provação, pode revestir todas as formas. Mas isso não quer dizer isenção de culpa. 
O homem dispõe sempre do livre arbítrio e consequentemente está em si o ceder ou resistir às sugestões a que o submetem. Assim é que, sucumbindo, o faz sempre com assentimento da própria vontade. 
Relativamente ao mais, o Espírito tem razão dizendo que a ação incitada por outrem é menos culposa e repreensível do que quando voluntariamente cometida. 
Contudo, nem por isso se inocenta de culpa, visto como, afastando-se do caminho reto, mostra que o bem ainda não estava vinculado no seu coração.

21°) Cada um só é responsável pelas suas próprias faltas. Ninguém sofre penalidades pelas faltas alheias, a menos que para isso tenha dado algum motivo, seja provo cando-as pelo seu exemplo, seja deixando de impedi-las quando podia fazê-lo.

É assim, por exemplo, que o suicida é sempre punido, mas aquele que, por sua dureza de coração, leva um indivíduo ao desespero e daí ao suicídio, sofre uma pena ainda maior. (O Céu e o Inferno - Código Penal da Vida Futura)

CAPITULO V - SUICIDAS - O Céu e o Inferno
O Suicida da Samaritana

16. (Ao Espírito de S. Luís)
— Que quer dizer o Espírito afirmando que o momento da morte foi menos doloroso que depois?
R. O Espírito descarregou o fardo que o oprimia, ressentia-se da voluptuosidade da dor.

17. Esse estado sobrevêm sempre ao suicídio?
R. Sim. O Espírito do suicida fica ligado ao corpo até o termo da vida. A morte natural é o livramento da vida; o suicida a intercepta completamente.

18. Dar-se-á o mesmo nas mortes acidentais, embora involuntárias, mas que abreviam a existência? R. Não. Que entendeis por suicídio? O Espírito só responde pelos seus atos.

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Suicídio, Prevenção, Setembro Amarelo
  • Cerca de 800 mil pessoas morrem por suicídio todos os anos.
  • Para cada suicídio, há muito mais pessoas que tentam o suicídio a cada ano. A tentativa prévia é o fator de risco mais importante para o suicídio na população em geral.
  • O suicídio é a segunda principal causa de morte entre jovens com idade entre 15 e 29 anos.
  • 79% dos suicídios no mundo ocorrem em países de baixa e média renda.
  • Ingestão de pesticidas, enforcamento e armas de fogo estão entre os métodos mais comuns de suicídio em nível global.
A cada ano, cerca de 800 mil pessoas tiram a própria vida e um número ainda maior de indivíduos tenta suicídio. 
Cada suicídio é uma tragédia que afeta famílias, comunidades e países inteiros e tem efeitos duradouros sobre as pessoas deixadas para trás. 
O suicídio ocorre durante todo o curso de vida e foi a segunda principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos em todo o mundo no ano de 2016.
O suicídio não ocorre apenas em países de alta renda, sendo um fenômeno em todas as regiões do mundo. 
De fato, 79% dos suicídios ocorreram em países de baixa e média renda em 2016.
Trata-se de um grave problema de saúde pública; no entanto, os suicídios podem ser evitados em tempo oportuno, com base em evidências e com intervenções de baixo custo. Para uma efetiva prevenção, as respostas nacionais necessitam de uma ampla estratégia multissetorial.
No Brasil, o CVV – Centro de Valorização da Vida realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, por telefone (basta discar 188), email e chat 24 horas todos os dias.

sábado, 13 de julho de 2019

“Onde acaba o amor têm início o poder, a violência e o terror.” Carl Gustav Jung




Lobo, Mal, Pesadelo, Rotkäppchen




                         
 Provérbio Indígena 

O lobo que existe dentro de nós:

Uma noite, um sábio contou ao seu neto sobre a guerra que acontece dentro das pessoas.

Ele disse: "A batalha é entre dois ‘lobos' que vivem dentro de todos nós".

Um é mau: é a raiva, inveja, ciúme, tristeza, desgosto, cobiça, arrogância, pena de si mesmo, culpa, ressentimento, inferioridade, mentiras, orgulho falso, superioridade e ego.

O outro é bom: é alegria, paz, esperança, serenidade, humildade, bondade, benevolência, empatia, generosidade, verdade, compaixão e fé.

O neto pensou nessa luta e perguntou ao avô: "Qual lobo vence?"

O sábio respondeu: "Vence aquele que você alimenta..."


A violência do homem civilizado tem as suas raízes profundas e vigorosas na selva.
O homo brutalis tem as suas leis:
Raiva, Irritado, Explosão, Cabeça
1.         Subjugar, humilhar, torturar, matar.
2.        O seu valor está sempre acima do valor dos outros.
3.     A sua crença é a única válida.
4.       O seu modo de ver o mundo e os homens é o único certo.
5.       O seu deus é o único verdadeiro.
6.       Só o que é bom para ele é bom para a comunidade.

7.    Os que se opõem aos seus desígnios devem ser eliminados pelo bem de todos.
 A violência é o seu método de ação, justificado pelo seu valor pessoal, pela sua capacidade única de julgar. Tece ele mesmo a trama de fogo do seu futuro nas encarnações dolorosas que terá de enfrentar.

As religiões da violência fizeram de Deus uma divindade implacável e os livros básicos de suas revelações estão cheios de homicídios e genocídios em nome de Deus.

Não obstante, misturam-se às ordenações violentas estranhos preceitos de amor e bondade. São as lições de consciências desenvolvidas lutando para despertar as que, endurecidas no apego a si mesmas, asfixiam os germes do altruísmo nas garras do egoísmo.

É um espetáculo dantesco o de uma alma vigorosa dotada de intelecto capaz de entender as suas próprias contradições, mas empenhada em negar a sua condição humana, rebaixando-se aos brutos ao invés de buscar a elevação moral a que se destina.

Nos momentos de transição, como este que estamos vivendo, a violência desencadeada exige a oposição vigorosa e sacrificial dos que já atingiram o desenvolvimento consciencial da civilização.

A cumplicidade com as práticas de violência, por parte de consciências esclarecidas, retarda a evolução coletiva e rebaixa o cúmplice a posições indignas. O mesmo acontece no tocante à aceitação de princípios errôneos por conveniência.

O espírito se coloca então em luta consigo mesmo, negando o seu próprio desenvolvimento consciencial e ateando em si mesmo a fogueira dos remorsos futuros. (Fonte: A agonia das Religiões – Herculano Pires)

Com Allan Kardec:

784. A perversidade do homem é bastante intensa, e não parece que ele está recuando, em lugar de avançar, pelo menos do ponto de vista moral?
-- Enganas-te. Observa bem o conjunto e verás que ele avança, pois vai compreendendo melhor o que é o mal, e dia a dia corrige os seus abusos. É preciso que haja excesso do mal, para fazer-lhe compreender a necessidade do bem e das reformas.

932. Por que, neste mundo, os maus exercem geralmente maior influência sobre os bons?
-- Pela fraqueza dos bons. Os maus são intrigantes e audaciosos; os bons são tímidos. Estes, quando quiserem, assumirão a preponderância.

Não obstante, com frequência nos comprometemos com o mal. Esta é, talvez, a maior contradição humana, inspirando a sábia observação de Paulo, na Epístola aos Romanos (7;19): Porque não faço o Bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço.

Vivemos dias difíceis na Terra como um todo.

Extraímos algumas colocações para compor este estudo e reflexão:

Raul Teixeira coloca que “Indubitavelmente a violência é um caldo que se forma com todos esses componentes: desestruturação da família, desassistência ou ausência do Estado.
A violência resulta de um estado interior.

Toda pessoa que está insatisfeita interiormente explode e isso acontece com todos nós. Mas essa situação pode tomar proporções alarmantes se não houver ajuda e orientação.
Os remédios nós chamamos de cultura, educação, lazer, emprego, afetividade. As criaturas violentas estão sofrendo algum tipo ou vários dessas carências.

 Num mundo em que só encontramos propostas materialistas para resolver problemas espirituais demoraremos muito a chegar a um denominador comum, porque os problemas que acontecem na alma não podem ser resolvidos com providências que só atendem ao mundo de fora.

Se eu estiver lidando com um delinquente, um drogadito como se ele fosse simplesmente uma pessoa violenta, é claro que eu vou perder tempo, dar murro em ponta de faca. Tenho que ver essa criatura como um indivíduo multidimensional. Geralmente são criaturas que não tiveram um lar estruturado, cultura acadêmica, nem sequer conhecimento de si mesmos.

Elas vivem movidas pelas necessidades imediatas: comer, beber, vestir, fazer sexo, etc.
Obviamente quando falamos em violência abordamos esse assunto de forma muito simplista, como um mero problema policial ou político. Mas é um problema da família, do Estado, das religiões.

Chama a atenção que, quanto mais se multiplicam as igrejas, a violência aparentemente mantém um ritmo proporcional de crescimento.

Será que essas pessoas não estão sendo enganadas, dando dinheiro, sendo exploradas e a cada dia se tornando mais necessitadas, mais ansiosas?

Temos que olhar desde a criança, o lar, a família, para que a gente pense no indivíduo que se vai complementando pouco a pouco.

A violência nasce na intimidade humana, mas por que ela se mantém?

Quando temos um resfriado, uma gripe, qualquer doença, somos medicados. Por que com a violência não se faz a mesma coisa?

“Os espíritas acreditam que a humanidade da Terra está evoluindo e que o planeta já passou de mundo primitivo para mundo de expiações e provas e que nessa escala se transformará agora em mundo de regeneração, um lugar onde o bem já sobrepujaria o mal. Diante da escalada de violência, dá para acreditar que a Terra está mesmo evoluindo para melhor? ”

RT - A Terra tanto está melhorando que agora já sabemos dos fatos violentos quando acontecem. No passado havia coisas muito mais drásticas, só que ninguém sabia. Não havia imprensa, nem TV, nem rádio, nem jornal, nem Internet.

Quando nós pensamos historicamente que os reis, os senhores feudais tinham direito de vida e morte sobre as pessoas, que havia escravidão legalizada, então vemos ser óbvio que o mundo melhorou! Agora podemos gritar, pedir socorro, protestar. Hoje podemos discutir livremente nossos direitos e encontramos eco em legislações, organizações de direitos humanos. Mas a melhoria moral não acontece da mesma maneira que a melhoria intelectual, onde a gente lê um livro e memoriza.

Entre assimilar o conteúdo intelectual de um livro e colocar seus ensinamentos em prática há uma distância considerável. Por isso há tanta gente enfiada nas igrejas sem mudar seu caráter, sua vida.

O Espiritismo nos ensina que primeiro a gente aprende intelectualmente e se esforça para que esse aprendizado sensibilize o nosso aprendizado moral, já que a moral é a regra de bem proceder, de distinguir o bem do mal, de viver de acordo com as leis da consciência que são as leis de Deus. Isso demora. Cada criatura tem o seu ponto de maturação.

Onde estão as raízes da violência?

“Onde acaba o amor têm início o poder, a violência e o terror.” Carl Gustav Jung

        Há períodos – e atravessamos um deles – durante os quais se produzem esforços extraordinários. O exército dos mensageiros de Deus está reunido em grande força. Os homens são influenciados, os conhecimentos se espalham e o fim se aproxima. Temei pelos desertores, pelos fracos de espírito, pelos contemporizadores, pelos curiosos frívolos. Temei por eles, mas não pela causa da verdade de Deus.

Mas como distinguir o bem e o mal?

O Livro do Espíritos – 631

O homem tem meios de distinguir por si mesmo o que é bem do que é mal. Quando crê em Deus e o quer saber. Deus lhe deu inteligência para distinguir um do outro.
Allan Kardec no livro O que é Espiritismo – O homem durante a vida terrestre.

A origem do mal sobre a Terra resulta da imperfeição dos Espíritos que aí estão encarnados. A predominância do mal decorre de que, sendo a Terra um mundo inferior, a maioria dos Espíritos que a habitam são, eles mesmos, inferiores, ou progrediram pouco. Nos mundos mais avançados, onde não são admitidos a se encarnarem senão Espíritos depurados, o mal é desconhecido, ou em minoria.

        A Terra pode ser considerada, ao mesmo tempo, como um mundo de educação para os Espíritos pouco avançados, e de expiação para os Espíritos culpados. Os males da Humanidade são a consequência da inferioridade moral da maioria dos Espíritos encarnados. Pelo contato dos seus vícios, eles se tornam reciprocamente infelizes e se punem uns aos outros.

        Na Terra, o mau frequentemente prospera, enquanto o homem de bem é alvo de todas as aflições. Para aquele que não vê senão a vida presente, e que a crê única, isso deve parecer uma soberana injustiça. Não ocorre o mesmo quando se considera a pluralidade das existências, e a brevidade de cada uma com relação à eternidade.

O estudo do Espiritismo prova que a prosperidade do mau tem terríveis consequências nas existências seguintes; que as aflições do homem de bem são, ao contrário, seguidas de uma felicidade tanto maior e durável quanto ele as suportou com mais resignação; é para ele como um dia infeliz em toda uma existência de prosperidade. 

sábado, 6 de julho de 2019

Afinal, Deus é injusto? Qual a razão para que hajam tantas desigualdades?


Desafios:Pobre, Índia, Ásia, Pobreza, Pessoas

“Viver num mundo de tantas desigualdades e que são rotineiras nos faz as vezes questionar a justiça divina. Perguntamos onde está a bondade ou a lógica de Deus ao permitir que uns nasçam num ambiente de tanta fartura enquanto outros mantém-se em situações degradantes onde nem os direitos fundamentais humanos são garantidos.

Mas afinal, Deus é injusto? Qual a razão para que hajam tantas desigualdades se Ele é quem permite tudo?

Nosso estudo busca analisar esses fatos à luz da doutrina espírita.

Allan Kardec, na questão 930 de O Livro dos Espíritos, esclarece “que a culpa das desigualdades reside mesmo nas imperfeições humanas, os grandes responsáveis por esta situação de degradação social de muitos irmãos na sociedade contemporânea somos nós mesmos os seres humanos que residimos neste mundo, marcados pelo orgulho e pela ganância.

Em O Livro dos Espíritos vamos observar numa leitura atenta que:

“Com uma organização social criteriosa e previdente, ao homem só por culpa sua pode faltar o necessário”. Na mesma obra, publicada em 1857, Kardec ainda nos alerta: “Quando praticar a lei de Deus, terá uma ordem social fundada na justiça e na solidariedade, e ele próprio também será melhor”.

Analisemos primeiro a origem das desigualdades sociais.

803. Perante Deus, são iguais todos os homens?

“Sim, todos tendem para o mesmo fim e Deus fez suas leis para todos. Dizeis frequentemente: ‘O Sol luz para todos’ e enunciais assim uma verdade maior e mais geral do que pensais. ”
Todos os homens estão submetidos às mesmas leis da Natureza. Todos nascem igualmente fracos, acham-se sujeitos às mesmas dores e o corpo do rico se destrói como o do pobre. Deus a nenhum homem concedeu superioridade.

E no mesmo capítulo a seguinte resposta:

806. É lei da natureza a desigualdade das condições sociais?
“Não; É obra do homem e não de Deus. ”

Desta forma isso nos esclarece que a realidade acerca da desigualdade é criada pelo próprio homem que em sua ganância de possuir bens materiais, de acumular e de explorar o próximo com fins de lucrar e angariar através do sacrifício de outrem, não se preocupando coma ética envolvida em se ter demais até do supérfluo e deixar o próximo ao abandono de não possuir o mínimo necessário.
Nas questões seguintes Allan Kardec e Os Espíritos dão sequência as questões e respostas – desigualdades sociais. 

De acordo com o filósofo Rousseau, “a desigualdade tende a se acumular”. (Jean Jacques Rousseau, filósofo suíço (1712-1778), em seu Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens, publicado em 1755, cita as bases sobre as quais se firma o processo gerador das desigualdades sociais e morais entre os seres humanos).

... Rousseau iniciou um pensamento que o levaria a concluir que toda desigualdade se baseia na noção de propriedade particular criado pelo homem e o sentimento de insegurança com relação aos demais seres humanos.

A frase de abertura da segunda parte do Discurso diz, com efeito, o seguinte:

O primeiro que, ao cercar um terreno, teve a audácia de dizer isto é meu e encontrou gente bastante simples para acreditar nele foi o verdadeiro fundador da sociedade civil. Quantos crimes, guerras e assassinatos, quantas misérias e horrores teria poupado ao gênero humano aquele que, arrancando as estacas e cobrindo o fosso, tivesse gritado a seus semelhantes: "Não escutem a esse impostor! Estarão perdidos se esquecerem que os frutos são de todos e a terra é de ninguém"
.
Allan Kardec questiona novamente sobre o assunto:

808. A desigualdade das riquezas não tem sua origem na desigualdade das faculdades, que dão a uns mais meios de adquirir do que a outros?
-- Sim e não. Que dizes da astúcia e do roubo?

808-a. A riqueza hereditária, entretanto, seria fruto das más paixões?
-- Que sabes disso? Remonta à origem e verás se é sempre pura. Sabes se no princípio não foi o fruto de uma espoliação ou de uma injustiça? Mas, sem falar da origem, que pode ser má, crês que a cobiça de bens, mesmo os melhores adquiridos, e os desejos secretamente alimentados, de possuí-los o mais cedo possível, sejam sentimentos louváveis? Isto é o que Deus julga, e te asseguro que o seu julgamento é mais severo que o dos homens.

816. Se o rico sofre mais tentações, não dispõe também de mais meios para fazer o bem?
 -- É justamente o que nem sempre faz; torna-se egoísta, orgulhoso e insaciável; suas necessidades aumentam com a fortuna e julga não ter o bastante para si mesmo.

“A posição elevada no mundo e a autoridade sobre os semelhantes são provas tão grandes e arriscadas quanto a miséria; porque, quanto mais o homem for rico e poderoso mais obrigações têm a cumprir, maiores são os meios de que dispõe para fazer o bem e o mal. Deus experimenta o pobre pela resignação e o rico pelo uso que faz de seus bens e do seu poder. A riqueza e o poder despertam todas as paixões que nos prendem à matéria e nos distanciam da perfeição espiritual. Foi por isso que Jesus disse: "Em verdade vos digo, é mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus.") AK

795. Qual a causa da instabilidade das leis humanas?
-- Nos tempos de barbárie são os mais fortes que fazem as leis, e as fazem em seu favor. Há necessidade de modificá-las à medida que os homens vão melhor compreendendo a justiça.
As leis humanas são mais estáveis à medida que se aproximam da verdadeira justiça, quer dizer, à medida que são feitas para todos e se identificam com a lei natural.

“A civilização criou novas necessidades para o homem e essas necessidades são relativas à posição social de cada um. Foi necessário regular os direitos e os deveres dessas posições através de leis humanas. Mas, sob a influência das suas paixões, o homem criou, muitas vezes, direitos e deveres imaginários, condenados pela lei natural e que os povos apagam dos seus códigos à proporção que progridem. A lei natural é imutável e sempre a mesma para todos; a lei humana é variável e progressiva: somente ela pode consagrar, na infância da Humanidade, o direito do mais forte”. AK

Algumas das causas da desigualdade social:

  • ·                 Má distribuição de renda – e concentração do poder;
  • ·                 Má administração de recursos – principalmente públicos;
  • ·         Lógica de mercado do sistema capitalista – quanto mais lucro para as empresas e os donos de  empresa, melhor;
  • ·             Falta de investimento nas áreas sociais, em cultura, em assistência a populações mais carentes, em saúde, educação;
  • ·                Falta de oportunidades de trabalho.

  •    Pesquisa Desigualdade Mundial 2018 indica que o 1% mais rico da população brasileira concentra 27,8% de toda a renda do país. Isso faz do Brasil o país com a maior concentração de renda no grupo 1% mais rico, no mundo.

  •    Karl Marx entende que existem duas grandes classes: a trabalhadora (proletariado) e os capitalistas (burguesia). Enquanto os trabalhadores se preocupam em sobreviver, os capitalistas se preocupam com o lucro, criando as desigualdades e os conflitos sociais, como a opressão e a exploração.


880. Qual é o primeiro de todos os direitos naturais do homem?

      — O de viver. É por isso que ninguém tem o direito de atentar contra a vida do semelhante ou fazer qualquer coisa que possa comprometer a sua existência corpórea.