sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Refletindo sobre o que é o Espiritismo

"O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos Espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal". Allan Kardec (O que é o Espiritismo – Preâmbulo)
As verdades da Doutrina Espírita se fundamentam em bases filosóficas, são demonstradas de forma científica e se desdobram em conseqüências morais.

Portanto:


É o conjunto de princípios e leis, revelados pelos Espíritos Superiores, contidos nas obras de Allan Kardec, que constituem a Codificação Espírita: O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno e A Gênese.


"O Espiritismo é a nova ciência que vem revelar aos homens, por provas irrecusáveis, a existência e a natureza  do mundo espiritual, e suas relações com o mundo corporal; ele no-lo mostra, não mais como uma coisa sobrenatural, mas, ao contrário, como uma das forças vivas e incessantemente ativas da Natureza (...). (Allan Kardec, O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap.I)


O Espiritismo é o Consolador prometido por Jesus, que veio, no devido tempo, recordar e complementar o que Ele ensinou, "restabelecendo todas as coisas no seu verdadeiro sentido", trazendo, assim, à Humanidade, as bases reais para sua espiritualização. É de grande relevância recordarmos que Jesus, em sua primeira e única encarnação na Terra, despediu-se dos discípulos com um discurso. Assim, o Mestre – o espírito mais perfeito que já passou pela Terra, o nosso Governador Espiritual, o nosso único Guia e Modelo – afirmou:
"Se vós me amais, guardai meus mandamentos; e eu pedirei a meu Pai e ele vos enviará outro Consolador, a fim de que fique eternamente convosco: - O Espírito de Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê e não o conhece. Mas, quanto a vós, conhecê-lo-eis porque permanecerá convosco e estará em vós. -Porém, o Consolador, que é o Santo Espírito, que meu Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará recordar tudo o que vos tenho dito." (João, cap. XIV, v. 15 a 17 e 26).

Jesus promete, então, outro consolador: o Espírito da Verdade, que o mundo ainda não conhece, por não estar maduro para o compreender, consolador que o Pai enviará para ensinar todas as coisas e para relembrar o que o Cristo há dito. Se, portanto, o Espírito de Verdade tinha de vir mais tarde ensinar todas as coisas, é que o Cristo não dissera tudo pois as pessoas, naquele momento, não conseguiriam entender; se ele vem relembrar o que o Cristo disse, é que o que este disse foi esquecido ou mal compreendido. 

"O Espiritismo realiza o que Jesus disse do Consolador prometido: conhecimento das coisas, fazendo que o homem saiba de onde vem, para onde vai e por que está na Terra; chama para os verdadeiros princípios da Lei de Deus e consola pela fé e pela esperança". Allan Kardec (O Evangelho segundo o Espiritismo – cap. VI)


Trazendo conceitos novos sobre o homem e tudo o que o cerca, o Espiritismo toca em todas as áreas do conhecimento das atividades, e do comportamento humano. Pode e deve ser estudado, analisado e praticado em todos os aspectos fundamentais da vida, tais como: científico, filosófico, religioso, ético, moral, educacional, social.

CONHECIMENTO DA LEI NATURAL

619. A todos os homens facultou Deus os meios de conhecerem sua lei?
“Todos podem conhecê-la, mas nem todos a compreendem.

 Os homens de bem e os que se decidem a investigá-la são os que melhor a compreendem. Todos, entretanto, a compreenderão um dia, porquanto forçoso é que o progresso se efetue.”

 A justiça das diversas encarnações do homem é uma conseqüência deste princípio, pois que, em cada nova existência, sua inteligência se acha mais desenvolvida e ele compreende melhor o que é bem e o que é mal. Se numa só existência tudo lhe devesse ficar ultimado, qual seria a sorte de tantos milhões de seres que morrem todos os dias no embrutecimento da selvageria, ou nas trevas da ignorância, sem que deles tenha dependido o se instruírem? (171-222)

 O homem tem, pois, três alternativas: (introdução Céu e Inferno
·         O nada,
·         A absorção
·         Ou a individualidade da alma antese depois da morte.

 É para esta última crença que a lógica nos impele irresistivelmente, crença que tem formado a base de todas as religiões desde que o mundo existe. E se a lógica nos conduz à individualidade da alma, também nos aponta esta outra conseqüência: a sorte de cada alma deve depender das suas qualidades pessoais, pois seria irracional admitir que a alma atrasada do selvagem, como a do homem perverso, estivesse no nível da do sábio, do homem de bem. Segundo os princípios de justiça, as almas devem ter a responsabilidade dos seus atos, mas para haver essa responsabilidade,  preciso é que elas sejam livres na escolha do bem e do mal; sem o livre-arbítrio há fatalidade, e com a fatalidade não coexistiria a responsabilidade.

627. Uma vez que Jesus ensinou as verdadeiras leis de Deus, qual a utilidade do ensino que os Espíritos dão? Terão que nos ensinar mais alguma coisa?

“Jesus empregava amiúde, na sua linguagem, alegorias e parábolas, porque falava de conformidade com os tempos e os lugares. Faz-se mister agora que a verdade se torne inteligível para todo mundo. Muito necessário é que aquelas leis sejam explicadas e desenvolvidas, tão poucos são os que as compreendem e ainda menos os que as praticam. A nossa missão consiste em abrir os olhos e os ouvidos a todos, confundindo os orgulhosos e desmascarandoos hipócritas: os que vestem a capa da virtude e da religião, a fim de ocultarem suas torpezas. O ensino dos Espíritos tem que ser claro e sem equívocos, para que ninguém possa pretextar ignorância e para que todos o possam julgar e apreciar com a razão. Estamos incumbidos de preparar o reino do bem que Jesus anunciou. Daí a necessidade de que a ninguém seja possível interpretar a lei de Deus ao sabor de suas paixões, nem falsear o sentido de uma lei toda de amor e de caridade.”

 Analisando alguns aspectos das Leis de Deus – Justiça

CAPÍTULO VII — AS PENAS FUTURAS SEGUNDO O ESPIRITISMO – código penal da vida futura - Enfoque da Pena: C.I – 1ª parte cap. VII item 16

A responsabilidade moral dos atos da vida fica, portanto, intacta; mas a razão nos diz que as conseqüências dessa responsabilidade devem ser proporcionais ao desenvolvimento intelectual do Espírito. Assim, quanto mais esclarecido for este, menos desculpável se torna, uma vez que com a inteligência e o senso moral nascem as noções do bem e do mal, do justo e do injusto.

9º — Toda falta cometida, todo mal realizado é uma dívida contraída que deverá ser paga; se o não for em uma existência, sê-lo-á na seguinte ou seguintes, porque todas as existências são solidárias entre si. Aquele que se quita numa existência não terá necessidade de pagar segunda vez.

 10º — O Espírito sofre, quer no mundo corporal, quer no espiritual, a conseqüência das suas imperfeições. As misérias, as vicissitudes padecidas na vida corpórea, são oriundas das nossas imperfeições, são expiações de faltas cometidas na presente ou em precedentes existências.

Pela natureza dos sofrimentos e vicissitudes da vida corpórea, pode julgar-se a natureza das faltas cometidas em anterior existência, e das imperfeições que as originaram.



11º — A expiação varia segundo a natureza e gravidade da falta, podendo, portanto, a mesma falta determinar expiações diversas, conforme as circunstâncias, atenuantes ou agravantes, em que for cometida.



12º — Não há regra absoluta nem uniforme quanto à natureza e duração do castigo: — a única lei geral é que toda falta terá punição, e terá recompensa todo ato meritório, segundo o seu valor.



13º — A duração do castigo depende da melhoria do Espírito culpado.



16º — O arrependimento, conquanto seja o primeiro passo para a regeneração, não basta por si só; são precisas a expiação e a reparação.



Arrependimento, expiação e reparação constituem, portanto, as três condições necessárias para apagar os traços de uma falta e suas conseqüências. O arrependimento suaviza os travos da expiação, abrindo pela esperança o caminho da reabilitação; só a reparação, contudo, pode anular o efeito destruindo-lhe a causa. Do contrário, o perdão seria uma graça, não uma anulação.



17º — O arrependimento pode dar-se por toda parte e em qualquer tempo; se for tarde, porém, o culpado sofre por mais tempo.

Até que os últimos vestígios da falta desapareçam, a expiação consiste nos sofrimentos físicos e morais que lhe são conseqüentes, seja na vida atual, seja na vida espiritual após a morte, ou ainda em nova existência corporal.

A reparação consiste em fazer o bem àqueles a quem se havia feito o mal. Quem não repara os seus erros numa existência, por fraqueza ou má vontade, achar-se-á numa existência ulterior em contacto com as mesmas pessoas que de si tiverem queixas, e em condições voluntariamente escolhidas, de modo a demonstrar-lhes reconhecimento e fazer-lhes tanto bem quanto mal lhes tenha feito. Nem todas as faltas acarretam prejuízo direto e efetivo; em tais casos a reparação se opera, fazendo-se o que se deveria fazer e foi descurado; cumprindo os deveres desprezados, as missões não preenchidas; praticando o bem em compensação ao mal praticado, isto é, tornando-se humilde se se tem sido orgulhoso, amável se se foi austero, caridoso se se tem sido egoísta, benigno se se tem sido perverso, laborioso se se tem sido ocioso, útil se se tem sido inútil, frugal se se tem sido intemperante, trocando em suma por bons os maus exemplos perpetrados. E desse modo progride o Espírito, aproveitando-se do próprio passado. (1 A necessidade da reparação é um princípio de rigorosa justiça, que se pode considerar verdadeira lei de reabilitação moral dos Espíritos).


JEAN REYNAUD

(Sociedade Espírita de Paris. Comunicação espontânea.)

 Para refletir:

P. Em vida professáveis o Espiritismo?

— R. Há uma grande diferença em professar e praticar.

Muita gente professa uma doutrina, que não pratica; pois bem, eu praticava e não professava. Assim como cristão

é todo homem que segue as leis do Cristo, mesmo sem conhecê-lo, assim também podemos ser espíritas, acreditando na imortalidade da alma, nas reencarnações, no progresso incessante, nas provações terrenas — abluções necessárias ao melhoramento. Acreditando em tudo isso, eu era, portanto, espírita. Compreendi a erraticidade, laço intermediário das reencarnações e purgatório no qual o Espírito culposo se despoja das vestes impuras para revestir nova toga, e onde o Espírito, em evolução, tece cuidadosamente essa toga que há de carregar no intuito de conservá-la  pura. Compreendi tudo isso, e, sem professar, continuei a praticar.


domingo, 15 de janeiro de 2012

Alerta sobre resultados negativos do Alcoolismo - Pós Morte


Caso da revista Espírita maio de 1866


UM PAI DESCUIDADO COM SEUS FILHOS.

Charles-Emmanuel JEAN era um artesão bom e brando de caráter, mas dado à embriaguez desde a sua juventude. Tinha concebido uma viva paixão por uma jovem de seu conhecimento, que tinha inutilmente pedido em casamento; esta o tinha sempre repelido, dizendo que jamais se casaria com um bêbado. Ele desposou uma outra, com a qual teve vários filhos; mas, absorvido que estava pela bebida, não se preocupou em nada em de lhes dar educação, nem com o seu futuro. Morreu em torno de 1823, sem que se soubesse o que tinha se tornado. Um de seus filhos seguiu os passos do pai; partiu para a África e não se ouviu mais falar dele. O outro era de uma natureza toda diferente; sua conduta foi sempre regular. Entrado em boa hora em aprendizagem, se fez gostar e estimar por seus patrões como obreiro organizado, laborioso, ativo e inteligente.
Por seu trabalho e suas economias, se fez uma posição honrada na indústria, e educou de maneira muito conveniente uma numerosa família. E hoje um Espírita fervoroso e devotado.

Um dia, numa conversa íntima, nos expressou o desgosto de não ter podido assegurar, aos seus filhos, uma fortuna independente; procuramos tranqüilizar a sua consciência felicitando-o, ao contrário, sobre a maneira pela qual tinha cumprido os seus deveres de pai. Como é bom médium, pedimos-lhe para rogar uma comunicação, sem chamar um Espírito determinado. Ele escreveu:
"Sou eu, Charles-Emmanuel."
É meu pai, disse ele; pobre pai! Ele não é feliz.
O Espírito continuou: Sim, o senhor tem razão; tu fizestes mais por teus filhos do que não fiz para ti; assim tenho uma tarefa rude para cumprir. Bendize a Deus, que te deu o amor da família.

Pergunta (pelo Sr. Allan Kardec). De onde vos veio vosso pendor pela embriaguez? -
Resposta. Um hábito de meu pai, do qual herdei; era uma prova que deveria ter combatido.

Nota. Seu pai tinha, com efeito, o mesmo defeito, mas não é exato dizer que era um hábito do qual tinha herdado; muito simplesmente ele cedeu à influência do mau exemplo.
Não se herdam vícios' de caráter como se herdam vícios de conformação; o livre arbítrio tudo pode sobre os primeiros, e nada pode sobre os segundos.

P. Qual é vossa posição atual no mundo dos Espíritos?
- R. Estou sem cessar a procurar meus filhos e aquela que me fez tanto sofrer; a que sempre me repeliu.
P. Deveis ter uma consolação em vosso filho Jean, que é um homem honrado e estimado, e que pede por vós, embora vós vos ocupastes pouco dele?
R. Sim, eu o sei, e ele o faz ainda; é porque me é permitido vos falar. Estou sempre perto dele, tratando de aliviar suas fadigas; é a minha missão; ela não acabará senão na vinda de meu filho para junto de nós.

P. Em que situação vos encontrastes como Espírito, depois de vossa morte? 
- R. De início, não me acreditava morto; eu bebia sem cessar; via Antoinette, que queria alcançar e me fugia. Depois, procurei meus filhos, que amava apesar de tudo, e que minha mulher não queria me entregar. Então eu me revoltava reconhecendo meu nada e minha impotência, e Deus me condenou a velar sobre meu filho Jean, que jamais morrerá por acidente, porque por toda a parte e sempre eu o salvo de uma morte violenta.

Nota. Com efeito, o Sr. Jean muitas vezes escapou, como por milagre, a perigos iminentes; esteve prestes a ser afogado, a ser queimado, e ser esmagado nas engrenagens de uma máquina, saltar com uma máquina a vapor; em sua juventude ficou enforcado por acidente, e sempre um socorro inesperado o salvou no momento mais crítico, o que foi devido, ao que parece, à vigilância exercida por seu pai.

P. Dissestes que Deus vos condenou a velar sobre a segurança de vosso filho; não vejo que esteja aí uma punição; uma vez que o amais, essa deve ser, ao contrário, uma satisfação para vós. Uma multidão de Espíritos são nomeados para a guarda dos encarnados, dos quais são os protetores, e está aí uma tarefa que são felizes em cumprir.
- R. Sim, mestre; não devia abandonar meus filhos como o fiz; então a lei de justiça me condenou a reparar. Não o faço à força; estou feliz de fazê-lo por amor de meu filho; mas a dor que ele sentiria nos acidentes dos quais eu o salvo, sou eu que a suporta; ele   deveria ter perecido com dez balas, eu senti o mal que ele suportaria se a coisa se cumprisse. Eis a punição que justamente me atrai, não cumprindo junto dele meus deveres de pai durante minha vida.

P. (Pelo Sr. Jean.) Vedes meu irmão Numa, e podeis dizer onde ele está? (Aquele que era dado à embriaguez e cuja sorte ficou ignorada.)
R. Não, não o vejo, eu o procuro. Tua filha Jeanne viu-o nas costas da África, cair no mar; eu não estava lá para socorrê-lo; não o podia.

Nota. A filha do Sr. Jean, num momento de êxtase, o tinha, efetivamente, visto cair no mar, na época de seu desaparecimento. A punição deste Espírito oferece esta particularidade de que sente as dores que está encarregado de poupar em seu filho; compreende-se, desde então, que essa missão seja penosa; mas, como disso não se lamenta, que a considera com uma justa reparação, e que isto não diminui sua afeição por ele, essa expiação lhe é proveitosa.   

A Grande Mulher e Médium Eusapia Paladino


Mensalmente os diretores e trabalhadores de nossa Sociedade Espírita se reúnem para Estudos da Revista Espírita. Com objetivo de levar e nivelar o conhecimento com os todos os participantes, a partir de janeiro/12 uma personalidade importante para o Movimento Espírita será homenageada com texto e discussão sobre a vida e obra. Neste mês a homenageada será: 

A  GRANDE MÉDIUM – Eusápia Palladino

Nasceu em Minervino, Itália, no dia 31 de março 1854 e desencarnou no dia 9 de julho de 1918, na cidade de Nápoles, também na Itália.

A sua mediunidade surgiu no ano de 1868, quando tinha apenas 14 anos de idade. Dali por diante o seu trabalho no campo das pesquisas psíquicas foram de tal relevância, que se pode dizer ter sido uma das maiores médiuns do mundo.

Órfã de pai e mãe, seus parentes pretendiam levá-la para um convento, quando eclodiu a mediunidade. A sua apresentação ao mundo científico se verificou apenas em 1888, quando o professor Chiaia convidou Cesare Lombroso para examiná-la, o que somente se verificou em 1891.

Os fenômenos físicos produzidos através dessa famosa médium foram de vários matizes: movimento de objetos, levitação de mesas e dela própria, aparição de luzes, materializações de espíritos, execução de trechos musicais sem contato humano, e outros.

Inúmeros cientistas que fizeram pesquisas por seu intermédio, em centenas de sessões, eram ferrenhos detratores do Espiritismo, objetivando tão-somente demonstrar possíveis fraudes. No entanto, ela conseguiu convencer a grande maioria desses sábios, apesar deles desconhecerem os mais elementares rudimentos sobre a dinâmica dos fenômenos mediúnicos.

Diante dos fenômenos propiciados através de Eusápia Paladino, desfilaram sábios de renome, tais como: Schiaparelli, Gerosa, Ermancora, Aksakof, Carl Du Prel, Charles Richet, Oliver Lodge, Fredich Myers, Ochorowicz, Sigdwick, Richard Hodgson, Albert de Rochas, Camille Flammarion, Carlos Rochi, Vitoriano Sardou, Julio Claretio, Adolfo Bisson, Gabriel Delanne, Fontenay, Ernesto Bozzano, os professores Porro, Morselli e Massales, além de muitos outros.

Morselli teve a oportunidade de observar cerca de 39 fenômenos; Fontenay conseguiu fotografá-la com as mãos presas por observadores, enquanto de sua cabeça saíam várias mãos; Cesare Lombroso se declarou “convencido e entristecido por haver combatido tantas vezes a possibilidade dos fenômenos espíritas.”

Eusápia era analfabeta e era extremamente bondosa e caridosa. Tudo quanto conseguia amealhar, distribuía com os necessitados e com as crianças, sentindo as desventuras dos menos favorecidos pelos bens materiais e procurando resolver seus problemas. Ela se tornou famosa por ter sido a médium que passou pelo exame do maior número de sábios, quase todos rendendo-se à evidência do espiritismo.

Em sua carta ao Professor Lombroso, já referida, o Professor Chiaia fez uma vívida descrição dos fenômenos que ocorriam com Eusapia. Convidou-o a observar um caso especial, que considera digno de atenção da mente de Lombroso, e continua:
“Refiro-me ao caso de uma mulher inválida, da mais humilde camada social. Tem cerca de trinta anos e é muito

ignorante; seu olhar nem é fascinante, nem dotado daquele poder que os modernos criminalistas chamam irresistível. Mas quando ela quer, seja de dia ou noite, pode divertir um grupo durante uma hora ou mais, com os mais curiosos fenômenos. Tanto amarrada a uma cadeira, quanto segura pelas mãos dos assistentes, atrai a si móveis e objetos que a cercam, levanta-os, mantendo-os suspensos no ar, como o féretro de Maomé, e fá-los descer novamente com um movimento ondulatório, como se obedecessem à sua vontade. Aumenta ou diminui à vontade o seu peso. Ouvem-se arranhaduras e batidas nas paredes, no teto, no soalho, com muito ritmo e cadência. Em resposta a perguntas dos assistentes, algo como jatos de eletricidade emana de seu corpo e a envolve ou aos espectadores dessas cenas maravilhosas. Desenha sobre cartões que os outros seguram, aquilo que se deseja – figuras, assinaturas, números, sentenças – apenas estirando a mão na direção indicada. Se se colocar num canto da sala uma bacia contendo uma camada fina de cal, no fim de algum tempo aí se encontra a impressão de uma pequena ou de uma grande mão, um rosto, de frente ou de perfil, do qual se poderia tirar um molde. Assim tem sido conservados retratos tirados de vários ângulos e os que desejam podem assim fazer sérios estudos. Essa mulher ergue-se no ar, sejam quais forem as amarras que a sustentam. Parece librar-se no ar como se sobre um colchão, contrariando todas as leis da gravidade. Toca instrumentos de música – órgãos, sinos, tamborins – como se eles tivessem sido tocados por suas mãos ou movidos pelo sopro de invisíveis gnomos... "Essa mulher por vezes aumenta a sua estatura de mais de dez centímetros.“
Como vimos, o Professor Lombroso interessou-se bastante por essa descrição e investigou. O resultado foi que se converteu. A Comissão de Milão, que foi a seguinte a experimentar, em 1892, assim diz em seu relatório:
“É impossível dizer o número de vezes que uma mão apareceu e foi tocada por um de nós. Basta dizer que a dúvida já não era possível. Realmente era uma mão viva que víamos e tocávamos, enquanto, ao mesmo tempo, o busto e os braços do médium estavam visíveis e suas mãos eram seguras pelos que se achavam ao seu lado”.
Muitos fenômenos ocorreram à luz de duas velas ou lâmpadas de óleo e as mesmas ocorrências foram testemunhadas em plena luz, quando o médium estava em transe. O Dr. Ochorowicz persuadiu Eusapia a visitar Varsóvia em 1894 e as experiências aí foram feitas em presença de homens e senhoras eminentes nos círculos científicos e filosóficos. O relato dessas sessões diz que levitações parciais e completas da mesa e muitos outros fenômenos físicos foram conseguidos. Essas levitações se deram quando os pés do médium eram vistos à luz ou quando eram amarrados e seguros por um assistente ajoelhado debaixo da mesa.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012


AS RELIGIÕES. A DOUTRINA SECRETA ( Leon Denis)
Quando se lança um golpe de vista sobre o passado, quando se evoca a recordação das religiões desaparecidas, das crenças extintas, apodera-se de nós uma espécie de vertigem ante o aspecto das sinuosidades percorridas pelo pensamento humano. Lenta é sua marcha. Parece, a princípio, comprazer-se nas criptas sombrias da Índia, nos templos subterrâneos do Egito, nas catacumbas de Roma, na meia-luz das catedrais; parece preferir os lugares escuros à atmosfera pesada das escolas, o silêncio dos claustros às claridades do céu, aos livres espaços, em uma palavra, ao estudo da Natureza.
Um primeiro exame, uma comparação superficial das crenças e das superstições do passado conduz inevitavelmente à dúvida. Mas, levantando-se o véu exterior e brilhante que ocultava às massas os grandes mistérios, penetrando-se nos santuários da Idéia religiosa, achamo-nos em presença de um fato de alcance considerável. As formas materiais, as cerimônias extravagantes dos cultos tinham por fim chocar a Imaginação do povo. Por trás desses véus, as religiões antigas apareciam sob aspecto diverso, revestiam caráter grave e elevado, simultaneamente científico e filosófico. Seu ensino era duplo: exterior e público de um lado, interior e secreto de outro, e, neste último caso, reservado somente aos iniciados. Conseguiu-se, não há muito, reconstituir esse ensino secreto, após pacientes estudos e numerosas descobertas epigráficas (1). Desde então, dissiparam-se a obscuridade e a confusão que reinavam nas questões religiosas; com a luz, fez-se a harmonia. Adquiriu-se a prova de que todos os ensinos religiosos do passado se ligam, porque, em sua base, se encontra uma só e mesma doutrina, transmitida de Idade em Idade a uma série ininterrupta de sábios e pensadores.
Todas as grandes religiões tiveram duas faces, uma aparente, outra oculta. Está nesta o espírito, naquela a forma ou a letra. Debaixo do símbolo material, dissimula-se o sentido profundo. O Bramanismo, na Índia, o Hermetismo, no Egito, o Politeísmo grego, o próprio Cristianismo, em sua origem, apresentam esse duplo aspecto. Julgá-las pela face exterior e vulgar é o mesmo que apreciar o valor moral de um homem pelos trajos. Para conhecê-las, é preciso penetrar o pensamento íntimo que lhes Inspira e motiva a existência; cumpre desprender do selo dos mitos e dogmas o princípio gerador que lhes comunica a força e a vida. Descobre-se, então, a doutrina única, superior, imutável, de que as religiões humanas não são mais que adaptações imperfeitas e transitórias, proporcionadas às necessidades dos tempos e dos meios.
Em nossa época, muitos fazem uma concepção do Universo, uma Idéia da verdade, absolutamente exterior e material. A ciência moderna, em suas investigações, tem-se limitado a acumular o maior número de fatos, e, depois, a deduzir dai as suas leis. Obteve, assim, maravilhosos resultados, porém, por tal preço, ficar-lhe-á sempre inacessível o conhecimento dos princípios superiores e das causas primitivas. As próprias causas secundárias escapam-lhe.
O domínio invisível da vida é mais vasto do que aquele que é atingido pelos nossos sentidos: lá reinam essas causas de que somente vemos os efeitos.
Na antigüidade tinham outra maneira de ver, e um proceder muito diferente. Os sábios do Oriente e da Grécia não desdenhavam observar a natureza exterior, porém era sobretudo no estudo da alma, de suas potências íntimas, que descobriam os princípios eternos. Para eles, a alma era como um livro em que se Inscrevem, em caracteres misteriosos, todas as realidades e todas as leis. Pela concentração de suas faculdades, pelo estudo profundo e meditativo de si mesmos, elevaram-se até à Causa sem causa, até ao princípio de que derivam os seres e as coisas. As leis inatas da inteligência explicavam-lhes a harmonia e a ordem da Natureza, assim como o estudo da alma lhes dava a chave dos problemas da vida.
A alma, acreditavam, colocada entre dois mundos, o visível e o oculto, o material e o espiritual, observando-os, penetrando em ambos, é o Instrumento supremo do conhecimento. Conforme seu grau de adiantamento ou de pureza, reflete, com maior ou menor intensidade, os raios do foco divino. A razão e a consciência não só guiam nossa apreciação e nossos atos, mas também são os mais seguros meios para adquirir-se e possuir-se a verdade.
A tais pesquisas era consagrada a vida Inteira dos Iniciados. Não se limitavam, como em nossos dias, a preparar a mocidade com estudos prematuros, insuficientes, mal dirigidos, para as lutas e deveres da existência.
Os adeptos eram escolhidos, preparados desde a Infância para a carreira que deviam preencher, e, depois, levados gradualmente aos píncaros intelectuais, de onde se pode dominar e julgar a vida. Os princípios da ciência secreta eram-lhes comunicados numa proporção relativa ao desenvolvimento das suas Inteligências e qualidades morais. A iniciação era uma refundição completa do caráter, um acordar das faculdades latentes da alma. Semente quando tinha sabido extinguir em si o fogo das paixões, comprimir os desejos impuros, orientar os Impulsos do seu ser para o Bem e para o Belo, é que o adepto participava dos grandes mistérios. Obtinha, então, certos poderes sobre a Natureza, e comunicava-se com as potências ocultas do Universo.
Não deixam subsistir dúvida alguma sobre tal ponto os testemunhos da História a respeito de Apolônio de Tiana e de Simão, o Mago, bem como os fatos, pretensamente miraculosos, levados a efeito por Moisés e pelo Cristo.
Os iniciados conheciam os segredos das forças fluídicas e magnéticas. Este domínio, pouco familiar aos sábios dos nossos dias, a quem se afiguram inexplicáveis os fenômenos do sonambulismo e da sugestão, no meio dos quais se debatem impotentes em conciliá-los com teorias preconcebidas (2), esse domínio, a ciência oriental dos santuários havia explorado, e estava possuidora de todas as suas chaves. Nele encontrava meios de ação incompreensíveis para o vulgo, mas facilmente explicáveis pelos fenômenos do Espiritismo. Em suas experiências fisiológicas, a ciência contemporânea chegou ao pórtico desse mundo oculto conhecido dos antigos e regido por leis exatas. Ainda bem perto está o dia em que a força dos acontecimentos e o exemplo dos audaciosos constrangê-la-ão a tal. Reconhecerá, então, que nada há aí de sobrenatural, mas, ao contrário, uma face ignorada da Natureza, uma manifestação das forças sutis, um aspecto novo da vida que enche o Infinito.
Se, do domínio dos fatos, passarmos ao dos princípios, teremos de esboçar desde logo as grandes linhas da doutrina secreta. Ao ver desta, a vida não é mais que a evolução, no tempo e no espaço, do Espírito, única realidade permanente. A matéria é sua expressão inferior, sua forma variável. O Ser por excelência, fonte de todos os seres, é Deus, simultaneamente triplo e uno — essência, substância e vida — em que se resume todo o Universo. Daí o deísmo trinitário que, da Índia e do Egito, passou, desfigurando-se, para a doutrina cristã. Esta, dos três elementos do Ser, fez as pessoas. A alma humana, parcela da grande alma, é imortal. Progride e sobe para o seu autor através de existências numerosas, alternativamente terrestres e espirituais, por um aperfeiçoamento continuo. Em suas encarnações, constitui ela o homem, cuja natureza ternária — o corpo, o perispírito e a alma —, centros correspondentes da sensação, sentimento e conhecimento, torna-se um microcosmo ou pequeno mundo, imagem reduzida do macrocosmo ou Grande-Todo. Eis por que podemos encontrar Deus no mais profundo do nosso ser, interrogando a nós mesmos na solidão, estudando e desenvolvendo as nossas faculdades latentes, a nossa razão e consciência. Tem duas faces a vida universal: a involução ou descida do Espírito à matéria para a criação individual, e a evolução ou ascensão gradual, na cadeia das existências, para a Unidade divina.
Prendia-se a esta filosofia um feixe inteiro de ciências: a Ciência dos Números ou Matemáticas Sagradas, a Teogonia, a Cosmogonia, a Psicologia e a Física. Nelas, os métodos indutivo e experimental combinavam-se e serviam se reciprocamente de verificação, formando, assim, um todo imponente, um edifício de proporções harmônicas.
Este ensino abria ao pensamento perspectivas suscetíveis de causarem vertigem aos espíritos mal preparados, e por isso era somente reservado aos fortes. Se, por verem o infinito, as almas débeis ficam perturbadas e desvairadas, as valentes fortificam-se e medram. É no conhecimento das leis superiores que estas vão beber a fé esclarecida, a confiança no futuro, a consolação na desgraça. Tal conhecimento produz benevolência para com os fracos, para com todos esses que se agitam ainda nos círculos Inferiores da existência, vítimas das paixões e da Ignorância; Inspira tolerância para com todas as crenças. O iniciado sabia unir-se a todos e orar com todos. Honrava Brahma na Índia, Osíris em Mênfis, Júpiter na Olímpia, como pálidas imagens da Potência Suprema, diretora das almas e dos mundos. É assim que a verdadeira religião se eleva acima de todas as crenças e a nenhuma maldiz.
O ensino dos santuários produziu homens realmente prodigiosos pela elevação de vistas e pelo valor das obras realizadas, uma elite de pensadores e de homens de ação, cujos nomes se encontram em todas as páginas da História. Daí saíram os grandes reformadores, os fundadores de religiões, os ardentes propagandistas: Krishna, Zoroastro, Hermes, Moisés, Pitágoras, Platão e Jesus; todos os que têm posto ao alcance das multidões as verdades sublimes que fazem sua superioridade. Lançaram aos ventos a semente que fecunda as almas, promulgaram a lei moral, imutável, sempre e em toda parte semelhante a si mesma. Mas, não souberam os discípulos guardar intacta a herança dos mestres. Mortos estes, os seus ensinos ficaram desnaturados e desfigurados por alterações sucessivas. A mediocridade dos homens não era apta a perceber as coisas do espírito, e bem depressa as religiões perderam a sua simplicidade e pureza primitivas. As verdades que tinham sido ensinadas foram sufocadas sob os pormenores de uma interpretação grosseira e material. Abusou-se dos símbolos para chocar a imaginação dos crentes, e, muito breve, a idéia máter ficou sepultada e esquecida sob eles. A verdade é comparável às gotas de chuva que oscilam na extremidade de um ramo. Enquanto aí ficam suspensas, brilham como puros diamantes aos raios do Sol; desde, porém, que tocam o chão, confundem-se com todas as impurezas. O que nos vem de cima mancha-se ao contacto terrestre. Até mesmo ao seio dos templos levou o homem as suas concupiscências e misérias morais. Por Isso, em cada religião, o erro, este apanágio da Terra, mistura-se com a verdade, este bem dos céus.
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Pergunta-se algumas vezes se a religião é necessária. A religião (do latim religare, ligar, unir), bem compreendida, deveria ser um laço que prendesse os homens entre si, unindo-os por um mesmo pensamento ao princípio superior das coisas. Há na alma um sentimento natural que a arrasta para um ideal de perfeição em que se identificam o Bem e a Justiça. Este sentimento, o mais nobre que poderemos experimentar, se fosse esclarecido pela Ciência, fortificado pela razão, apoiado na liberdade de consciência, viria a ser o móvel de grandes e generosas ações; mas, manchado, falseado, materializado, tornou-se, muitas vezes, pelas inquietações da teocracia, um instrumento de dominação egoística.
A religião é necessária e indestrutível porque se baseia na própria natureza do ser humano, do qual ela resume e exprime as aspirações elevadas. É, igualmente, a expressão das leis eternas, e, sob este ponto de vista, tende a
confundir-se com a filosofia, fazendo com que esta passe do domínio da teoria ao da execução, tornando-se vivaz e ativa.
Mas, para exercer uma influência salutar, para voltar a ser um incitante de progresso e elevação, a religião deve despojar-se dos disfarces com que se revestiu através dos séculos. Não são os seus elementos primordiais que
devem desaparecer, mas, sim, as formas exteriores, os mitos obscuros, o culto, as cerimônias. Cumpre evitar confundir coisas tão dessemelhantes. A verdadeira religião é um sentimento; é no coração humano, e não nas formas ou manifestações exteriores, que está o melhor templo do Eterno. A verdadeira religião não poderia ser encerrada dentro de regras e ritos acanhados; não necessita de sacerdotes nem de fórmulas nem de imagens.
Pouco se Inquieta com simulacros e modos de adorar; só julga os dogmas por sua Influência sobre o aperfeiçoamento das sociedades. Abraça todos os cultos, todos os sacerdócios, eleva-se bastante e diz-lhes: A Verdade ainda está muito acima!
Entretanto, deve-se compreender que nem todos os homens se acham em vias de atingir esses píncaros intelectuais. Eis por que a tolerância e a benevolência são coisas que se impõem. Se, por um lado, o dever convida-nos a desprender os bons espíritos dos aspectos vulgares da religião, por outro, é preciso nos abstermos de lançar a pedra às almas sofredoras, lacrimosas, Incapazes de assimilar noções abstratas, mas que encontram arrimo e conforto na sua cândida fé.
Verifica-se, porém, que, de dia para dia, diminui o número dos crentes sinceros. A Idéia de Deus, outrora simples e grande nas almas, foi desnaturada pelo temor do inferno, e perdeu seu poder. Na impossibilidade de se elevarem até ao absoluto, certos homens acreditaram ser necessário adaptar à sua forma e medida tudo o que queriam conceber. Foi assim que rebaixaram Deus ao nível deles próprios, atribuindo-lhe as suas paixões e fraquezas,
amesquinhando a Natureza e o Universo, e, sob o prisma da ignorância, decompondo em cores diversas os argênteos raios da verdade. As claras noções da religião natural foram obscurecidas a bel-prazer. A ficção e a fantasia engendraram o erro, e este, preso ao dogma, ergueu-se como um obstáculo no meio do caminho. A luz ficou velada para aqueles que se acreditavam seus depositários, e as trevas, com que pretendiam envolver os outros, fizeram-se em si próprios e ao seu redor. Os dogmas perverteram o critério religioso, e o interesse de casta falseou o senso moral. Daí um acervo de superstições, de abusos e práticas idólatras, cujo espetáculo lançou tantos homens na negação. A reação, porém, anuncia-se. As religiões, imobilizadas em seus dogmas como as múmias em suas faixas, agora agonizam, abafadas em seus invólucros materiais, enquanto tudo marcha e evolve em torno delas.
Perderam quase toda a influência sobre os costumes, sobre a vida social, e estão destinadas a perecer. Mas, como todas as coisas, as religiões só morrem para renascer. A idéia que os homens fazem da Verdade modifica-se e dilata com o decorrer dos tempos. Eis por que as religiões, manifestações temporárias, vistas parciais da eterna Verdade, tendem a transformar-se desde que já tenham cumprido a sua tarefa, e não mais correspondam aos progressos e às necessidades da Humanidade. A medida que esta caminha, são precisas novas concepções, um ideal mais elevado, e isso só poderá ser encontrado nas descobertas da Ciência, nas intuições crescentes do pensamento.
Chegamos a uma época da História em que as religiões encanecidas aluem-se por suas bases, época em que se prepara uma renovação filosófica e social. O progresso material e intelectual desafia o progresso moral. Na profundeza das almas agita-se um mundo de aspirações, que faz esforços por tomar forma e aparecer à vida. O sentimento e a razão, essas duas grandes forças impereciveis como o Espírito humano, de que são atributos, forças hostis até hoje e que perturbavam a sociedade com os seus conflitos, semeando por toda parte a discórdia, a confusão e o ódio, tendem, finalmente, a se conciliarem. A religião deve perder seu caráter dogmático e sacerdotal para tornar-se científica; a ciência libertar-se-á dos baixios materialistas para esclarecer-se com um raio divino. Surgirá uma doutrina, idealista em suas tendências, positiva e experimental em seu método, apoiada sobre fatos inegáveis. Sistemas opostos na aparência, filosofias contraditórias e inimigas, o Espiritismo e o Naturalismo, entre outras, acharão, afinal, um terreno de reconciliação. Síntese poderosa, ela abraçará e ligará todas as concepções variadas do mundo e da vida, raios dispersos, faces variadas da Verdade.
Será a ressurreição, sob forma mais ampla e a todos acessível, dessa doutrina que o passado conheceu, será o aparecimento da religião natural que renascerá simples, sem cultos nem altares. Cada pai será sacerdote em sua
família, ensinará e dará o exemplo. A religião passará para os atos, para o desejo ardente do bem; o holocausto será o sacrifício de nossas paixões, o aperfeiçoamento do Espírito humano. Tal é a doutrina superior, definitiva, universal, no seio da qual serão absorvidas, como os rios pelo oceano, todas as religiões passageiras, contraditórias, causas freqüentes de dissidência e dilaceração para a Humanidade.
(1) Ver “Essais sur l’histoire des rellglons”, por Max Muller; “La Mission des Juifs”, por St-Yves d’Alveydre; “Les Grands Initlés”, por Ed. Schuré.
(2) Ver “La Suggestion Mentale”, por Ochorowlcz.

domingo, 1 de janeiro de 2012


Fatos Históricos do mês de janeiro
01/01/1848       É Fundada a Revista Espírita por Allan Kardec
01/01/1846         Nasce León Denis - Filósofo do Espiritismo
03/01/1412         Nasce Joana D'Arc na França
06/01/1868         Primeira Edição de A Gênese de Kardec é colocada à venda
08/01/1958         É fundada no Rio de Janeiro o Lar Fabiano de Cristo, por Jayme Rolemberg e Carlos Pastorino
09/01/1862         Nasce em Gênova, Itália, o doutor Ernesto Bozzano.
10/01/1969         Desencarnação da médium Zilda Gama com 91 anos de idade
10/01/1868         Nasce em Paris, Hubert Forestier - Diretor da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas
12/01/1746         Nasce em Zurique, Suíça, João Henrique Pestalozzi, educador de Allan Kardec.
15/01/1861         Lançada a primeira edição de O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec
16/01/1916         Fundada a Federação Espírita Paraibana
17/01/1901         Nasce no Maranhão, Luiz Olímpio Guillon Ribeiro, foi presidente da FEB
18/01/1969         Desencarna no RJ, Ismael Gomes Braga, Jornalista ativo no movimento espírita
20/01/1919         Desencarna em São Paulo, Anália Emília Franco
21/01/1883         Fundada a revista "O Reformador"
 22/01/1909        Desencarna Antônio Gonçalves da Silva Batuíra, médium de cura
23/01/1906         Nasce Deolindo Amorim em Baixada Grande, Bahia
30/01/1938         Desencarna em Matão, São Paulo, Cairbar de Souza Schutel
30/01/1907         Fundado o Colégio Allan kardec, por Eurípedes Barsanulfo, em Sacramento, MG