terça-feira, 21 de fevereiro de 2012


No texto abaixo, extraído integralmente do livro Viagem Espírita 1862, inserimos um breve "resumo" visando chamar a atenção para a importância das instruções de Kardec, um tanto esquecida nos dias atuais, quando uma onda "materialista" invade o Movimento Espírita.

Sobre a formação de grupos e sociedades espíritas.

a)       Necessidade de objetivos sérios
b)       Devidamente registradas em cartórios  e órgãos governamentais
c)       Da importância da Mulher nas instituições espíritas
d)       Da importância dos Jovens nas instituições espíritas
e)       Da importância dos Estudos e Palestras Espíritas

Em várias localidades solicitaram-me conselhos para a formação de grupos espíritas. Tenho pouco a dizer a esse respeito, além do que está contido, como instruções, em O Livro dos Médiuns. Acrescentarei apenas umas poucas palavras.

A primeira condição é, sem dúvida, constituir um núcleo de pessoas sérias, por mais restrito seja o seu número. Cinco ou seis pessoas, se são esclarecidas, sinceras, imbuídas pelas verdades da doutrina e unidas pela mesma intenção, valem cem vezes mais do que uma multidão de curiosos e indiferentes. Em seguida devem os seus membros fundadores estabelecer um regulamento que se tornará em lei para os novos aderentes.

Esse regulamento é muito simples e não comporta senão medidas de disciplina interior, pois que tão somente as sociedades numerosas e regularmente constituídas exigirão o estabelecimento de particularidades. Cada grupo pode, pois, redigir esse regulamento como desejar. Todavia, para garantir uniformidade e facilidade, ofereço, nas últimas páginas desta obra, um modelo que poderá ser modificado de acordo com as circunstâncias e as necessidades locais. Em todo o caso o objetivo essencial proposto deve ser o recolhimento, a manutenção da ordem mais perfeita e o afastamento de toda e qualquer pessoa que não estiver animada de intenções sérias e possa se transformar em motivo de perturbação. 

Eis a razão da severidade imposta aos novos elementos a serem admitidos. Não creiais que essa severidade possa ser nociva à propagação do Espiritismo. Bem pelo contrário! As reuniões sérias são aquelas que fazem mais prosélitos. As reuniões frívolas e que não são conduzidas com ordem e dignidade, nas quais o primeiro curioso que aparece pode vir representar suas facécias, não inspiram nem atenção nem respeito e delas os incrédulos saem menos convencidos do que ao entrar. Estas reuniões fazem a alegria dos inimigos do Espiritismo, mas as outras se constituem no seu pesadelo e eu conheço gente que tudo daria para ver multiplicadas as primeiras com total desaparecimento das outras. Felizmente, é o contrário que ocorre. Urge considerar ainda que o desejo de ser admitido nas reuniões sérias aumenta em razão das dificuldades antepostas. Quanto à difusão doutrinária, ela se processa bem menos em razão da admissão de assistentes – que, via de regra, uma sessão ou duas não podem convencer – do que pelo estudo preliminar e pela conduta dos membros fora das reuniões.

Excluir as mulheres seria injuriar sua capacidade de julgamento que, verdade seja dita e sem intenção de lisonja, muitas vezes leva vantagem sobre a de muitos homens, entre os quais incluiríamos até mesmo certos críticos intelectualizados. A presença de senhoras exige uma observação mais rigorosa das leis da urbanidade e modifica uma certa displicência comum às reuniões compostas apenas de cavalheiros. Além disso, por que privá-las da influência moralizadora do Espiritismo? A mulher sinceramente espírita só poderá ser uma boa esposa, uma boa filha, uma boa mãe. Por força de sua própria posição ela tem, muitas vezes, mais necessidade do que qualquer outra pessoa, das sublimes consolações do Espiritismo, que a tornarão mais forte e mais resignada ante as provações da vida. Não se sabe, de resto, que os Espíritos só têm sexo para a encarnação? Se a igualdade dos direitos da mulher deve ser reconhecida, com maior razão deverá ser assegurada entre os espíritas, e a propagação do Espiritismo apressará, infalivelmente, a abolição dos privilégios que o homem a si mesmo concedeu pelo direito do mais forte. O advento do Espiritismo marcará a era da emancipação legal da mulher.

Tão pouco deveis recear a admissão dos jovens. A gravidade da assembléia espírita beneficiará o seu caráter. Eles se tornarão mais sérios e, em propício momento, poderão haurir, no ensino dos bons Espíritos, a fé viva em Deus e no futuro, o sentimento dos deveres de família que os tornarão mais doces, mais respeitosos, e que tempera a efervescência das paixões.

Quanto às formalidades legais, não há, na França, nenhuma a regulamentar, desde que as reuniões não se realizem com mais de vinte pessoas. Além desse número, as reuniões regulares e periódicas devem ser autorizadas, e isso embora a tolerância – que não pode ser vista como um direito – que a maioria dos grupos espíritas goza em razão de seu caráter pacífico, exclusivamente moral e, sobretudo, tendo-se em vista que não constituem associações ou afiliações. Em qualquer circunstância, todavia, os espíritas devem ser os primeiros a dar exemplo de submissão às leis, isso no caso de ser necessária a sua aplicação.

Há algum tempo constituíram-se alguns grupos, de especial caráter, e cuja multiplicação entusiasticamente desejamos encorajar. São os denominados grupos de ensino. Neles ocupam-se pouco ou nada das manifestações. Toda a atenção se volta para a leitura e explicação de O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns e artigos da Revista Espírita. Algumas pessoas devotadas reúnem com esse objetivo um certo número de ouvintes, suprindo para eles as dificuldades da leitura ou do estudo isolado. Aplaudimos de todo o coração essa iniciativa que, esperamos, terá imitadores e não poderá, em se desenvolvendo, deixar de produzir os melhores resultados. Para essa atividade não se tem necessidade de ser orador ou professor; trata-se de uma leitura, como em família, seguida de explicações despretensiosas do ponto de vista da eloqüência, mas que estejam ao alcance de toda a gente.

Sem fazer disso norma obrigatória, muitos grupos têm por hábito iniciar as sessões pela leitura de algumas passagens de O Livro dos Espíritos ou O Livro dos Médiuns. Seríamos felizes vendo essa prática adotada de modo geral, uma vez que o seu resultado é despertar as atenções para princípios que poderiam ser mal compreendidos ou passar desapercebidos. Nesse caso é útil que os dirigentes, ou presidentes dos grupos, preparem antecipadamente as passagens que deverão constituir o objeto de leitura, a fim de harmonizar essa escolha às circunstâncias.

Não deve causar estranheza ou incompreensão que eu indique essas obras como básicas para o estudo, uma vez que são as únicas em que a ciência espírita se encontra analisada em todas as suas partes e de maneira metódica. Todavia julgar-me-ia mal quem me supusesse exclusivo a ponto de recusar outras obras, entre as quais muitas merecem toda a simpatia dos bons espíritos. Em um estudo completo, ademais, é preciso examinar-se tudo, mesmo aquilo que é mau. Julgo também muito útil a leitura das críticas, para delas fazer ressaltar o vazio e a ausência de lógica; nelas nunca há uma única assertiva capaz de abalar a fé de um espírita sincero, pelo contrário, podem apenas fortalecê-la, pois que muitas vezes já a fizeram nascer no coração de incrédulos que se deram ao trabalho de compará-las. O mesmo se pode dizer de certas obras que, se bem que escritas com uma finalidade digna, nem por isso deixam de conter erros manifestos ou excentricidades que é sempre preciso pôr a descoberto.

Eis aqui um outro hábito, cuja adoção nos parece extremamente útil: é essencial que cada grupo recolha e passe a limpo as comunicações recebidas, a fim de, com facilidade, a elas recorrer em caso de necessidade. Os Espíritos que vêem seus ensinamentos relegados ao esquecimento bem cedo abandonam o grupo, fatigados. É também muito útil fazer-se, à parte, uma seleção especial, bem redigida e clara, das comunicações mais belas e instrutivas e reler algumas em cada sessão, a fim de que delas se tire proveito.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Sofremos ou não sofremos quando do momento do Desencarne. A lógica de Kardec em ação.


C A P Í T U L O I - O Passamento - O CÉU E O INFERNO

1. A certeza da vida futura não exclui as apreensões quanto à passagem desta para a outra vida. Há muita gente que teme não a morte, em si, mas o momento da transição.
Sofremos ou não nessa passagem? Por isso se inquietam, e com razão, visto que ninguém foge à lei fatal dessa transição. Podemos dispensar-nos de uma viagem neste mundo, menos essa. Ricos e pobres, devem todos fazê-la, e, por dolorosa que seja a franquia, nem posição nem fortuna poderiam suavizá-la.

2. Vendo-se a calma de alguns moribundos e as convulsões terríveis de outros, pode-se previamente julgar que as sensações experimentadas nem sempre são as mesmas. Quem poderá no entanto esclarecer-nos a tal respeito? Quem nos descreverá o fenômeno fisiológico da separação entre a alma e o corpo? Quem nos contará as impressões desse instante supremo quando a Ciência e a Religião se calam? E calam--se porque lhes falta o conhecimento das leis que regem as relações do Espírito e da matéria, parando uma nos umbrais
da vida espiritual e a outra nos da vida material. O Espiritismo é o traço de união entre as duas, e só ele pode dizer-nos como se opera a transição, quer pelas noções mais positivas da natureza da alma, quer pela descrição dos que deixaram este mundo. O conhecimento do laço fluídico que une a alma ao corpo é a chave desse e de muitos outros fenômenos.

3. A insensibilidade da matéria inerte é um fato, e só a alma experimenta sensações de dor e de prazer. Durante a vida, toda a desagregação material repercute na alma, que por este motivo recebe uma impressão mais ou menos dolorosa.
É a alma e não o corpo quem sofre, pois este não é mais que instrumento da dor: — aquela é o paciente. Após a morte, separada a alma, o corpo pode ser impunemente mutilado que nada sentirá; aquela, por insulada, nada experimenta da destruição orgânica. A alma tem sensações próprias cuja fonte não reside na matéria tangível. O perispírito é o envoltório da alma e não se separa dela nem antes nem depois da morte. Ele não forma com ela mais que uma só entidade, e nem mesmo se pode conceber uma sem outro.
Durante a vida o fluido perispirítico penetra o corpo em todas as suas partes e serve de veículo às sensações físicas da alma, do mesmo modo como esta, por seu intermédio, atua sobre o corpo e dirige-lhe os movimentos.

4. A extinção da vida orgânica acarreta a separação da alma em conseqüência do rompimento do laço fluídico que a une ao corpo, mas essa separação nunca é brusca.
O fluido perispiritual só pouco a pouco se desprende de todos os órgãos, de sorte que a separação só é completa e absoluta quando não mais reste um átomo do perispírito ligado a uma molécula do corpo. “A sensação dolorosa da alma, por ocasião da morte, está na razão direta da soma dos pontos de contacto existentes entre o corpo e o perispírito, e, por conseguinte, também da maior ou menor dificuldade que apresenta o rompimento.” Não é preciso,  portanto,  dizer que, conforme as circunstâncias, a morte pode ser mais ou menos penosa. Estas circunstâncias é que nos cumpre examinar.

5. Estabeleçamos em primeiro lugar, e como princípio, os quatro seguintes casos, que podemos reputar situações extremas dentro de cujos limites há uma infinidade de variantes:
1º Se no momento em que se extingue a vida orgânica o desprendimento do perispírito fosse completo, a alma nada sentiria absolutamente.
2º Se nesse momento a coesão dos dois elementos estiverno auge de sua força, produz-se uma espécie de ruptura que reage dolorosamente sobre a alma.
3º Se a coesão for fraca, a separação torna-se fácil e opera-se sem abalo.
4º Se após a cessação completa da vida orgânica existirem ainda numerosos pontos de contacto entre o corpo e o perispírito, a alma poderá ressentir-se dos efeitos da decomposiçãodo corpo, até que o laço inteiramente se desfaça.
Daí resulta que o sofrimento, que acompanha a morte, está subordinado à força adesiva que une o corpo ao
perispírito; que tudo o que puder atenuar essa força, e acelerara rapidez do desprendimento, torna a passagem menos penosa; e, finalmente, que, se o desprendimento se operar sem dificuldade, a alma deixará de experimentar qualquer sentimento desagradável.

6. Na transição da vida corporal para a espiritual, produz--se ainda um outro fenômeno de importância capital — a perturbação. Nesse instante a alma experimenta um torpor que paralisa momentaneamente as suas faculdades, neutralizando, ao menos em parte, as sensações. É como se disséssemos um estado de catalepsia, de modo que a alma quase nunca testemunha conscientemente o derradeiro suspiro. Dizemos quase nunca, porque há casos em que a alma pode contemplar conscientemente o desprendimento, como em breve veremos. A perturbação pode, pois, ser considerada o estado normal no instante da morte e perdurar por tempo indeterminado, variando de algumas horas a alguns anos. À proporção que se liberta, a alma encontra-se numa situação comparável à de um homem que desperta de profundo sono; as idéias são confusas, vagas, incertas; a vista apenas distingue como que através de um nevoeiro, mas pouco a pouco se aclara, desperta-se-lhe a memória e o conhecimento de si mesma. Bem diverso é, contudo, esse despertar; calmo, para uns, acorda-lhes sensações deliciosas; tétrico, aterrador e ansioso, para outros, é qual horrendo
pesadelo.

7. O último alento quase nunca é doloroso, uma vez que ordinariamente ocorre em momento de inconsciência, mas a alma sofre antes dele a desagregação da matéria, nos estertores da agonia, e, depois, as angústias da perturbação.
Demo-nos pressa em afirmar que esse estado não é geral, porquanto a intensidade e duração do sofrimento estão na razão direta da afinidade existente entre corpo e perispírito.
Assim, quanto maior for essa afinidade, tanto mais penosos e prolongados serão os esforços da alma para desprender-se. Há pessoas nas quais a coesão é tão fraca que o desprendimento se opera por si mesmo, como que naturalmente; é como se um fruto maduro se desprendesse do seu caule, e é o caso das mortes calmas, de pacífico despertar.

8. A causa principal da maior ou menor facilidade de desprendimento é o estado moral da alma. A afinidade entre o corpo e o perispírito é proporcional ao apego à matéria, que atinge o seu máximo no homem cujas preocupações dizem respeito exclusiva e unicamente à vida e gozos materiais.
Ao contrário, nas almas puras, que antecipadamente se identificam com a vida espiritual, o apego é quase nulo. E desde que a lentidão e a dificuldade do desprendimento estão na razão do grau de pureza e desmaterialização da alma, de nós somente depende o tornar fácil ou penoso, agradável ou doloroso, esse desprendimento.
Posto isto, quer como teoria, quer como resultado de observações, resta-nos examinar a influência do gênero de morte sobre as sensações da alma nos últimos transes.

9. Em se tratando de morte natural resultante da extinção das forças vitais por velhice ou doença, o desprendimento opera-se gradualmente; para o homem cuja alma se desmaterializou e cujos pensamentos se destacam das coisas terrenas, o desprendimento quase se completa antes da morte real, isto é, ao passo que o corpo ainda tem vida orgânica, já o Espírito penetra a vida espiritual, apenas ligado por elo tão frágil que se rompe com a última pancada do coração. Nesta contingência o Espírito pode ter já recuperado a sua lucidez, de molde a tornar-se testemunha consciente da extinção da vida do corpo, considerando-se feliz por tê-lo deixado. Para esse a perturbação é quase nula, ou antes, não passa de ligeiro sono calmo, do qual desperta com indizível impressão de esperança e ventura.
No homem materializado e sensual, que mais viveu do corpo que do Espírito, e para o qual a vida espiritual nada significa, nem sequer lhe toca o pensamento, tudo contribui para estreitar os laços materiais, e, quando a morte se aproxima, o desprendimento, conquanto se opere gradualmente também, demanda contínuos esforços. As convulsões da agonia são indícios da luta do Espírito, que às vezes procura romper os elos resistentes, e outras se agarra ao corpo do qual uma força irresistível o arrebata com violência, molécula por molécula.

10. Quanto menos vê o Espírito além da vida corporal, tanto mais se lhe apega, e, assim, sente que ela lhe foge e quer retê-la; em vez de se abandonar ao movimento que o empolga, resiste com todas as forças e pode mesmo prolongar a luta por dias, semanas e meses inteiros.
Certo, nesse momento o Espírito não possui toda a lucidez, visto como a perturbação de muito se antecipou à  morte; mas nem por isso sofre menos, e o vácuo em que se acha, e a incerteza do que lhe sucederá, agravam-lhe as angústias. Dá-se por fim a morte, e nem por isso está tudo terminado; a perturbação continua, ele sente que vive, mas não define se material, se espiritualmente, luta, e luta ainda, até que as últimas ligações do perispírito se tenham de todo rompido. A morte pôs termo à moléstia efetiva, porém,
não lhe sustou as conseqüências, e, enquanto existirempontos de contacto do perispírito com o corpo, o Espírito ressente-se e sofre com as suas impressões.

11. Quão diversa é a situação do Espírito desmaterializado, mesmo nas enfermidades mais cruéis! Sendo frágeis os laços fluídicos que o prendem ao corpo, rompem-se suavemente; depois, a confiança do futuro entrevisto em pensamento ou na realidade, como sucede algumas vezes, fá-lo encarar a morte qual redenção e as suas conseqüências como prova, advindo-lhe daí uma calma resignada, que lhe ameniza o sofrimento. Após a morte, rotos os laços, nem uma só reação dolorosa que o afete; o despertar é lépido, desembaraçado; por sensações únicas: o alívio, a alegria!

12. Na morte violenta as sensações não são precisamente as mesmas. Nenhuma desagregação inicial há começado previamente a separação do perispírito; a vida orgânica em plena exuberância de força é subitamente aniquilada. Nestas condições, o desprendimento só começa depois da morte e não pode completar-se rapidamente. O Espírito, colhido de improviso, fica como que aturdido e sente, e pensa, e acredita-se vivo, prolongando-se esta ilusão até que compreenda o seu estado. Este estado intermediário entre a vida corporal e a espiritual é dos mais interessantes para ser estudado, porque apresenta o espetáculo singular de um Espírito que julga material o seu corpo fluídico, experimentando ao mesmo tempo todas as sensações da vida orgânica.
Há, além disso, dentro desse caso, uma série infinita de modalidades que variam segundo os conhecimentos e progressos morais do Espírito. Para aqueles cuja alma está purificada, a situação pouco dura, porque já possuem em si como que um desprendimento antecipado, cujo termo a morte mais súbita não faz senão apressar. Outros há, para os quais a situação se prolonga por anos inteiros. É uma situação essa muito freqüente até nos casos de morte comum, que nada tendo de penosa para Espíritos adiantados, se torna horrível para os atrasados. No suicida, principalmente, excede a toda expectativa. Preso ao corpo por todas as suas fibras, o perispírito faz repercutir na alma todas as sensações daquele, com sofrimentos cruciantes.

13. O estado do Espírito por ocasião da morte pode ser assim resumido: Tanto maior é o sofrimento, quanto mais lento for o desprendimento do perispírito; a presteza deste desprendimento está na razão direta do adiantamento moral do Espírito; para o Espírito desmaterializado, de consciência pura, a morte é qual um sono breve, isento de agonia, e cujo despertar é suavíssimo.

14. Para que cada qual trabalhe na sua purificação, reprima as más tendências e domine as paixões, preciso se faz que abdique das vantagens imediatas em prol do futuro, visto como, para identificar-se com a vida espiritual, encaminhando para ela todas as aspirações e preferindo-a à vida terrena, não basta crer, mas compreender. Devemos considerar essa vida debaixo de um ponto de vista que satisfaça ao mesmo tempo à razão, à lógica, ao bom-senso e ao conceito em que temos a grandeza, a bondade e a justiça de Deus. Considerado deste ponto de vista, o Espiritismo, pela fé inabalável que proporciona, é, de quantas doutrinas filosóficas  que conhecemos, a que exerce mais poderosa influência.
O espírita sério não se limita a crer, porque compreende, e compreende, porque raciocina; a vida futura é uma realidade que se desenrola incessantemente a seus olhos; uma realidade que ele toca e vê, por assim dizer, a cada passo e de modo que a dúvida não pode empolgá-lo, ou ter guarida em sua alma. A vida corporal, tão limitada, amesquinha-se diante da vida espiritual, da verdadeira vida. Que lhe importam os incidentes da jornada se ele compreende a causa e utilidade das vicissitudes humanas, quando suportadas
com resignação? A alma eleva-se-lhe nas relações com o mundo visível; os laços fluídicos que o ligam à matéria enfraquecem-se, operando-se por antecipação um desprendimento parcial que facilita a passagem para a outra vida. A perturbação conseqüente à transição pouco perdura, porque, uma vez franqueado o passo, para logo se reconhece, nada estranhando, antes compreendendo, a sua nova situação.

15. Com certeza não é só o Espiritismo que nos assegura tão auspicioso resultado, nem ele tem a pretensão de ser o meio exclusivo, a garantia única de salvação para as almas.
Força é confessar, porém, que pelos conhecimentos que fornece, pelos sentimentos que inspira, como pelas disposições em que coloca o Espírito, fazendo-lhe compreender a necessidade de melhorar-se, facilita enormemente a salvação. Ele dá a mais, e a cada um, os meios de auxiliar o desprendimento doutros Espíritos ao deixarem o invólucro material, abreviando-lhes a perturbação pela evocação e pela prece. Pela prece sincera, que é uma magnetização espiritual, provoca-se a desagregação mais rápida do fluido perispiritual; pela evocação conduzida com sabedoria e prudência, com palavras de benevolência e conforto, combate-se o entorpecimento do Espírito, ajudando-o a reconhecer-se mais cedo, e, se é sofredor, incute-se-lhe o arrependimento — único meio de abreviar seus sofrimentos.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

O suicida de Samaritana


Estudos de Casos Espíritas – Sociedade Espírita Caminho da Paz – fev-2012


O suicida de Samaritana - Revista Espírita, junho de 1858

Os jornais, ultimamente, relataram o fato seguinte: "Ontem (7 de abril de 1858), pelas sete horas da noite, um homem de uns cinqüenta anos e convenientemente vestido, se apresentou no estabelecimento da Samaritana e se fez preparar um banho. O garçon de serviço admirando-se que esse indivíduo, depois de um intervalo de duas horas, não chamasse mais, decidiu entrar em sua cabine para ver se não estava indisposto. Foi então testemunha de um horrendo espetáculo: o infeliz se havia cortado a garganta com uma navalha, e todo o seu sangue se misturou à água da banheira. Não podendo ser estabelecida a identidade, transportou-se o cadáver para o Necrotério."

Pensamos que poderíamos haurir um ensinamento útil à nossa instrução, em uma entrevista com o Espírito desse homem. Evocamo-lo, pois, em 13 de abril, por conseguinte seis dias somente depois de sua morte
.
1. Peço a Deus Todo-poderoso permitir ao Espírito do indivíduo que se suicidou nos banhos da Samaritana se comunicar conosco. - R. Espere.... (depois de alguns segundos): está aqui.

Nota. - Para compreender essa resposta, é preciso saber que há, geralmente, em todas as reuniões regulares, um Espírito familiar o do médium ou da família, que está sempre presente sem ser chamado. E ele que faz vir aquele que se evoca, e, segundo seja mais ou menos elevado, ele mesmo serve de mensageiro ou dá ordens aos Espíritos que lhe são inferiores. Quando as nossas reuniões têm por intérprete a senhorita Ermance Dufaux, é sempre o Espírito de São Luís que consente assisti-la de ofício; foi ele quem deu a resposta acima.

2. Onde estais agora? - R. Não sei... Dizei-me onde estou.
3. Estais na rua de Valois (Palais-Royal), nº 35, em uma assembléia de pessoas que se ocupam de estudos espíritas, e que vos são benevolentes. - R. Dizei-me se vivo... Eu estufo no caixão.

4. Quem vos convidou para vir até nós? - R. Senti-me aliviado.
5. Qual foi o motivo que vos levou ao suicídio? - R. Estou morto?... Não... Habito meu corpo... Não sabeis o quanto sofro!... Eu estufo... Que mão compassiva procure me matar!

Nota. - Sua alma, embora separada do corpo, está ainda completamente mergulhada no que se poderia chamar o turbilhão da matéria corporal; as idéias terrestres estão ainda vivas; não se crê morto.

6. Por que não deixastes nenhum traço que pudesse fazer vos reconhecer? - R. Estou abandonado; fugi do sofrimento para encontrar a tortura.

7. Tendes agora os mesmos motivos para permanecer desconhecido? - R. Sim; não coloqueis um ferro em brasa na ferida que sangra.

8. Desejais dizer-nos vosso nome, vossa idade, vossa profissão, vosso domicílio? - R. Não... A tudo: não...

9. Tínheis uma família, uma mulher, filhos? - R. Estava abandonado; nenhum ser me amava.

10. Que fizestes para não ser amado por ninguém? - R. Quantos são como eu!... Um homem pode ser abandonado no seio de sua família, quando nenhum coração o ame.

11. No momento de consumar vosso suicídio, não experimentastes nenhuma hesitação? - R. Tinha sede da morte... esperava o repouso.

12. Como o pensamento do futuro não vos fez renunciar ao vosso projeto? - R. Nele não acreditava mais; estava sem esperança. O futuro é a esperança.

13. Que reflexões fizestes no momento em que sentistes a vida se extinguir em vós? - R. Não refleti; senti... Minha vida não está extinta... minha alma está ligada ao meu corpo... Sinto os vermes que me roem.

14. Que sentimento experimentastes no momento em que a morte se completou? - R. Ela se completou?

15. O momento em que a vida se extinguiu vos foi doloroso? -R. Menos doloroso do que depois. Só o corpo sofreu. - São Luís continuou: O Espírito se descarregou de um fardo que o oprimia; sentiu a volúpia da dor. (A São Luís.) Esse estado é sempre a conseqüência do suicídio? - R. Sim; o Espírito do suicida fica ligado ao seu corpo até o termo de sua vida. A morte natural é o enfraquecimento da vida: o suicida a quebra inteiramente.

16. Esse estado é o mesmo de toda morte acidental independente da vontade, e que abrevia a duração natural da vida? - R. Não. Que entendeis pelo suicídio? O Espírito não é culpável senão por suas obras.

Nota.- Havíamos preparado uma série de perguntas que nos propúnhamos dirigir ao Espírito desse homem sobre a sua nova existência; em presença dessas respostas, tornaram-se sem objeto; estava evidente para nós que ele não tinha nenhuma consciência de sua situação; seu sofrimento era a única coisa que poderia nos descrever.

Essa dúvida da morte é muito comum entre as pessoas falecidas há pouco, e, sobretudo, naqueles que, durante sua vida, não elevaram sua alma acima da matéria. É um fenômeno bizarro à primeira vista, mas que se explica muito naturalmente. Se a um indivíduo posto em sonambulismo pela primeira vez, perguntar-se se ele dorme, responderá quase sempre que não, e essa resposta é lógica: foi o interrogador que colocou mal a pergunta em se servindo de uma palavra imprópria. A idéia de sono, em nossa linguagem usual, está ligada à da suspensão de todas as nossas faculdades sensitivas; ora, o sonâmbulo que pensa e vê, que tem consciência de sua liberdade moral, não crê dormir e, com efeito, não dorme, na acepção vulgar da palavra. Por isso, responderá não até que esteja familiarizado com essa nova maneira de entender as coisas. Ocorre o mesmo no homem que vem de morrer, para ele a morte era o nada; ora, igual ao sonâmbulo, ele vê, sente, fala; para ele, pois, não é a morte, e o dirá até que haja adquirido a intuição de seu novo estado.

domingo, 5 de fevereiro de 2012


Victor Hugo muito se agigantou pela inteligência; poeta genial, escritor primoroso e fecundo. Sustentou, sem esmorecimentos, tremendas lutas em prol da liberdade, enfrentando a ira dos reacionários de todos os tempos, desses que não vacilam em sacrificar as coisas mais sagradas e nobres para que seus interesses fiquem incólumes.
Por ter sido grande demais, deixou de ser cidadão francês para se tornar cidadão do mundo, porque, como foi dito, sua obra literária, suas palavras, no campo político, suas idéias e pensamentos influíram e beneficiaram os povos do mundo inteiro! Ele próprio sentia, não obstante seu entranhado amor ao país de seu nascimento, que pertencia a todos os povos que sofriam e se viam cerceados da liberdade de pensar, e que a ele cabia o dever de trabalhar, lutar infatigavelmente para que a luz da verdade espiritual reinasse nas almas de todos os seus irmãos, fossem eles desta ou daquela pátria. E para que essa luz pudesse brilhar era condição, sine qua non, que aos homens fosse adjudicado o sagrado direito de liberdade, liberdade de sentir Deus e a sua justiça, dentro das possibilidades intelectuais de cada um, dessa liberdade, enfim, que é uma condição essencial do homem.
Eis por que em pleno Congresso da Paz, em Lausanne, afirmou: "Sou cidadão de todo homem que pensa!".

Não é nosso intento, sem dúvida, descrever a vida e a obra de Victor Hugo, vida por demais extensa, pois que em tudo ele foi exímio, seja como poeta, pensador, dramaturgo, romancista, historiador, panfletista, orador, jornalista e espírita!

Mostrou-se sempre inimigo intransigente da pena de morte: "A cabeça do homem do povo está cheia de princípios úteis... cultivai, decifrai, regai, esclarecei, moralizai, utilizai essa cabeça e não tereis necessidade de cortá-la!".

Nosso propósito, porém, acerca da personalidade de Victor Hugo, é o de focalizá-lo como espírita, o que procuraremos fazer sucintamente.
Em 1852, em face de suas atitudes políticas, viu-se ele na contingência de refugiar-se em Jersey, na vivenda Marine-Terrace. Logo após chamou para junto de si a mulher e os filhos, aos quais se reuniram alguns amigos, e entre eles Vacquerie e Julieta Drouet.

Em setembro de 1853 chegava a Jersey, de visita, a Sra. De Girardin, levando a grande novidade: o Espiritismo.

Neste ponto, transcreveremos o que sobre esse assunto escreveu Raymond Escholier, em seu livro intitulado "A Vida Gloriosa de Victor Hugo":
As suas crenças religiosas, que a certas almas frívolas parecem tão simples, tão restritas, por vezes tão extravagantes, são a verdadeira herança transmitida pelos seus ancestrais rústicos.

A bem dizer, essas idéias são mais velhas do que o Cristianismo: fé na sobrevivência e na presença permanente dos mortos, no poder do sortilégio e da magia. Hugo não se limita a introduzir na poesia francesa as expressões do povo, a linguagem popular, tão cheia de imagens, tão colorida, tão expressiva; deu igualmente o direito de cidadania às crenças do homem primitivo, que sempre existiu no velho solo da França.

Para encontrar aquela que ficou em França, aquela a quem Victor Hugo cantou a mãe dolorosa, consultou ele à sua velha amiga, a Sra. Girardin; interrogando, por intermédio das mesas falantes, o túmulo coberto de ervas e de sombras. Com a Sra. Hugo, com Carlos, maravilhoso médium, com Augusto Vacquerie e o General Le Flô, Victor crê penetrar o segredo das forças obscuras.
O primeiro Espírito que se apresentou em Marine-Terrace foi o de Leopoldina.
-Onde estás? - pergunta o poeta.
-Luz.
-Que é preciso fazer para ir ter contigo?
-Amar.

Então na pequenina casa, tão triste, todos choraram, todos acreditaram.
Nas revelações das mesas, Hugo vê a deslumbrante confirmação das suas idéias religiosas. E é nessa convicção que escreve, a 19 de setembro de 1854:
- Tenho uma pergunta grave a fazer. Os seres, que povoam o Invisível e que lêem os nossos pensamentos, sabem que há vinte e cinco anos me ocupo dos assuntos que a mesa suscita e aprofunda. Mais duma vez a mesa me tem falado desse trabalho; a Sombra do Sepulcro incitou-me a terminá-lo. Nesse trabalho, evidentemente conhecido no além, nesse trabalho de vinte e cinco anos, encontrara, apenas pela meditação, muitos resultados que compõem hoje a revelação da mesa; vira distintamente confirmados alguns desses resultados sublimes; entrevira outros que viviam no meu espírito num estado de embrião confuso. Os seres misteriosos e grandes que me escutam, vêem, quando querem, no meu pensamento, como se vê numa gruta com um archote; conhecem a minha consciência e sabem quanto tudo o que eu acabo de dizer é rigorosamente exato, que fiquei por momentos contrariado, no meu miserável amor-próprio humano, pela revelação atual, que veio lançar à volta da minha lampadazinha de mineiro o clarão dum raio ou dum meteoro. Hoje, tudo o que eu vira por inteiro é confirmado pela mesa: e as meias revelações a mesa as completa. Neste estado de alma escrevi: "O ser que se chama Sombra do Sepulcro aconselhou-me a terminar a obra começada; o ser que se chama Idéia foi mais longe ainda e "ordenou-me" que fizesse versos atraindo a piedade para os seres cativos e punidos, que compõem o que parece aos não videntes a Natureza morta; obedeci. Fiz versos que Idéia me impôs".
Em 22 de maio de 1885 desencarnou o Espírito de Victor Hugo. 

Eis as suas últimas vontades consignadas em testamento confiado a Augusto Vacquerie:
Deixo 50.000 francos aos pobres. Desejo que me levem ao cemitério na carreta dos pobres. Recuso as orações de todas as igrejas. Creio em Deus.


Fonte:Livro: Grandes Vultos da Humanidade e o  Espiritismo





A FACE ESPÍRITA DE VICTOR HUGO

Das figuras exponenciais da cultura deste mundo podemos destacar com absoluta segurança, Victor Marie Hugo (Besançon 1802 - Paris 1885). Poeta, romancista emérito, produziu também coletâneas líricas e peças de teatro. Também exerceu a arte da pintura. Foi defensor intransigente da democracia e da melhoria social do seu povo, tornando-se, por isso, hostil aos interesses de Napoleão III, fato que o obrigou (1852) a exilar-se em Jersey, depois em Guernesey. Nesta localidade participava de reuniões espíritas. Retornou à França em 1870.

Do Plano Espiritual tem nos brindado com romances extraordinários, recebidos pelos médiuns Divaldo Pereira Franco e Zilda Gama. Seus livros espirituais, apresentados com riqueza verbal invejável, nos trazem acontecimentos autênticos de encarnações do passado e suas conseqüências nas reencarnações futuras, visando o nosso esclarecimento e aprimoramento moral. Como todo espírito elevado, não deixa de tecer críticas sobre o mau comportamento humano.

"Deus na sua onisciência absoluta houve por bem criar os seres humanos com todas as faculdades anímicas, que eu denomino negativas e positivas - estas simbolizando o Bem, aquelas o Mal."

Recentemente um documentário sobre o livro "Os Miseráveis" chamou-me a atenção para o lado espírita de Victor Hugo. Nele, um dos estudiosos da obra de Hugo afirma que os espíritos o incentivaram a concluir e publicar o livro que se tornaria um marco na literatura mundial, por dar voz e luz a uma população geralmente esquecida, diminuída ou marginalizada pelos autores anteriores à sua época.

O escritor francês foi condecorado cavaleiro da Legião de Honra em 1825, membro da Academia Francesa e foi eleito deputado constituinte de Paris em 1848 e 1849. Foi eleito presidente do Congresso Internacional da Paz em 1849. Em 1852 um decreto do governo de Luis Napoleão o expulsa da França e ele vai para a ilha de Jersey, onde teve contato com a mediunidade e os espíritos. Hugo só voltaria à Paris após a proclamação da república, mesmo tendo sido anistiado.

O livro de Maria do Carmo Schneider, de leitura agradável, focaliza o lado espírita de Victor Hugo, conectando-o à sua obra.. São impressionantes os poemas obtidos pela via mediúnica na ilha de Jersey e os espíritos com quem comunicava-se, que adotavam pseudônimos poéticos como "Sombra do Sepulcro", "Dama Branca", "Leão de Ândrocles" e "Pomba do Arco". Poetas famosos também assinavam as comunicações, como Molière, Ésquilo, Shakespeare, Dante e Camões.

A pena dos historiadores e biógrafos de Victor Hugo muitas vezes o considerou um "louco no exílio", assim como foi feito com outras personalidades notáveis que se tornaram espíritas ou espiritualistas como William Crookes e Robert Owen. Em sua "loucura genial" Victor Hugo ainda publicou mais de vinte grandes obras, como "O Homem Que Ri", "Os Miseráveis", "William Shakespeare", "Trabalhadores do Mar", "Torquemada" e outras obras memoráveis.

Além do trabalho de Maria do Carmo, quem desejar conhecer uma abordagem filosófica da obra de Victor Hugo, pode ler o livro "Victor Hugo, Espírita", escrito pelo espírita argentino Humberto Mariotti e publicado em português pela editora EME.

Como um presente ao leitor do blog, fica um dos poemas mediúnicos da Ilha de Jersey, ditado pela "Sombra do Sepulcro":


"Espírito que quer saber o segredo das trevas,
E que, segurando nas mãos a terrestre chama,
Vem, furtivo, apalpando nas nossas fúnebres sombras,
Espicaçar a imensa tumba,

Retorna ao teu silêncio e sopra tuas velas,
Retorna à noite de onde algumas vezes sais;
O olho dos vivos não lê coisas eternas
Por sobre os ombros dos que não vivem mais."

(Resposta a Hugo da Sombra do Sepulcro após duas perguntas dirigidas a Molière). Leia sua interpretação na página 52 do livro de Schneider.









quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012


Iº Ciclo de Estudos sobre O Passe
Conforme a programação elaborada pela diretoria e trabalhadores da Sociedade Espírita Caminho da Paz, João Pessoa na Paraíba, evento realizado no dia 29 de janeiro 2012.
Presença de 17 diretores e trabalhadores dos diversos departamentos do Caminho da Paz.
Toda a temática do encontro teve como referência bibliográfica artigo de Allan Kardec publicado na Revista Espírita de setembro de 1865  “Da Mediunidade Curadora”.

Resumo dos estudos e debates realizados:

Questões:
Na imposição das mãos:
ð  Qual a parte dos Médiuns? Qual a parte dos Espíritos?
ð  É necessário empregar a vontade nas operações magnéticas ou limitar-se a orar?
ð  Essa faculdade é acessível a todos?
ð  Qual o papel do organismo?
ð  Essa faculdade pode ser desenvolvida?
ð  Uma visão geral sobre o perispírito, ação do pensamento e fluidos.

Algumas conclusões das discussões:
1)      O passe foi incluído nas práticas do Espiritismo como um auxiliar dos recursos terapêuticos ordinários. É, portanto, um meio e não a finalidade do Espiritismo.

2)      É dever do centro espírita, por meio do seu corpo de trabalhadores, esclarecer os que o procuram acerca dos objetivos maiores do Espiritismo, que gravitam em torno da libertação da criatura das amarras da ignorância das leis divinas, alçando-a à perfeição, e, desta forma não utilizar o passe como forma de atrair público.

3)      Para entendermos os mecanismos do passe, é importante estudarmos os fluidos e suas leis, o que inclui a análise do perispírito, suas funções, suas propriedades. Tudo isso encontra exposto nas obras básicas de Allan Kardec, notadamente no capítulo 14 de A Gênese, bem como em outras obras sérias, como as de André Luiz, Léon Denis, Yvonne Pereira, Philomeno de Miranda, etc.

4)      No capítulo 14 A Gênese, § 31, há uma explicação clara de como ocorre essa transmissão fluídica medicamentosa. “Como se há visto, o fluido universal é o elemento primitivo do corpo carnal e do perispírito, os quais são simples transformações dele. Pela identidade da sua natureza, esse fluido, condensado no perispírito, pode fornecer princípios reparadores ao corpo; o Espírito, encarnado ou desencarnado, é o agente propulsor que infiltra num corpo deteriorado uma parte da substância de seu envoltório fluídico”.

ð  Durante os estudos foi abordado as questões do local para aplicação do passe, dos cuidados físicos e morais que o médium ou magnetizador deverá possuir para que seu talento seja bem direcionado.
Sentados da esquerda para direita: Agripino, Samuel, D. Luzia, Marli,
D. Cordeiro, D. Zelma, João Afonso. Em da esquerda para direita;
Socorro, Giusepe, Fábio, Raimundo, Sinval, Luciana, Darisio,
Laurinha, Tiago e Carol que não aparece pois está fotografando.
ð  Cada participante recebeu gratuitamente uma apostila contendo todo o material das pesquisas e estudos elaborado pela coordenação do Caminho da Paz.

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