Há
algum tempo constituíram-se alguns grupos, de especial caráter, e cuja
multiplicação entusiasticamente desejamos encorajar. São os denominados grupos de ensino.
Neles ocupam-se pouco ou quase
nada das manifestações. Toda a
atenção se volta para a leitura e explicação de “O Livro dos Espíritos”, de “O
Livro dos Médiuns” e artigos da “Revista Espírita”. Algumas pessoas devotadas
reúnem com esse objetivo um certo número de ouvintes, suprindo para eles as
dificuldades da leitura ou do estudo isolado. Aplaudimos de todo o coração essa
iniciativa que, esperamos, terá imitadores e não poderá, em se desenvolvendo,
deixar de produzir os melhores resultados.
Allan Kardec
Viagem Espírita em 1862, Instruções
particulares, item X.
SOBRE A ESTRUTURA GERAL DO CAPITULO III – DE O LIVRO DOS MÉDIUNS
Do item 18 podemos extrair o objetivo do
capítulo:
Objetivo: Ensino da Doutrina Espírita.
b)
ensinar a si mesmo: “(...)os que queiram instruir-se por si mesmos.
Uns e outros, seguindo-os, acharão meio
de chegar com mais segurança e presteza ao fim visado.”
“Muito natural e
louvável é, em todos os adeptos, o desejo, que nunca será demais animar, de
fazer prosélitos. Visando facilitar-lhes essa tarefa, aqui nos propomos
examinar o caminho que nos parece mais seguro para se atingir esse objetivo, a
fim de lhes pouparmos inúteis esforços.
Dissemos
que o Espiritismo é toda uma ciência, toda uma filosofia. Quem, pois,
seriamente queira conhecê-lo deve, como primeira condição, dispor-se a um
estudo sério e persuadir-se de que ele não pode, como nenhuma outra ciência,
ser aprendido a brincar. O Espiritismo, também já o dissemos, entende com todas
as questões que interessam a Humanidade; tem imenso campo, e o que
principalmente convém é encará-lo pelas suas conseqüências.
Forma-lhe
sem dúvida a base a crença nos Espíritos, mas essa crença não basta para fazer
de alguém um espírita esclarecido, como a crença em Deus não é suficiente para
fazer de quem quer que seja um teólogo. Vejamos, então, de que maneira será
melhor se ministre o ensino da Doutrina Espírita, para levar com mais segurança
à convicção.
Não
se espantem os adeptos com esta palavra - ensino. Não constitui ensino
unicamente o que é dado do púlpito ou da tribuna. Há também o da simples
conversação. Ensina todo aquele que procura persuadir a outro, seja pelo
processo das explicações, seja pelo das experiências. O que desejamos é que seu
esforço produza frutos e é por isto que julgamos de nosso dever dar alguns
conselhos, de que poderão igualmente aproveitar os que queiram instruir-se por
si mesmos. Uns e outros,
seguindo-os, acharão meio de chegar com mais segurança e presteza ao fim
visado.
O método
geral de ensino-aprendizagem:
O método geral:
a) começar pela teoria: “É crença geral que, para convencer, basta
apresentar os fatos. Esse, com efeito, parece o caminho mais lógico. (...)” O Livro dos Médiuns, item 19.
“Ainda outra vantagem apresenta o estudo prévio da
teoria - a de mostrar imediatamente a grandeza do objetivo e o alcance desta
ciência.” O Livro dos Médiuns, item 32.
b) partir do conhecido para o desconhecido:
“Todo ensino metódico tem que partir do
conhecido para o desconhecido.”
c) a existência da alma como ponto de partida:
“Não sendo os Espíritos senão as almas
dos homens, o verdadeiro ponto de partida é a existência da alma.”
d) conhecer o perfil do aprendiz tendo como
base sua opinião sobre a existência da alma: “Antes, pois, de tentarmos convencer um incrédulo, mesmo por meio dos
fatos, cumpre nos certifiquemos de sua opinião relativamente à alma, isto é,
cumpre verifiquemos se ele crê na existência da alma, na sua sobrevivência ao
corpo, na sua individualidade após a morte.”
“É crença geral que, para convencer, basta
apresentar os fatos. Esse, com efeito, parece o caminho mais lógico.
Entretanto, mostra a experiência que nem sempre é o melhor, pois que a cada
passo se encontram pessoas que os mais patentes fatos absolutamente não
convenceram. A que se deve atribuir isso? É o que vamos tentar demonstrar.
No
Espiritismo, a questão dos Espíritos é secundária e consecutiva; não constitui
o ponto de partida. Este precisamente o erro em que caem muitos adeptos e que,
amiúde, os leva a insucesso com certas pessoas. Não sendo os Espíritos senão as
almas dos homens, o verdadeiro ponto de partida é a existência da alma. Ora,
como pode o materialista admitir que, fora do mundo material, vivam seres,
estando crente de que, em si próprio, tudo é matéria? Como pode crer que,
exteriormente à sua pessoa, há Espíritos, quando não acredita ter um dentro de
si? Será inútil acumular-lhe diante dos olhos as provas mais palpáveis.
Contestá-las-á todas, porque não admite o princípio.
Todo
ensino metódico tem que partir do conhecido para o desconhecido. Ora, para o
materialista, o conhecido é a matéria: parti, pois, da matéria e tratai, antes
de tudo, fazendo que ele a observe, de convencê-lo de que há nele alguma coisa
que escapa às leis da matéria. Numa palavra, primeiro que o torneis ESPÍRITA,
cuidai de torná-lo ESPIRITUALISTA. Mas, para tal, muito outra é a ordem
de fatos a que se há de recorrer, muito especial o ensino cabível e que, por
isso mesmo, precisa ser dado por outros processos. Falar-lhe dos Espíritos,
antes que esteja convencido de ter uma alma, é começar por onde se deve acabar,
porquanto não lhe será possível aceitar a conclusão, sem que admita as
premissas. Antes, pois, de tentarmos convencer um incrédulo, mesmo por meio dos
fatos, cumpre nos certifiquemos de sua opinião relativamente à alma, isto é,
cumpre verifiquemos se ele crê na existência da alma, na sua sobrevivência ao
corpo, na sua individualidade após a morte. Se a resposta for negativa,
falar-lhe dos Espíritos seria perder tempo. Eis aí a regra. Não dizemos que não
comporte exceções. Neste caso, porém, haverá provavelmente outra causa que o
toma menos refratário.” O Livro dos Médiuns, item 19.
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