Uma reflexão sobre O Evangelho Segundo o Espiritismo.
Logo
na introdução deste livro, o leitor encontrará as explicações de Kardec sobre o
objetivo da obra, esclarecimentos sobre a autoridade da Doutrina espírita, a
significação de muitas palavras frequentemente empregadas nos textos
evangélicos, a fim de facilitar a compreensão do leitor para o verdadeiro
sentido de certas máximas do Cristo.
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O Evangelho Segundo o Espiritismo compõe-se de
28 capítulos, 27 dos quais dedicados à explicação das máximas de Jesus, sua
concordância com o Espiritismo e a sua aplicação às diversas situações da vida.
O último capítulo apresenta uma coletânea de
preces espíritas sem entretanto constituir um formulário absoluto, mas uma
variante dos ensinamentos dos Espíritos e Verdade.
Os ensinamentos que contém são adaptáveis a
todas as pátrias, comunidades e raças. É o código de princípios morais do
Universo, que restabelece o ensino do Evangelho de Jesus, no seu verdadeiro
sentido, isto é, em Espírito e Verdade.
Sua leitura e estudo são imprescindíveis aos
espíritas e a todos que se preocupam com a formação moral das criaturas,
independente de crença religiosa.
Vejamos alguns textos para leitura e reflexão:
Como é do domínio público, Kardec, ao imprimir a terceira edição
do seu livro – O Evangelho segundo o Espiritismo -, por ordem dos Espíritos
reformou completamente as edições anteriores, suprimindo inúmeros trechos,
acrescentando outros, alterando a redação de muitos e a numeração de vários
parágrafos, tendo, anteriormente, modificado o próprio título da obra.
A 3ª edição francesa ficou, pois, sendo a definitiva. Kardec
escreveu, em "Revue Spirite" de novembro de 1865, o seguinte:
Esta edição foi completamente refundida. Além de algumas adições,
as principais modificações consistem numa classificação mais metódica, mais
clara e mais cômoda das matérias, tornando a obra de mais fácil leitura e
facilitando igualmente as consultas.
Este livro foi publicado, inicialmente, com o título de Imitação
do Evangelho. Kardec explica o seguinte: Mais tarde, por força das
observações reiteradas do Sr. Didier e de outras pessoas, mudei-o para
Evangelho Segundo o Espiritismo” . Trata-se do desenvolvimento dos
tópicos religiosos de O Livro dos Espíritos, e representa um manual
de aplicação moral do Espiritismo.
A 9 de agosto de 1863, Kardec recebeu uma comunicação dos seus Guias,
sobre a elaboração deste livro. A comunicação assinalava o seguinte: “Esse
livro de doutrina terá influência considerável, porque explana questões de
interesse capital. Não somente o mundo religioso encontrará nele as máximas de
que necessita, como as nações, em sua vida prática, dele haurirão instruções
excelentes. Fizeste bem ao enfrentar as questões de elevada moral prática, do
ponto de vista dos interesses gerais, dos interesses sociais e dos interesses
religiosos”.
Em comunicação posterior, a 14 de setembro de 1863, declaravam os Guias
de Kardec: “Nossa ação, principalmente a do Espírito da Verdade, é constante ao
teu redor, e de tal maneira, que não a podes negar. Assim não entrarei em
detalhes desnecessários, sobre o plano da tua obra, que, segundo os meus
conselhos ocultos, modificaste tão ampla e completamente”. Logo adiante
acentuavam: “Com esta obra, o edifício começa a libertar-se dos andaimes, e já
podemos ver-lhe a cúpula a desenhar-se no horizonte”.
Estas comunicações, cuja leitura completa pode ser feita em Obras
Póstumas, revelam-nos a importância fundamental de O Evangelho
Segundo o Espiritismo, na Codificação Kardeciana. Enquanto O
Evangelho dos Espíritos nos apresenta a Filosofia Espírita em sua
inteireza e O Livro dos Médiuns, a Ciência Espírita em seu
desenvolvimento, este livro nos oferece a base e o roteiro da Religião
Espírita.
Livro de cabeceira, de leitura diária obrigatória, de leitura
preparatória de reuniões doutrinárias, deve ser encarado também como livro de
estudo, para melhor compreensão da Doutrina. A comunicação do Espírito da
Verdade, colocada como prefácio, deve ser lida atentamente pelos estudiosos,
pois cada uma de suas frases tem um sentido mais profundo do que parece à
primeira leitura.
A Introdução e o Capítulo I constituem verdadeiro estudo sobre a
natureza, o sentido e a finalidade do Espiritismo. Devem ser estudados
atenciosamente, e não apenas lidos. Formam uma peça de grande valor para a
verdadeira compreensão da Doutrina.
JOSÉ HERCULANO PIRES
Algumas máximas do Evangelho Segundo o Espiritismo
"A prece é um apoio para
a alma; contudo, não basta: é preciso tenha por base uma fé viva na bondade de
Deus. Ele já muitas vezes vos disse que não coloca fardos pesados em ombros
fracos. O fardo é proporcionado às forças, como a recompensa o será à
resignação e à coragem."!
"De todas as provas,
as mais duras são as que afetam o coração. Um, que suporta com coragem a
miséria e as privações materiais, sucumbe ao peso das amarguras domésticas, pungido
da ingratidão dos seus."
"O verdadeiro homem
de bem é o que cumpre a lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior
pureza. Se ele interroga a consciência sobre seus próprios atos, a si mesmo
perguntará se violou essa lei, se não praticou o mal, se fez todo o bem que
podia, se desprezou voluntariamente alguma ocasião de ser útil, se ninguém tem
qualquer queixa dele; enfim, se fez a outrem tudo o que desejara lhe fizessem.
"
"Ânimo trabalhadores!
Tomai dos vossos arados e das vossas charruas; lavrai os vossos corações;
arrancai deles a cizânia; semeai a boa semente que o Senhor vos confia e o
orvalho do amor lhe fará produzir frutos de caridade. - Um Espírito amigo.
(Bordéus, 1862.)
"Na ordem dos sentimentos, o dever é
muito difícil de cumprir-se, por se achar em antagonismo com as atrações do
interesse e do coração. Não têm testemunhas as suas vitórias e não estão
sujeitas à repressão suas derrotas. O dever íntimo do homem fica entregue ao
seu livre-arbítrio. O aguilhão da consciência, guardião da probidade interior,
o adverte e sustenta; mas, muitas vezes, mostra-se impotente diante dos
sofismas da paixão. Fielmente observado, o dever do coração eleva o homem; como
determiná-lo, porém, com exatidão? Onde começa ele? onde termina? O dever
principia, para cada um de vós, exatamente no ponto em que ameaçais a
felicidade ou a tranquilidade do vosso próximo; acaba no limite que não
desejais ninguém transponha com relação a vós. "
"Sabeis por que, às vezes, uma vaga
tristeza se apodera dos vossos corações e vos leva a considerar amarga a vida?
E que vosso Espírito, aspirando à felicidade e à liberdade, se esgota, jungido
ao corpo que lhe serve de prisão, em vãos esforços para sair dele. Reconhecendo
inúteis esses esforços, cai no desânimo e, como o corpo lhe sofre a influência,
toma-vos a lassidão, o abatimento, uma espécie de apatia, e vos julgais
infelizes. "
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