ESPIRITISMO E FORMAÇÃO POLÍTICA
Paulo R. Santos
Textos extraídos
"As injustiças sociais, geradas pela
brutalidade egocêntrica, não podem ser sanadas por uma brutalidade
sociocêntrica. Só um homem -humano poderá construir uma sociedade humana. A
filosofia da ação que o Espiritismo nos oferece é o caminho dessa realização,
mas esse caminho só pode ser seguido pelos espíritas conscientes da
responsabilidade doutrinária."
J. Herculano Pires
"Age de tal modo que a máxima de tua ação
possa sempre valer como princípio universal de conduta. Age sempre como se
fosses simultaneamente legislador e sujeito na república das vontades. Age
sempre de tal modo que trates a humanidade, tanto na tua pessoa como na do
outro, como fim e não apenas como meio".
(Immanuel Kant - 1724/1804 - filósofo alemão)
"Liberdade, igualdade, fraternidade. Estas
três palavras constituem, por si sós, o programa de toda uma ordem social que
realizaria o mais absoluto progresso da Humanidade, se os princípios que elas
exprimem pudessem receber integral aplicação".
(Allan
Kardec - 1804/1869 - Obras Póstumas)
A grande contribuição do Espiritismo para a
Política está na terce ira parte de O Livro dos Espíritos, denominada As Leis
Morais, onde se levanta a questão da existência de um Estatuto Divino para a
vida e que todos nós, individualmente ou coletivamente, deveremos nos adaptar a
esse código eterno porque imutável e válido para tudo e todos em todos os
quadrantes do Universo, constituindo -se um precioso referencial porque se
apresenta, ali, o balizamento necessário ao processo da vida que é buscado por
todos, mesmo que não tenham consciência disso.
A Atuação política do espírita .
"Por que, no mundo, os maus, tão frequentemente,
sobrepujam os bons em influência?"
"- Pela fraqueza dos bons; os maus são
intrigantes e audaciosos, os bons são tímidos. Quando estes quiserem, dominarão."
(Q. 932 de O Livro dos Espíritos - A. Kardec)
O movimento espírita como mecanismo de pressão
política.
"A vida social está na natureza? R. Certamente.
Deus fez o homem para viver em sociedade. Deus não deu inutilmente ao homem a
palavra e todas as outras faculdades necessárias à vida de relação".
(Q. 766 - O Livro dos Espíritos - A. Kardec)
O movimento espírita não é e nem deverá atuar como
se fosse uma facção política; entretanto, podemos nos politizar um pouco mais,
buscando mais informação no tocante às questões de ordem política e,
individualmente, estaremos contribuindo quando nos manifestarmos em um
sindicato ou associação, quando nos dispormos a assinar um abaixo-assinado em
favor de uma causa de interesse comum ou acompanhando o trabalho de nosso
candidato eleito. Enquanto grupo de pressão, o movimento espírita estará atuando
eficazmente quando puder contribuir no esclarecimento do eleitorado menos
informado, quando os conferencistas abordarem a questão política sem fugir aos
princípios éticos que nos norteiam ou quando for o caso, votar em bloco em
favor do candidato cujas propostas mais se aproximem do ideário espírita.
Os problemas sociais e o Espiritismo
"De que maneira o Espiritismo pode contribuir
para o progresso?
R. Destruindo o materialismo, que é uma chaga da
sociedade, ele faz os homens compreenderem onde está o seu verdadeiro
interesse. A vida futura, não estando mais velada pela dúvida, o homem
compreenderá melhor que ele pode assegurar seu futuro pelo presente. Destruindo
os preconceitos de seitas, de castas e de cor, ele ensina aos homens a
grande solidariedade que deve uni-los como
irmãos".
(Q. 799 - O Livro dos Espíritos - A. Kardec)
Há que considerar-se, ainda, que a gradual
substituição das gerações de Espíritos de nível evolutivo melhor por si só não
assegura a transformação. Há que efetivar-se uma mobilização coletiva em apoio
da étic a na vida pública, em apoio daqueles que se mostrem competentes nas
funções a que se vincularam e que podem ser alvo de torpedeamento por parte de
interesses de classes ou grupos que se sintam atingidos.
Veja o leitor que tratamos aqui de coisas bem
concretas, deixando intencionalmente de lado as questões espirituais
pertinentes, para chamar a atenção de todos para o papel do encarnado na
formação de uma nova sociedade.
* Paulo R. Santos, 48, é sociólogo formado pela
UFMG, com pós -graduação pela PUCMG. Reside atualmente em Divinópolis/Minas,
onde é professor.
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