O livro dos espíritos nos deu para
exame a questão 466, referente a assuntos de obsessão.
A obsessão mundial pelo álcool, no
plano humano, corresponde a um quadro apavorante de vampirismo no plano
espiritual. A medicina atual ainda reluta – e infelizmente nos seus setores
mais ligados ao assunto, que são os da psicoterapia – em aceitar a tese espírita
da obsessão. Mas as pesquisas parapsicológicas já revelaram, nos maiores
centros culturais do mundo, a realidade da obsessão.
De Rhine, Wickland, Pratt, nos
Estados Unidos, a Soal, Carington, Price, na Inglaterra, até a outros
parapsicólogos materialistas, a descoberta do vampirismo se processou em
cadeia. Todos os parapsicólogos verdadeiros, de renome científico e não
marcados pela obsessão do sectarismo religioso, proclamam hoje a realidade das
influências mentais entre as criaturas humanas, e entre estas e as “mentes
desencarnadas”.
Jean Ehrenwald, psicanalista, chegou
a publicar importante livro intitulado: Novas dimensões da análise profunda,
corroborando as experiências de Karl Wickland em Trinta anos entre os mortos.
Koogan, na Europa de hoje, acompanhado por vários pesquisadores, efetuou
experiências de controle remoto da conduta humana pela telepatia, obtendo
resultados satisfatórios.
Tudo isso nada vale para os que se
obstinam na negação pura e simples, como faziam os cientistas e os médicos do
tempo de Pasteur em relação ao mundo bacteriano.
As quadras de Cornélio Pires
recebidas pela psicografia de Chico Xaviere sobre a obsessão alcoólica não são
apenas uma brincadeira poética. Elas nos mostram – num panorama visto do lado
oculto da vida – a própria mecânica desse processo obsessivo. Espíritos
inimigos, (que ofendemos gravemente em existências anteriores), excitam-nos o
desejo inocente de “tomar um trago”. Aceitamos a “ideia maluca” e espíritos
vampirescos são atraídos pelas emanações alcoólicas do nosso corpo.
Daí por diante, como aconteceu a Juca
de João Dório, “enveredamos na garrafa” e vamos parar no sanatório. Os
espíritos vampirescos são viciados que morreram no vício e continuam no mundo
espirituais inferiores, aqui mesmo na Terra, buscando ansiosamente os seus
“tragos”. Satisfaz-se com as emanações alcoólicas de suas vítimas e continuam a
sugá-las como vampiros psíquicos.
Nas instituições espíritas dirigidas
esse processo é bastante conhecido, e são muitos os infelizes que se salvam após
um tratamento sério. Nos hospitais espíritas as curas são numerosas. Veja-se a
obra do dr. Inácio Ferreira: Novos rumos à medicina, relatando as curas
realizadas no Hospital Espírita de Uberaba. Não é só a obsessão alcoólica que
está em jogo nos processos obsessivos. Os desvios sexuais oferecem um
contingente talvez maior e mais trágico do que o álcool, porque mais difícil de
ser tratado.
Tem razão o poeta caipira ao advertir
que “álcool, para ajudar, é cousa de medicina”. Só nas aplicações médicas o
álcool pode ser usado como remédio. Mas temos de acrescentar, infelizmente, que
os médicos de olhos fechados para a realidade espiritual não estão em condições
de atender aos casos de alcoolismo. Os grupos espíritas e as associações
alcoólicas obtêm resultados mais positivos, quando em tratamentos bem
dirigidos.
Artigo publicado originalmente na
coluna dominical "Chico Xavier pede licença" do jornal Diário
de S. Paulo, na década de 1970.
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