domingo, 30 de novembro de 2014

Fascinação Obsessiva: O narcisismo

Conforme Allan Kardec a Obsessão é o domínio que alguns espíritos logram adquirir sobre certas pessoas. Nunca é praticado senão por espíritos inferiores que procuram dominar o obsediado. É a ação persistente que um espírito mau exerce sobre um indivíduo. Apresenta caracteres muito diversos, desde a simples influência moral, sem perceptíveis sinais exteriores, até a perturbação completa do organismo e das faculdades mentais.

Com Joanna de Ângelis (espírito) a obsessão é - Distúrbio espiritual de longo curso, a obsessão procede dos painéis íntimos do homem, exteriorizando-se de diversos modos, com graves consequências, em forma de distonias mentais, emocionais e desequilíbrios fisiológicos.
Inerentes à individualidade que lhe padece o constrangimento, suas causas se originam no passado culposo, em cuja vivência o homem, desatrelado dos controles morais, arbitrariamente se permitiu consumir por deslizes e abusos de toda ordem, com o comprometimento das reservas de previdência e tirocínio racional.

Amores exacerbados, ódios incoercíveis, dominação absolutista, fanatismo injustificável, avareza incontrolável, morbidez ciumenta, abusos do direito como da força, má distribuição de valores e recursos financeiros, aquisição indigna da posse transitória, paixões políticas e guerreiras, ganância em relação aos bens perecíveis, orgulho e presunção, egoísmo nas suas múltiplas facetas são as fontes geratrizes desse funesto condutor de homens, que não cessa de atirá-los nos resvaladouros da loucura, das enfermidades portadoras de síndromes desconhecidas e perturbantes do suicídio direto ou indireto que traz novos agravamentos àquele que se lhe submete, inerme, à ação destrutiva.

Nos três momentos da obsessão, destacamos um que tem afetado muito: "A fascinação," que significa ação de fascinar, atrai, cativar, encantamento, enlevo, feitiço, ilusão e o mais preocupante atualmente: DESLUMBRAMENTO.  

Analisando deslumbramento, destaque para embaçamento da vista que pode ser causado pela exposição da luz (narcisismo) ou seja, a pessoa está encantada, que sente admiração excessiva.

Manoel P. de Miranda através da psicografia de Divaldo Franco em 19/07/1977, alerta para o problema na mensagem NARCISISMO, na qual destacamos alguns trechos para leitura e reflexões íntimas.
1.    O narcisismo é desvio de comportamento que perturba o ser humano colhido pelos conflitos que não consegue diluir. Também pode ser resultado de alguma frustração que leva o paciente ao retorno ao período infantil.
2.    Auto apaixonando-se, o narcisista se atribui valores e direitos que a outrem não concede, tornando-se o epicentro dos próprios e dos interesses gerais.
3.    À medida que se lhe agrava o distúrbio, aliena-se do convício social saudável, acreditando que não tem muito a lucrar com a atenção e os cuidados que poderia direcionar às outras pessoas.
4.    Esse comportamento, às vezes, é sutil, agravando-se na razão que se lhe fixam no imo a presunção, a ausência de autocrítica, embora a severidade com que analise a conduta alheia, utilizando-se de palavras ásperas e julgamento severo como transferência daquilo de que inconscientemente se faz merecedor.

Uma questão que merece ser analisado no momento é que denominamos de “narcisismo digital”. Será que estamos vivendo na atualidade este fascínio?

“O homem não raramente é obsessor de si mesmo. Alguns estados doentios e certas aberrações que se lançam à conta de uma causa oculta, derivam do Espírito do próprio individuo. São doentes de alma”.

- Allan Kardec

terça-feira, 18 de novembro de 2014

RESPONSABILIDADE MEDIÚNICA - Estudos sobre Diversidade dos Carismas - Hermínio Miranda




Muitos acham bonito ser médium e veem os médiuns envoltos numa auréola de prestígio e de energia. Há médiuns que não apenas gostam disso, mas até estimulam admirações boquiabertas, como se fossem verdadeiros gurus. É inevitável que a mediunidade exercida com segurança, conhecimento, responsabilidade, humildade é, de fato, coisa admirável de se observar em operação, seja pela qualidade dos fenômenos, seja pela limpidez das comunicações escritas ou faladas. Não é uma beleza ler um soneto de Bilac ou um poema de Castro Alves que acaba de ser recebido pelas mãos de um Chico Xavier? Ou um livro como Memórias de um Suicida, pela Yvonne Pereira? Claro que é. É também emocionante assistir um atleta bater um recorde mundial, a um virtuoso do piano ou do violino, uma bela sonata, mas poucos são os que pensam nos anos e anos de disciplina e renúncia, de estudo e aplicação que estão por trás de tais desempenhos.

Mediunidade é dom inato, mas, como qualquer outra faculdade, pode (e precisa) ser desenvolvida e treinada. O bom corredor nasce com pernas fortes e longas, bom sistema respiratório, coração resistente, mas não nasce corredor; ele precisa fazer-se, e só o consegue quando se aplica com dedicação ao desenvolvimento de suas metas. O médium em potencial não pode fazer por menos, se é que deseja chegar a dominar a sua instrumentação, ao invés de cedê-la aos espíritos, ao mesmo tempo que mantém sobre ela sua atenta vigilância. Isto se aprende, se cultiva e se exerce.

Desejo, a seguir, demonstrar, ao vivo, o que entendo por um médium responsável que, longe de entregar-se, às cegas, ao exercício da mediunidade, procura estudá-la, observá-la, esmiuçá-la nas suas mais sutis características a fim de orientar-se devidamente, com um mínimo de riscos, pelos seus meandros, segredos e mistérios. Transcrevo, para isso, o depoimento escrito ao meu pedido, por esse médium.

"Se a psicografia apresenta variantes na sua mecânica" - escreve ele - "a psicofonia, muito mais”. O problema começa com a palavra incorporação, de vez que incorporar significa 'dar forma corpórea, juntar num só corpo, dar unidade, introduzir, embeber, entrar a fazer parte, juntar-se', entre outras conotações que encontramos no Novo Dicionário da Língua Portuguesa, de Aurélio Buarque de Holanda. Por isso, muita gente acha que o espírito comunicante 'entra' no médium para falar ou agir. A palavra, portanto, não está bem empregada. O que acontece, então, na chamada incorporação?
"Segundo informações de que dispomos, vindas de amigos espirituais e orientadores (Silver Birch é um deles), e da minha própria experiência, as coisas se passam da seguinte maneira”:

"A entidade comunicante aproxima-se do aparelho mediúnico e as duas auras - a dele e a do instrumento - se unem e, então, a entidade passa a comandar os centros nervosos do aparelho. Esse controle é exercido, obviamente, através do cérebro físico do médium, via perispírito, já que o espírito manifestante não pode comandar diretamente um corpo que não é o seu”.

"O que acontece, portanto, é que o espírito do médium cede o controle parcial do corpo, ao qual está ligado e pelo qual é responsável, ao comunicante que, através do seu próprio perispírito, assume tais controles, enquanto o perispírito do médium se coloca ao lado. É, pelo menos, o tipo de 'incorporação' que ocorre comigo.

"Agora, vejamos bem: o espírito do médium não perde sua autonomia tem sua autoridade e soberania sobre o corpo emprestado à outra individualidade que o manipula. O corpo é de sua inteira responsabilidade e somente através de seu perispírito pode a entidade desencarnada atuar sobre o mesmo. O espírito do médium empresta sua aparelhagem física, mas continua dono dela, vigilante, de olho o tempo todo para certificar-se de que nada lhe aconteça. Tanto é assim que, se julgar necessário, poderá interromper a comunicação a qualquer momento. Não há, a rigor, mediunidade inconsciente. O espírito está sempre consciente e atento. A diferença está em que a consciência não se expressa pelo cérebro físico (que, naquele momento, está sendo manipulado por uma mente estranha), mas sim no perispírito do médium, usualmente desdobrado e presente, à curta distância. Por isso se torna difícil ao médium registrar a comunicação transmitida por intermédio do seu cérebro físico, mas gerada por outra mente que não a sua. Ao retornar ao corpo, ele encontra vagas impressões do que por ali flui, vindo da mente do espírito comunicante. Coisa semelhante acontece com o sonho, do qual nem sempre podemos nos lembrar, porque as atividades desenvolvidas pelo sonhador não ficaram registradas no cérebro físico, e sim na sua contraparte espiritual. Isso não quer dizer que a pessoa ficou inconsciente enquanto sonhava. Apenas não guardou a lembrança do que aconteceu e pensou:

"Isto se dá com certos tipos de mediunidades (como é o meu caso). Observe-se, contudo, que, quando digo passividade, não quero dizer inatividade e sim entrega vigiada, cessão, empréstimo temporário.

"Sei, por informação de companheiros, também médiuns, que a psicofonia pode assumir características outras, bem diferentes da minha”. Em alguns deles, depreendo que a comunicação ocorre em nível mental, isto é, o médium 'ouve' antes o que o espírito tem a dizer, podendo, assim, interferir diretamente na comunicação dizendo muitas vezes o que ele, médium, quer e ache o que deva dizer, e não exatamente aquilo que ouviu do espírito. Nesses casos o médium cerceia a liberdade do comunicante, censurando e modificando a comunicação, quando e onde achar conveniente, a seu inteiro arbítrio.

"Há médiuns nos quais a comunicação vai se formando palavra por palavra embora inaudíveis, alinhando-se em frases que, lentamente, vão sendo comunicadas" .

Fecho, neste ponto, a citação. E a comento de maneira sumária.

Em primeiro lugar, a técnica do processo que, segundo Kardec, se promove pela "mistura dos fluidos" perispirituais do manifestante com os médium. Em seguida, a nítida definição de atribuições, responsabilidade e limitações e, finalmente, o fato de que, como vimos há pouco, em Kardec o médium audiente não deve ser confundido com o psicofônico. Um repete que ouve, o outro empresta seu corpo para que o próprio manifestante fale por ele, manipulando centros que comandam a fala. Num caso, há (ou pode haver censura prévia, uma interferência deliberada e voluntária do médium no teor da comunicação. No outro, a censura também pode (e deve) ocorrer, mas pelo processo de seleção direta de palavras mas por um bloqueio psicológico e mais sutil. Diríamos que, no primeiro caso, é uma peneiragem, no segundo o processo é de filtragem. Em ambos o médium dispõe de recursos para policiar o que flui através da sua instrumentação.

A interpenetração de fluidos a que alude Kardec, ocorre, segundo Boddington, quando a aura do médium e a do espírito se tocam - conceito semelhante ao formulado por Regina, que diz que "as auras se unem". Em verdade, a aura é uma extensão do perispírito, irradiando-se até uma distância de alguns centímetros além dos limites do corpo físico encarnado. No seu excelente livro The Human Aura, hoje injustamente esquecido, o dr. Killner estuda com minúcias a aura, os fenômenos que produz e as modificações que apresenta, em conjunção com as eventuais disfunções orgânicas da pessoa.

Escreve Boddington:
É fato bem estabelecido que, a não ser que o magnetismo se misture harmoniosamente com o dos sensitivos, eles não podem fazer sentir suas presenças. (Boddington. Harry. 1948).
Mais adiante em seu livro, Boddington volta ao assunto. Aliás, a aura é um de seus temas prediletos, a julgar pelas inúmeras referências esparsas, além de um capítulo especialmente dedicado ao assunto na sua obra University of spiritualism. Acha ele que até o tipo da mediunidade é determinado pela qualidade específica da aura e esta, pelo tipo psicológico do indivíduo, bem como por suas emoções. Vejamos:
Indivíduos sujeitos a estados de transe profundo são as pessoas mais práticas e objetivas, sem a menor ambição por se projetarem dessa maneira, O transe inconsciente ocorre com menor frequencia àqueles que pensam rápido e que, aparentemente, não possuem a qualidade especial de aura através da qual o estado de transe se torne possível. (Idem)
Isto faz sentido, quando nos lembramos de que certas faculdades mediúnicas acham-se conjugadas com outras tantas disposições orgânicas, como os médiuns de efeitos físicos (cura, materialização, transporte, etc.), são os que têm condições de produzir e movimentar maiores quantidades de ectoplasma.


quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Estudos sobre o livro "Diversidade dos Carismas" - de Hermínio C. Miranda – Alguns Extratos



Paulo de Tarso: «Há diversidade de carismas, mas o espírito é o mesmo (I Co 12,4).

Não há como negar que o maior interessado no estudo da mediunidade é o próprio médium […]

1.    A mediunidade não é uma doença, nem indício de desajuste mental ou emocional – é uma afinação especial de sensibilidade;

2.     […] Não é nada fácil à pessoa que descobre em si os primeiros sinais de mediunidade encontrar acesso ao território onde as suas faculdades possam ser entendidas, identificadas, treinadas e, finalmente, praticadas com proveito para todos. O médium precisa de recolhimento para o exercício de suas atividades, mas não deve ser um trabalhador solitário. Ele necessita de todo um sistema de apoio;

3.     […] Peça decisiva nesse contexto é o grupo incumbido de trabalhar mais diretamente junto dele. Exige-se dessas pessoas não apenas um bom preparo doutrinário e experiência, como outros atributos, de maturidade e sensibilidade, que lhes permitam posicionar-se como amigos e companheiros de trabalho e não como chefes, mestres, gurus ou proprietários do médium.

Em Reflexões sobre a humildade diz o autor, entre citações de Allan Kardec e Boddington (livro ainda não traduzido para o português), que a «mediunidade equilibrada e funcional resulta de esforço, cultivo, aprimoramento não apenas da faculdade em si, mas do carácter e comportamento da pessoa. Em outras palavras: é o resultado de um trabalho consciente, às vezes longo, monótono, cansativo e sem brilho a que muitos aspiram. Não é também para ser forçada
1.    […] Qualquer que seja, porém, o tipo de mediunidade em desenvolvimento, é preciso que o médium em formação promova um severo e honesto auto exame, a fim de identificar em que aspectos de comportamento precisa mudar e que eventuais virtudes ou qualidades pessoais devem e podem ser revigoradas. E para isso também uma boa dosagem de humildade será de vital importância.

Sobre psicosfera refere-se que «Regina (personagem básica do livro) é particularmente sensível à psicosfera das cidades e, dentro destas, de determinados locais, fenómeno que faz lembrar o que denominamos alhures de psicometria ambiental. Cada cidade tem, a seu ver, uma espécie de aura vibratória específica mais pura ou mais poluída, segundo as correntes de pensamento nelas dominantes […] Certos locais se apresentam, à sua sensibilidade, particularmente aflitivos»

E sobre o tema da aura escreve: Essa borda perispiritual que se irradia para o exterior e forma, em torno do corpo, uma espécie de atmosfera é a aura […] para configurar a importância da aura no ser humano […] a radioscopia da nossa intimidade física e espiritual para aqueles que têm os olhos de ver de que nos falou Jesus» (posteriormente vamos editar mais detalhes do livro sobre este tema)


Em Canais de comunicação há a seguinte informação: «Contemplado em estado de repouso, o disco de Newton apresenta, distintamente, as suas sete cores fundamentais. Levado, porém, a uma velocidade específica, as cores como que se fundem numa só e ele se apresenta totalmente branco. Não que as cores componentes deixassem de existir no disco, mas a vista do observador é que, incapaz de acompanhar a velocidade do disco, percebe apenas a tonalidade resultante […] Quando duas entidades evoluídas se comunicam no mesmo nível de frequência mental, o pensamento é um todo e, ao mesmo tempo, constituído de partes que o integram

domingo, 2 de novembro de 2014

Fatores cruciais para um bom desenvolvimento mediúnico - Herminio Miranda


1- Teoria e Prática: Estudo teórico das questões pertinentes ao mediunato (quanto mais preparado o cérebro, melhor se torna o instrumento mediúnico) é de vital importância. Leitura indicada: Livro dos Médiuns e Livro dos Espíritos (ambos de Allan Kardec). Note-se que é recomendado o estudo aprofundado/ sistemático e não uma simples leitura.

2- Definições e Decisões: Mediunidade é uma faculdade natural, que se descobre, identifica e se aprende a utilizar para que dela se faça bom uso. Para tanto é fundamental a disponibilidade para a adoção de disciplina pessoal (mental e de comportamento), a qual possibilite a aproximação de verdadeiros amigos espirituais. Ela é um instrumento de trabalho e não de gozo pessoal; é para servir. O médium deve ter bem claro que se trata de uma responsabilidade e compromisso, a qual lhe exigirá dedicação, cultivo e sacrifício.

3- Reflexões sobre a Humildade: O médium deve ter humildade para realizar constante auto-exame a fim de identificar atitudes e pensamentos que deve mudar e os que deve manter e reforçar. Deve reconhecer também que é preciso haver disciplina, tempo e lugares certos para o exercício do trabalho mediúnico. Sua humildade também é necessária na aceitação de que sua tarefa não obedece a suas escolhas e preferências pessoais e que sua mediunidade, se esse for realmente o seu caminho, também não será aquela a que ele tiver mais simpatia; em suma, deve estar preparado para aceitar que tipo de contribuição efetivamente pode dar e sentir-se grato por ela.

4- Mediunidade como Trabalho de Equipe: A faculdade mediúnica não se destina ao uso pessoal e exclusivo, mas para servir ao próximo. Além disso, o trabalho em grupo também é ferramenta para se evitar mistificações, uma vez que o grupo viabiliza trocas, onde se debate o teor das comunicações bem como o comportamento mediúnico e, através do exercício ordenado da mediunidade, possibilita uma maior atenção, harmonização e vigilância.

5- Riscos e Desvios: O exercício inadequado da mediunidade é quando ela é canalizada para a promoção pessoal desse ou daquele médium, desta ou daquela instituição. Na prática, normalmente isso leva a cobranças pelos serviços que deveriam ser ofertados voluntariamente ou ao endeusamento de um ou mais médiuns, aviltando suas vaidades e promovendo, ao invés do bem estar dos irmãos necessitados, a fascinação e a realização de verdadeiros shows, desvirtuando dessa forma a real essência da mediunidade.

6- O Médium e a Crítica: A crítica é necessária ao aperfeiçoamento do nosso trabalho, das nossas faculdades e de nós mesmos como seres humanos. O médium deve ser receptivo ao seu grupo de trabalho, não só depositando confiança para entregar-se ao trabalho, como também para debater seus resultados a fim de realizar correções e ajustes que visem o aperfeiçoamento de sua mediunidade. É necessário, portanto, ser receptivo às críticas que lhe são feitas por pessoas mais experientes e de maior conhecimento, ao mesmo tempo em que deve precaver-se com relação a crítica exagerada e, principalmente, a injusta, para que não venha a sufocar suas faculdades nascentes ou criar inibições insuperáveis devido a insegurança e desconfiança. É preciso também atentar para o contrário, ou seja, tomar cuidado com elogios bajuladores que poderiam indevidamente levá-lo a crer-se na categoria dos semi-deuses.

7- Crítica e Autocrítica: O autor nos orienta sobre como identificar as críticas construtivas e fundamentadas, bem como distinguir entre as palavras de estímulo e elogios bajuladores. Informa-nos que, para tanto, é imprescindível o estudo para sermos capazes de discernir aquilo que está de acordo com a doutrina espírita. Além disso, deve-se avaliar a própria conduta, ou seja, se está havendo cumprimento dos compromissos profissionais e pessoais, se está cuidando para desenvolver uma moral mais elevada no seu comportamento diário, se não se está cultivando vícios, se tem se dedicado ao exercício da prece com regularidade, etc.

8- O Crivo da Razão: É o bom senso aliado ao espírito crítico, na verificação da autenticidade e da natureza das manifestações mediúnicas. O autor alerta para a sedução que alguns espíritos de natureza infeiror exercem sobre médiuns e outras pessoas; são espíritos que querem impressionar através de fenômenos de pequena monta, revelações e elogios, para assim conquistar a confiança e a partir daí começam a impor regras e rituais, criando uma situação de cumplicidade que melhor seria definida como de dependência.

9- Excessos da Autocritica: A atitude crítica deve ser reservada para os resultados somente e não para bloquear o processo em si. O médium deve manter a livre circulação de idéias para dar espaço ao fenômeno mediúnico. Somente se os resultados forem verdadeiramente insatisfatórios, deve-se repassar os fatores envolvidos na instrumentação mediúnica, identificar o ponto defeituoso e efetuar as devidas correções. Além disso, o médium deve manter uma postura saudável de auto-confiança, mantendo o equilíbrio entre os dois (confiança e crítica vigilantes).

10- O Trabalho Mediúnico no Centro Espírita: Selecionar um bom grupo que se possa frequentar com regularidade e no qual encontre apoio, orientação e espaço para trabalhar, além de pessoas bem preparadas (teoria e prática mediúnicas) e dispostas a auxiliar o médium em seu aperfeiçoamento com orientação segura e tratamento compreensivo. Kardec e outros autores também nos dizem que, para propiciar uma maior unidade e consequente uniformidade de ideias, o ideal é trabalhar-se com grupos pequenos de médiuns, onde a harmonia é mais facilmente conseguida.

11- Os Espíritos são Gente: "Os espíritos não são brinquedos infantis, mas indivíduos dotados de um claro propósito na vida e que escolhem seus médiuns como a melhor instrumentação para alcançarem os objetivos que têm em mente". Acrescente-se também que, embora alguns estejam degraus acima e outros abaixo de nós, todos são seres humanos, não havendo justificativa para tratá-los como deuses e nem para tratá-los como seres desprezíveis.

12- O Médium e o Grupo: Palavras Finais: Não é tão fácil encontrar o grupo ideal e nesse caso sempre se faz necessária uma certa dose de humildade e flexibilidade. Se no entanto, as concessões forem muitas a ponto de descaracterizarem as singularidades do trabalho que as partes realizam, o médium deve procurar um outro local onde possa exercer suas faculdades. Uma observação importante, nos agrupamentos espíritas, é que a presença de um dirigente de tarefas mediúnicas consciente (e não insconsciente) é mais favorecedora para a tarefa que ele tem a desempenhar.

13- Que é Concentração? Tanto no fenômeno anímico como no mediúnico, o esforço da chamada concentração é uma das principais causas inibidoras do fenômeno. O relaxamento físico e mental é fator de primária importância para o desenvolvimento da mediunidade. Na verdade, a concentração é justamente esvaziar a mente de pensamentos e essa receptividade abre espaço para que o fenômeno, seja ele anímico ou mediúnico, se produza. Evidentemente, isso diz respeito basicamente ao fenômeno da incorporação, onde a mente tem que estar livre para deixar penetrar os pensamentos do espírito da maneira mais fiel possível.


14- De Novo a Passividade: A passividade é resultante do estado de relaxamento, entretanto, embora o médium deva ser um instrumento passivo, isso não significa inércia ou ausência de participação. A mediunidade deve, nesse sentido, ser o resultado de uma equação equilibrada entre permitir e vigiar, coibindo abusos não somente durante as manifestações em si como no discernimento do momento adequado para elas ocorrerem.

Hermínio Miranda capítulo 2 - extrato - Livro: Diversidade dos Carismas.