2- Definições e Decisões: Mediunidade é uma
faculdade natural, que se descobre, identifica e se aprende a utilizar para que
dela se faça bom uso. Para tanto é fundamental a disponibilidade para a adoção
de disciplina pessoal (mental e de comportamento), a qual possibilite a
aproximação de verdadeiros amigos espirituais. Ela é um instrumento de trabalho
e não de gozo pessoal; é para servir. O médium deve ter bem claro que se trata
de uma responsabilidade e compromisso, a qual lhe exigirá dedicação, cultivo e
sacrifício.
3- Reflexões sobre a Humildade: O médium deve ter
humildade para realizar constante auto-exame a fim de identificar atitudes e
pensamentos que deve mudar e os que deve manter e reforçar. Deve reconhecer
também que é preciso haver disciplina, tempo e lugares certos para o exercício
do trabalho mediúnico. Sua humildade também é necessária na aceitação de que
sua tarefa não obedece a suas escolhas e preferências pessoais e que sua
mediunidade, se esse for realmente o seu caminho, também não será aquela a que
ele tiver mais simpatia; em suma, deve estar preparado para aceitar que tipo de
contribuição efetivamente pode dar e sentir-se grato por ela.
4- Mediunidade como Trabalho de Equipe: A faculdade
mediúnica não se destina ao uso pessoal e exclusivo, mas para servir ao
próximo. Além disso, o trabalho em grupo também é ferramenta para se evitar
mistificações, uma vez que o grupo viabiliza trocas, onde se debate o teor das
comunicações bem como o comportamento mediúnico e, através do exercício
ordenado da mediunidade, possibilita uma maior atenção, harmonização e
vigilância.
5- Riscos e Desvios: O exercício inadequado da
mediunidade é quando ela é canalizada para a promoção pessoal desse ou daquele
médium, desta ou daquela instituição. Na prática, normalmente isso leva a
cobranças pelos serviços que deveriam ser ofertados voluntariamente ou ao
endeusamento de um ou mais médiuns, aviltando suas vaidades e promovendo, ao
invés do bem estar dos irmãos necessitados, a fascinação e a realização de
verdadeiros shows, desvirtuando dessa forma a real essência da mediunidade.
6- O Médium e a Crítica: A crítica é necessária ao
aperfeiçoamento do nosso trabalho, das nossas faculdades e de nós mesmos como
seres humanos. O médium deve ser receptivo ao seu grupo de trabalho, não só
depositando confiança para entregar-se ao trabalho, como também para debater
seus resultados a fim de realizar correções e ajustes que visem o
aperfeiçoamento de sua mediunidade. É necessário, portanto, ser receptivo às
críticas que lhe são feitas por pessoas mais experientes e de maior
conhecimento, ao mesmo tempo em que deve precaver-se com relação a crítica
exagerada e, principalmente, a injusta, para que não venha a sufocar suas
faculdades nascentes ou criar inibições insuperáveis devido a insegurança e
desconfiança. É preciso também atentar para o contrário, ou seja, tomar cuidado
com elogios bajuladores que poderiam indevidamente levá-lo a crer-se na
categoria dos semi-deuses.
7- Crítica e Autocrítica: O autor nos orienta sobre
como identificar as críticas construtivas e fundamentadas, bem como distinguir
entre as palavras de estímulo e elogios bajuladores. Informa-nos que, para
tanto, é imprescindível o estudo para sermos capazes de discernir aquilo que
está de acordo com a doutrina espírita. Além disso, deve-se avaliar a própria
conduta, ou seja, se está havendo cumprimento dos compromissos profissionais e
pessoais, se está cuidando para desenvolver uma moral mais elevada no seu
comportamento diário, se não se está cultivando vícios, se tem se dedicado ao
exercício da prece com regularidade, etc.
8- O Crivo da Razão: É o bom senso aliado ao
espírito crítico, na verificação da autenticidade e da natureza das
manifestações mediúnicas. O autor alerta para a sedução que alguns espíritos de
natureza infeiror exercem sobre médiuns e outras pessoas; são espíritos que
querem impressionar através de fenômenos de pequena monta, revelações e
elogios, para assim conquistar a confiança e a partir daí começam a impor
regras e rituais, criando uma situação de cumplicidade que melhor seria definida
como de dependência.
9- Excessos da Autocritica: A atitude crítica deve
ser reservada para os resultados somente e não para bloquear o processo em si.
O médium deve manter a livre circulação de idéias para dar espaço ao fenômeno
mediúnico. Somente se os resultados forem verdadeiramente insatisfatórios,
deve-se repassar os fatores envolvidos na instrumentação mediúnica, identificar
o ponto defeituoso e efetuar as devidas correções. Além disso, o médium deve
manter uma postura saudável de auto-confiança, mantendo o equilíbrio entre os
dois (confiança e crítica vigilantes).
10- O Trabalho Mediúnico no Centro Espírita:
Selecionar um bom grupo que se possa frequentar com regularidade e no qual
encontre apoio, orientação e espaço para trabalhar, além de pessoas bem
preparadas (teoria e prática mediúnicas) e dispostas a auxiliar o médium em seu
aperfeiçoamento com orientação segura e tratamento compreensivo. Kardec e
outros autores também nos dizem que, para propiciar uma maior unidade e
consequente uniformidade de ideias, o ideal é trabalhar-se com grupos pequenos
de médiuns, onde a harmonia é mais facilmente conseguida.
11- Os Espíritos são Gente: "Os espíritos não
são brinquedos infantis, mas indivíduos dotados de um claro propósito na vida e
que escolhem seus médiuns como a melhor instrumentação para alcançarem os
objetivos que têm em mente". Acrescente-se também que, embora alguns
estejam degraus acima e outros abaixo de nós, todos são seres humanos, não
havendo justificativa para tratá-los como deuses e nem para tratá-los como
seres desprezíveis.
12- O Médium e o Grupo: Palavras Finais: Não é tão
fácil encontrar o grupo ideal e nesse caso sempre se faz necessária uma certa
dose de humildade e flexibilidade. Se no entanto, as concessões forem muitas a
ponto de descaracterizarem as singularidades do trabalho que as partes
realizam, o médium deve procurar um outro local onde possa exercer suas
faculdades. Uma observação importante, nos agrupamentos espíritas, é que a
presença de um dirigente de tarefas mediúnicas consciente (e não insconsciente)
é mais favorecedora para a tarefa que ele tem a desempenhar.
13- Que é Concentração? Tanto no fenômeno anímico
como no mediúnico, o esforço da chamada concentração é uma das principais
causas inibidoras do fenômeno. O relaxamento físico e mental é fator de
primária importância para o desenvolvimento da mediunidade. Na verdade, a
concentração é justamente esvaziar a mente de pensamentos e essa receptividade
abre espaço para que o fenômeno, seja ele anímico ou mediúnico, se produza.
Evidentemente, isso diz respeito basicamente ao fenômeno da incorporação, onde
a mente tem que estar livre para deixar penetrar os pensamentos do espírito da
maneira mais fiel possível.
14- De Novo a Passividade: A passividade é
resultante do estado de relaxamento, entretanto, embora o médium deva ser um
instrumento passivo, isso não significa inércia ou ausência de participação. A
mediunidade deve, nesse sentido, ser o resultado de uma equação equilibrada
entre permitir e vigiar, coibindo abusos não somente durante as manifestações
em si como no discernimento do momento adequado para elas ocorrerem.
Hermínio Miranda capítulo 2 - extrato - Livro: Diversidade dos Carismas.
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