Mente em desalinho, pensamento
turbilhonado, o espírito encarnado que jaz nas malhas soezes da obsessão pode
ser comparado a aranha imprevidente encarcerada nos fios da própria teia.
Vencido pela mente pertinaz
que a persegue através de vinculações que remontam ao pretérito espiritual, a
casa cerebral, visitada pela interferência do obsessor, se desarranja,
dificultando ao espírito encarnado controlar os centros de que se utiliza na
investidura carnal.
A incidência da vontade subjugadora,
em hipnose continuada e coercitiva sobre a vontade que se deixa subjugar,
faculta o descontrole do centro de censura psíquica, que vela, nos tecidos
sensíveis do perispírito, lembranças e acontecimentos passados, dando origem a
interferência de fatos transcorridos com os sucessos em curso, gerando
desequilíbrio e anarquia mental. Iniciando o processo de descontrole, o invasor
faz que se reavivem os complexos de culpa e as recordações dos crimes que ficou
impune, surgindo, então, as síndromes das psicoses e neuroses, das alienações e
desvarios de toda ordem.
Invariavelmente, os móveis das
perseguições do além-túmulo são o ódio, a vingança, o ciúme e toda uma série de
fatores negativos que unem algoz e vítima em vigorosos liames, começando,
muitas vezes, a perseguição espiritual muito antes da concepção fetal, e
continuando, não raro, - quando os processos do ódio são recíprocos, - após o
decesso carnal da vítima que, infortunada, prossegue sofrendo ou, por sua vez,
se transforma em algoz do seu antigo verdugo.
A obsessão é, por isso mesmo,
enfermidade espiritual de anamnese muito difícil, apresentando um quadro
clínico deveras complexo, em considerando serem as suas causas quase sempre
ignoradas por quantos interferem nas tarefas de socorro aos obsidiados,
exigindo muito espírito de abnegação e renúncia, sacrifício e amor. Sobretudo
nos processos desobsessivos faz-se imprescindível não somente um “coração puro”
mas também um caráter ilibado e uma mente esclarecida que hauriu, no
Espiritismo, a terapêutica especializada para tarefas que tais.
Flagelo social de consequências
imprevisíveis e de constituição sutil quão danosa, a obsessão campeia nos
quadros da humanidade moderna engendrando lamentáveis processos de
desajustamentos de vária ordem, de cujo resultado a Terra se converte num
báratro desesperador. Insidiosa, persistente, dominadora, a obsessão produz
estados degenerativos nas sedes do perispírito que se encarregam de imprimir,
nas células dos departamentos da mente quanto no corpo, os desvios da loucura e
de enfermidade outras ainda não estruturadas devidamente pela Patologia,
comprometendo seriamente, através do desgaste, o aparelho psíquico e a maquia
somática do deambulante pela neblina carnal. (*)
(*) O
pensamento, atuando no núcleo da células através do centro coronário, faz
incidir, pelo concurso do centro cerebral que a seu turno envia a mensagem para
os demais centros, as suas energias nos mitocôndrios dos citoplasmas,
portadores de alto poder energético, como de oxidação, dando origem no
metabolismo a construções positivas ou negativas, que, no fígado, graças a
função de glândula mista, com o curso das enzimas, se transformam, não poucas
vezes, em descargas de bílis, provocando imediata eliminação quando de origem
perniciosa.
Razão porque, quase sempre, embora a Ciência
Médica moderna não dê qualquer valor, os Benfeitores Espirituais prosseguem
sugerindo o uso de colagogos e coleréticos, como auxiliares naquela função
liberativa - Nota do Autor espiritual.
Espírito perseguidor a perfeita
identificação com o Espírito perseguido em comércio mental de demorado curso,
através da necessária sintonia vibratória em que o devedor se ajusta ao
cobrador sem que dele se afaste, por faltar ao segundo os recursos nobilitantes
do resgate da dívida mediante o contingente do amor.
Marcado pela dívida o
obsidiado é alguém atormentado em si mesmo.
Assinalado nos íntimos tecidos
do subconsciente pelo crime pretérito, possui os fatores básicos para a
obsessão, em forma de predisposição psíquica e consequente desarmonia
emocional.
Ao primeiro impacto do
pensamento obsessivo debate-se nas amarras da intranquilidade e facilmente se
deixa consumir pela perturbação que o assalta.
Assediado nas tendências
inferiores que caracterizam a indisciplina do próprio espírito, o homem em
processo obsessivo deixa-se engolfar pelo fascínio da emoção desregrada que o
arrasta até a queda fatal nos abismos de sombra em que sucumbe na subjugação
violenta.
Quando isto ocorre, só mui
dificilmente de poderá libertar, considerando-se mesmo que o retorno à esfera
da consciência tranquila se fará com as reminiscências dos horrores das
batalhas travadas em espírito com o impenitente perseguidor...
Jesus, o excelente protótipo
de Filho de Deus, graças às condições inerentes ao seu Espírito Célico, pôde
produzir nas mentes atormentadas dos perseguidores da Erraticidade, como nos
departamentos mentais dos perseguidos da indumentária física, o despertamento
dos primeiros para as responsabilidades maiores da vida espiritual deles mesmos
e dos segundos, facultando-lhes a ensancha da liberação das dívidas pela
produção do bem de que podiam dispor graças à Sua intervenção sublime,
poderosa...
Depois d'Ele, os Seus
continuadores mais próximos, investidos de altos recursos de Espiritualidade,
não poucas vezes intervieram nas paisagens lúgubres das mentes atribuladas pela
constrição obsessiva, produzindo verdadeiros estados de paz e liberando do
vampirismo soez clientes e hóspedes portadores de obsessões e obsessores para
que pudessem marchar em clima de harmonia pelas veredas da redenção...
No entanto, com o
desenvolvimento tecnológico e a consequente escassez da moralidade nos dias
atuais, avultam-se os quadros da patologia medianímica abrindo as verdadeiras
chaves da sintonia perfeita para os "plugs" da interferência
espiritual negativa em cujas malhas se debate o homem do Século do
Conhecimento, tão atormentado, no entanto, quanto os ancestrais das nefandas
lutas do pretérito que o túmulo consumiu, e cuja memória lentamente se apaga
nos anais da História... ...
E a obsessão se multiplica em
quadros que se renovam, em torvelinhos que são apresentados às pressas dentro
dos novos departamentos que a vida cria e a que o homem se ajusta por
imprevidência quanto por leviandade.
Examinemos alguns tópicos:
·
Obsessão da gula. - Não obstante o conhecimento
generalizado a respeito das possibilidades orgânicas, no trabalho de
preservação do corpo pelo processo alimentar, elaborando os recursos de
manutenção das células, muitos homens se atiram famélicos e atormentados sobre
acepipes, caldos, gorduras e repastos, como se a mesa lhes significasse o único
reduto da felicidade e de prazer, convertendo-se em veículo de vampirizadores
desencarnados, odientos.
·
Obsessão alcoólica. - Desejando fugir aos
tormentos que dizem respeito às paisagens lôbregas da mente inquieta, o
obsidiado é inspirado a buscar os alcoólicos para refugiar- se na obliteração
da consciência em cujos painéis se encontram impressos os cenários terríveis da
alucinação em que se debate, aparvalhando-se, quando vencido pela embriagues
decorrente de licores da vária procedência e transformando-se em mais fácil e
demorada presa da subjugação (¹).
·
Obsessão dos alucinógenos. – Barbitúricos,
opiáceos de elaboração complexa, alucinógenos ou depressivos em geral abrem as
portas da loucura fácil aos trânsfugas do caminho da verdade, que se arrojam
buscando as ilusões e a irrealidade para se entregarem inermes às mãos dos
perseguidores desencarnados que os espreitam, logo se desprendem parcialmente
dos liames físicos, de momento afrouxados pelo torpor produzido nos centros do
psicossoma...
·
Obsessão sexual. – Corrompendo-se as
finalidades das fontes geratrizes da vida em meios indignos, de lasciva
degeneração, o homem transforma o aparelho sexual em pântano de aberrante
expressão de prazer, em que paulatinamente se afunda até imersão total nas
vascas de irreversível loucura que o domina e consome. Além das Entidades que o
perturbam, vincula-se a outras, ociosas e malsãs, dos vários sítios a que
recorre, complicando até além da vida física o processo obsessivo.
·
Obsessão da avareza. – Evocando pela
consciência ultrajada crimes praticados na vida passada, o homem se aferra à
posse, e, vencido pelo prazer onzenário de tudo reunir, acumula numa gaiola
dourada todos os bens, deixando-se nela aprisionar mesmo depois do fenômeno da
morte, indefinidamente, perdendo a oportunidade de viver e de marchar na
direção da Imortalidade.
·
Obsessão na saúde. – Espíritos atribulados em
si mesmos engendram psicopatas de nomenclatura complexa, nas quais desgastam o
veículo fisiológico a golpes de rebeldia, de ira, criando estados de
desorganização física e posteriormente psíquica, que se transformam mais tarde
em enfermidade mui graves e ainda não definidas na Patologia Médica, que
terminam por consumi-los, levando-os à desencarnação antecipada, na condição de
suicidas indiretos e inconsequentes. Incluem-se entre esses os hipocondríacos,
os psico-maníacos...
·
Auto-obsessão. – Nem todos os fenômenos
obsessivos, entretanto, procedem da injunção proposital de um Espírito
desencarnado sobre outro vestido pela roupagem fisiológica. Grande parte dos
que se encontram entorpecidos pelos problemas de ordem espiritual, psíquica ou
física, padece de um processo de auto-obsessão dos mais lamentáveis, pois que nesse
quadro o Espírito obsessor é o próprio obsidiado em reencarnação compulsória
der resgate impositivo, que não consegue forcas para se libertar facilmente das
situações enfermiças, a fim de avançar nos rumos do equilíbrio, da necessária
paz.
·
(¹) Oportunamente examinamos, no
livro “Nos Bastidores da Obsessão”, os tópicos: tabagismo, alcoolofilia,
sexualidade e estupefacientes. Nota do Autor
Espíritos
despóticos ou viciados, precitos ou cruéis, ao se emboscarem na organização das
células físicas, condicionam, através das próprias vibrações, enarmonias no
metabolismo desta ou daquela natureza, do que decorrem desequilíbrios vários,
gerando estados de perturbação íntima, engendrando distúrbios e nevroses que os
fazem com tempo transformar-se em algozes ou em vítimas de si mesmos,
conduzindo-se à desesperação do túmulo antecipado pelo suicídio direto ou
indireto, vítimas de alucinações momentâneas ou da loucura de grande porte...
Aí
estão os esquizofrênicos, os cleptomaníacos, os neuróticos e psicóticos de múltipla
variedade, refletindo as distonias do próprio espírito nos centros de comando
da vontade, da razão, dos diversos órgãos...
Em
todos esses quadros, a mediunidade tem uma função primacial, pois que, graças a
ela, se estreitam as relações do espírito reencarnado com os demais Espíritos
desencarnados que fixam, mediante hipnose cuidadosa e pertinaz, as ideias
obsidientes que a atual vítima lentamente se deixa absorver fascinada,
permitindo-se dominas e consumir...
Todavia,
excelente terapêutica espírita detém medicamentos valiosos de fácil utilização,
merecendo que se recordem a técnica curadora do Cristo, bem como os métodos
psicossomáticos, psiquiátricos, psicanalíticos da Ciência moderna,
simultaneamente.
Em
qualquer processo obsessivo, o enfermo será sempre convidado às operações de
reajustamento e reequilíbrio próprio, por dele depender a regularização do
débito párea com o seu cobrador espiritual.
Pequenos
exercícios de disciplina da vontade, culto da prece, leituras edificantes,
algum trabalho eficiente em favor de outrem, na fase inicial ou em qualquer
período da perturbação, são antídotos que agem poderosamente a benefício dos
atribulados do espírito.
No
capítulo das obsessões todo auxílio de outrem significa aumento de
responsabilidade para o beneficiado.
A
obsessão é escolho que, a cada momento, ceifa alegrias e esperanças.
O
Espiritismo, por ser doutrina do “homem integral”, torna-se fácil terapia para
a felicidade e um verdadeiro glossário de bênçãos. É o mais eficiente tratado
de que dispõe o homem para a erradicação total desse fantasma cruel, - a
obsessão – já que enseja uma vida ética em consonância com os preceitos
evangélicos, em cuja prática a harmonia interior e o otimismo constituem
fatores de equilíbrio sem limite, a irradiar-se em todas as direções.
Ø
Oração. – Pelo processo do otimismo oracional,
desgastam-se as construções mentais negativas, favorecendo a mente com ideias
salutares que fomentam paisagens de luz e paz, nas quais o homem haure
renovação e coragem, encontrando entusiasmo e alegria para impregnar-se de
equilíbrio e forças, já que sintoniza com as Esferas Superiores da Vida.
Ø
Passe. – O revigoramento orgânico, pelo
processo da transmissão fluidoterápica de natureza espiritual ou magnética,
consegue no metabolismo do obsidiado o mesmo resultado que o organismo físico
logra, quando dosado recebe a dosagem do plasma ou da simples transfusão de
sangue. O passe estimula ou leucócitos e as hemácias que passam a trabalhar
pela reorganização da vitalidade e a elaboração na medula óssea de novos
contingentes para a manutenção e substituição paulatina dos implementos
celulares do organismo.
Ø
Água
magnetizada. – Evocando a terapêutica utilizada pelo Cristo nas “Bodas de
Caná”, e, conhecedores das possibilidades de que a água é indicada para catalisar
energias de várias ordens, a fluidificação ou magnetização da mesma é de
relevante resultado, quando realizada pelo obsidiado, orando, ou por seus
companheiros de socorro, pois que dessa forma, ao se ingerida, o organismo
absorve as quintessências que vão atuar no perispírito à semelhança do
medicamento homeopático, estimulando os núcleos vitais donde procedem os
elementos para a elaboração das células físicas onde, em verdade, se
estabelecem os pródromos da saúde como da enfermidade que sempre se originam no
espírito liberado ou calceta.
Ø
Desobsessão. – Mediante e elucidação do
Espírito perseguidor nas sublimes Escolas de Fé com que o Espiritismo Cristão
enriquece a Terra através da interferência dos Espíritos Superiores e da
técnica iluminativa dos doutrinadores junto àqueles que sofrem, abrem-se as
comportas do entendimento, facultando-lhes compreender que todo perseguidor é
um perseguido em si mesmo e que roda vítima traz consigo os processos
auto-regenerativos impostos pela Lei, fazendo que eles, seus algozes, os
entreguem à Sabedoria Divina que os não deixará impunes na sucessão intérmina
do processo educativo da Terra.
O esmo processo, o da doutrinação, é de
relevância nos casos de auto-obsessão, pois o Espírito doente, seja encarnado
ou desencarnado, é sempre alguém necessitado de esclarecimento e paz, do que
resultará a sua auto-libertação. Seja, todavia, qual seja o recurso utilizado
no socorro ao padecente do flagelo obsessivo, somente o obsidiado pode oferecer
o indispensável requisito para a própria saúde: reforma íntima.
Sem a reforma interior, inócuos, negativos, sem
produtividade redundam quase todos os processos socorristas, pois que nos
temperamentos rebeldes e reacionários benefício algum pode produzir resultado
valioso.
É por essa razão que examinando a problemática
obsessiva, convém ressaltarmos ante obsessores ou diante de obsidiados é
indispensável a inalienável, a valiosa colaboração do próprio obsidiados no que
diz respeito à transformação íntima de que se fazem testemunha os seus
perseguidores desencarnados, que resolvem abandoná-los ou não graças ao esforço
que desenvolvam na busca da paz ou mediante o contingente que ofereçam a
benefício da regeneração daqueles a quem são devedores.
Cultive, pois, cada um que deseja a harmonia pessoal
e a persistência relativa da saúde, a boa palavra, o amor, a piedade fraternal,
o perdão indiscriminado, a conduta moral elevada; exercite-se nas tarefas da
caridade, pelo pensamento, pela palavra e pela ação, pois como é verdade que
podemos enganar o próximo no caminho em que nos encontramos, inutilmente
tentaremos obliterar a própria consciência e ludibriar aqueles que nos seguem
do passado em regime de comensalidade conosco, na atual conjuntura
reencarnatória...
O antídoto salutar, imediato, á obsessão é a
vivência cristã e espírita através da conjugação dos verbos amar, servir e
perdoar em todos os tempos e modos, em cuja execução o espírito endividado se
libera dos compromissos negativos e ascende na direção do Planalto redentor da
paz.
Tornado “carta viva” do Evangelho, ensina a
imorredoura lição da fraternidade, após libertar-se da causa constringente da
dor, pela sublime mensagem do amor de que se faz emissário em nome do Excelso
Filho de Deus, Nosso Senhor Jesus Cristo. Por fim, consideramos a necessidade
de estudar o Espiritismo para conhecer as suas preciosas lições, e, banhando-se
de otimismo e vigilância, precatar-se da obsessão, esse terrível invasor,
cooperando para que na Terra se estabeleça o primado do Espírito, que será
formosa ante-manhã do Reino de Deus entre as criaturas (²).
MANOEL PHILOMENO DE MIRANDA (Sementeira da
Fraternidade)
(²) A presente mensagem foi refundida e ampliada por nós
mesmos para fazer parte do presente livro. Nota do autor espiritual.
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