domingo, 13 de dezembro de 2015

ALIENAÇÃO POR OBSESSÃO



Mente em desalinho, pensamento turbilhonado, o espírito encarnado que jaz nas malhas soezes da obsessão pode ser comparado a aranha imprevidente encarcerada nos fios da própria teia.

Vencido pela mente pertinaz que a persegue através de vinculações que remontam ao pretérito espiritual, a casa cerebral, visitada pela interferência do obsessor, se desarranja, dificultando ao espírito encarnado controlar os centros de que se utiliza na investidura carnal.

A incidência da vontade subjugadora, em hipnose continuada e coercitiva sobre a vontade que se deixa subjugar, faculta o descontrole do centro de censura psíquica, que vela, nos tecidos sensíveis do perispírito, lembranças e acontecimentos passados, dando origem a interferência de fatos transcorridos com os sucessos em curso, gerando desequilíbrio e anarquia mental. Iniciando o processo de descontrole, o invasor faz que se reavivem os complexos de culpa e as recordações dos crimes que ficou impune, surgindo, então, as síndromes das psicoses e neuroses, das alienações e desvarios de toda ordem.

Invariavelmente, os móveis das perseguições do além-túmulo são o ódio, a vingança, o ciúme e toda uma série de fatores negativos que unem algoz e vítima em vigorosos liames, começando, muitas vezes, a perseguição espiritual muito antes da concepção fetal, e continuando, não raro, - quando os processos do ódio são recíprocos, - após o decesso carnal da vítima que, infortunada, prossegue sofrendo ou, por sua vez, se transforma em algoz do seu antigo verdugo.

A obsessão é, por isso mesmo, enfermidade espiritual de anamnese muito difícil, apresentando um quadro clínico deveras complexo, em considerando serem as suas causas quase sempre ignoradas por quantos interferem nas tarefas de socorro aos obsidiados, exigindo muito espírito de abnegação e renúncia, sacrifício e amor. Sobretudo nos processos desobsessivos faz-se imprescindível não somente um “coração puro” mas também um caráter ilibado e uma mente esclarecida que hauriu, no Espiritismo, a terapêutica especializada para tarefas que tais.

Flagelo social de consequências imprevisíveis e de constituição sutil quão danosa, a obsessão campeia nos quadros da humanidade moderna engendrando lamentáveis processos de desajustamentos de vária ordem, de cujo resultado a Terra se converte num báratro desesperador. Insidiosa, persistente, dominadora, a obsessão produz estados degenerativos nas sedes do perispírito que se encarregam de imprimir, nas células dos departamentos da mente quanto no corpo, os desvios da loucura e de enfermidade outras ainda não estruturadas devidamente pela Patologia, comprometendo seriamente, através do desgaste, o aparelho psíquico e a maquia somática do deambulante pela neblina carnal. (*)
(*) O pensamento, atuando no núcleo da células através do centro coronário, faz incidir, pelo concurso do centro cerebral que a seu turno envia a mensagem para os demais centros, as suas energias nos mitocôndrios dos citoplasmas, portadores de alto poder energético, como de oxidação, dando origem no metabolismo a construções positivas ou negativas, que, no fígado, graças a função de glândula mista, com o curso das enzimas, se transformam, não poucas vezes, em descargas de bílis, provocando imediata eliminação quando de origem perniciosa.
 Razão porque, quase sempre, embora a Ciência Médica moderna não dê qualquer valor, os Benfeitores Espirituais prosseguem sugerindo o uso de colagogos e coleréticos, como auxiliares naquela função liberativa - Nota do Autor espiritual.

Espírito perseguidor a perfeita identificação com o Espírito perseguido em comércio mental de demorado curso, através da necessária sintonia vibratória em que o devedor se ajusta ao cobrador sem que dele se afaste, por faltar ao segundo os recursos nobilitantes do resgate da dívida mediante o contingente do amor.

Marcado pela dívida o obsidiado é alguém atormentado em si mesmo.

Assinalado nos íntimos tecidos do subconsciente pelo crime pretérito, possui os fatores básicos para a obsessão, em forma de predisposição psíquica e consequente desarmonia emocional.

Ao primeiro impacto do pensamento obsessivo debate-se nas amarras da intranquilidade e facilmente se deixa consumir pela perturbação que o assalta.

Assediado nas tendências inferiores que caracterizam a indisciplina do próprio espírito, o homem em processo obsessivo deixa-se engolfar pelo fascínio da emoção desregrada que o arrasta até a queda fatal nos abismos de sombra em que sucumbe na subjugação violenta.

Quando isto ocorre, só mui dificilmente de poderá libertar, considerando-se mesmo que o retorno à esfera da consciência tranquila se fará com as reminiscências dos horrores das batalhas travadas em espírito com o impenitente perseguidor...

Jesus, o excelente protótipo de Filho de Deus, graças às condições inerentes ao seu Espírito Célico, pôde produzir nas mentes atormentadas dos perseguidores da Erraticidade, como nos departamentos mentais dos perseguidos da indumentária física, o despertamento dos primeiros para as responsabilidades maiores da vida espiritual deles mesmos e dos segundos, facultando-lhes a ensancha da liberação das dívidas pela produção do bem de que podiam dispor graças à Sua intervenção sublime, poderosa...

Depois d'Ele, os Seus continuadores mais próximos, investidos de altos recursos de Espiritualidade, não poucas vezes intervieram nas paisagens lúgubres das mentes atribuladas pela constrição obsessiva, produzindo verdadeiros estados de paz e liberando do vampirismo soez clientes e hóspedes portadores de obsessões e obsessores para que pudessem marchar em clima de harmonia pelas veredas da redenção...

No entanto, com o desenvolvimento tecnológico e a consequente escassez da moralidade nos dias atuais, avultam-se os quadros da patologia medianímica abrindo as verdadeiras chaves da sintonia perfeita para os "plugs" da interferência espiritual negativa em cujas malhas se debate o homem do Século do Conhecimento, tão atormentado, no entanto, quanto os ancestrais das nefandas lutas do pretérito que o túmulo consumiu, e cuja memória lentamente se apaga nos anais da História... ...

E a obsessão se multiplica em quadros que se renovam, em torvelinhos que são apresentados às pressas dentro dos novos departamentos que a vida cria e a que o homem se ajusta por imprevidência quanto por leviandade.
Examinemos alguns tópicos:
·         Obsessão da gula. - Não obstante o conhecimento generalizado a respeito das possibilidades orgânicas, no trabalho de preservação do corpo pelo processo alimentar, elaborando os recursos de manutenção das células, muitos homens se atiram famélicos e atormentados sobre acepipes, caldos, gorduras e repastos, como se a mesa lhes significasse o único reduto da felicidade e de prazer, convertendo-se em veículo de vampirizadores desencarnados, odientos.   
·         Obsessão alcoólica. - Desejando fugir aos tormentos que dizem respeito às paisagens lôbregas da mente inquieta, o obsidiado é inspirado a buscar os alcoólicos para refugiar- se na obliteração da consciência em cujos painéis se encontram impressos os cenários terríveis da alucinação em que se debate, aparvalhando-se, quando vencido pela embriagues decorrente de licores da vária procedência e transformando-se em mais fácil e demorada presa da subjugação (¹).   
·         Obsessão dos alucinógenos. – Barbitúricos, opiáceos de elaboração complexa, alucinógenos ou depressivos em geral abrem as portas da loucura fácil aos trânsfugas do caminho da verdade, que se arrojam buscando as ilusões e a irrealidade para se entregarem inermes às mãos dos perseguidores desencarnados que os espreitam, logo se desprendem parcialmente dos liames físicos, de momento afrouxados pelo torpor produzido nos centros do psicossoma...    
·         Obsessão sexual. – Corrompendo-se as finalidades das fontes geratrizes da vida em meios indignos, de lasciva degeneração, o homem transforma o aparelho sexual em pântano de aberrante expressão de prazer, em que paulatinamente se afunda até imersão total nas vascas de irreversível loucura que o domina e consome. Além das Entidades que o perturbam, vincula-se a outras, ociosas e malsãs, dos vários sítios a que recorre, complicando até além da vida física o processo obsessivo.    
·         Obsessão da avareza. – Evocando pela consciência ultrajada crimes praticados na vida passada, o homem se aferra à posse, e, vencido pelo prazer onzenário de tudo reunir, acumula numa gaiola dourada todos os bens, deixando-se nela aprisionar mesmo depois do fenômeno da morte, indefinidamente, perdendo a oportunidade de viver e de marchar na direção da Imortalidade.    
·         Obsessão na saúde. – Espíritos atribulados em si mesmos engendram psicopatas de nomenclatura complexa, nas quais desgastam o veículo fisiológico a golpes de rebeldia, de ira, criando estados de desorganização física e posteriormente psíquica, que se transformam mais tarde em enfermidade mui graves e ainda não definidas na Patologia Médica, que terminam por consumi-los, levando-os à desencarnação antecipada, na condição de suicidas indiretos e inconsequentes. Incluem-se entre esses os hipocondríacos, os psico-maníacos...    
·         Auto-obsessão. – Nem todos os fenômenos obsessivos, entretanto, procedem da injunção proposital de um Espírito desencarnado sobre outro vestido pela roupagem fisiológica. Grande parte dos que se encontram entorpecidos pelos problemas de ordem espiritual, psíquica ou física, padece de um processo de auto-obsessão dos mais lamentáveis, pois que nesse quadro o Espírito obsessor é o próprio obsidiado em reencarnação compulsória der resgate impositivo, que não consegue forcas para se libertar facilmente das situações enfermiças, a fim de avançar nos rumos do equilíbrio, da necessária paz.
·         (¹) Oportunamente examinamos, no livro “Nos Bastidores da Obsessão”, os tópicos: tabagismo, alcoolofilia, sexualidade e estupefacientes. Nota do Autor

Espíritos despóticos ou viciados, precitos ou cruéis, ao se emboscarem na organização das células físicas, condicionam, através das próprias vibrações, enarmonias no metabolismo desta ou daquela natureza, do que decorrem desequilíbrios vários, gerando estados de perturbação íntima, engendrando distúrbios e nevroses que os fazem com tempo transformar-se em algozes ou em vítimas de si mesmos, conduzindo-se à desesperação do túmulo antecipado pelo suicídio direto ou indireto, vítimas de alucinações momentâneas ou da loucura de grande porte...

Aí estão os esquizofrênicos, os cleptomaníacos, os neuróticos e psicóticos de múltipla variedade, refletindo as distonias do próprio espírito nos centros de comando da vontade, da razão, dos diversos órgãos...
Em todos esses quadros, a mediunidade tem uma função primacial, pois que, graças a ela, se estreitam as relações do espírito reencarnado com os demais Espíritos desencarnados que fixam, mediante hipnose cuidadosa e pertinaz, as ideias obsidientes que a atual vítima lentamente se deixa absorver fascinada, permitindo-se dominas e consumir...

Todavia, excelente terapêutica espírita detém medicamentos valiosos de fácil utilização, merecendo que se recordem a técnica curadora do Cristo, bem como os métodos psicossomáticos, psiquiátricos, psicanalíticos da Ciência moderna, simultaneamente.

Em qualquer processo obsessivo, o enfermo será sempre convidado às operações de reajustamento e reequilíbrio próprio, por dele depender a regularização do débito párea com o seu cobrador espiritual.

Pequenos exercícios de disciplina da vontade, culto da prece, leituras edificantes, algum trabalho eficiente em favor de outrem, na fase inicial ou em qualquer período da perturbação, são antídotos que agem poderosamente a benefício dos atribulados do espírito.

No capítulo das obsessões todo auxílio de outrem significa aumento de responsabilidade para o beneficiado.
A obsessão é escolho que, a cada momento, ceifa alegrias e esperanças.

O Espiritismo, por ser doutrina do “homem integral”, torna-se fácil terapia para a felicidade e um verdadeiro glossário de bênçãos. É o mais eficiente tratado de que dispõe o homem para a erradicação total desse fantasma cruel, - a obsessão – já que enseja uma vida ética em consonância com os preceitos evangélicos, em cuja prática a harmonia interior e o otimismo constituem fatores de equilíbrio sem limite, a irradiar-se em todas as direções.

Ø  Oração. – Pelo processo do otimismo oracional, desgastam-se as construções mentais negativas, favorecendo a mente com ideias salutares que fomentam paisagens de luz e paz, nas quais o homem haure renovação e coragem, encontrando entusiasmo e alegria para impregnar-se de equilíbrio e forças, já que sintoniza com as Esferas Superiores da Vida.    
Ø  Passe. – O revigoramento orgânico, pelo processo da transmissão fluidoterápica de natureza espiritual ou magnética, consegue no metabolismo do obsidiado o mesmo resultado que o organismo físico logra, quando dosado recebe a dosagem do plasma ou da simples transfusão de sangue. O passe estimula ou leucócitos e as hemácias que passam a trabalhar pela reorganização da vitalidade e a elaboração na medula óssea de novos contingentes para a manutenção e substituição paulatina dos implementos celulares do organismo.  
Ø   Água magnetizada. – Evocando a terapêutica utilizada pelo Cristo nas “Bodas de Caná”, e, conhecedores das possibilidades de que a água é indicada para catalisar energias de várias ordens, a fluidificação ou magnetização da mesma é de relevante resultado, quando realizada pelo obsidiado, orando, ou por seus companheiros de socorro, pois que dessa forma, ao se ingerida, o organismo absorve as quintessências que vão atuar no perispírito à semelhança do medicamento homeopático, estimulando os núcleos vitais donde procedem os elementos para a elaboração das células físicas onde, em verdade, se estabelecem os pródromos da saúde como da enfermidade que sempre se originam no espírito liberado ou calceta.     
Ø  Desobsessão. – Mediante e elucidação do Espírito perseguidor nas sublimes Escolas de Fé com que o Espiritismo Cristão enriquece a Terra através da interferência dos Espíritos Superiores e da técnica iluminativa dos doutrinadores junto àqueles que sofrem, abrem-se as comportas do entendimento, facultando-lhes compreender que todo perseguidor é um perseguido em si mesmo e que roda vítima traz consigo os processos auto-regenerativos impostos pela Lei, fazendo que eles, seus algozes, os entreguem à Sabedoria Divina que os não deixará impunes na sucessão intérmina do processo educativo da Terra.

O esmo processo, o da doutrinação, é de relevância nos casos de auto-obsessão, pois o Espírito doente, seja encarnado ou desencarnado, é sempre alguém necessitado de esclarecimento e paz, do que resultará a sua auto-libertação. Seja, todavia, qual seja o recurso utilizado no socorro ao padecente do flagelo obsessivo, somente o obsidiado pode oferecer o indispensável requisito para a própria saúde: reforma íntima.

Sem a reforma interior, inócuos, negativos, sem produtividade redundam quase todos os processos socorristas, pois que nos temperamentos rebeldes e reacionários benefício algum pode produzir resultado valioso.

É por essa razão que examinando a problemática obsessiva, convém ressaltarmos ante obsessores ou diante de obsidiados é indispensável a inalienável, a valiosa colaboração do próprio obsidiados no que diz respeito à transformação íntima de que se fazem testemunha os seus perseguidores desencarnados, que resolvem abandoná-los ou não graças ao esforço que desenvolvam na busca da paz ou mediante o contingente que ofereçam a benefício da regeneração daqueles a quem são devedores.

Cultive, pois, cada um que deseja a harmonia pessoal e a persistência relativa da saúde, a boa palavra, o amor, a piedade fraternal, o perdão indiscriminado, a conduta moral elevada; exercite-se nas tarefas da caridade, pelo pensamento, pela palavra e pela ação, pois como é verdade que podemos enganar o próximo no caminho em que nos encontramos, inutilmente tentaremos obliterar a própria consciência e ludibriar aqueles que nos seguem do passado em regime de comensalidade conosco, na atual conjuntura reencarnatória...

O antídoto salutar, imediato, á obsessão é a vivência cristã e espírita através da conjugação dos verbos amar, servir e perdoar em todos os tempos e modos, em cuja execução o espírito endividado se libera dos compromissos negativos e ascende na direção do Planalto redentor da paz.

Tornado “carta viva” do Evangelho, ensina a imorredoura lição da fraternidade, após libertar-se da causa constringente da dor, pela sublime mensagem do amor de que se faz emissário em nome do Excelso Filho de Deus, Nosso Senhor Jesus Cristo. Por fim, consideramos a necessidade de estudar o Espiritismo para conhecer as suas preciosas lições, e, banhando-se de otimismo e vigilância, precatar-se da obsessão, esse terrível invasor, cooperando para que na Terra se estabeleça o primado do Espírito, que será formosa ante-manhã do Reino de Deus entre as criaturas (²).


MANOEL PHILOMENO DE MIRANDA (Sementeira da Fraternidade)


(²) A presente mensagem foi refundida e ampliada por nós mesmos para fazer parte do presente livro. Nota do autor espiritual.

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