"Eu não desprezo ninguém; lamento os que agem mal, rogo a Deus e aos Bons Espíritos que façam nascer neles melhores sentimentos. E isso é tudo.
Se retornam, são sempre recebidos com júbilo. Mas, correr ao seu encalço, isso não me é possível fazer ."- Allan Kardec.
Discursos pronunciados nas reuniões gerais dos espíritas de
Lyon e Bordeaux. - Fonte: Viagem Espírita em 1862
Discurso I – Alguns Extratos
A palavra de Kardec - pequena transcrição:
"(...) Aqueles que de mim se aproximam, fazem-no porque isto lhes convém; é menos por minha pessoa do que pela simpatia que lhes desperta os princípios que professo.
Os que se afastam fazem-no porque não lhes convenho ou porque nossa maneira de ver as coisas reciprocamente não concorda. Por que então, iria eu contrariá-los, impondo-me a eles?
"(...) Aqueles que de mim se aproximam, fazem-no porque isto lhes convém; é menos por minha pessoa do que pela simpatia que lhes desperta os princípios que professo.
Os que se afastam fazem-no porque não lhes convenho ou porque nossa maneira de ver as coisas reciprocamente não concorda. Por que então, iria eu contrariá-los, impondo-me a eles?
Parece-me mais conveniente deixá-los em paz.
Ademais, honestamente, carece-me tempo para isso. Sabe-se que minhas ocupações não me deixam um instante para o repouso. Além disso, para um que parte, há mil que chegam. Julgo um dever dedicar-me, acima de tudo, a estes e é isso que faço. Orgulho?
Desprezo por outrem? Oh! Não! Honestamente, não! Eu não desprezo ninguém; lamento os que agem mal, rogo a Deus e aos Bons Espíritos que façam nascer neles melhores sentimentos. E isso é tudo.
Se retornam, são sempre recebidos com júbilo. Mas, correr ao seu encalço, isso não me é possível fazer, mesmo em razão do tempo que de mim reclamam as pessoas de boa vontade, e, depois, porque não empresto a certos indivíduos a importância que eles a si próprios atribuem.
Para mim, um homem é um homem, isto apenas! Meço seu valor por seus atos, por seus sentimentos, nunca por sua posição social.
Ademais, honestamente, carece-me tempo para isso. Sabe-se que minhas ocupações não me deixam um instante para o repouso. Além disso, para um que parte, há mil que chegam. Julgo um dever dedicar-me, acima de tudo, a estes e é isso que faço. Orgulho?
Desprezo por outrem? Oh! Não! Honestamente, não! Eu não desprezo ninguém; lamento os que agem mal, rogo a Deus e aos Bons Espíritos que façam nascer neles melhores sentimentos. E isso é tudo.
Se retornam, são sempre recebidos com júbilo. Mas, correr ao seu encalço, isso não me é possível fazer, mesmo em razão do tempo que de mim reclamam as pessoas de boa vontade, e, depois, porque não empresto a certos indivíduos a importância que eles a si próprios atribuem.
Para mim, um homem é um homem, isto apenas! Meço seu valor por seus atos, por seus sentimentos, nunca por sua posição social.
Pertença ele às mais altas camadas da sociedade, se age mal, se é egoísta e negligente de sua dignidade, é a meus olhos, inferior ao trabalhador que procede corretamente, e eu aperto mais cordialmente a mão de um homem humilde, cujo coração estou a ouvir, do que a de um potentado cujo peito emudeceu. A primeira me aquece, a segunda me enregela. (...)"
Senhores e prezados irmãos espíritas. Não sois escolares em
Espiritismo.
Hoje colocarei, pois, de lado, questões práticas sobre as quais,
devo reconhecer, estais suficientemente esclarecidos, para enfocar o problema
sob uma perspectiva mais ampla e, acima de tudo, em suas consequências. Este
lado do assunto é grave, o mais grave incontestavelmente, pois que revela o
objetivo para o qual se orienta a Doutrina Espírita e os meios para atingi-lo.
Serei um pouco longo, talvez, pois o assunto é vasto e, todavia, restaria ainda
muito a dizer, para completá-lo. Assim, solicitarei vossa indulgência
considerando que, podendo permanecer um tempo muito restrito entre vós, sou
forçado a dizer, de uma só vez, o que em outras circunstâncias poderia ser
dividido em muitas partes. Antes de abordar o ângulo principal do assunto,
creio dever examiná-lo de um ponto de vista que me é, de certa forma, pessoal.
Se se tratasse tão somente de uma questão individual, seguramente outra seria a
minha atitude.
Entretanto ela se prende a vários assuntos de caráter geral e
disso pode resultar um esclarecimento de utilidade para toda a gente. Esse foi
o motivo que me levou a optar por tal iniciativa, aproveitando, assim, a
ocasião para explicar a causa de certos antagonismos com que deparamos, não sem
algum espanto, em nosso caminho.
No estado atual das coisas aqui na Terra, qual é o homem que
não tem inimigos? Para não tê-los fora preciso não habitar aqui, pois esta é
uma consequência da inferioridade relativa de nosso globo e de sua destinação
como mundo de expiação. Bastaria, para não nos enquadrarmos na situação,
praticar o bem? Não! O Cristo aí está para prová-lo. Se, pois, o Cristo, a
bondade por excelência, serviu de alvo a tudo quanto a maldade pôde imaginar,
como nos espantarmos com o fato de o mesmo suceder àqueles que valem cem vezes
menos? O homem que pratica o bem – isto dito em tese geral – deve, pois, preparar-se para se ferir na ingratidão, para ter contra ele
aqueles que, não o praticando, são ciumentos da estima concedida aos que o
praticam. Os primeiros, não se sentindo dotados de força para se
elevarem, procuram rebaixar os outros ao seu nível, obstinam-se em anular, pela
maledicência ou a calúnia, aqueles que os ofuscam.
Ouve-se constantemente dizer
que a ingratidão com que somos pagos endurece o nosso coração e nos torna
egoístas. Falar assim é provar que se tem o coração fácil de ser endurecido,
uma vez que esse temor não poderia deter o homem verdadeiramente bom. O
reconhecimento é já uma remuneração pelo bem que se faz; praticá-lo tendo em vista
essa remuneração é fazê-lo por interesse. Por outro lado, quem sabe se aquele
que beneficiamos, e do qual nada esperamos, não será estimulado a mais elevados
sentimentos por um reto proceder? Esse pode ser, talvez, um meio de levá-lo a
refletir, de suavizar sua alma, de salvá-lo! Essa esperança constitui uma nobre
ambição. Se nos inferiorizarmos não realizaremos o que nos compete realizar.
Não podemos, entretanto, supor que um benefício, aparentemente estéril na
Terra, seja para sempre improdutivo; é, muitas vezes, um grão semeado e que não
germina senão na vida futura daquele que o recebeu. Muitas vezes temos
observado certos Espíritos, ingratos como homens, tomados de emoção na
espiritualidade, pelo bem que lhes foi feito. E essa lembrança, neles despertando
pensamentos benéficos, facilita-lhes enveredarem para o caminho do bem e do
arrependimento, contribuindo para abreviar-lhes os sofrimentos. Só o
Espiritismo poderia revelar esse resultado da benevolência, só a ele está dado,
pelas comunicações recebidas do além-túmulo, revelar o lado caridoso desta
máxima: Um benefício nunca está perdido, substituindo o sentido egoísta que se
lhe atribui. Mas retornemos ao que nos concerne. Pondo de lado qualquer questão
pessoal, tenho adversários naturais nos inimigos do Espiritismo. Não cogiteis
que me lamente! Longe disso! Quanto maior é a animosidade deles, melhor se
comprova a importância que a Doutrina Espírita assume aos seus olhos. Se se
tratasse de algo sem consequências, uma dessas utopias que já nascem inviáveis,
não lhe prestariam atenção. Não tendes visto escritos vazados em um tom de
hostilidade que não se encontra nos meus – quanto à ideologia –, e nos quais as
expressões não são mais parcimoniosas do que o atrevimento dos pensamentos?
Contra eles, todavia, não enunciam uma única palavra! O mesmo se daria se as
doutrinas que luto por difundir permanecessem circunscritas às páginas de um
livro. Entretanto – o que pode parecer mais espantoso –, o fato é que tenho
adversários mesmo entre os adeptos do Espiritismo...
... Se, pois, tenho inimigos, eles não podem ser contados
entre os espíritas dessa categoria, pois que, admitindo que tivessem motivos
legítimos de queixa contra mim, o que me esforço por evitar, esse não seria um
motivo para me odiarem e, com melhores razões se nunca lhes fiz qualquer mal. O
Espiritismo tem por divisa: Fora da caridade não há salvação, o que equivale
dizer: Fora da caridade não pode existir verdadeiros espíritas. Solicito-vos
inscrever, daqui para a frente, essa divisa em vossas bandeiras, pois que ela
resume ao mesmo tempo a finalidade do Espiritismo e o dever que ele impõe. Estando,
pois, admitido que não se pode ser um bom espírita com sentimentos de rancor no
coração, eu me orgulho de contar apenas com amigos entre estes últimos, pois
que, se eu tiver defeitos, eles saberão desculpá-los...
...Não devo,
entretanto, omitir uma censura que me foi endereçada: a de nada fazer para
trazer de novo a mim as pessoas que se afastam. Isso é verdadeiro e a
reprovação fundamentada. Eu a mereço, pois jamais dei um único passo nesse
sentido e aqui estão os motivos de minha indiferença. Aqueles que de mim se
aproximam, fazem-no porque isto lhes convém; é menos por minha pessoa do que
pela simpatia que lhes desperta os princípios que professo. Os que se afastam
fazem-no porque não lhes convenho ou porque nossa maneira de ver as coisas
reciprocamente não concorda. Por que, então, iria eu contrariá-los, impondo-me
a eles? Parece-me mais conveniente deixá-los em paz. Ademais, honestamente,
carece-me tempo para isso. Sabe-se que minhas ocupações não me deixam um
instante para o repouso. Além disso, para um que parte, há mil que chegam.
Julgo um dever dedicar-me, acima de tudo, a estes e é isso que faço. Orgulho?
Desprezo por outrem? Oh! Não! Honestamente, não! Eu não desprezo ninguém;
lamento os que agem mal, rogo a Deus e aos bons Espíritos que façam nascer
neles melhores sentimentos. E isso é tudo. Se retornam, são sempre recebidos com
júbilo. Mas correr ao seu encalço, isso não me é possível fazer, mesmo em razão
do tempo que de mim reclamam as pessoas de boa vontade, e, depois, porque não
empresto a certos indivíduos a importância que eles a si próprios atribuem.
Para mim, um homem é um homem, isto apenas! Meço seu valor por seus atos, por
seus sentimentos, nunca por sua posição social. Pertença ele às mais altas
camadas da sociedade, se age mal, se é egoísta e negligente de sua dignidade,
é, a meus olhos, inferior ao trabalhador que procede corretamente e eu aperto
mais cordialmente a mão de um homem humilde, cujo coração estou a ouvir, do que
a de um potentado cujo peito emudeceu.
...As pessoas que me conhecem na intimidade podem dizer se
jamais os mencionei, se alguma vez, na Sociedade, foi dita uma única palavra,
foi feita uma única alusão relativamente a qualquer um deles. Mesmo pela
Revista, jamais respondi às suas agressões, se dirigidas à minha pessoa, e Deus
sabe que elas não têm faltado! De que adianta, ademais, seu malquerer? De nada!
Nem contra a doutrina nem contra mim. A Doutrina Espírita prova, por sua marcha
progressiva, que nada tem a temer. Quanto a mim, não ocupo nenhuma posição, por
isso nada existe que me pode ser tirado, não peço nada, nada solicito e, assim,
nada me pode ser recusado. Não devo nada a ninguém, desse modo nada há que me
possa ser cobrado; não falo mal de ninguém, nem mesmo daqueles que o dizem de
mim. Em que poderiam, então, prejudicar-me? É certo que se pode atribuir a mim
o que eu não disse e isso já se fez mais de uma vez. Mas aqueles que me
conhecem são capazes de distinguir o que digo daquilo que não sou capaz de
dizer e eu agradeço a quantos, em semelhantes circunstâncias, souberam
responder por mim. O que afirmo estou sempre pronto a repetir, na presença de
quem quer que seja, e quando afirmo não ter dito ou feito uma coisa, julgo-me
no direito de ser acreditado. Ademais, o que representa tudo isso em face do
objetivo que nós, os espíritas sinceros e devotados, perseguimos conjuntamente?
Desse futuro imenso que se desenrola diante dos nossos olhos? Acreditai-me,
senhores, fora preciso ver como um roubo perpetrado contra a grande obra, os
instantes que perdêssemos preocupados com essas mesquinharias. De minha parte
agradeço a Deus por me haver, já aqui na Terra, concedido tantas compensações
morais ao preço de tribulações tão passageiras, bem como pela alegria de
assistir ao triunfo da Doutrina Espírita.
Peço-vos perdão, senhores, por vos haver, por tão longo
tempo, entretido com assuntos relativos a mim, mas acredito útil estabelecer
nitidamente essa posição, a fim de que vos seja possível saber em quem
acreditar, de conformidade com as circunstâncias, e para que possais estar
convencidos de que minha linha de conduta está traçada e que dela nada me fará
desviar. De resto, creio que dessas observações – abstração feita de minha
pessoa – poderão resultar alguns ensinamentos úteis.
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