sábado, 6 de julho de 2019

Afinal, Deus é injusto? Qual a razão para que hajam tantas desigualdades?


Desafios:Pobre, Índia, Ásia, Pobreza, Pessoas

“Viver num mundo de tantas desigualdades e que são rotineiras nos faz as vezes questionar a justiça divina. Perguntamos onde está a bondade ou a lógica de Deus ao permitir que uns nasçam num ambiente de tanta fartura enquanto outros mantém-se em situações degradantes onde nem os direitos fundamentais humanos são garantidos.

Mas afinal, Deus é injusto? Qual a razão para que hajam tantas desigualdades se Ele é quem permite tudo?

Nosso estudo busca analisar esses fatos à luz da doutrina espírita.

Allan Kardec, na questão 930 de O Livro dos Espíritos, esclarece “que a culpa das desigualdades reside mesmo nas imperfeições humanas, os grandes responsáveis por esta situação de degradação social de muitos irmãos na sociedade contemporânea somos nós mesmos os seres humanos que residimos neste mundo, marcados pelo orgulho e pela ganância.

Em O Livro dos Espíritos vamos observar numa leitura atenta que:

“Com uma organização social criteriosa e previdente, ao homem só por culpa sua pode faltar o necessário”. Na mesma obra, publicada em 1857, Kardec ainda nos alerta: “Quando praticar a lei de Deus, terá uma ordem social fundada na justiça e na solidariedade, e ele próprio também será melhor”.

Analisemos primeiro a origem das desigualdades sociais.

803. Perante Deus, são iguais todos os homens?

“Sim, todos tendem para o mesmo fim e Deus fez suas leis para todos. Dizeis frequentemente: ‘O Sol luz para todos’ e enunciais assim uma verdade maior e mais geral do que pensais. ”
Todos os homens estão submetidos às mesmas leis da Natureza. Todos nascem igualmente fracos, acham-se sujeitos às mesmas dores e o corpo do rico se destrói como o do pobre. Deus a nenhum homem concedeu superioridade.

E no mesmo capítulo a seguinte resposta:

806. É lei da natureza a desigualdade das condições sociais?
“Não; É obra do homem e não de Deus. ”

Desta forma isso nos esclarece que a realidade acerca da desigualdade é criada pelo próprio homem que em sua ganância de possuir bens materiais, de acumular e de explorar o próximo com fins de lucrar e angariar através do sacrifício de outrem, não se preocupando coma ética envolvida em se ter demais até do supérfluo e deixar o próximo ao abandono de não possuir o mínimo necessário.
Nas questões seguintes Allan Kardec e Os Espíritos dão sequência as questões e respostas – desigualdades sociais. 

De acordo com o filósofo Rousseau, “a desigualdade tende a se acumular”. (Jean Jacques Rousseau, filósofo suíço (1712-1778), em seu Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens, publicado em 1755, cita as bases sobre as quais se firma o processo gerador das desigualdades sociais e morais entre os seres humanos).

... Rousseau iniciou um pensamento que o levaria a concluir que toda desigualdade se baseia na noção de propriedade particular criado pelo homem e o sentimento de insegurança com relação aos demais seres humanos.

A frase de abertura da segunda parte do Discurso diz, com efeito, o seguinte:

O primeiro que, ao cercar um terreno, teve a audácia de dizer isto é meu e encontrou gente bastante simples para acreditar nele foi o verdadeiro fundador da sociedade civil. Quantos crimes, guerras e assassinatos, quantas misérias e horrores teria poupado ao gênero humano aquele que, arrancando as estacas e cobrindo o fosso, tivesse gritado a seus semelhantes: "Não escutem a esse impostor! Estarão perdidos se esquecerem que os frutos são de todos e a terra é de ninguém"
.
Allan Kardec questiona novamente sobre o assunto:

808. A desigualdade das riquezas não tem sua origem na desigualdade das faculdades, que dão a uns mais meios de adquirir do que a outros?
-- Sim e não. Que dizes da astúcia e do roubo?

808-a. A riqueza hereditária, entretanto, seria fruto das más paixões?
-- Que sabes disso? Remonta à origem e verás se é sempre pura. Sabes se no princípio não foi o fruto de uma espoliação ou de uma injustiça? Mas, sem falar da origem, que pode ser má, crês que a cobiça de bens, mesmo os melhores adquiridos, e os desejos secretamente alimentados, de possuí-los o mais cedo possível, sejam sentimentos louváveis? Isto é o que Deus julga, e te asseguro que o seu julgamento é mais severo que o dos homens.

816. Se o rico sofre mais tentações, não dispõe também de mais meios para fazer o bem?
 -- É justamente o que nem sempre faz; torna-se egoísta, orgulhoso e insaciável; suas necessidades aumentam com a fortuna e julga não ter o bastante para si mesmo.

“A posição elevada no mundo e a autoridade sobre os semelhantes são provas tão grandes e arriscadas quanto a miséria; porque, quanto mais o homem for rico e poderoso mais obrigações têm a cumprir, maiores são os meios de que dispõe para fazer o bem e o mal. Deus experimenta o pobre pela resignação e o rico pelo uso que faz de seus bens e do seu poder. A riqueza e o poder despertam todas as paixões que nos prendem à matéria e nos distanciam da perfeição espiritual. Foi por isso que Jesus disse: "Em verdade vos digo, é mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus.") AK

795. Qual a causa da instabilidade das leis humanas?
-- Nos tempos de barbárie são os mais fortes que fazem as leis, e as fazem em seu favor. Há necessidade de modificá-las à medida que os homens vão melhor compreendendo a justiça.
As leis humanas são mais estáveis à medida que se aproximam da verdadeira justiça, quer dizer, à medida que são feitas para todos e se identificam com a lei natural.

“A civilização criou novas necessidades para o homem e essas necessidades são relativas à posição social de cada um. Foi necessário regular os direitos e os deveres dessas posições através de leis humanas. Mas, sob a influência das suas paixões, o homem criou, muitas vezes, direitos e deveres imaginários, condenados pela lei natural e que os povos apagam dos seus códigos à proporção que progridem. A lei natural é imutável e sempre a mesma para todos; a lei humana é variável e progressiva: somente ela pode consagrar, na infância da Humanidade, o direito do mais forte”. AK

Algumas das causas da desigualdade social:

  • ·                 Má distribuição de renda – e concentração do poder;
  • ·                 Má administração de recursos – principalmente públicos;
  • ·         Lógica de mercado do sistema capitalista – quanto mais lucro para as empresas e os donos de  empresa, melhor;
  • ·             Falta de investimento nas áreas sociais, em cultura, em assistência a populações mais carentes, em saúde, educação;
  • ·                Falta de oportunidades de trabalho.

  •    Pesquisa Desigualdade Mundial 2018 indica que o 1% mais rico da população brasileira concentra 27,8% de toda a renda do país. Isso faz do Brasil o país com a maior concentração de renda no grupo 1% mais rico, no mundo.

  •    Karl Marx entende que existem duas grandes classes: a trabalhadora (proletariado) e os capitalistas (burguesia). Enquanto os trabalhadores se preocupam em sobreviver, os capitalistas se preocupam com o lucro, criando as desigualdades e os conflitos sociais, como a opressão e a exploração.


880. Qual é o primeiro de todos os direitos naturais do homem?

      — O de viver. É por isso que ninguém tem o direito de atentar contra a vida do semelhante ou fazer qualquer coisa que possa comprometer a sua existência corpórea.

Um comentário:

Unknown disse...

Deus é Judicioso!