segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

O LANÇAMENTO DA REVISTA ESPÍRITA E A PRIMEIRA AULA DE ALLAN KARDEC SOBRE MEDIUNIDADE


Introdução
Revista Espírita, janeiro de 1858

A rapidez com a qual se propagaram, em todas as partes do mundo, os fenômenos estranhos das manifestações espíritas, é uma prova do interesse que causam. Simples objeto de curiosidade, a princípio, não tardaram em despertar a atenção dos homens sérios que entreviram, desde o início, a influência inevitável que devem ter sobre o estado moral da sociedade. As ideias novas que deles surgem, se popularizam cada dia mais, e nada poderia deter-lhes o progresso, pela razão muito simples de que esses fenômenos estão ao alcance de todo mundo, ou quase todo, e que nenhuma força humana pode impedi-los de se produzirem. Se os abafam em algum ponto, eles reaparecem em cem outros. Aqueles, pois, que poderiam, nele, ver um inconveniente qualquer, serão constrangidos, pela força das coisas, a sofrer-lhes as consequências, como ocorreu com as indústrias novas que, na sua origem, feriram interesses privados, e com as quais todo o mundo acabou por se ajeitar,porque não se poderia fazer de outro modo. O que não se fez e disse contra o magnetismo!

E, todavia, todos os raios que se lançaram contra ele, todas as armas com as quais o atingiram, mesmo o ridículo, se enfraqueceram diante da realidade, e não serviram senão para colocá-lo mais e mais em evidência. É que o magnetismo é uma força natural, e que, diante das forças da Natureza, o homem é um pigmeu semelhante a esses cãezinhos que ladram, inutilmente, contra o que os assusta. Há manifestações espíritas como a do sonambulismo; se elas não se produzem à luz do dia, publicamente, ninguém pode se opor a que tenham lugar na intimidade, uma vez que, cada família, pode achar um médium entre seus membros, desde a criança até o velho, como pode achar um sonâmbulo. Quem, pois, poderia impedir, a qualquer pessoa, de ser médium ou sonâmbula? Aqueles que combatem a coisa, sem dúvida, não refletiram nela. Ainda uma vez, quando uma força é da Natureza, pode-se detê-la um instante: aniquilá-la, jamais! Não se faz mais do que desviar-lhe o curso.

Ora, a força que se revela no fenômeno das manifestações, qualquer que seja a sua causa, está na Natureza, como a do magnetismo; não será aniquilada, pois, como não se pode aniquilar a força elétrica. O que é preciso fazer, é observá-la, estudar-lhe todas as fases para, delas, deduzir as leis que a regem. Se for um erro, uma ilusão, o tempo lhe fará justiça; se for a verdade, a verdade é como o vapor: quanto mais se comprime, maior é a sua força de expansão. (parte da importante introdução da primeira edição da Revista Espírita)

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Primeiro artigo e PRIMEIRA AULA SOBRE MEDIUNIDADE ministrada por Allan Kardec.

Diferentes naturezas de manifestações
Revista Espírita, janeiro de 1858

Os Espíritos atestam a sua presença de diversas maneiras, segundo sua aptidão, sua vontade e seu maior ou menor grau de elevação. Todos os fenômenos dos quais teremos ocasião de nos ocupar, se relacionam, naturalmente, a um ou a outro desses modos de comunicação.

Cremos, pois, para facilitar o entendimento dos fatos, dever abrir a série de nossos artigos pelo quadro das diferentes naturezas de manifestações. Podem ser resumidas assim:

1-    Ação oculta, quando ela não tem nada ostensivo. Tais são, por exemplo as inspirações ou sugestões de pensamento, as advertências íntimas, as influências sobre os acontecimentos, etc.;
2-    Ação patente ou manifestação, quando ela é apreciável de um modo qualquer;
3-   Manifestações físicas ou materiais', são aquelas que se traduzem por fenômenos sensíveis, tais como os ruídos, o movimento e o deslocamento de objetos. Essas manifestações não comportam, muito frequentemente, nenhum sentido direto; elas não têm por objetivo senão chamar a nossa atenção sobre alguma coisa, e nos convencer da presença de uma força superior à do homem;
4- Manifestações visuais ou aparições, quando um Espírito se revela à visão,   sob uma forma qualquer, sem ter nenhuma das propriedades conhecidas da            matéria;
5- Manifestações inteligentes, quando revelam um pensamento. Toda   manifestação que comporte um sentido, não fora senão um simples       movimento ou um ruído que acuse uma certa liberdade de ação, responde a um pensamento ou obedece a uma vontade, é uma manifestação inteligente.                   Ocorrem em todos os graus;

6- As comunicações', são as manifestações inteligentes que têm por objeto   uma troca seguida de pensamentos entre o homem e os Espíritos.

À natureza das comunicações varia segundo o grau, de elevação ou inferioridade, de saber ou ignorância do Espírito que se manifeste, e segundo a natureza do assunto de que se trata.

Elas podem ser: frívolas, grosseiras, sérias, ou instrutivas.

As comunicações frívolas emanam de Espíritos levianos, zombadores e traquinas, mais maliciosos do que maus, que não ligam nenhuma importância ao que dizem.

As comunicações grosseiras se traduzem por expressões que chocam as conveniências. Elas não emanam senão de Espíritos inferiores, ou que não estão ainda despojados de todas as impurezas da matéria.

As comunicações sérias  são graves quanto ao assunto e à maneira que são feitas. A linguagem dos Espíritos superiores é sempre digna e isenta de toda a trivialidade. Toda comunicação que exclui a frivolidade e a grosseria, e que tem um fim útil, seja de interesse privado, é, por isso mesmo, séria.

As comunicações instrutivas são as comunicações sérias que têm por objetivo principal um ensinamento qualquer, dado pelos Espíritos sobre as ciências, a moral, a filosofia, etc. São mais ou menos profundas e mais ou menos verdadeiras, segundo o grau de evolução e de desmaterialização do Espírito. Para se retirar dessas comunicações um proveito real, é preciso que sejam regulares e continuem com perseverança. Os Espíritos sérios se ligam àqueles que querem se instruir e os secundam, ao passo que deixam aos Espíritos levianos o cuidado de divertir, com gracejos, aqueles que não vêem, nas manifestações, senão uma distração passageira. Não é senão pela regularidade e pela frequência das comunicações, que
se pode apreciar o valor moral e intelectual dos Espíritos com os quais se conversa, e o grau de confiança que merecem. Se é preciso experiência para julgar os homens, é preciso, talvez, mais ainda para julgar os Espíritos.

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domingo, 23 de dezembro de 2012

Yvonne Pereira: O nascimento de uma Estrela

O nascimento de uma Estrela


Uma estrela é uma imensa esfera de gás que gera energia em seu centro através de reações de fusão nuclear. Ela difere de um planeta exatamente pelo fato de este não ter fonte interna de energia nuclear. As estrelas, sem exceção, nascem, vivem e ... morrem! Embora o nascimento de todas as estrelas ocorra de forma semelhante, sua vida e sua morte dependem de diversos parâmetros, entre eles a composição química e, principalmente, a massa.Depois que a proto-estrela se forma, ela continua a se concentrar e diminuir de tamanho. Nessa contração a temperaura interna aumenta bastante, a ponto de ionizar os átomos aí existentes, retirando os elétrons que giram em torno do núcleo atômico. O interior da proto-estrela passa a ser constituído não mais de átomos, mas sim de uma mistura de prótons e elétrons, basicamente. A essa mistura dá-se o nome de plasma, conhecido como sendo o quarto estado físico da matéria.
Devido à alta temperatura, os prótons apresentam um movimento muito intenso. Alguns deles podem se chocar, e apesar das forças de repulsão eletrostática que procuram repelir cargas elétricas de mesmos nomes, a velocidade desses prótons pode ser tão grande que eles conseguem suplantar essa repulsão e se unirem entre si. Quando ocorre a fusão desses prótons, diz-se que foi feita uma fusão nuclear. É quando começam as reações de fusão nuclear no interior da proto-estrela que dizemos que nasceu uma estrela.
Assim, uma estrela é um corpo gasoso no interior do qual estão ocorrendo reações de fusão nuclear que transformam elementos químicos de peso atômico menor em elementos de peso atômico maior. Resumidamente costuma-se dizer que está havendo a passagem de elementos leves para elementos mais pesados. Sabe-se hoje que a fusão de elementos químicos mais leves para mais pesados, especificamente dos mais leves, se dá com a liberação de energia. A fusão nuclear é a fonte de energia das estrelas. Enquanto houver combustível nuclear no interior da estrela que possa ser convertido num elemento mais pesado com a liberação de energia, a estrela permanecerá viva.

O telescópio espacial Hubble revolucionou a Astronomia, respondendo a antigas questões formuladas pela humanidade e trazendo à frente de nossos olhos um universo muitas vezes até então impensado. Como nascem as estrelas? Como são formados os mundos? No final do século XX, cientistas consideram que as discussões sobre os processos fundamentais referentes a algumas dessas questões milenares estão praticamente encerradas devido ao êxito das pesquisas do Hubble.

Com Allan Kardec aprendemos em O Evangelho Segundo o Espiritismo em seu capítulo XXVIII item 89 que “para conhecer as coisas do mundo visível e descobrir os segredos da natureza material, Deus concedeu aos homens a vista física, os sentidos corporais e os instrumentos especiais. Com o telescópio, ele mergulha o seu olhar nas profundidades do espaço, e com o microscópio descobriu o mundo dos infinitamente pequenos. Para penetrar o mundo invisível, deu-lhe a mediunidade”.

Muitos médiuns ao longo dos tempos fizeram de suas vidas um vasto campo de histórias, mitos, superando barreiras e preconceitos.

Assim como a luz das estrelas provocou a invenção do telescópio; assim como para se estudar o infinitamente pequeno foi necessário o microscópio, assim também a averiguação da existência dos Espíritos, ou daqueles que impropriamente chamamos mortos, não dispensa um instrumento, e esse instrumento não poderia ser mais aperfeiçoado do que o próprio corpo humano, o mesmo de que se servem os Espíritos quando encarnados na Terra.

O médium é, pois, uma criatura humana, seja homem ou mulher, velho ou moço, que tem aptidões físicas e cujo corpo carnal é suscetível de sofrer a influência de outra criatura, ou a de um Espírito. (Médiuns e Mediunidade).

Entre tantos médiuns, destacamos como fonte de nossas referências, D. Yvonne Pereira, que no dia 24 de dezembro de 1900 retornava ao nosso convívio físico, nós os encarnados. Uma outra ESTRELA nascia e através de sua energia vem iluminando almas, e em função desta energia, é que fizemos este paralelo acima sobre NASCIMENTO DE UMA ESTRELA.

Vejamos um pouco mais de sua história:

Yvonne do Amaral Pereira (YPHONE na certidão de nascimento) nasceu na antiga Villa de Santa Thereza de Valença, no sítio do Rapa-queijo, hoje Rio das Flores, sul do estado do Rio de Janeiro, às 6 horas da manhã. O pai, um pequeno negociante, Manoel José Pereira Filho e a mãe Elizabeth do Amaral Pereira. Teve 5 irmãos mais moços e um mais velho, filho do primeiro casamento da mãe.

Aos 29 dias de nascida, depois de um acesso de tosse, sobreveio uma sufocação que a deixou como morta (catalepsia ou morte aparente). O fenômeno foi fruto dos muitos complexos que carregava no espírito, já que, na última existência terrestre, morrera afogada por suicídio. Durante 6 horas permaneceu nesse estado. O médico e o farmacêutico atestaram morte por sufocação. O velório foi preparado. A suposta defunta foi vestida com grinalda e vestido branco e azul. O pequeno caixão branco foi encomendado. A mãe se retirou a um aposento, onde fez uma sincera e fervorosa prece a Maria de Nazaré, pedindo para que a situação fosse definida, pois, não acreditava que a filha estivesse morta. Instantes depois, a criança acorda aos prantos. Todos os preparativos foram desfeitos. O funeral foi cancelado e a vida seguiu seu curso normal.



Destaque de uma série de entrevistas com D. Yvonne.

Obreiros do Bem – Reportando-se a outra série de livros seus mais especificamente, nas Voragens do Pecado, O cavaleiro de Numiers, e o Drama de Bretanha, que nos poderia dizer sobre as circunstâncias de captação desses livros?

Yvone Pereira
O mais interessante nessa série de três livros é o fato de que eu comecei a recebê-la de trás para diante, ou seja, do último da série para o primeiro, logo depois que terminei os trabalhos finais de Memórias de um suicida. Primeiro, escrevi o drama de Bretanha, que fecha o ciclo, depois chegou O cavaleiro de Numiers, o elo principal da corrente; mas, só no ano de 1959 foi escrito Nas Voragens do pecado, o primeiro da série como já disse.Na verdade, só vim a me perceber de que isso havia acontecido quando recebi ordens de Charles para revisar, junto com os mentores, O drama de Bretanha. Todos esses livros – menos Nas voragens do pecado, foram originalmente, escritos em blocos de papel manilha, rosa ou amarelo, ou papel de pão, papel pardo, que eu juntava, visto que sempre vivi em extrema dificuldade financeira; conseguia o papel, ajeitava-o, passava–o a ferro e utilizava-o na escrita dos livros. Como o lápis não tinha bom desempenho sobre papel desses tipos, eu resolvi escrever com caneta. Isso, aparentemente sem importância, foi à salvação da série, principalmente de O drama de Bretanha e o Cavaleiro de Numiers, porque trinta anos depois de escritos, já estando o papel puído, a sombra do lápis já teria desaparecido, mas a caneta resistiu à ação do tempo.


Atuou orientando médiuns e Centros Espíritas, reconciliando cônjuges, reequilibrando lares desarmonizados, consolando corações, evitando suicídios e esclarecendo Espíritos sofredores.
Estudiosa da Doutrina Espírita, na Codificação alicerçava todo seu trabalho, seguindo fielmente as prescrições de O livro dos médiuns, no exercício da própria faculdade.
Deixou um legado de extraordinárias obras:
Memórias de um suicida (1954)
Nas telas do infinito (1955)
Amor e ódio (1956)
A tragédia de Santa Maria (1957)
Nas voragens do pecado (1960)
Ressurreição e vida (1963)
Devassando o invisível (1964)
Dramas da obsessão (1964)
Recordações da mediunidade (1966)
O drama da Bretanha (1973)
Sublimação (1973)
O cavaleiro de Numiers (1975)
Cânticos do coração – v. I e II (1994)
À luz do Consolador (1997)
Um caso de reencarnação (2000).
Yvonne retornou ao Mundo Espiritual no dia 9 de março de 1984, tendo desencarnado no Hospital da Lagoa, no Rio de Janeiro.

Bibliografia:
1.À luz do Consolador – Yvonne A. Pereira, ed. FEB.
2.Devassando o Invisível – Yvonne A. Pereira, ed. FEB.
3. Recordações da mediunidade – Yvonne A. Pereira, ed.FEB.
4. Um caso de reencarnação – eu e Roberto de Canallejas –Yvonne A. Pereira, ed. Societo         Lorenz.
5.Yvonne Pereira, uma heroína silenciosa – Pedro Camilo, ed. Lachâtre.


domingo, 16 de dezembro de 2012

Recordações da Mediunidade


No próximo sábado 22 de dezembro 2012 o Caminho da Paz promoverá a palestra deste livro em destaque, dando assim continuidade ao projeto Mês Espírita D. Yvonne Pereira. A palestra será proferida pelo nosso irmão Darísio Galvão às 17hs30min.

Introdução ao livro:
Muitas cartas temos recebido, principalmente depois que saiu a lume o nosso livro “Devassando o Invisível”, onde algo relatamos do que conosco há sucedido, referência feita ao nosso âmbito mediúnico. Desejariam os nossos correspondentes que outro noticiário naqueles moldes fosse escrito, que novos relatórios viessem, de algum modo, esclarecer algo do obscuro campo mediúnico, esquecidos de que o melhor relatório para instrução do espírita e do médium são os próprios compêndios da Doutrina, em cujos testos os médiuns se habilitam para os devidos desempenhos. Confessamos, entretanto, que não atenderíamos aos reiterados alvitres que nos fizeram os nossos amigos e leitores se não fora a ordem superior recebida para que o tentássemos, ordem que nos decidiu a dar o presente volume à publicidade. Como médium jamais agimos por nossa livre iniciativa, senão fortemente acionada pela vontade positiva das entidades amigas que nos dirigem, pois entendemos que o médium por si mesmo nada representa e que jamais deverá adotar a pretensão de realizar isto ou aquilo sem antes observar se, realmente, é influenciado pelas verdadeiras forças espirituais superiores.
       Disseram-nos os nossos Instrutores Espirituais há cerca de seis meses, quando aguardávamos novas ordens para o que ainda tentaríamos no ângulo da mediunidade psicográfica:
       “Narrarás o que a ti mesma sucedeu, como médium, desde o teu nascimento. Nada mais será necessário. Serás assistida pelos superiores do Além durante o decorrer das exposições, que por eles serão selecionadas das tuas recordações pessoais, e escreverás sob o influxo da inspiração.»
       E por essa razão ai está o livro Recordações da Mediunidade, porque estas páginas nada mais são que pequeno punhado de recordações da nossa vida de médium e de espírita.
       Muito mais do que aqui fica poderia ser relatado. Podemos mesmo disser que nossa vida foi fértil em dores, lágrimas e provações desde o berço. Tal como hoje nos avaliamos, consideramo-nos testemunho vivo do valor do Espiritismo na recuperação de uma alma para si mesma e para Deus, porque sentimos que absolutamente não teríamos vencido, nas lutas e nos testemunhos que a vida exigia das nossas forças, se desde o berço não fôramos acalentada pela proteção vigorosa da Revelação Celeste denominada Espiritismo.
       Poderíamos, pois, relatar aqui também as recordações do que foi o amargor das lágrimas que choramos durante as provações, as peripécias e humilhações que nos acompanharam em todo o decurso da presente existência, e os quais a Doutrina Espírita remediou e consolou. Mas para que tal explanação pudesse ser feita seria necessário apontar ou criticar aqueles que foram os instrumentos para a dor dos resgates que urgia realizássemos, e não foram acusações ao próximo que aprendemos nos códigos espíritas, os quais antes nos ensinaram o Amor, a Fraternidade e o Perdão. Encobrindo, pois, as personalidades que se tornaram pedra de escândalo para a nossa expiação e olvidando os seus atos para somente tratarmos da sublime tese espírita, é o testemunho do Perdão que aqui deixamos, único testemunho, ao demais, que nos faltava apresentar e o qual os nossos ascendentes espirituais de nós exigem no presente momento.
Ao que parece, o presente livro é a despedida da nossa mediunidade ao público. Obteremos ainda outros ditados do Além? É bem possível que não, é quase certo que não. O mais que ainda poderá acontecer é a publicação de temas antigos conservados inéditos até hoje, porquanto nunca tivemos pressa na publicação das nossas produções mediúnicas, possuindo ainda, arquivados em nossas gavetas, trabalhos obtidos do Espaço há mais de vinte anos. As fontes vitais que são o veículo da mediunidade: fluido vital, fluido nervoso, fluido magnético, já se esgotam em nossa organização física. O próprio perispírito encontra-se traumatizado, cansado, exausto. As dores morais, ininterruptamente renovadas, sem jamais permitirem um único dia de verdadeira alegria, e o longo exercicio de uma mediunidade positiva, que se desdobrou em todos os setores da prática espírita, esgotaram aquelas forças, que, realmente, tendem a diminuir e a se extinguirem em todos os médiuns, após certo tempo de labor. Se assim for, consoante fomos advertida pelos nossos maiores espirituais e nós mesma o sentimos, estaremos tranquila, certa de que nosso dever nos campos espíritas foi cumprido, embora por entre espinhos e lutas, e, encerrando nossa tarefa mediúnica literária na presente jornada, cremos que poderemos orar ao Criador, dizendo:
— «Obrigada, meu Deus, pela bênção da mediunidade que me concedeste como ensejo para a reabilitação do meu Espírito culpado”. A chama imaculada que do Alto me mandaste, com a revelação dos pontos da tua Doutrina, a mim confiados para desenvolver e aplicar, eu ta devolvo, no fim da tarefa cumprida, pura e imaculada conforme a recebi: amei-a e respeitei-a sempre, não a adulterei com idéias pessoais porque me renovei com ela a fim de servi-la; não a conspurquei, dela me servindo para incentivo às próprias  paixões, nem negligenciei no seu cultivo para benefício do próximo, porque todos os meus recursos pessoais utilizei na sua aplicação. Perdoa, no entanto, Senhor, se melhor não pude cumprir o dever sagrado de servi-la, transmitindo aos homens e aos Espíritos menos esclarecidos do que eu o bem que ela  própria me concedeu.”
E, assim sendo, neste crepúsculo da nossa penosa marcha terrena recordamos e aqui deixamos, aos leitores de boa vontade,  parcelas de nós mesma, nas confidências que aí ficam registradas, patrimônio sagrado de quem nada mais, nada mais nem mesmo um lar, possuiu neste mundo. E aos amados Guias Espirituais que nos amaram e sustentaram na jornada espinhosa que se apaga, o testemunho da nossa veneração.
Rio de Janeiro, 29 de Junho de 1966. YVONNE A. PEREIRA

Destacando um belíssimo estudo do livro “Recordações da Mediunidade”.
“A obsessão muito prolongada pode ocasionar desordens patológicas e reclama, por vezes, tratamento simultâneo ou consecutivo, quer magnético, quer médico, para restabelecer a saúde do organismo. Destruída a causa, resta combater os efeitos.” (Veja-se «O Livro dos Médiuns», cap. 23º — «Da obsessão»)

Uma abordagem muito interessante sobre o está destacada na pergunta que faz parte do capítulo “O complexo Obsessão”.
“As doenças mentais são sempre vinculadas a problemas espirituais? Mesmo aquelas que têm substrato orgânico?”
A resposta do Espírito Dr. Bezerra de Menezes muito bem abordada, com um teor doutrinário que merecem de todos nós uma reflexão e estudo profundo.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

"Devassando o Invisível – Yvonne . Pereira Cap. II



No próximo sábado dia 15/12/12 às 17hs30min nossa irmã Zelma será a palestrante na Sociedade Espírita Caminho da Paz com o tema: Reflexão sobre o livro Devassando o Invisível.



Quando Joana d’Arc, a donzela de Orleães, era submetida a um daqueles terríveis interrogatórios que a História registrou, no curso do processo da sua condenação, movida pela chamada Santa Inquisição, na França, um dos seus mais encarniçados verdugos, ou juízes, justamente o Bispo de Beauvais, fez-lhe esta pergunta ardilosa, tentando confundi-la:
"São Miguel te aparece desnudo?..." – pois se sabe que um dos Espíritos que a assistiam era por ela mesma considerada como sendo aquele santo da Igreja Católica, uma das imagens que ela se habituara, desde a infância, a ver e a venerar na pequena igreja da aldeia de Domremy, seu berço natal.
Prontamente respondeu a donzela com o
utra interrogação, mas tão profunda, tão sutil e complexa que não a poderia ter compreendido a crueldade do estreito cérebro dos seus algozes, mas que a posteridade, nos dias atuais, devidamente compreende e explica à luz dos estudos transcendentais feitos pela Terceira Revelação, ou Espiritismo:

"Pensas que Deus não tem com que vesti-lo?..." – respondeu Joana. (Do Livro "Devassando o Invisível – Yvonne . Pereira Cap. II).


 Vestuário dos Espíritos. O Livro dos Médiuns
126. Temos dito que os Espíritos se apresentam vestidos de túnicas, envoltos em largos panos, ou mesmo com os trajes que usavam em vida. O envolvimento em panos parece costume geral no mundo dos Espíritos. Mas, aonde irão eles buscar vestuários semelhantes em tudo aos que traziam quando vivos, com todos os acessórios que os completavam? E fora de qualquer dúvida que não levaram consigo esses objetos, pois que os objetos reais temo-los ainda sob as vistas. Donde então provêm os de que usam no outro mundo? Esta questão deu sempre muito que pensar. Para muitas pessoas, porém, era simples motivo de curiosidade. A ocorrência, todavia, confirmava uma questão de princípio, de grande importância, porquanto sua solução nos fez entrever uma lei geral, que também encontra aplicação no nosso mundo corpóreo. Múltiplos fatos a vieram complicar e demonstrar a insuficiência das teorias com que tentaram explicá-la. Até certo ponto, poder-se-ia compreender a existência do traje, por ser possível considerá-lo como, de alguma sorte, fazendo parte do indivíduo. O mesmo, porém, não se dá com os objetos acessórios, qual, por exemplo, a caixa de rapé do visitante da senhora doente, de quem falamos no n. 116. Notemos, a este propósito, que ali não se tratava de um morto, mas de um vivo, e que tal senhor, quando voltou em pessoa, trazia na mão uma caixa de rapé semelhante em tudo à da aparição. Onde encontrara seu Espírito a que tinha consigo, quando sentado junto ao leito da doente? Poderíamos citar grande número de casos em que Espíritos, de mortos ou de vivos, apareceram com diversos objetos, tais como bengalas, armas, cachimbos, lanternas, livros, etc. Veio-nos então uma ideia: a de que, possivelmente, aos corpos inertes da terra correspondem outros, análogos, porém etéreos, no mundo invisível; de que a matéria condensada, que forma os objetos, pode ter uma parte quintessenciada, que nos escapa aos sentidos. Não era destituída de verossimilhança esta teoria, mas se mostrava impotente para explicar todos os fatos. Um há, sobretudo, que parecia destinado a frustrar todas as interpretações. Até então, não se tratara senão de imagens, ou aparências. Vimos perfeitamente bem que o perispírito pode adquirir as propriedades da matéria e tornar-se tangível, mas essa tangibilidade é apenas momentânea e o corpo sólido se desvanece qual sombra. Já é um fenômeno muito extraordinário; porém, o que o é ainda mais é produzir-se matéria sólida persistente, conforme o provam numerosos fatos autênticos, notadamente o da escrita direta, de que falaremos minuciosamente em capítulo especial. Todavia, como este fenômeno se liga intimamente ao assunto de que agora tratamos, constituindo uma de suas mais positivas aplicações, antecipar-nos-emos, colocando-o antes do lugar em que, pela ordem, deveria ser explanado.

Ä Resumo:

1 – A vestimenta dos Espíritos é formada do elemento natural do meio em que se encontra, isto é, de matéria fluídica, moldada pela própria mente.

2 – Não se trata de um simples simulacro ou de algo apenas aparente, tem existência real, embora formada de substancia fluídica, segundo as linhas de impulsão da mente do próprio interessado.
3 – Tais impulsões podem variar de acordo com a vontade livre de Espíritos Superiores, ou de Espíritos ainda sofredores e infelizes que acionam o mecanismo mental automaticamente.
4 – Às vezes, um determinado Espírito se apresenta com uma indumentária idêntica a que usava quando ainda encarnado com vistas a ser identificado.
5 – Os objetos, aparelhos e acessórios de vestimenta não são duplos etéreos simplesmente; são formações moldadas pela manipulação dos fluidos do ambiente, por parte das entidades desencarnadas, independentemente do seu nível evolutivo.
6 – Os Espíritos inferiores também têm capacidade de moldarem os objetos de seu uso embora o façam com mais esforço e imperfeitamente.
7 – Há limites bem nítidos no mundo espiritual impedindo que os Espíritos componham o que bem quiserem; tais limites são de ordem moral.
8 – A ação da mente (encarnada ou desencarnada) sobre os fluidos é capaz de modificar-lhes a estrutura e em consequência conferir-lhes propriedades particulares e especiais.
9 – Tais manipulações podem ser feitas por entidades elevadas e também pelas entidades inferiores, podendo estas transmitir aos encarnados desavisados quotas de fluidos com propriedades tóxicas, causadoras de perturbações chamadas doenças fantasmas.
10 – As entidades superiores de posse de seus recursos e facilitados pelo clima de merecimento de quem necessita, são capazes de manipular fluidos curadores e transmiti-los, seja pelo passe ou pela água fluidificada.
11 – O auxílio espiritual superior, a possibilidade que alguns apresentam mais que outros, e a vontade bem disciplinada e cristã podem determinar o restabelecimento de quadros de moléstia física e psíquica, sempre guardando, porém, o respeito às Leis Superiores.

Bibliografia:
- Livro "Devassando o Invisível – Yvonne. Pereira Cap. II".
- O Livro dos Médiuns, 2º. Parte – cap. VIII.

domingo, 2 de dezembro de 2012

SOCIEDADE ESPÍRITA CAMINHO DA PAZ E RODÍZIO LITERÁRIO

Iniciado ontem dia 01 de dezembro de 2012 na Sociedade Espírita Caminho da Paz o 1º Mês Espírita D. Yvonne Pereira. 
O objetivo internalizar junto aos trabalhadores e frequentadores o "gosto pela leitura e o incentivo ao estudo", destacando ainda, que o mês de dezembro de cada ano será específico para homenagear um dos Espíritos Espírita mais lúcido em relação à Doutrina Espírita: YVONNE PEREIRA. 

No final da exposição de ontem, "surgiu" a ideia de se criar um movimento interno junto aos presentes na reunião no sentido de desenvolver um processo onde 12 livros destacados das obras de D. Yvonne Pereira fossem lidos por 12 irmãos (as) durante 12 meses a partir de dezembro/12.

Cada participante terá um mês para ler e reler cada livro, podendo registrar no mesmo ou em um caderno destaques que ele julgue importante e ao repassar o livro para o outro leitor do grupo dos 12, comente para o outro leitor sobre o assunto. No final dos 12 meses todos terão lido e relidos as 12 obras.

No final da palestra 12 participantes aderiram ao Projeto que terá o nome de RODÍZIO LITERÁRIO, sugerido por um dos leitores, o nosso Fábio.

Abaixo segue o nosso RODÍZIO LITERÁRIO com o cardápio totalmente sem contra indicação.








sábado, 1 de dezembro de 2012

Mês Espírita Yvonne Pereira


Yvonne Pereira foi uma das mais respeitadas médiuns brasileiras, autora de romances psicografados bastante conhecidos entre os espíritas. Dedicou-se por muitos anos à desobsessão e ao receituário mediúnico homeopático.
Filha de Manuel José Pereira Filho, um pequeno comerciante, e de Elizabeth do Amaral, foi a primeira de seis filhos do casal. A mãe já havia tido um filho de seu primeiro casamento.
Recém-nascida, com apenas 29 dias, teve um acesso de tosse que a sufocou, deixando-a em estado de catalepsia, em que se manteve por seis horas. O médico e o farmacêutico da localidade chegaram a atestar o óbito por sufocação. A família preparou o corpo da bebê para o velório, colocando-lhe um vestido branco e azul, adornando-a com uma grinalda, enquanto aguardava o pequeno caixão branco da praxe. Nesse momento, sua mãe retirou-se para o interior da residência da família para orar. Momentos depois, a bebê acordou, chorando.

A partir dessa idade, fase da adolescência, a mediunidade tornou-se um fenômeno comum para Yvonne, que dizia receber a maior parte dos informes de além-túmulo, crônicas e contos em desdobramento, no momento do sono. A sua faculdade apresentava-se diversificada, tendo se dedicado à psicografia e ao receituário homeopático, à incorporação, à psicofonia e ao passe, e até mesmo, em algumas ocasiões, aos chamados efeitos físicos de materialização. Dedicou-se à atividade de desobsessão. Atuou em casas espíritas nas cidades de Lavras (MG), Barra do Piraí (RJ), Juiz de Fora (MG), Pedro Leopoldo (MG) e Rio de Janeiro (RJ), onde residiu sucessivamente.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

1º Mês Espírita D. Yvonne Pereira - Sociedade Espírita Caminho da Paz

Sociedade Espírita Caminho da Paz implanta em seu calendário de atividades o Mês de Dezembro dedicado exclusivamente para divulgar, homenagear D. Yvonne do Amaral Pereira nas palestras públicas realizadas aos sábados das 17hs30min às 18hs30min.


1 Afonso Vida e Obras de D. Yvonne do Amaral Pereira
8 Pereira Refletindo sobre o Livro Memórias de um Suicida - 1926/ 1955
15 Zelma Devassando o Invisível - 1963
22 Darisio Recordações Mediunidade - 1966
29 Samuel A importância de D. Yvvone Pereira para o Movimento Espírita

terça-feira, 20 de novembro de 2012

FINAL DOS TEMPOS.....

FINAL DOS TEMPOS - JUÍZO FINAL – OS TEMPOS SÃO CHEGADOS -

- Também ouvireis falar de guerra e de rumores de guerra; tratai de não vos perturbardes, porquanto é preciso que essas coisas se dêem; mas, ainda não será o fim - pois ver-se-á povo levantar-se contra povo e reino contra reino; e haverá pestes, fomes e tremores de terra em diversos lugares - todas essas coisas serão apenas o começo das dores. (S. Mateus, cap. XXIV, vv. 6 a 8.) 
- Logo depois desses dias de aflição, o Sol se obscurecerá e a Lua deixará de dar sua luz; as estrelas cairão do céu e as potestades dos céus serão abaladas. Então, o sinal do Filho do homem aparecerá no céu e todos os povos da Terra estarão em prantos e em gemidos e verão o Filho do homem vindo sobre as nuvens do céu com grande majestade. Ele enviará seus anjos, que farão ouvir a voz retumbante de suas trombetas e que reunirão seus eleitos dos quatro cantos do mundo, de uma extremidade a outra do céu. 
Aprendei uma comparação tirada da figueira. Quando seus ramos já estão tenros e dão folhas, sabeis que está próximo o estio. - Do mesmo modo quando virdes todas essas coisas, sabei que vem próximo o Filho do homem, que ele se acha como que à porta. Digo-vos, em verdade, que esta raça não passará, sem que todas essas coisas se tenham cumprido. (S. Mateus, cap. XXIV, vv. 29 a 34.) 

ALLAN KARDEC - É evidentemente alegórico este quadro do fim dos tempos, como a maioria dos que Jesus compunha. Pelo seu vigor, as imagens que ele encerra são de natureza a impressionar inteligências ainda rudes. Para tocar fortemente aquelas imaginações pouco sutis, eram necessárias pinturas vigorosas, de cores bem acentuadas. Ele se dirigia principalmente ao povo, aos homens menos esclarecidos, incapazes de compreender as abstrações metafísicas e de apanhar a delicadeza das formas. A fim de atingir o coração, fazia-se-lhe mister falar aos olhos, com o auxílio de sinais materiais, e aos ouvidos, por meio da força da linguagem.
Como conseqüência natural daquela disposição de espírito, à suprema potestade, segundo a crença de então, não era possível manifestar-se, a não ser por meio de fatos extraordinários, sobrenaturais. Quanto mais impossíveis fossem esses fatos, tanto mais facilmente aceita era a probabilidade deles.

O Filho do homem, a vir sobre nuvens, com grande majestade, cercado de seus anjos e ao som de trombetas, lhes parecia de muito maior imponência, do que a simples vinda de uma entidade investida apenas de poder moral. Por isso mesmo, os judeus, que esperavam no Messias um rei terreno, mais poderoso do que todos os outros reis, destinado a colocar-lhes a nação à frente de todas as demais e a reerguer o trono de David e de Salomão, não quiseram reconhecê-lo no humilde filho de um carpinteiro, sem autoridade material. No entanto, aquele pobre proletário da Judéia se tornou o maior entre os grandes; conquistou para a sua soberania maior número de reinos, do que os mais poderosos potentados; exclusivamente com a sua palavra e o concurso de alguns miseráveis pescadores, revolucionou o mundo e a ele é que os judeus virão a dever sua reabilitação. Disse, pois, uma verdade, quando, respondendo a esta pergunta de Pilatos: «És rei?» respondeu: «Tu o dizes.» 

- É de notar-se que, entre os antigos, os tremores de terra e o obscurecimento do Sol eram acessórios forçados de todos os acontecimentos e de todos os presságios sinistros. Com eles deparamos, por ocasião da morte de Jesus, da de César e num sem-número de outras circunstâncias da história do paganismo. Se tais fenômenos se houvessem produzido tão amiudadas vezes quantas são relatados, fora de ter-se por impossível que os homens não houvessem guardado deles lembrança pela tradição. Aqui, acrescenta-se a queda de estrelas do céu, como que a mostrar às gerações futuras, mais esclarecidas, que não há nisso senão uma ficção, pois que agora se sabe que as estrelas não podem cair. 
- Entretanto, sob essas alegorias, grandes verdades se ocultam. Há, primeiramente, a predição das calamidades de todo gênero que assolarão e dizimarão a Humanidade, calamidades decorrentes da luta suprema entre o bem e o mal, entre a fé e a incredulidade, entre as idéias progressistas e as idéias retrógradas. Há, em segundo lugar, a da difusão, por toda a Terra, do Evangelho restaurado na sua pureza primitiva; depois, a do reinado do bem, que será o da paz e da fraternidade universais, a derivar do código de moral evangélica, posto em prática por todos os povos. 

Será, verdadeiramente, o reino de Jesus, pois que ele presidirá à sua implantação, passando os homens a viver sob a égide da sua lei. Será o reinado da felicidade, porquanto diz ele que - «depois dos dias de aflição, virão os de alegria».
- Quando sucederão tais coisas? «Ninguém o sabe, diz Jesus, nem mesmo o Filho.» Mas, quando chegar o momento, os homens serão advertidos por meio de sinais precursores. Esses indícios, porém, não estarão nem no Sol, nem nas estrelas; mostrar-se-ão no estado social e nos fenômenos mais de ordem moral do que físicos e que, em parte, se podem deduzir das suas alusões. 
É indubitável que aquela mutação não poderia operar-se em vida dos apóstolos, pois, do contrário, Jesus não lhe desconheceria o momento. Aliás, semelhante transformação não era possível se desse dentro de apenas alguns anos. Contudo, dela lhes fala como se eles a houvessem de presenciar; é que, com efeito, eles poderão estar reencarnados quando a transformação se der e, até, colaborar na sua efetivação. Ele ora fala da sorte próxima de Jerusalém, ora toma esse fato por ponto de referência ao que ocorreria no futuro. 
- Será que, predizendo a sua segunda vinda, era o fim do mundo o que Jesus anunciava, dizendo: «Quando o Evangelho for pregado por toda a Terra, então é que virá o fim?» Não é racional se suponha que Deus destrua o mundo precisamente quando ele entre no caminho do progresso moral, pela prática dos ensinos evangélicos. Nada, aliás, nas palavras do Cristo, indica uma destruição universal que, em tais condições, não se justificaria.
Devendo a prática geral do Evangelho determinar grande melhora no estado moral dos homens, ela, por isso mesmo, trará o reinado do bem e acarretará a queda do mal. É, pois, o fim do mundo velho, do mundo governado pelos preconceitos, pelo orgulho, pelo egoísmo, pelo fanatismo, pela incredulidade, pela cupidez, por todas as paixões pecaminosas, que o Cristo aludia, ao dizer: «Quando o Evangelho for pregado por toda a Terra, então é que virá o fim.» Esse fim, porém, para chegar, ocasionaria uma luta e é dessa luta que advirão os males por ele previstos.


O JUÍZO FINAL
- Ora, quando o Filho do homem vier em sua majestade, acompanhado de todos os anjos, assentar-se-á no trono de sua glória; - e, reunidas à sua frente todas as nações, ele separará uns dos outros, como um pastor separa dos bodes as ovelhas, e colocará à sua direita as ovelhas e à sua esquerda os bodes. - Então, dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, etc. (São Mateus, cap. XXV, vv. 31 a 46. - O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XV.) 

ALLAN KARDEC - Tendo que reinar na Terra o bem, necessário é sejam dela excluídos os Espíritos endurecidos no mal e que possam acarretar-lhe perturbações. Deus permitiu que eles aí permanecessem o tempo de que precisavam para se melhorarem; mas, chegado o momento em que, pelo progresso moral de seus habitantes, o globo terráqueo tem de ascender na hierarquia dos mundos, interdito será ele, como morada, a encarnados e desencarnados que não hajam aproveitado os ensinamentos que uns e outros se achavam em condições de aí receber. Serão exilados para mundos inferiores, como o foram outrora para a Terra os da raça adâmica, vindo substituí-los Espíritos melhores. Essa separação, a que Jesus presidirá, é que se acha figurada por estas palavras sobre o juízo final: «Os bons passarão à minha direita e os maus à minha esquerda.» (Cap. XI, nos 31 e seguintes.)
- A doutrina de um juízo final, único e universal, pondo fim para sempre à Humanidade, repugna à razão, por implicar a inatividade de Deus, durante a eternidade que precedeu à criação da Terra e durante a eternidade que se seguirá à sua destruição. Que utilidade teriam então o Sol, a Lua e as estrelas que, segundo a Gênese, foram feitos para iluminar o mundo? Causa espanto que tão imensa obra se haja produzido para tão pouco tempo e a beneficio de seres votados de antemão, em sua maioria, aos suplícios eternos.

- Materialmente, a idéia de um julgamento único seria, até certo ponto, admissível para os que não procuram a razão das coisas, quando se cria que a Humanidade toda se achava concentrada na Terra e que para seus habitantes fora feito tudo o que o Universo contém. É, porém, inadmissível, desde que se sabe que há milhares de milhares de mundos semelhantes, que perpetuam as Humanidades pela eternidade em fora e entre os quais a Terra é dos menos consideráveis, simples ponto imperceptível. 

Vê-se, só por este fato, que Jesus tinha razão de declarar a seus discípulos: «Há muitas coisas que não vos posso dizer, porque não as compreenderíeis», dado que o progresso das ciências era indispensável para uma interpretação legítima de algumas de suas palavras. Certamente, os apóstolos, S. Paulo e os primeiros discípulos teriam estabelecido de modo muito diverso alguns dogmas se tivessem os conhecimentos astronômicos, geológicos, físicos, químicos, fisiológicos e psicológicos que hoje possuímos. Daí vem o ter Jesus adiado a finalização de seus ensinos e anunciado que todas as coisas haviam de ser restabelecidas.

- Moralmente, um juízo definitivo e sem apelação não se concilia com a bondade infinita do Criador, que Jesus nos apresenta de contínuo como um bom Pai, que deixa sempre aberta uma senda para o arrependimento e que está pronto sempre a estender os braços ao filho pródigo. Se Jesus entendesse o juízo naquele sentido, desmentiria suas próprias palavras. Ao demais, se o juízo final houvesse de apanhar de improviso os homens, em meio de seus trabalhos ordinários, e grávidas as mulheres, caberia perguntar-se com que fim Deus, que não faz coisa alguma inútil ou injusta, faria nascessem crianças e criaria almas novas naquele momento supremo, no termo fatal da Humanidade. Seria para submetê-las a julgamento logo ao saírem do ventre materno, antes de terem consciência de si mesmas, quando, a outros, milhares de anos foram concedidos para se inteirarem do que respeita à própria individualidade? Para que lado, direito ou esquerdo, iriam essas almas, que ainda não são nem boas nem más e para as quais, no entanto, todos os caminhos de ulterior progresso se encontrariam desde então fechados, visto que a Humanidade não mais existiria? (Cap. II, nº 19.) Conservem-nas os que se contentam com semelhantes crenças; estão no seu direito e ninguém nada tem que dizer a isso; mas, não achem mau que nem toda gente partilhe delas. 

- O juízo, pelo processo da emigração, conforme ficou explicado acima (nº 63), é racional; funda-se na mais rigorosa justiça, visto que conserva para o Espírito, eternamente, o seu livre-arbítrio; não constitui privilégio para ninguém; a todas as suas criaturas, sem exceção alguma, concede Deus igual liberdade de ação para progredirem; o próprio aniquilamento de um mundo, acarretando a destruição do corpo, nenhuma interrupção ocasionará à marcha progressiva do Espírito. Tais as conseqüências da pluralidade dos mundos e da pluralidade das existências.

Segundo essa interpretação, não é exata a qualificação de juízo final, pois que os Espíritos passam por análogas fieiras a cada renovação dos mundos por eles habitados, até que atinjam certo grau de perfeição. Não há, portanto, juízo final propriamente dito, mas juízos gerais em todas as épocas de renovação parcial ou total da população dos mundos, por efeito das quais se operam as grandes emigrações e imigrações de Espíritos.

SÃO CHEGADOS OS TEMPOS 

ALLAN KARDEC - São chegados os tempos, dizem-nos de todas as partes, marcados por Deus, em que grandes acontecimentos se vão dar para regeneração da Humanidade. Em que sentido se devem entender essas palavras proféticas? Para os incrédulos, nenhuma importância têm; aos seus olhos, nada mais exprimem que uma crença pueril, sem fundamento. Para a maioria dos crentes, elas apresentam qualquer coisa de místico e de sobrenatural, parecendo-lhes prenunciadoras da subversão das leis da Natureza. São igualmente errôneas ambas essas interpretações; a primeira, porque envolve uma negação da Providência; a segunda, porque tais palavras não anunciam a perturbação das leis da Natureza, mas o cumprimento dessas leis. 

- Tudo na criação é harmonia; tudo revela uma previdência que não se desmente, nem nas menores, nem nas maiores coisas. Temos, pois, que afastar, desde logo, toda idéia de capricho, por inconciliável com a sabedoria divina. Em segundo lugar, se a nossa época esta designada para a realização de certas coisas, é que estas têm uma razão de ser na marcha do conjunto. Isto posto, diremos que o nosso globo, como tudo o que existe, esta submetido à lei do progresso. Ele progride, fisicamente, pela transformação dos elementos que o compõem e, moralmente, pela depuração dos Espíritos encarnados e desencarnados que o povoam. Ambos esses progressos se realizam paralelamente, porquanto o melhoramento da habitação guarda relação com o do habitante. Fisicamente, o globo terráqueo há experimentado transformações que a Ciência tem comprovado e que o tornaram sucessivamente habitável por seres cada vez mais aperfeiçoados. Moralmente, a Humanidade progride pelo desenvolvimento da inteligência, do senso moral e do abrandamento dos costumes. Ao mesmo tempo que o melhoramento do globo se opera sob a ação das forças materiais, os homens para isso concorrem pelos esforços de sua inteligência. Saneiam as regiões insalubres, tornam mais fáceis as comunicações e mais produtiva a terra. 

De duas maneiras se executa esse duplo progresso: uma, lenta, gradual e insensível; a outra, caracterizada por mudanças bruscas, a cada uma das quais corresponde um movimento ascensional mais rápido, que assinala, mediante impressões bem acentuadas, os períodos progressivos da Humanidade. Esses movimentos, subordinados, quanto às particularidades, ao livre-arbítrio dos homens, são, de certo modo, fatais em seu conjunto, porque estão sujeitos a leis, como os que se verificam na germinação, no crescimento e na maturidade das plantas. Por isso é que o movimento progressivo se efetua, às vezes, de modo parcial, isto é, limitado a uma raça ou a uma nação, doutras vezes, de modo geral. 
O progresso da Humanidade se cumpre, pois, em virtude de uma lei. Ora, como todas as leis da Natureza são obra eterna da sabedoria e da presciência divinas, tudo o que é efeito dessas leis resulta da vontade de Deus, não de uma vontade acidental e caprichosa, mas de uma vontade imutável. Quando, por conseguinte, a Humanidade está madura para subir um degrau, pode dizer-se que são chegados os tempos marcados por Deus, como se pode dizer também que, em tal estação, eles chegam para a maturação dos frutos e sua colheita.
- Do fato de ser inevitável, porque é da natureza o movimento progressivo da Humanidade, não se segue que Deus lhe seja indiferente e que, depois de ter estabelecido leis, se haja recolhido à inação, deixando que as coisas caminhem por si sós. Sem dúvida, suas leis são eternas e imutáveis, mas porque a sua própria vontade é eterna e constante e porque o seu pensamento anima sem interrupção todas as coisas. Esse pensamento, que em tudo penetra, é a força inteligente e permanente que mantém a harmonia em tudo. Cessasse ele um só instante de atuar e o Universo seria como um relógio sem pêndulo regulador. Deus, pois, vela incessantemente pela execução de suas leis e os Espíritos que povoam o espaço são seus ministros, encarregados de atender aos pormenores, dentro de atribuições que correspondem ao grau de adiantamento que tenham alcançado.

- O Universo é, ao mesmo tempo, um mecanismo incomensurável, acionado por um número incontável de inteligências, e um imenso governo em o qual cada ser inteligente tem a sua parte de ação sob as vistas do soberano Senhor, cuja vontade única mantém por toda parte a unidade. Sob o império dessa vasta potência reguladora, tudo se move, tudo funciona em perfeita ordem. Onde nos parece haver perturbações, o que há são movimentos parciais e isolados, que se nos afiguram irregulares apenas porque circunscrita é a nossa visão. Se lhes pudéssemos abarcar o conjunto, veríamos que tais irregularidades são apenas aparentes e que se harmonizam com o todo. 

- A Humanidade tem realizado, até ao presente, incontestáveis progressos. Os homens, com a sua inteligência, chegaram a resultados que jamais haviam alcançado, sob o ponto de vista das ciências, das artes e do bem-estar material. Resta-lhes ainda um imenso progresso a realizar: o de fazerem que entre si reinem a caridade, a fraternidade, a solidariedade, que lhes assegurem o bem-estar moral. Não poderiam consegui-lo nem com as suas crenças, nem com as suas instituições antiquadas, restos de outra idade, boas para certa época, suficientes para um estado transitório, mas que, havendo dado tudo o que comportavam, seriam hoje um entrave. Já não é somente de desenvolver a inteligência o de que os homens necessitam, mas de elevar o sentimento e, para isso, faz-se preciso destruir tudo o que superexcite neles o egoísmo e o orgulho.

.......Para completar o estudo e reflexão sugerimos leitura  (A GÊNESE, OS MILAGRES E AS PREDIÇÕES SEGUNDO O ESPIRITISMO, Allan Kardec, Cap. XVII, Juízo Final, Cap. XVIII, São chegados os tempos. - Sinais dos tempos) E também o Fim do Mundo – 1911 – Revista Espírita abril de 1868 (Numa manhã de 1868, Allan Kardec recebeu entre suas cartas uma brochura intitulada: “O fim do mundo em 1911”. O Autor chegou a essa conclusão por meio de cálculos cabalísticos baseados nas profecias de um célebre profeta alemão, Holzauzer, nascido em 1613. Kardec comentou: “Será o fim em quarenta e três anos. Quer dizer, entre os vivos de hoje, mais de um será testemunha dessa grande catástrofe”.)