XIV - Visão e audição psíquicas no estado de vigília
A visão e audição psíquicas em estado de vigília estão
ligadas aos fenômenos de exteriorização, neste sentido: necessitam de um começo
de desprendimento no percipiente. Não se trata mais de fatos fisiológicos ou de
manifestações do ser vivo, a distância, e sim de uma das formas de mediunidade.
Na visão espírita, a alma do sensitivo já se acha
parcialmente exteriorizada, isto é, fora do organismo material. Sua faculdade
própria de visão se vem acrescentar ao sentido físico da vista. As vezes a
substituição deste pelo sentido psíquico é completa.
A
História está cheia de fenômenos de visão e de aparição. Na Judéia, a sombra de
Samuel exorta Saul. No mundo latino, aparecem fantasmas a Numa, Brutus e
Pompeu. Os anais do Cristianismo são ricos em fatos desse gênero.
Certos sensitivos só obtém a visão por meio de objetos
em que se concentra o pensamento dos Espíritos sob a forma de imagens ou
quadros, como, por exemplo, um copo d’água, um espelho, um cristal. Quando o
Espírito é impotente para fazer vibrar o cérebro do médium ou provocar uma
exteriorização suficiente, impregna de fluidos os objetos que acabamos de
indicar; faz, pela ação da vontade, aparecerem imagens, cenas muito nítidas,
que o sensitivo descreverá em suas menores particularidades e que outros assistentes
poderão igualmente ver. (96)
Eis aqui um dos casos mais notáveis, assinalado pelo
"Light" de 16 de fevereiro de 1901. O Espírito de um homem
assassinado faz encontrarem seu corpo, a princípio por meio da visão no
cristal, e depois, diretamente, pelos sentidos psíquicos do médium:
"O Sr. Perey-Foxwell, corretor de câmbio,
residente em Thames Ditton, a pequena distância de Londres, saiu de casa no dia
20 de dezembro de 1900, pela manhã, e dirigiu-se para seu escritório, na
cidade. Ai não o apareceu nesse dia nem nunca mais. Verificado o seu
desaparecimento, a polícia procedeu a longas e minuciosas pesquisas, mas
inutilmente.
Desesperançada, a Sra. Foxwell recorreu a um médium, o
Sr. Von Bourg, que obteve, em um espelho, a visão do corretor de câmbio, vivo,
e depois o seu corpo debaixo d’água.
Numa outra sessão o médium vê um Espírito de pé junto
à Sra. Foxwell, indicando com insistência um relógio, uma cadeia e berloques
que tem na mão. Naquele se vê gravado um nome. A Sra. Foxwell, pela descrição,
reconhece seu marido e o relógio, graças ao qual pôde mais tarde ser o corpo
identificado. O Espírito pede que procurem seu despojo e promete conduzir o
médium ao lugar em que foi lançado à água.
Faz-se uma nova reunião, e o Espírito desenha, pelo
punho do Sr. Von Bourg, a planta do caminho que será preciso percorrer.
Acompanhado de muitos amigos do finado, o médium toma esse caminho e segue-lhe
todas as sinuosidades. Experimenta a repercussão muito viva das impressões
sentidas pela vitima. No próprio local em que esta foi ferida, quase perdeu os
sentidos. Tiveram que percorrer diversas veredas, contornar casas, transpor
barreiras, como o haviam feito os assassinos. Toda vez que vacilavam na direção
a tomar, os médiuns, Srs. Von Bourg e Knowles, "viam claramente o Espírito
adiante deles indicando o caminho". Chegaram finalmente à borda de um
riacho, de águas tranquilas e profundas. "É aqui!" declararam os
médiuns. Mas havia já anoitecido, e foi preciso voltar a ponto de partida.
No dia seguinte fizeram-se pesquisas. Indivíduos
munidos de varas sondaram o fundo do riacho; e, pouco depois, abaixo do sitio
em que se faziam as sondagens, mesmo no lugar em que o riacho se encontra com o
Tamisa, viu-se boiar um cadáver à flor d’água. Um relógio, encontrado com o
fúnebre despojo, permitiu reconhecer o corpo do Sr. Foxwell. Uma permanência de
seis semanas debaixo d’água dera lugar à decomposição das carnes. O corpo se
achava revestido com os objetos descritos pelo médium. “Pôde-se então
reconhecer a identidade, não somente pela presença do relógio e dos berloques,
como também por certas particularidades observadas nos dentes, etc."
Fonte:
NO Invisível – 2ª parte – Espiritismo Experimental : Fatos
XIV
– Visão e audição psíquicas no estado de vigília, pag. 169, 8ª Edição –FEB
Outras
fontes sobre o assnto:
Revista
Espírita 1865 » Outubro » Novos estudos sobre os espelhos mágicos ou psíquicos
» O vidente da floresta de Zimmerwald
O Livro dos Médiuns - item 167 e Perg. 567 de O Livro dos Espíritos
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