Dificuldades no Movimento Espírita
Não te aturdas
pelo que vês nas fileiras da Seara Espírita, que almejavas grandiosa e bela:
1.
A apatia no campo moral de tantos, dando a
impressão de que isso é coisa natural;
2.
Os desatinos que não são freados pelo bom-senso,
comprometendo o nome da gloriosa Doutrina;
3.
A maledicência que alcança largas praias da vida
dos nossos arraiais, como se devessem fazer parte das nossas ocupações
cotidianas;
4.
Os descompassos entre as lições teóricas conhecidas
e as atividades práticas diárias cheias de hostilidades.
Não te deixes
desalentar pela sensação de que o Espiritismo em nada te auxilia, considerando
os golpes contundentes que te ferem cotidianamente, impondo-te lágrimas em que
se mesclam dores, mágoas e revoltas.
Não te rebeles ao
verificar que muitos que ocupam posições destacadas no Movimento do luarizado
Espiritismo, agem como se nada tivessem a ver com a magnitude da mensagem, uma
vez que somente anseiam pelas coisas do mundo material, com cinismo e
desplante, preocupados tão só em fixar-se nas posições que lhes proporcionam
maior visibilidade, bastando-lhes o ensejo exibicionista, em função dos quais
afirmou Jesus que “já teriam obtido o seu galardão”, ou seja, o que
desejavam.
Não te
atormentes, pois, uma vez que o planeta terreno atravessa momentos de
seriíssimas definições e redefinições, de cujo processo ninguém pode escapar,
enquanto se persistir na busca do progresso.
A Terra, em razão
disso, traz sobre seu dorso e nas esferas do seu campo psíquico, entidades nos
mais diferenciados estágios de aprimoramento, de desenvolvimento geral, dentre
os quais são muitos os que se aninham na má vontade, esforçando-se por retardar
o dia luminoso da grande renovação planetária.
Nesse estado de
coisas, não estaria o Movimento Espírita indene a semelhantes presenças ou
livres dessas almas que, em si mesmas atordoadas, causam atordoamento onde quer
que chegam, quer estejam no corpo físico, reencarnadas, quer ainda se achem
aguardando novas oportunidades, na erraticidade.
Do mesmo modo que
encontramos almas irresponsáveis que se valem do nome de Jesus, a fim de
explorar a boa-fé dos ingênuos e dos incautos, dos ignorantes e dos parvos, nas
mais distintas confissões de fé ou fora delas, temos em nosso Movimento os que,
da mesma maneira, evocam o nome do Senhor, admitindo sempre que não há nenhuma
necessidade de que levem a
sério o trabalho e os deveres que lhes cabem, já que os Guias do mundo são
dotados de grande generosidade, são misericordiosos.
Almas
infantilizadas, nas quais ainda é verdoso o senso moral, enxameiam, orgulhosas
umas, vaidosas outras, prepotentes tantas, que, mesmo reconhecendo suas
incapacidades, fazem questão de assumir posições e cargos de responsabilidade,
que sabem que não responderão a contento, pelo fato de tais situações lhes conferir projeção ou destaque social.
Há os que não têm
nenhuma noção do campo de atividades em que se acham, mas não recuam, não
procuram orientar-se de modo a produzir o melhor para a Doutrina. Permanecem
como estão, supondo que os Espíritos do Senhor lhes suprirão a má vontade e o
relaxamento.
Desgraçadamente,
tais irmãos do mundo estão distribuídos por todos os campos da vida social e se
fazem temerários aventureiros nas esferas da política ou da administração das
coisas públicas; achamo-los à frente de empresas que deveriam ser produtivas
para o progresso da sociedade e que seguem a passos tartaruguescos; temo-los
liderando movimentos artísticos e culturais, onde nada funciona a contento,
onde coisa alguma de expressivamente bom acontece para suas áreas, do mesmo
modo como os deparamos à frente de grupos familiares e de instituições
religiosas.
Vemos que cada um
anseia por extrair benefícios imediatos da situação em que se aloja,
desacreditando, convictamente, da vida imortal para além da matéria densa do
mundo. Não te desarmonizes, pois, perante esse quadro sinistro, conflitivo e
cheio de contradições da sociedade.
Trata de cumprir
o que a ti te cabe, sem que as atitudes alheias te induzam ao desgoverno de ti
mesmo, ou ao relaxamento para com teus compromissos perante a existência.
Cumpre-te pautar
a vida nos passos dos ensinos do grande Mestre Jesus Cristo; aprende com Ele
que a cada um será conferido de conformidade com as próprias atuações nos trilhos
da vida.
Aprende, ainda, a
não depositar os ensinos rútilos do Espiritismo sob mãos francamente incapazes
ou sob mentalidades insanas, pois que, sem contestação, mais cedo ou mais
tarde, tudo elas conseguirão desvirtuar, tudo irão degenerar sob os mais tolos
ou obscuros argumentos.
Trata, pois, de
mergulhar a mente nos ensinamentos felizes do Cordeiro de Deus e ajusta os teus
passos na trilha por Ele deixada, e não te importunarás com os companheiros
desviados da estrada por livre deliberação, conseguindo, então, não oferecer
suas pérolas aos porcos, tampouco desejarás depositar vinho novo em barril
velho, procurando, aí, sim, apesar das pelejas ardentes e das lágrimas
inevitáveis dos teus testemunhos, seguir fiel e renovado, cheio de
possibilidades para entender, orientar e socorrer a quantos o necessitem, na
busca do Reino dos Céus, por meio dos roteiros do Espiritismo.
Com o tempo, na
medida em que se renovem os humanos, também renovar-se-á o nosso bendito
Movimento Espírita que, somente então, conseguirá refletir o brilho
intraduzível do estelar Espiritismo.
Assim, não te
descompenses. Procura fazer o que te cabe para ser feliz, levando consigo os
que estejam sintonizados com o ideal de vida abundante e de paz insuplantável
que adotaste para alicerçar a tua existência.
Hugo Reis
Mensagem
psicografada por Raul Teixeira, em 11.02.2008, na Sociedade Espírita Francisco
de Assis de Amparo aos Necessitados – SEFAN, em Ponta Grossa – PR.
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